"Desperta, desperta, põe teus adornos Sião, veste teus trajes de gala, Jerusalém, cidade santa! Porque não mais verá penetrar em tua casa nem incircuncisos e nem impuros." -( Isaías, 52: 1 )-
Amados irmãos, bom dia!
O Senhor nos quer repletos de sua bondade e entendimento e continuamente, nos chama ao seu encontro.
95. Diálogo com o Espírito perturbador da rua des Noyers:
1ª Evocação. “Que tinhas de me chamar? Queres umas pedradas?
Então é que se havia de ver um bonito salve-se quem puder, não obstante o teu ar de valentia.”
2ª Quando mesmo nos atirasses pedras aqui, isso não nos amedrontaria; até te pedimos positivamente que, se puderes, nos atires algumas.
“Aqui talvez eu não pudesse, porque tens um guarda a velar por ti.”
3ª Havia, na rua des Noyers, alguém que, como auxiliar, te facilitava as partidas que pregavas aos moradores da casa?
“Certamente; achei um bom instrumento e não havia nenhum Espírito douto, sábio e virtuoso para me embaraçar. Porque, sou alegre; gosto às vezes de me divertir.”
4ª Qual a pessoa que te serviu de instrumento?
“Uma criada.”
5ª Era mau grado seu que ela te auxiliava?
“Ah! sim; pobre! era a que mais medo tinha!”
6ª Procedias assim com algum propósito hostil?
“Eu, não. Nenhum propósito hostil me animava. Mas, os homens, que de tudo se apoderam, farão que os fatos redundem em seu proveito.”
7ª Que queres dizer com isso? Não te compreendemos.
“Eu só cuidava de me divertir; vós outros, porém, estudareis a coisa e tereis mais um fato a mostrar que nós existimos.”
8ª Dizes que não alimentavas nenhum propósito hostil; entretanto, quebraste todo o ladrilho da casa. Causaste assim um prejuízo real.
“É um acidente.”
9ª Onde foste buscar os objetos que atiraste?
“São objetos muito comuns. Achei-os no pátio e nos jardins próximos.”
10ª Achaste-os todos, ou fabricaste algum? (Ver adiante o cap. VIII.)
“Não criei, nem compus coisa alguma.”
11ª E, se os não houvesse encontrado, terias podido fabricá-los?
“Fora mais difícil. Porém, a rigor, misturam-se matérias e isso faz um todo qualquer.”
12ª Agora, dize-nos; como os atiraste?
“Ah! isto é mais difícil de explicar. Busquei auxílio na natureza elétrica daquela rapariga, juntando-a à minha, que é menos material. Pudemos assim os dois transportar os diversos objetos.”
13ª Vais dar-nos de boa vontade, assim o esperamos, algumas informações acerca da tua pessoa. Dize-nos, primeiramente, se já morreste há muito tempo.
“Há muito tempo; há bem cinquenta anos.”
14ª Que eras quando vivo?
“Não era lá grande coisa; simples trapeiro naquele quarteirão; às vezes me diziam tolices, porque eu gostava muito do licor vermelho do bom velho Noé. Por isso mesmo, queria pô-los todos dali para fora.”
15ª Foi por ti mesmo e de bom grado que respondeste às nossas perguntas?
“Eu tinha um mestre.”
16ª Quem é esse mestre?
“O vosso bom rei Luís.”
17ª Que fazes agora? Ocupas-te com o teu futuro?
“Ainda não; vagueio. Pensam tão pouco em mim na Terra, que ninguém roga por mim. Ora, não tendo quem me ajude, não trabalho.”
18ª Como te chamavas quando vivo?
“Jeannet.”
19ª Está bem, Jeannet! oraremos por ti. Dize-nos se a nossa evocação te deu prazer ou te contrariou?
“Antes prazer, pois que sois bons rapazes, viventes alegres, embora um pouco austeros. Não importa: ouviste-me, estou contente.”
Estudo do Livro dos Espíritos
933. Assim como, quase sempre, é o homem o causador de seus sofrimentos materiais, também o será de seus sofrimentos morais?
“Mais ainda, porque os sofrimentos materiais algumas vezes independem da vontade; mas, o orgulho ferido, a ambição frustrada, a ansiedade da avareza, a inveja, o ciúme, todas as paixões, numa palavra, são torturas da alma.
“A inveja e o ciúme! Felizes os que desconhecem estes dois vermes roedores! Para aquele que a inveja e o ciúme atacam, não há calma, nem repouso possíveis. À sua frente, como fantasmas que lhe não dão tréguas e o perseguem até durante o sono, se levantam os objetos de sua cobiça, do seu ódio, do seu despeito. O invejoso e o ciumento vivem ardendo em contínua febre. Será essa uma situação desejável e não compreendeis que, com as suas paixões, o homem cria para si mesmo suplícios voluntários, tornando-se-lhe a Terra verdadeiro inferno?”
Muitas expressões pintam energicamente o efeito de certas paixões. Diz-se: ímpar de orgulho, morrer de inveja, secar de ciúme ou de despeito, não comer nem beber de ciúmes, etc. Este quadro é sumamente real. Acontece até não ter o ciúme objeto determinado. Há pessoas ciumentas, por natureza, de tudo o que se eleva, de tudo o que sai da craveira vulgar, embora nenhum interesse direto tenham, mas unicamente porque não podem conseguir outro tanto. Ofusca-as tudo o que lhes parece estar acima do horizonte e, se constituíssem maioria na sociedade, trabalhariam para reduzir tudo ao nível em que se acham. É o ciúme aliado à mediocridade.
De ordinário, o homem só é infeliz pela importância que liga às coisas deste mundo. Fazem-lhe a infelicidade a vaidade, a ambição e a cobiça desiludidas. Se se colocar fora do círculo acanhado da vida material, se elevar seus pensamentos para o infinito, que é seu destino, mesquinhas e pueris lhe parecerão as vicissitudes da Humanidade, como o são as tristezas da criança que se aflige pela perda de um brinquedo, que resumia a sua felicidade suprema.
Aquele que só vê felicidade na satisfação do orgulho e dos apetites grosseiros é infeliz, desde que não os pode satisfazer, ao passo que aquele que nada pede ao supérfluo é feliz com os que outros consideram calamidades.
Referimo-nos ao homem civilizado, porquanto, o selvagem, sendo mais limitadas as suas necessidades, não tem os mesmos motivos de cobiça e de angústias. Diversa é a sua maneira de ver as coisas. Como civilizado, o homem raciocina sobre a sua infelicidade e a analisa. Por isso é que esta o fere. Mas, também, lhe é facultado raciocinar sobre os meios de obter consolação e de analisá-los. Essa consolação ele a encontra no sentimento cristão, que lhe dá a esperança de melhor futuro, e no Espiritismo que lhe dá a certeza desse futuro.
Que a graça e a paz sejam conosco!
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