"Feliz o homem que tem uma boa mulher, pois, se duplicará o número de seus anos." -( Eclesiástico, 26: 1 )-
Amados irmãos, bom dia!
Não fomos criados para viver só. A verdadeira coragem está em viver um relacionamento com sinceridade e dedicação.
Nota da editora
A tradução desta obra, devemo-la ao saudoso presidente da Federação Espírita Brasileira — Dr. Guillon Ribeiro, engenheiro civil, poliglota e vernaculista.
Ruy Barbosa, em seu discurso pronunciado na sessão de 14 de outubro de 1903 (Anais do Senado Federal, vol. II, pág. 717), em se referindo ao seu trabalho de revisão do Projeto do Código Civil, trabalho monumental que resultou na Réplica, e que lhe imortalizou o nome como filólogo e purista da língua, disse: “Devo, entretanto, Sr. Presidente, desempenhar-me de um dever de consciência registrar e agradecer da tribuna do Senado a colaboração preciosa do Sr. Dr. Guillon Ribeiro, que me acompanhou nesse trabalho com a maior inteligência, não limitando os seus serviços à parte material do comum dos revisores, mas, muitas vezes, suprindo até a desatenções e negligências minhas.”
Como vemos, Guillon Ribeiro recebeu, aos vinte e oito anos de idade, o maior prêmio, o maior elogio a que poderia aspirar um escritor, e a Federação Espírita Brasileira, vinte anos depois, consagrou-lhe o nome, aprovando unanimemente as suas impecáveis traduções de Kardec.
Jornalista emérito, Guillon Ribeiro foi redator do Jornal do Commercio e colaborador dos maiores jornais da época. Exerceu, durante anos, o cargo de Diretor-Geral da Secretaria do Senado e foi Diretor da Federação Espírita Brasileira, no decurso de 26 anos consecutivos, tendo traduzido, ainda, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Livro dos Espíritos, A Gênese e Obras Póstumas, todos de Allan Kardec.
Introdução
Todos os dias a experiência nos traz a confirmação de que as dificuldades e os desenganos, com que muitos topam na prática do Espiritismo, se originam da ignorância dos princípios desta ciência e feliz nos sentimos de haver podido comprovar que o nosso trabalho, feito com o objetivo de precaver os adeptos contra os escolhos de um noviciado, produziu frutos e que à leitura desta obra devem muitos o terem logrado evitá-los.
Natural é, que entre os que se ocupam com o Espiritismo, o desejo de poderem pôr-se em comunicação com os Espíritos. Esta obra se destina a lhes achanar o caminho, levando-os a tirar proveito dos nossos longos e laboriosos estudos, porquanto muito falsa idéia formaria aquele que pensasse bastar, para se considerar perito nesta matéria, saber colocar os dedos sobre uma mesa, a fim de fazê-la mover-se, ou segurar um lápis, a fim de escrever. Enganar-se-ia igualmente quem supusesse encontrar nesta obra uma receita universal e infalível para formar médiuns. Se bem cada um traga em si o gérmen das qualidades necessárias para se tornar médium, tais qualidades existem em graus muito diferentes e o seu desenvolvimento depende de causas que a ninguém é dado conseguir se verifiquem à vontade. As regras da poesia, da pintura e da música não fazem que se tornem poetas, pintores, ou músicos os que não têm o gênio de alguma dessas artes. Apenas guiam os que as cultivam, no emprego de suas faculdades naturais. O mesmo sucede com o nosso trabalho. Seu objetivo consiste em indicar os meios de desenvolvimento da faculdade mediúnica, tanto quanto o permitam as disposições de cada um, e, sobretudo, dirigir-lhe o emprego de modo útil, quando ela exista. Esse, porém, não constitui o fim único a que nos propusemos.
De par com os médiuns propriamente ditos, há, a crescer diariamente, uma multidão de pessoas que se ocupam com as manifestações espíritas. Guiá-las nas suas observações, assinalar-lhes os obstáculos que podem e hão de necessariamente encontrar, lidando com uma nova ordem de coisas, iniciá-las na maneira de confabularem com os Espíritos, indicar-lhes os meios de conseguirem boas comunicações, tal o círculo que temos de abranger, sob pena de fazermos trabalho incompleto. Ninguém, pois, se surpreenda de encontrar nele instruções que, à primeira vista, pareçam descabidas; a experiência lhes realçará a utilidade. Quem quer que o estude cuidadosamente melhor compreenderá depois os fatos de que venha a ser testemunha; menos estranha lhe parecerá a linguagem de alguns Espíritos. Como repositório de instrução prática, portanto, a nossa obra não se destina exclusivamente aos médiuns, mas a todos os que estejam em condições de ver e observar os fenômenos espíritas.
Não faltará quem desejara publicássemos um manual prático muito sucinto, contendo em poucas palavras a indicação dos processos que se devam empregar para entrar em comunicação com os Espíritos. Pensarão esses que um livro desta natureza, dada a possibilidade de se espalhar profusamente por módico preço, representaria um poderoso meio de propaganda, pela multiplicação dos médiuns. Ao nosso ver, semelhante obra, em vez de útil, seria nociva, ao menos por enquanto. De muitas dificuldades se mostra inçada a prática do Espiritismo e nem sempre isenta de inconvenientes a que só o estudo sério e completo pode obviar. Fora, pois, de temer que uma indicação muito resumida animasse experiências levianamente tentadas, das quais viessem os experimentadores a arrepender-se. Coisas são estas com que não é conveniente, nem prudente, se brinque e mau serviço acreditamos que prestaríamos, pondo-as ao alcance do primeiro estouvado que achasse divertido conversar com os mortos. Dirigimo-nos aos que vêem no Espiritismo um objetivo sério, que lhe compreendem toda a gravidade e não fazem das comunicações com o mundo invisível um passatempo.
Havíamos publicado uma Instrução Prática com o fito de guiar os médiuns. Essa obra está hoje esgotada e, embora a tenhamos feito com um fim grave e sério, não a reimprimiremos, porque ainda não a consideramos bastante completa para esclarecer acerca de todas as dificuldades que se possam encontrar. Substituímo-la por esta, em a qual reunimos todos os dados que uma longa experiência e conscienciosos estudos nos permitiram colher. Ela contribuirá, pelo menos assim o esperamos, para imprimir ao Espiritismo o caráter sério que lhe forma a essência e para evitar que haja quem nele veja objeto de frívola ocupação e de divertimento.
A essas considerações ainda aditaremos outra, muito importante: a má impressão que produzem nos novatos as experiências levianamente feitas e sem conhecimento de causa, experiências que apresentam o inconveniente de gerar idéias falsas acerca do mundo dos Espíritos e de dar azo à zombaria e a uma crítica quase sempre fundada. De tais reuniões, os incrédulos raramente saem convertidos e dispostos a reconhecer que no Espiritismo haja alguma coisa de sério. Para a opinião errônea de grande número de pessoas, muito mais do que se pensa têm contribuído a ignorância e a leviandade de vários médiuns.
Desde alguns anos, o Espiritismo há realizado grandes progressos: imensos, porém, são os que conseguiu realizar, a partir do momento em que tomou rumo filosófico, porque entrou a ser apreciado pela gente instruída. Presentemente, já não é um espetáculo: é uma doutrina de que não mais riem os que zombavam das mesas girantes. Esforçando-nos por levá-lo para esse terreno e por mantê-lo aí, nutrimos a convicção de que lhe granjeamos mais adeptos úteis, do que provocando a torto e a direito manifestações que se prestariam a abusos. Disso temos cotidianamente a prova em o número dos que se hão tornado espíritas unicamente pela leitura de O Livro dos Espíritos.
Depois de havermos exposto, nesse livro, a parte filosófica da ciência espírita, damos nesta obra a parte prática, para uso dos que queiram ocupar-se com as manifestações, quer para fazerem pessoalmente, quer para se inteirarem dos fenômenos que lhes sejam dados observar. Verão, aí, os óbices com que poderão deparar e terão também um meio de evitá-los. Estas duas obras, se bem a segunda constitua seguimento da primeira, são, até certo ponto, independentes uma da outra. Mas, a quem quer que deseje tratar seriamente da matéria, diremos que primeiro leia O Livro dos Espíritos, porque contém princípios básicos, sem os quais algumas partes deste se tornariam talvez dificilmente compreensíveis. Importantes alterações para melhor foram introduzidas nesta segunda edição, muito mais completa do que a primeira. Acrescentando-lhe grande número de notas e instruções do maior interesse, os Espíritos a corrigiram, com particular cuidado.
Como reviram tudo, aprovando-a, ou modificando-a à sua vontade, pode dizer-se que ela é, em grande parte, obra deles, porquanto a intervenção que tiveram não se limitou aos artigos que trazem assinaturas. São poucos esses artigos, porque apenas apusemos nomes quando isso nos pareceu necessário, para assinalar que algumas citações um tanto extensas provieram deles textualmente. A não ser assim, houvéramos de citá-los quase que em todas as páginas, especialmente em seguida a todas as respostas dadas às perguntas que lhes foram feitas, o que se nos afigurou de nenhuma utilidade. Os nomes, como se sabe, importam pouco, em tais assuntos. O essencial é que o conjunto do trabalho corresponda ao fim que colimamos. O acolhimento dado à primeira edição, posto que imperfeita, faz-nos esperar que a presente não encontre menos receptividade. Como lhe acrescentamos muitas coisas e muitos capítulos inteiros, suprimimos alguns artigos, que ficariam em duplicata, entre outros o que tratava da Escala espírita, que já se encontra em O Livro dos Espíritos. Suprimimos igualmente do “Vocabulário” o que não se ajustava bem no quadro desta obra, substituindo vantajosamente o que foi supresso por coisas mais práticas. Esse vocabulário, além do mais, não estava completo e tencionamos publicá-lo mais tarde, em separado, sob o formato de um pequeno dicionário de filosofia espírita. Conservamos nesta edição apenas as palavras novas ou especiais, pertinentes aos assuntos de que nos ocupamos.
Estudo do Livro dos Espíritos
839. Será repreensível aquele que escandalize com a sua crença um outro que não pensa como ele?
“Isso é faltar com a caridade e atentar contra a liberdade de pensamento.”
Que a graça e a paz sejam conosco!
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