"Senhor, povos infiéis invadiram a vossa herança. Profanaram o vosso santo templo. De Jerusalém fizeram um montão de ruínas." -( Salmos, 78: 1 )-
Amados irmãos, bom dia!
Lobos em peles de ovelhas; assim são os que querem ser reconhecidos como os verdadeiros discípulos. Até quando permitireis isso, Senhor?
34. Pensam alguns que as diferentes existências da alma se efetuam,
passando elas de mundo em mundo e não num mesmo orbe, onde cada
Espírito viria uma única vez.
Seria admissível esta doutrina, se todos os habitantes da Terra estivessem no mesmo nível intelectual e moral. Eles então só poderiam
progredir indo de um mundo a outro e nenhuma utilidade lhes adviria da encarnação na Terra. Desde que aí se notam a inteligência e a moralidade em todos os graus, desde a selvajaria que beira o animal até a
mais adiantada civilização, é evidente que esse mundo constitui um vasto
campo de progresso. Por que haveria o selvagem de ir procurar alhures o
grau de progresso logo acima do em que ele está, quando esse grau se lhe
acha ao lado e assim sucessivamente? Por que não teria podido o homem
adiantado fazer os seus primeiros estágios senão em mundos inferiores,
quando ao seu derredor estão seres análogos aos desses mundos? quando,
não só de povo a povo, mas no seio do mesmo povo e da mesma família,
há diferentes graus de adiantamento? Se fosse assim, Deus houvera feito
coisa inútil, colocando lado a lado a ignorância e o saber, a barbaria e a
civilização, o bem e o mal, quando precisamente esse contato é que faz
que os retardatários avancem.
Não há, pois, necessidade de que os homens mudem de mundo a
cada etapa de aperfeiçoamento, como não há de que o estudante mude
de colégio para passar de uma classe a outra. Longe de ser isso vantagem
para o progresso, ser-lhe-ia um entrave, porquanto o Espírito ficaria
privado do exemplo que lhe oferece a observação do que ocorre nos
graus mais elevados e da possibilidade de reparar seus erros no mesmo
meio e em presença dos a quem ofendeu, possibilidade que é, para ele,
o mais poderoso modo de realizar o seu progresso moral. Após curta coabitação, dispersando-se os Espíritos e tornando-se estranhos uns
aos outros, romper-se-iam os laços de família, à falta de tempo para se
consolidarem.
Ao inconveniente moral se juntaria um inconveniente material.
A natureza dos elementos, as leis orgânicas, as condições de existência
variam, de acordo com os mundos; sob esse aspecto, não há dois perfeitamente idênticos. Os tratados de Física, de Química, de Anatomia, de
Medicina, de Botânica etc., para nada serviriam nos outros mundos; entretanto, não fica perdido o que neles se aprende; não só isso desenvolve a
inteligência, como também as ideias que se colhem de tais obras auxiliam
a aquisição de outras. (Cap. VI, itens 61 e seguintes.) Se apenas uma única vez fizesse o Espírito a sua aparição, frequentemente brevíssima, num
mesmo mundo, em cada imigração ele se acharia em condições inteiramente diversas; operaria de cada vez sobre elementos novos, com força
e segundo leis que desconheceria, antes de ter tido tempo de elaborar os elementos conhecidos, de os estudar, de os aplicar. Teria de fazer, de cada
vez, um novo aprendizado e essas mudanças contínuas representariam
um obstáculo ao progresso. O Espírito, portanto, tem que permanecer
no mesmo mundo, até que haja adquirido a soma de conhecimentos e o
grau de perfeição que esse mundo comporta. (Item 31.)
Que os Espíritos deixem, por um mundo mais adiantado, aquele
do qual nada mais podem auferir, é como deve ser e é. Tal o princípio.
Se alguns há que antecipadamente deixam o mundo em que vinham
encarnando, é isso devido a causas individuais que Deus pesa em sua
sabedoria.
Tudo na Criação tem uma finalidade, sem o que Deus não seria
nem prudente, nem sábio. Ora, se a Terra se destinasse a ser uma única
etapa do progresso para cada indivíduo, que utilidade haveria, para os
Espíritos das crianças que morrem em tenra idade, vir passar aí alguns
anos, alguns meses, algumas horas, durante os quais nada podem haurir dele? O mesmo ocorre se pondere com referência aos idiotas e aos
cretinos. Uma teoria somente é boa sob a condição de resolver todas as
questões a que diz respeito. A questão das mortes prematuras há sido
uma pedra de tropeço para todas as doutrinas, exceto para a Doutrina
Espírita, que a resolveu de maneira racional e completa.
Para o progresso daqueles que cumprem na Terra uma missão normal, há vantagem real em volverem ao mesmo meio para aí continuarem
o que deixaram inacabado, muitas vezes na mesma família ou em contato
com as mesmas pessoas, a fim de repararem o mal que tenham feito, ou
de sofrerem a pena de talião.
Que a graça e a paz sejam conosco!