domingo, 7 de maio de 2017

Eu sou a porta


“Tenho­-vos  dito  estas  coisas,  para  que  vos  não  escandalizeis.”  - Jesus - ( João, 16:1 )




Amados irmãos, bom dia!
"O Mestre Divino, pois, não deixou  os companheiros e continuadores desavisados. Não oferecia a nenhum aprendiz, na Terra, a coroa de rosas sem espinhos. Prometeu-­lhes luta edificante, trabalho educativo, situações retificadoras, ensejos de iluminação, através da grandeza do sacrifício que produz elevação e do espírito de serviço que estabelece luz e paz. É importante, desse modo, para quantos amadureceram os raciocínios na luta terrestre, a viva recordação das advertências do Cristo, no setor da edificação  evangélica, para que se não escandalizem nos testemunhos difíceis do plano  individual." -( Vinha de |Luz - Chico Xavier / Emmanuel )- 








Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. [...] Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas (Jo10:9 e11). 

"A porta é uma passagem situada entre dois ambientes que, no sentido do Evangelho, expressa níveis de entendimento ou de planos evolutivos. A passagem de um lado para o outro está intermediada pela porta, aqui claramente representada pelo Cristo. Quer isso dizer que as oportunidades de progresso, advindas das provações ou em razão de escolhas sensatas, são concessões que Jesus faz aos seres humanos, em nome de Deus. 

Há também outro sentido para “porta”. Pode indicar sinal de renovação mental, ou mudanças de atitudes e de comportamentos. Devemos considerar, porém, que nem sempre o desejo de melhoria corresponde a ações efetivas. Quando notarmos a presença de um crente de boa palavra, mas sem o íntimo renovado, dirigindo-se ao Mestre como um prisioneiro carregado de cadeias, estejamos certos de que esse irmão pode estar à porta do Cristo, pela sinceridade das intenções; no entanto, não conseguiu, ainda, a penetração no santuário de seu amor. 

Encontramos muitas portas na vida: as “portas largas” que conduzem às perturbações e às desarmonias espirituais. Da mesma forma, existem “portas estreitas”, caracterizadas pela renúncia aos valores transitórios e às ilusões da matéria. (Mt 7:13-14). Com o Cristo, porém, a palavra “porta” apresenta grande significância, porque quando ele afirma “Eu sou a porta”, acrescenta, em seguida: “se alguém entrar por mim, salvar-se-á”. Jesus é, assim, meio de progresso moral-intelectual e salvação. É o Guia e Modelo da Humanidade. Jesus é a referência legítima do bem e da felicidade. Simbolizando-se como porta, demonstra que a sua mensagem conduz a um patamar mais amplo, mais elevado, fértil de valores edificantes para o Espírito. O Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélicocristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que há de fazer brotar de todos os corações a caridade e o amor do próximo e estabelecer entre os humanos uma solidariedade comum; de uma moral, enfim, que há de transformar a Terra, tornando-a morada de Espíritos superiores aos que hoje a habitam. É a lei do progresso, a que a Natureza está submetida, que se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca de que Deus se utiliza para fazer que a Humanidade avance. 

No final do versículo nove, da citação de João, o Mestre afirma: “Salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens”. Percebe-se, aqui, que a idéia de “salvar-se” não é algo estático ou passivo. Envolve movimentação de um nível evolutivo para outro, determinada por ações precisas. “Salvar-se” significa integrar-se ao serviço do Cristo, colocar-se à sua disposição, onde o indivíduo encontrará sempre oportunidades de realizações nobres (“achará pastagens”). Fica claro também que a pessoa é salva porque se libertou ou encontra-se em processo de libertação das próprias imperfeições. O Espírito é livre a partir do momento que aceita e vivência ensinamentos do Cristo (“a porta”). Sendo livre, “entrará, e sairá, e achará pastagens”, ou seja, é capaz de vencer as tentações do caminho porque a sua alimentação mental, “a pastagem”, agora, é farta, decorrente da sua nova atuação no cenário da vida: a vitória sobre si mesmo, sobre as próprias imperfeições." -( FEB - EADE )- 





Estudo do Livro dos Espíritos






461. Como havemos de distinguir os pensamentos que nos são próprios dos que nos são sugeridos? 

“Quando um pensamento vos é sugerido, tendes a impressão de que alguém vos fala. Geralmente, os pensamentos próprios são os que acodem em primeiro lugar. Afinal, não vos é de grande interesse estabelecer essa distinção. Muitas vezes, é útil que não saibais fazê-la. Não a fazendo, obra o homem com mais liberdade. Se se decide pelo bem, é voluntariamente que o pratica; se toma o mau caminho, maior será a sua responsabilidade.”




Que a graça e a paz sejam conosco!

sábado, 6 de maio de 2017

Eu sou a luz do mundo


“Que farei então de Jesus, chamado o Cristo?”  Pilatos -( Mateus, 27:22 )-




Amados irmãos, bom dia!
"Não basta fazer do Cristo Jesus o  benfeitor que cura e protege. É indispensável transformá-­lo em padrão permanente da vida, por exemplo e modelo  de cada dia." -( Vinha de Luz - Chico Xavier / Emmanuel )-  








Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida (Jo 8:12). 

"Por essa afirmativa compreendemos a missão de Jesus como iluminador de consciências, num trabalho incessante que se desenrola ao longo das eras, nas vias do progresso humano. Sob a projeção da sua magnífica luz espiritual somos esclarecidos, porém, sem deixar de reconhecer o estado de escuridão que ainda trazemos no íntimo do ser. Nossos pobres olhos não podem divisar particularidades nesse deslumbramento, mas sabemos que o fio da luz e da vida está nas suas mãos. 

É Ele quem sustenta todos os elementos ativos e passivos da existência planetária. No seu coração augusto e misericordioso está o Verbo do princípio. Um sopro de sua vontade pode renovar todas as coisas, e um gesto seu pode transformar a fisionomia de todos os horizontes terrestres. 

Como governador espiritual da Terra, Jesus fornece os meios e os recursos necessários ao aprendizado humano e, sob o seu jugo amorável, a Humanidade adquire a tão esperada iluminação espiritual. Ele é a Luz do Princípio e nas suas mãos misericordiosas repousam os destinos do  mundo. Seu coração magnânimo é a fonte da vida para toda a Humanidade terrestre. Sua mensagem de amor, no Evangelho, é a eterna palavra da ressurreição e da justiça da fraternidade e da misericórdia. 

Todas as coisas humanas passarão, todas as coisas humanas se modificarão. Ele, porém, é a Luz de todas ávidas terrestres, inacessível ao tempo e à destruição. Identificando e aceitando a luz do Mestre, as criaturas humanas transformam-se, pouco a pouco, em instrumentos de auxílio, em autênticos discípulos, que sabem refletir a luz do Evangelho nas inúmeras atividades de amor e caridade. Tais discípulos são assim denominados pelo Mestre: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5:14)." -( FEB - EADE )-





Estudo do Livro dos Espíritos






460. De par com os pensamentos que nos são próprios, outros haverá que nos sejam sugeridos? 

“Vossa alma é um Espírito que pensa. Não ignorais que, frequentemente, muitos pensamentos vos acodem a um tempo sobre o mesmo assunto e, não raro, contrários uns aos outros. Pois bem! No conjunto deles, estão sempre de mistura os vossos com os nossos. Daí a incerteza em que vos vedes. É que tendes em vós duas idéias a se combaterem.”




Que a graça e a paz sejam conosco!

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Eu sou o Pão da Vida


“Examinai­-vos  a  vós  mesmos,  se  permaneceis  na  fé;  provai-­vos a vós mesmos.”  - Paulo - ( II Coríntios, 13:5 )




Amados irmãos, bom dia!
"Diversas atitudes caracterizam os estudantes da Revelação Nova. Os que vivem na fé, contudo, acompanham o Cristo, examinam a si próprios e experimentam a si mesmos, convertendo-­se em refletores da Vontade Divina, cumprindo­-a, fielmente, no caminho da redenção." -( Vinha de Luz - Chico Xavier / Emmanuel )-






Interpretação do texto evangélico:

Eu sou o pão da vida (Jô 6:48). 

"No sentido elementar, “pão” significa alimento básico, o que nutre as células e mantém a vida humana. Afirmando-se, porém, como “o pão da vida”, Jesus nos apresenta o sentido espiritual do seu ensinamento: o de alimento essencial, que garante os nutrientes necessários para o sustento moral do Espírito. Jesus é o pão que fornece, cotidianamente, conforto espiritual. Este conforto não «[...] é como o pão do mundo, que passa, mecanicamente, de mão em mão, para saciar a fome do corpo, mas, sim, como o Sol, que é o mesmo para todos, penetrando, porém, somente nos lugares onde não se haja feito um reduto fechado para as sombras.

Através dos tempos, Jesus vem, saciando a fome espiritual de quantos dele se aproximam, suprindo-os fartamente em termos de harmonia, equilíbrio, bom ânimo e força moral. Acrescenta, ainda, Emmanuel: Dentro de nossa pequenez, sucumbiríamos de fome espiritual, estacionados na sombra da ignorância, não fosse essa videira da verdade e do amor que o Supremo Senhor nos concedeu em Jesus-Cristo. De sua seiva divina procedem todas as nossas realizações elevadas, nos serviços da Terra. Alimentados por essa fonte sublime, compete-nos reconhecer que sem o Cristo as organizações do mundo se perderiam por falta de base. Nele encontramos o pão vivo das almas e, desde o princípio, o seu amor infinito no orbe terrestre é o fundamento divino de todas as verdades da vida. 

Conclui-se, dessa forma, que precisamos trazer o Cristo no coração e na mente. As lições do seu Evangelho nos convidam ao grande esforço de cooperação e de doação no bem, que devemos aderir voluntariamente, sem falsas expectativas, mas conscientes do trabalho que nos cabe realizar." -( FEB - EADE )- 





Estudo do Livro dos Espíritos






INFLUÊNCIA OCULTA DOS ESPÍRITOS EM NOSSOS PENSAMENTOS E ATOS 

459. Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? 

“Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.”




Que a graça e a paz sejam conosco!

quinta-feira, 4 de maio de 2017

A autoridade de Jesus


“E, tendo orado, moveu­-se o lugar em que estavam reunidos.” -( Atos, 4:31 )-




Amados irmãos, bom dia!
"Na edificação da paz doméstica, na realização dos ideais generosos, no  desdobramento de serviços edificantes, urge providenciar recursos ao entendimento  geral, com vistas à cooperação, à responsabilidade, ao processo de ação  imprescindível. E, sem dúvida, a prece representa a indispensável alavanca renovadora, demovendo obstáculos no terreno duro da incompreensão. A oração é divina voz do espírito no grande silêncio." -( Vinha de Luz - Chico Xavier / Emmanuel )-  






Texto evangélico: 

Eu sou o pão da vida. (João, 6:48.) 

Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida. (João, 8:12.) 

Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. (João, 10:9-10.) 

Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim. (João, 14:6.) 

"Como Governador do planeta, Jesus detém a plena autoridade para suprir a Humanidade de recursos favoráveis à sua redenção espiritual. É uma autoridade que se manifesta de forma branda e pacífica, sem violência de qualquer espécie. Fundamenta-se na lei de amor que, por sua vez, reflete as leis sábias do Criador. A autoridade e a sabedoria de Jesus são legítimas, oriundas de Deus. Seu Evangelho é o maior código de moralidade existente, ensinando como colocar em prática a Lei de Deus, Lei que Jesus “[....] veio cumpri-la, isto é, desenvolvê-la, dar-lhe o verdadeiro sentido e adaptá-la ao grau de adiantamento dos homens. Por isso é que se nos depara, nessa Lei, o princípio dos deveres para com Deus e para com o próximo, base de sua doutrina”.

Em cada ensinamento do Evangelho identificamos o Mestre na sua divina missão de educador de almas que imprime o selo do amor e da sabedoria nas suas orientações superiores. É por este motivo que, em outra oportunidade, afirma o Cristo: “Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou” (Jo13:13). Mas o papel de Jesus não foi o de um simples legislador moralista, tendo por exclusiva autoridade a sua palavra. Cabia-lhe dar cumprimento às profecias que lhe anunciaram o advento; a autoridade lhe vinha da natureza excepcional do seu Espírito e de sua missão divina.

Ele viera ensinar aos homens que a verdadeira vida não é a que transcorre na Terra e sim a que é vivida no reino dos céus; viera ensinar-lhes o caminho que a esse reino conduz, os meios de eles se reconciliarem com Deus e de pressentirem esses meios na marcha das coisas por vir,  para a realização dos destinos humanos. Entretanto, não disse tudo, limitando-se, respeito a muitos pontos, a lançar o gérmen de verdades que, segundo Ele próprio o declarou, ainda não podiam ser compreendidas. Falou de tudo, mas em termos mais ou menos implícitos. Para ser apreendido o sentido oculto de algumas palavras suas, mister se fazia que novas ideias e novos conhecimentos lhes trouxessem a chave indispensável, ideias que, porém, não podiam surgir antes que o espírito humano houvesse alcançado um certo grau de madureza.

Os ensinamentos espíritas nos orientam como interpretar com segurança a mensagem de Jesus, inclusive pontos que permaneceram obscuros ou foram interpretados equivocadamente. “O Espiritismo é a chave com auxílio da qual tudo se explica de modo fácil.” A Boa Nova apresenta sublimadas orientações que definem com clareza inequívoca a autoridade de Jesus e a sua condição de dirigente maior dos destinos da Humanidade. Neste contexto, a fórmula da nossa definitiva libertação espiritual encontra-se neste conselho de Jesus: “Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8: 31-32)." -( FEB - EADE )-





Estudo do Livro dos Espíritos






458. Que pensam de nós os Espíritos que nos cercam e observam? 

“Depende. Os levianos riem das pequenas partidas que vos pregam e zombam das vossas impaciências. Os Espíritos sérios se condoem dos vossos reveses e procuram ajudar-vos.” 




Que a graça e a paz sejam conosco!

quarta-feira, 3 de maio de 2017

O meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.


“Mas  o  que  sai  da  boca  procede  do  coração,  e  isso  contamina o homem.”  - Jesus - ( Mateus, 15:18 )




Amados irmãos, bom dia!
"O ensinamento do  Mestre, sob  o  véu  da letra, consubstancia profunda advertência. Indispensável cuidar do coração, como fonte emissora do verbo, para que não percamos a harmonia necessária à própria felicidade. O que sai do coração e da mente, pela boca, é força viva e palpitante, envolvendo a criatura para o bem ou para o mal, conforme a natureza da emissão. próximo ou remoto, de acordo com as nossas intenções mais secretas. É imprescindível vigiar a boca, porque o verbo  cria, insinua, inclina, modifica, renova ou destrói, por dilatação viva de nossa personalidade. Em todos os dias e acontecimentos da vida, recordemos com o  Divino  Mestre de que a palavra procede do coração e, por isso mesmo, contamina o homem." -( Vinha de Luz - Chico Xavier / Emmanuel )-






"É importante não nos submetermos às pseudonecessidades alimentadas pelo ego que, por serem fictícias e transitórias, atordoam os sentidos, envenenam os sentimentos, obliteram o raciocínio, interpondo obstáculos à melhoria espiritual. O atraso moral torna o Espírito escravo de paixões inferiores, onde o orgulho e o egoísmo estabelecem reinado desolador. Libertos, porém, dos seus apelos inferiores, fazendo opção pelo amor do Cristo, constata-se e que o seu jugo liberta e ampara por estar fundamentado no amor. Os versículos 29 e 30, do registro de Mateus, trazem uma promessa de Jesus que deve ser considerada com muita seriedade: 

“Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.” 

Importa destacar que se o Cristo fala do seu jugo é porque existem outros jugos, como o das paixões inferiores, anteriormente assinaladas. Nessas condições, a pessoa corre o risco de ficar indiferente ao bem. Preferindo manter-se à margem da vida, indolente, é então subjugada pelas oscilações dos interesses egoísticos que lhe alimentam a existência. Presa às manifestações do egocentrismo, passa a ignorar o valor do sacrifício em benefício do próximo, incapaz que se encontra de renunciar às atrações impostas por posições e cargos existentes na vida em sociedade. É necessário ficarmos atentos ao real sentido destas palavras de Jesus, evitando-se qualquer tipo de equívoco: “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.” 

Não existe, na transcrição, estímulo à falta de compromisso moral quando Jesus anuncia: “aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração”; nem à ociosidade quando afirma: “encontrareis descanso para a vossa alma”; ou, ainda, desprezo pelo esforço e pelo trabalho, quando alega que o seu jugo é suave e que o seu fardo é leve. Recordemos que o processo de renovação no bem exige dedicação e persistência, obtido, em geral, à custa de suor e de lágrimas. Neste contexto, orienta o benfeitor Emmanuel com propriedade: Dirigiu-se Jesus à multidão dos aflitos e desalentados proclamando o divino propósito de aliviá-los. — “Vinde a mim! — clamou o Mestre — tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei comigo, que sou manso e humilde de coração! 

Seu apelo amoroso vibra no mundo, através de todos os séculos do Cristianismo. Compacta é a turba de desesperados e oprimidos da Terra, não obstante o amorável convite. É que o Mestre no “Vinde a mim!” espera naturalmente que as almas inquietas e tristes o procurem para a aquisição do ensinamento divino. Mas nem todos os aflitos pretendem renunciar ao objeto de suas desesperações e nem todos os tristes querem fugir à sombra para o encontro com a luz. A maioria dos desalentados chega a tentar a satisfação de caprichos criminosos com a proteção de Jesus, emitindo rogativas estranhas. Entretanto, quando os sofredores se dirigirem sinceramente ao Cristo, hão de ouvi-lo, no silêncio do santuário interior, concitando-lhes o espírito a desprezar as disputas reprováveis do campo inferior. Onde estão os aflitos da Terra que pretendem trocar o cativeiro das próprias paixões pelo jugo suave de Jesus-Cristo? Para esses foram pronunciadas as santas palavras “Vinde a mim!”, reservando-lhes o Evangelho poderosa luz para a renovação indispensável." -( FEB - EADE )- 





Estudo do Livro dos Espíritos






457. Podem os Espíritos conhecer os nossos mais secretos pensamentos? 

“Muitas vezes chegam a conhecer o que desejaríeis ocultar de vós mesmos. Nem atos, nem pensamentos se lhes podem dissimular.” 

a) — Assim, mais fácil nos seria ocultar de uma pessoa viva qualquer coisa, do que a esconder dessa mesma pessoa depois de morta? 

“Certamente. Quando vos julgais muito ocultos, é comum terdes ao vosso lado uma multidão de Espíritos que vos observam.”




Que a graça e a paz sejam conosco!

terça-feira, 2 de maio de 2017

Vinde a mim


“E  há  diversidade  de  operações, mas  é  o mesmo  Deus  que opera tudo em todos.”  - Paulo - ( I Coríntios, 12:6 )




Amados irmãos, bom dia!
"Sem luz espiritual no caminho, reduz­-se a experiência humana a complicado acervo de acontecimentos sem sentido. É necessário, pois, que os discípulos da Revelação Nova, com o  Cristianismo redivivo, aprendam a valorizar a oportunidade do serviço de cada dia, sem inquietudes, sem aflições. Todas as atividades terrestres, enquadradas no bem, procedem da orientação  divina que aproveita cada um de nós outros, segundo a posição em que nos colocamos na ascensão espiritual." -( Vinha de Luz - Chico Xavier / Emmanuel )-   








Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve (Mt 11:28-30). 

"Este texto revela uma das mais belas e consoladoras manifestações de Jesus. Demonstra a sensibilidade do educador cônscio de seu ministério e do que efetivamente necessita ser repassado ao aprendiz. Ninguém como Cristo espalhou na Terra tanta alegria e fortaleza de ânimo. Reconhecendo isso, muitos discípulos amontoam argumentos contra a lágrima e abominam as expressões de sofrimento. O Paraíso já estaria na Terra se ninguém tivesse razões para chorar. Considerando assim, Jesus, que era o Mestre da confiança e do otimismo, chamava ao seu coração todos os que estivessem cansados e oprimidos sob o peso de desenganos terrestres. 

Não amaldiçoou os tristes: convocou-os à consolação. [...] Caracterizam-se as lágrimas através de origens específicas. Quando nascem da dor sincera e construtiva, são filtros de redenção e vida; no entanto, se procedem do desespero, são venenos mortais. 

A expressão “Vinde a mim” está saturada de vibrações amorosas. Convidando-nos, Jesus espera que nos movimentemos para Ele. Apesar de nos aguardar no decorrer dos milênios, essas Suas palavras ainda soam nas consciências, trabalhando nossas reservas, até que o livre arbítrio, imprescindível em tal decisão, possa ser acionado na direção d’Ele que se constitui na porta de solução de todas as dores e apreensões.  Sabemos, como cristãos e espíritas, que Jesus possui a suprema graça divina. Dele frui o bem superior, em razão de sua íntima e perfeita união com o Pai celestial. 

Em tais condições, um desejo ardente domina o seu amorável coração: tornar os homens tais como ele é, fazê-los co-herdeiros com ele, da paterna herança. A ternura expressa no “Vinde a mim”, indica a possibilidade de nos libertarmos do peso das provações. É um apelo sincero que se assemelha às mãos estendidas; ao abraço fraterno; ao secar de lágrimas; à oferta de ombro amigo; é também manifestação de socorro, consolo e proteção. Criados simples e ignorantes, optamos, contudo, em perambular pelos desvios que nos afastam do caminho do bem, a despeito das inúmeras oportunidades de elevação que nos são oferecidas. Todos os males que nos afetam têm origem na falta de comunhão com Deus. Consequentemente, tudo que nos causa aflições, mágoas e sofrimentos, resolver-se-á como que por encanto, mediante o estabelecimento de nossas relações com a Divindade. 

O ser humano, para ser feliz, necessita desprender-se da opressão que a vida material proporciona. A questão que se coloca, naturalmente, não é a do Cristo vir até nós, mas decidirmos, efetivamente, ir ao encontro do Cristo. Todos ouvem as palavras do Cristo, as quais insistem para que a mente inquieta e o coração atormentado lhe procurem o regaço refrigerante...[...] Aqui, as palavras do Mestre se derramam por vitalizante bálsamo, entretanto, os laços da conveniência imediatista são demasiado fortes; além, assinala-se o convite divino, entre promessas de renovação para a jornada redentora, todavia, o cárcere do desânimo isola o espírito, através de  grades resistentes; acolá, o chamamento do Alto ameniza as penas da alma desiludida, mas é quase impraticável a libertação dos impedimentos constituídos por pessoas e coisas, situações e interesses individuais, aparentemente inadiáveis. 

Jesus, o nosso Salvador, estende-nos os braços amoráveis e compassivos. Com ele, a vida enriquecer-se-á de valores imperecíveis e à sombra dos seus ensinamentos celestes seguiremos, pelo trabalho santificante, na direção da Pátria Universal ...  Faz-se necessário, pois, que o ser humano priorize a sua felicidade, orientando-se pelo poder do amor. Assim, quando Jesus afirma “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei”, destaca que a força do amor é a única capaz de produzir paz e alegria duradouras. 

O jugo do Cristo é o jugo do amor, que educa e promove o ser humano. Sob sua tutela, conhecemos e colocamos em prática a sua Doutrina, que se resume na prática da caridade. Entretanto, agindo como Espíritos rebeldes e imaturos, fugimos de sua assistência, através de ações infelizes, contra nós próprios e contra o próximo. Por não buscá-Lo pela via do Amor, Ele nos aguarda após as muitas lutas e desarmonias experimentadas nas veredas do sofrimento e da desilusão. Oprimidos, porque as coisas da Terra não apenas cansam, oprimem também. As desilusões aniquilam. As derrotas afligem. Depois de tanta luta, tudo passa deixando cicatrizes a nos induzirem à reflexão, para tomada de uma nova posição com Ele nas trilhas do progresso." -( FEB - EADE )- 





Estudo do Livro dos Espíritos






FACULDADE, QUE TÊM OS ESPÍRITOS, DE PENETRAR OS NOSSOS PENSAMENTOS 

456. Vêem os Espíritos tudo o que fazemos? 

“Podem ver, pois que constantemente vos rodeiam. Cada um, porém, só vê aquilo a que dá atenção. Não se ocupam com o que lhes é indiferente.”




Que a graça e a paz sejam conosco!

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Sim, ó Pai, porque assim te aprouve


“Antes,  vindo  ele  a  Roma,  com  muito  cuidado  me  procurou e me achou.”  - Paulo - ( II Timóteo, 1:17 )




Amados irmãos, bom dia!
"Todas as sentenças evangélicas permanecem assinaladas de beleza e sabedoria ocultas. Indispensável meditar, estabelecer comparações no silêncio e examinar experiências diárias para descobri­-las. Aquele gesto de Onesíforo, buscando o apóstolo dos gentios, com muito  cuidado, na vida cosmopolita de Roma, representa ensinamento sobremaneira expressivo. Semelhante impositivo  ainda é o  mesmo nos dias que passam. Para encontrarmos Jesus e aqueles que o servem, faz­-se mister buscá-­los zelosamente." -( Vinha de Luz - Chico Xavier / Emmanuel )-








"Jesus exemplifica sujeição à vontade de Deus quando afirma: “Sim, ó Pai, porque assim te aprouve.” Ele «[...] tinha certeza de que seus ensinamentos jamais se perderiam. No caminho do progresso, o que a alma não aceita hoje, aceitará no futuro.

Entretanto, Jesus respeita o livre arbítrio dos seus interlocutores, de aceitar ou rejeitar as suas sábias orientações. «Não nos esqueçamos de que o Evangelho é para ser semeado, e a partir daí, germinar, crescer e frutificar no coração.

O exemplo do Cristo ilustra o tipo de comportamento que devemos adotar perante pessoas que rejeitam ou desconhecem os ensinos espíritas. Precisamos respeitar, com serenidade, a indiferença ou as opiniões contrárias emitidas sobre a Doutrina Espírita. Com o tempo, todas as criaturas humanas absorverão seus princípios. «Atrás do “aprouve” do Pai, pode estar presente o recurso menos agradável, mas imprescindível ao ressarcimento de débitos pretéritos, ou outros, destinados à aferição das conquistas já operadas, com vistas ao futuro [...]. O Mestre demonstra que os Espíritos que rejeitam as verdades do Evangelho, o fazem porque estão transitoriamente incapacitados de enxergar mais além. O orgulho é a catarata que lhes tolda a visão. De que vale apresentar a luz a um cego? Necessário é que, antes se lhe destrua a causa do mal.

Essa condição nos faz lembrar a seguinte afirmativa de Paulo: “E, se alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber” (1Co 8:2), cuja interpretação de Emmanuel não deve ser ignorada: 

A civilização sempre cuida saber excessivamente, mas, em tempo algum, soube como convém saber. É por isto que, ainda agora, o avião bombardeia, o rádio transmite a mentira e a morte, e o combustível alimenta maquinaria de agressão. Assim também, na esfera individual, o homem apenas cogita saber, esquecendo que é indispensável saber como convém. Em nossas atividades evangélicas, toda a atenção é necessária ao êxito na tarefa que nos foi cometida. Aprendizes do Evangelho existem que pretendem guardar toda a revelação do Céu, para impô-la aos vizinhos; que se presumem de posse da humildade, para tiranizarem os outros; que se declaram pacientes, irritando a quem os ouve; que se afirmam crentes, confundindo a fé alheia; que exibem títulos de benemerência, olvidando comezinhas obrigações domésticas. Esses amigos, principalmente, são daqueles que cuidam saber sem saberem de fato. Os que conhecem espiritualmente as situações ajudam sem ofender, melhoram sem ferir, esclarecem sem perturbar. Sabem como convém saber e aprenderam a ser úteis. Usam o silêncio e a palavra, localizam o bem e o mal, identificam a sombra e a luz e distribuem com todos os dons do Cristo. Informam-se quanto à Fonte da Eterna Sabedoria e ligam-se a ela como lâmpadas perfeitas ao centro da força. Fracassos e triunfos, no plano das formas temporárias, não lhes modificam as energias. Esses sabem porque sabem e utilizam os próprios conhecimentos como convém saber." -( FEB - EADE )-





Estudo do Livro dos Espíritos






RESUMO TEÓRICO DO SONAMBULISMO, DO ÊXTASE E DA DUPLA VISTA 

455. Os fenômenos do sonambulismo natural se produzem espontaneamente e independem de qualquer causa  exterior conhecida. Mas, em certas pessoas dotadas de especial organização, podem ser provocados artificialmente, pela ação do agente magnético. O estado que se designa pelo nome de sonambulismo magnético apenas difere do sonambulismo natural em que um é provocado, enquanto o outro é espontâneo. O sonambulismo natural constitui fato notório, que ninguém mais se lembra de pôr em dúvida, não obstante o aspecto maravilhoso dos fenômenos a que dá lugar. Por que seria então mais extraordinário ou irracional o sonambulismo magnético? 

Apenas por produzir-se artificialmente, como tantas outras coisas? Os charlatães o exploram, dizem. Razão demais para que não lhes seja deixado nas mãos. Quando a Ciência se houver apropriado dele, muito menos crédito terão os charlatães junto às massas populares. Enquanto isso não se verifica, como o sonambulismo natural ou artificial é um fato, e como contra fatos não há raciocínio possível, vai ele ganhando terreno, apesar da má vontade de alguns, no seio da própria Ciência, onde penetra por uma imensidade de portinhas, em vez de entrar pela porta larga. Quando lá estiver totalmente, terão que lhe conceder direito de cidade. 

Para o Espiritismo, o sonambulismo é mais do que um fenômeno psicológico, é uma luz projetada sobre a psicologia. É aí que se pode estudar a alma, porque é onde esta se mostra a descoberto. Ora, um dos fenômenos que a caracterizam é o da clarividência independente dos órgãos ordinários da vista. Fundam-se os que contestam este fato em que o sonâmbulo nem sempre vê, e à vontade do experimentador, como com os olhos. Será de admirar que difiram os efeitos, quando diferentes são os meios? Será racional que se pretenda obter os mesmos efeitos, quando há e quando não há o instrumento? A alma tem suas propriedades, como os olhos têm as suas. Cumpre julgá-las em si mesmas e não por analogia. De uma causa única se originam a clarividência do sonâmbulo magnético e a do sonâmbulo natural. É um atributo da alma, uma faculdade inerente a todas as partes do ser incorpóreo que existe em nós e cujos limites não são outros senão os assinados à própria alma. 

O sonâmbulo vê em todos os lugares aonde sua alma possa transportar-se, qualquer que seja a longitude. No caso de visão a distância, o sonâmbulo não vê as coisas de onde está o seu corpo, como por meio de um telescópio. Vê-as presentes, como se se achasse no lugar onde elas existem, porque sua alma, em realidade, lá está. Por isso é que seu corpo fica como que aniquilado e privado de sensação, até que a alma volte a habitá-lo novamente. Essa separação parcial da alma e do corpo constitui um estado anormal, suscetível de duração mais ou menos longa, porém não indefinida. Daí a fadiga que o corpo experimenta após certo tempo, mormente quando aquela se entrega a um trabalho ativo. 

A vista da alma ou do Espírito não é circunscrita e não tem sede determinada. Eis por que os sonâmbulos não lhe podem marcar órgão especial. Vêem porque vêem, sem saberem o motivo nem o modo, uma vez que, para eles, na condição de Espíritos, a vista carece de foco próprio. Se se reportam ao corpo, esse foco lhes parece estar nos centros onde maior é a atividade vital, principalmente no cérebro, na região do epigastro, ou no órgão que considerem o ponto de ligação mais forte entre o Espírito e o corpo. O poder da lucidez sonambúlica não é ilimitado. O Espírito, mesmo quando completamente livre, tem restringidos seus conhecimentos e faculdades, conforme ao grau de perfeição que haja alcançado. Ainda mais restringidos os tem quando ligado à matéria, a cuja influência está sujeito. É o que motiva não ser universal, nem infalível, a clarividência sonambúlica. E tanto menos se pode contar com a sua infalibilidade, quanto mais desviada seja do fim visado pela natureza e transformada em objeto de curiosidade e de experimentação. 

No estado de desprendimento em que fica colocado, o Espírito do sonâmbulo entra em comunicação mais fácil com os outros Espíritos encarnados, ou não encarnados, comunicação que se estabelece pelo contacto dos fluidos, que compõem os perispíritos e servem de transmissão ao pensamento, como o fio elétrico. O sonâmbulo não precisa, portanto, que se lhe exprimam os pensamentos por meio da palavra articulada. Ele os sente e adivinha. É o que o torna eminentemente impressionável e sujeito às influências da atmosfera moral que o envolva. Essa também a razão por que uma assistência muito numerosa e a presença de curiosos mais ou menos malevolentes lhe prejudicam de modo essencial o desenvolvimento das faculdades que, por assim dizer, se contraem, só se desdobrando com toda a liberdade num meio íntimo ou simpático. A presença de pessoas mal-intencionadas ou antipáticas lhe produz efeito idêntico ao do contacto da mão na sensitiva. 

O sonâmbulo vê ao mesmo tempo o seu próprio Espírito e o seu corpo, os quais constituem, por assim dizer, dois seres que lhe representam a dupla existência corpórea e espiritual, existências que, entretanto, se confundem, mediante os laços que as unem. Nem sempre o sonâmbulo se apercebe de tal situação e essa dualidade faz que muitas vezes fale de si, como se falasse de outra pessoa. É que ora é o ser corpóreo que fala ao ser espiritual, ora é este que fala àquele. Em cada uma de suas existências corporais, o Espírito adquire um acréscimo de conhecimentos e de experiência. Esquece-os parcialmente, quando encarnado em matéria por demais grosseira, porém deles se recorda como Espírito. Assim é que certos sonâmbulos revelam conhecimentos acima do grau da instrução que possuem e mesmo superiores às suas aparentes capacidades intelectuais. Portanto, da inferioridade intelectual e científica do sonâmbulo, quando desperto, nada se pode inferir com relação aos conhecimentos que porventura revele no estado de lucidez. 

Conforme as circunstâncias e o fim que se tenha em vista, ele os pode haurir da sua própria experiência, da sua clarividência relativa às coisas presentes, ou dos conselhos que receba de outros Espíritos. Mas, podendo o seu próprio Espírito ser mais ou menos adiantado, possível lhe é dizer coisas mais ou menos certas. Pelos fenômenos do sonambulismo, quer natural, quer magnético, a Providência nos dá a prova irrecusável da existência e da independência da alma e nos faz assistir ao sublime espetáculo da sua emancipação. Abre-nos, dessa maneira, o livro do nosso destino. Quando o sonâmbulo descreve o que se passa a distância, é evidente que vê, mas não com os olhos do corpo. Vê-se a si mesmo e se sente transportado ao lugar onde vê o que descreve. Lá se acha, pois, alguma coisa dele e, não podendo essa alguma coisa ser o seu corpo, necessariamente é sua alma, ou Espírito. 

Enquanto o homem se perde nas sutilezas de uma metafísica abstrata e ininteligível, em busca das causas da nossa existência moral, Deus cotidianamente nos põe sob os olhos e ao alcance da mão os mais simples e patentes meios de estudarmos a psicologia experimental. O êxtase é o estado em que a independência da alma, com relação ao corpo, se manifesta de modo mais sensível e se torna, de certa forma, palpável. No sonho e no sonambulismo, o Espírito anda em giro pelos mundos terrestres. No êxtase, penetra em um mundo desconhecido, o dos Espíritos etéreos, com os quais entra em comunicação, sem que, todavia, lhe seja lícito ultrapassar certos limites, porque, se os transpusesse, totalmente se partiriam os laços que o prendem ao corpo. Cerca-o então resplendente e desusado fulgor, inebriam-no harmonias que na Terra se desconhecem, indefinível bem-estar o invade: goza antecipadamente da beatitude celeste e bem se pode dizer que pousa um pé no limiar da eternidade. 

No estado de êxtase, o aniquilamento do corpo é quase completo. Fica-lhe somente, pode-se dizer, a vida orgânica. Sente-se que a alma se lhe acha presa unicamente por um fio, que mais um pequenino esforço quebraria sem remissão. Nesse estado, desaparecem todos os pensamentos terrestres, cedendo lugar ao sentimento apurado, que constitui a essência mesma do nosso ser imaterial. Inteiramente entregue a tão sublime contemplação, o extático encara a vida apenas como paragem momentânea. Considera os bens  e os males, as alegrias grosseiras e as misérias deste mundo quais incidentes fúteis de uma viagem, cujo termo tem a dita de avistar. Dá-se com os extáticos o que se dá com os sonâmbulos: mais ou menos perfeita podem ter a lucidez e o Espírito mais ou menos apto a conhecer e compreender as coisas, conforme seja mais ou menos elevado. Muitas vezes, porém, há neles mais excitação do que verdadeira lucidez, ou, melhor, muitas vezes a exaltação lhes prejudica a lucidez. Daí o serem, frequentemente, suas revelações um misto de verdades e erros, de coisas grandiosas e coisas absurdas, até ridículas. 

Dessa exaltação, que é sempre uma causa de fraqueza, quando o indivíduo não sabe reprimi-la, Espíritos inferiores costumam aproveitar-se para dominar o extático, tomando, com tal intuito, aos seus olhos, aparências que mais o aferram às idéias que nutre no estado de vigília. Há nisso um escolho, mas nem todos são assim. Cabe-nos tudo julgar friamente e pesar-lhes as revelações na balança da razão. A emancipação da alma se verifica às vezes no estado de vigília e produz o fenômeno conhecido pelo nome de segunda vista ou dupla vista, que é a faculdade graças à qual quem a possui vê, ouve e sente além dos limites dos sentidos humanos. Percebe o que exista até onde estende a alma a sua ação. Vê, por assim dizer, através da vista ordinária e como por uma espécie de miragem. No momento em que o fenômeno da segunda vista se produz, o estado físico do indivíduo se acha sensivelmente modificado. O olhar apresenta alguma coisa de vago. Ele olha sem ver. Toda a sua fisionomia reflete uma como exaltação. Nota-se que os órgãos visuais se conservam alheios ao fenômeno, pelo fato de a visão persistir, malgrado à oclusão dos olhos. Aos dotados desta faculdade ela se afigura tão natural, como a que todos temos de ver. Consideram-na um atributo de seus próprios seres, que em nada lhes parecem excepcionais. De ordinário, o esquecimento se segue a essa lucidez passageira, cuja lembrança, tornando-se cada vez mais vaga, acaba por desaparecer, como a de um sonho. O poder da vista dupla varia, indo desde a sensação confusa até a percepção clara e nítida das coisas presentes ou ausentes. Quando rudimentar, confere a certas pessoas o tato, a perspicácia, uma certa segurança nos atos, a que se pode dar o qualificativo de precisão de golpe de vista moral. Um pouco desenvolvida, desperta os pressentimentos. Mais desenvolvida mostra os acontecimentos que deram ou estão para dar-se. O sonambulismo natural e artificial, o êxtase e a dupla vista são efeitos vários, ou de modalidades diversas, de uma mesma causa. Esses fenômenos, como os sonhos, estão na ordem da natureza. Tal a razão por que hão existido em todos os tempos. A História mostra que foram sempre conhecidos e até explorados desde a mais remota antiguidade e neles se nos depara a explicação de uma imensidade de fatos que os preconceitos fizeram fossem tidos por sobrenaturais.




Que a graça e a paz sejam conosco!