quarta-feira, 4 de março de 2020

O Céu e o Inferno


"Lastimai-vos, navios de Társis, porque vosso porto foi destruído". -( Isaías, 23: 14 )-




Amados irmãos, bom dia!
Muitas vezes perdemos o que acreditávamos ser nosso porto, mas, é nessas horas que devemos renovar os nossos propósitos e usar dessa experiência, os ensinamentos para uma profunda reforma em nós mesmos.




                                       I

Sob o ponto de vista das existências, os Espíritos na erraticidade podem considerar-se inativos e na expectativa; mas, ainda assim, podem expiar, uma vez que o orgulho e a tenacidade formidável dos seus erros não os tolham no momento da progressiva ascensão. Tivestes disso um exemplo terrível na última comunicação desse criminoso impenitente, debatendo-se com a Justiça divina a constringi-lo depois da dos homens. Neste caso a expiação ou, antes, o sofrimento fatal que os oprime, em vez de lhes ser útil, inculcando-lhes a profunda significação de suas penas, exacerba-os na rebeldia, e dá azo às murmurações que a escritura em sua poética eloquência denomina ranger de dentes. Esta frase, simbólica por excelência, é o sinal do sofredor abatido, porém insubmisso, isolado na própria dor, mas bastante forte ainda para recusar a verdade do castigo e da recompensa! Os grandes erros perduram no mundo espiritual quase sempre, assim como as consciências grandemente criminosas. Lutar, apesar de tudo, e desafiar o infinito, pode comparar-se à cegueira do homem que, contemplando as estrelas, as tivesse por arabescos de um teto, tal como temiam os gauleses do tempo de Alexandre.68   
O infinito moral existe! E miserável e mesquinho é quem, a pretexto de continuar as lutas e imposturas abjetas da Terra, não vê mais longe no outro mundo, do que neste. Para esse a cegueira, o desprezo alheio, o egoístico sentimento da personalidade, são empecilhos ao seu progresso. Homem! é bem verdade que existe um acordo secreto entre a imortalidade de um nome puro, legado à Terra, e a imortalidade realmente conservada pelos Espíritos nas suas sucessivas provações.  

                                                                           Lamennais


Continua... 


68 N.E.: Os gauleses temiam que o céu caísse sobre suas cabeças. Isso vem de uma referência histórica, quando Alexandre, o Grande, recebeu os gauleses que viviam no Adriático e perguntou a eles o que mais temiam, achando que diriam que era o próprio Alexandre, eles então responderam que não temiam ninguém, apenas que o céu lhes caísse sobre as cabeças.




Que a graça e a paz sejam conosco!

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