"Celebrarei o vosso nome através das gerações e os povos vos louvarão eternamente." -( Salmos, 44: 18 )-
Amados irmãos, bom dia!
Que o louvor esteja eternamente em nossos corações, lábios e atitudes, pois, ao Senhor ele é devido.
24. Nos seres inferiores da Criação, naqueles a quem ainda falta o
senso moral, nos quais a inteligência ainda não substituiu o instinto, a
luta não pode ter por móvel senão a satisfação de uma necessidade material. Ora, uma das mais imperiosas dessas necessidades é a da alimentação.
Eles, pois, lutam unicamente para viver, isto é, para fazer ou defender uma
presa, visto que nenhum móvel mais elevado os poderia estimular. É nesse
primeiro período que a alma se elabora e ensaia para a vida.
No homem, há um período de transição em que ele mal se distingue
do bruto. Nas primeiras idades, domina o instinto animal e a luta ainda
tem por móvel a satisfação das necessidades materiais. Mais tarde, contrabalançam-se o instinto animal e o sentimento moral; luta então o homem,
não mais para se alimentar, porém, para satisfazer à sua ambição, ao seu orgulho, a sua necessidade de dominar. Para isso, ainda lhe é preciso destruir.
Todavia, à medida que o senso moral prepondera, desenvolve-se a sensibilidade, diminui a necessidade de destruir, acaba mesmo por desaparecer, por
se tornar odiosa essa necessidade. O homem ganha horror ao sangue.
Contudo, a luta é sempre necessária ao desenvolvimento do Espírito, pois, mesmo chegando a esse ponto, que nos parece culminante, ele
ainda está longe de ser perfeito. Só à custa de sua atividade que o Espírito
adquire conhecimento, experiência e se despoja dos últimos vestígios da
animalidade. Mas, nessa ocasião, a luta, de sangrenta e brutal que era, se
torna puramente intelectual. O homem luta contra as dificuldades, não
mais contra os seus semelhantes.23
23 Nota de Allan Kardec: Sem prejulgar das consequências que se possam tirar desse princípio, apenas
quisemos demonstrar, mediante essa explicação, que a destruição de uns seres vivos por outros em
nada infirma a sabedoria divina e que, nas leis da natureza, tudo se encadeia. Esse encadeamento
forçosamente se quebra, desde que se abstraia do princípio espiritual, razão por que muitas questões
permanecem insolúveis, por só se levar em conta a matéria.
As doutrinas materialistas trazem em si o princípio de sua própria destruição; têm contra si não
só o antagonismo em que se acham com as aspirações da universalidade dos homens e suas
consequências morais, que farão sejam elas, as doutrinas, repelidas como dissolventes da sociedade,
mas também a necessidade que o homem experimenta de se inteirar de tudo o que resulta do progresso. O desenvolvimento intelectual conduz o homem à pesquisa das causas. Ora, por pouco que
ele reflita, não tardará a reconhecer a impotência do materialismo para tudo explicar. Como é possível
que doutrinas que não satisfazem ao coração, nem a razão, nem à inteligência, que deixam problemáticas as mais vitais questões, venham a prevalecer? O progresso das ideias matará o materialismo,
como matou o fanatismo.
Que a graça e a paz sejam conosco!