“Antes, vindo ele a Roma, com muito cuidado me procurou e me achou.” - Paulo - ( II Timóteo, 1:17 )
Amados irmãos, bom dia!
"Todas as sentenças evangélicas permanecem assinaladas de beleza e
sabedoria ocultas. Indispensável meditar, estabelecer comparações no silêncio e
examinar experiências diárias para descobri-las. Aquele gesto de Onesíforo, buscando o apóstolo dos gentios, com muito
cuidado, na vida cosmopolita de Roma, representa ensinamento sobremaneira
expressivo. Semelhante impositivo ainda é o mesmo nos dias que passam. Para
encontrarmos Jesus e aqueles que o servem, faz-se mister buscá-los zelosamente." -( Vinha de Luz - Chico Xavier / Emmanuel )-
"Jesus exemplifica sujeição à vontade de Deus quando afirma: “Sim, ó Pai,
porque assim te aprouve.” Ele «[...] tinha certeza de que seus ensinamentos
jamais se perderiam. No caminho do progresso, o que a alma não aceita hoje,
aceitará no futuro.
Entretanto, Jesus respeita o livre arbítrio dos seus interlocutores,
de aceitar ou rejeitar as suas sábias orientações. «Não nos esqueçamos
de que o Evangelho é para ser semeado, e a partir daí, germinar, crescer
e frutificar no coração.
O exemplo do Cristo ilustra o tipo de comportamento que devemos
adotar perante pessoas que rejeitam ou desconhecem os ensinos espíritas.
Precisamos respeitar, com serenidade, a indiferença ou as opiniões contrárias
emitidas sobre a Doutrina Espírita. Com o tempo, todas as criaturas humanas
absorverão seus princípios. «Atrás do “aprouve” do Pai, pode estar presente
o recurso menos agradável, mas imprescindível ao ressarcimento de débitos
pretéritos, ou outros, destinados à aferição das conquistas já operadas, com vistas ao futuro [...]. O Mestre demonstra que os Espíritos que rejeitam as verdades do Evangelho,
o fazem porque estão transitoriamente incapacitados de enxergar mais
além. O orgulho é a catarata que lhes tolda a visão. De que vale apresentar a
luz a um cego? Necessário é que, antes se lhe destrua a causa do mal.
Essa condição nos faz lembrar a seguinte afirmativa de Paulo: “E, se alguém
cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber” (1Co 8:2), cuja
interpretação de Emmanuel não deve ser ignorada:
A civilização sempre cuida saber excessivamente, mas, em tempo algum, soube como
convém saber. É por isto que, ainda agora, o avião bombardeia, o rádio transmite a mentira
e a morte, e o combustível alimenta maquinaria de agressão. Assim também, na esfera
individual, o homem apenas cogita saber, esquecendo que é indispensável saber como
convém. Em nossas atividades evangélicas, toda a atenção é necessária ao êxito na tarefa
que nos foi cometida. Aprendizes do Evangelho existem que pretendem guardar toda a
revelação do Céu, para impô-la aos vizinhos; que se presumem de posse da humildade,
para tiranizarem os outros; que se declaram pacientes, irritando a quem os ouve; que se
afirmam crentes, confundindo a fé alheia; que exibem títulos de benemerência, olvidando
comezinhas obrigações domésticas. Esses amigos, principalmente, são daqueles que cuidam
saber sem saberem de fato. Os que conhecem espiritualmente as situações ajudam
sem ofender, melhoram sem ferir, esclarecem sem perturbar. Sabem como convém saber e
aprenderam a ser úteis. Usam o silêncio e a palavra, localizam o bem e o mal, identificam
a sombra e a luz e distribuem com todos os dons do Cristo. Informam-se quanto à Fonte
da Eterna Sabedoria e ligam-se a ela como lâmpadas perfeitas ao centro da força. Fracassos
e triunfos, no plano das formas temporárias, não lhes modificam as energias. Esses sabem
porque sabem e utilizam os próprios conhecimentos como convém saber." -( FEB - EADE )-
Estudo do Livro dos Espíritos
RESUMO TEÓRICO DO SONAMBULISMO,
DO ÊXTASE E DA DUPLA VISTA
455. Os fenômenos do sonambulismo natural se produzem
espontaneamente e independem de qualquer causa exterior conhecida. Mas, em certas pessoas dotadas de especial
organização, podem ser provocados artificialmente,
pela ação do agente magnético.
O estado que se designa pelo nome de sonambulismo
magnético apenas difere do sonambulismo natural em que
um é provocado, enquanto o outro é espontâneo. O sonambulismo natural constitui fato notório, que
ninguém mais se lembra de pôr em dúvida, não obstante o
aspecto maravilhoso dos fenômenos a que dá lugar. Por
que seria então mais extraordinário ou irracional o sonambulismo
magnético?
Apenas por produzir-se artificialmente,
como tantas outras coisas? Os charlatães o exploram,
dizem. Razão demais para que não lhes seja deixado nas
mãos. Quando a Ciência se houver apropriado dele, muito
menos crédito terão os charlatães junto às massas populares.
Enquanto isso não se verifica, como o sonambulismo
natural ou artificial é um fato, e como contra fatos não há
raciocínio possível, vai ele ganhando terreno, apesar da
má vontade de alguns, no seio da própria Ciência, onde
penetra por uma imensidade de portinhas, em vez de
entrar pela porta larga. Quando lá estiver totalmente, terão
que lhe conceder direito de cidade.
Para o Espiritismo, o sonambulismo é mais do que um
fenômeno psicológico, é uma luz projetada sobre a psicologia.
É aí que se pode estudar a alma, porque é onde esta se
mostra a descoberto. Ora, um dos fenômenos que a caracterizam
é o da clarividência independente dos órgãos ordinários
da vista. Fundam-se os que contestam este fato
em que o sonâmbulo nem sempre vê, e à vontade do experimentador,
como com os olhos. Será de admirar que difiram os efeitos, quando diferentes são os meios? Será racional
que se pretenda obter os mesmos efeitos, quando há e quando
não há o instrumento? A alma tem suas propriedades,
como os olhos têm as suas. Cumpre julgá-las em si
mesmas e não por analogia.
De uma causa única se originam a clarividência do
sonâmbulo magnético e a do sonâmbulo natural. É um atributo
da alma, uma faculdade inerente a todas as partes do
ser incorpóreo que existe em nós e cujos limites não são
outros senão os assinados à própria alma.
O sonâmbulo vê
em todos os lugares aonde sua alma possa transportar-se,
qualquer que seja a longitude.
No caso de visão a distância, o sonâmbulo não vê as
coisas de onde está o seu corpo, como por meio de um
telescópio. Vê-as presentes, como se se achasse no lugar
onde elas existem, porque sua alma, em realidade, lá está.
Por isso é que seu corpo fica como que aniquilado e privado
de sensação, até que a alma volte a habitá-lo novamente.
Essa separação parcial da alma e do corpo constitui um
estado anormal, suscetível de duração mais ou menos longa,
porém não indefinida. Daí a fadiga que o corpo experimenta
após certo tempo, mormente quando aquela se
entrega a um trabalho ativo.
A vista da alma ou do Espírito não é circunscrita e não
tem sede determinada. Eis por que os sonâmbulos não lhe
podem marcar órgão especial. Vêem porque vêem, sem saberem
o motivo nem o modo, uma vez que, para eles, na
condição de Espíritos, a vista carece de foco próprio. Se se
reportam ao corpo, esse foco lhes parece estar nos centros
onde maior é a atividade vital, principalmente no cérebro, na região do epigastro, ou no órgão que considerem o
ponto de ligação mais forte entre o Espírito e o corpo.
O poder da lucidez sonambúlica não é ilimitado. O Espírito,
mesmo quando completamente livre, tem restringidos
seus conhecimentos e faculdades, conforme ao grau de
perfeição que haja alcançado. Ainda mais restringidos os
tem quando ligado à matéria, a cuja influência está sujeito.
É o que motiva não ser universal, nem infalível, a clarividência
sonambúlica. E tanto menos se pode contar com a
sua infalibilidade, quanto mais desviada seja do fim visado
pela natureza e transformada em objeto de curiosidade e
de experimentação.
No estado de desprendimento em que fica colocado, o
Espírito do sonâmbulo entra em comunicação mais fácil
com os outros Espíritos encarnados, ou não encarnados,
comunicação que se estabelece pelo contacto dos fluidos,
que compõem os perispíritos e servem de transmissão ao
pensamento, como o fio elétrico. O sonâmbulo não precisa,
portanto, que se lhe exprimam os pensamentos por meio
da palavra articulada. Ele os sente e adivinha. É o que o
torna eminentemente impressionável e sujeito às influências
da atmosfera moral que o envolva. Essa também a razão
por que uma assistência muito numerosa e a presença
de curiosos mais ou menos malevolentes lhe prejudicam de
modo essencial o desenvolvimento das faculdades que, por
assim dizer, se contraem, só se desdobrando com toda a
liberdade num meio íntimo ou simpático. A presença de
pessoas mal-intencionadas ou antipáticas lhe produz efeito
idêntico ao do contacto da mão na sensitiva.
O sonâmbulo vê ao mesmo tempo o seu próprio Espírito
e o seu corpo, os quais constituem, por assim dizer, dois seres que lhe representam a dupla existência corpórea e
espiritual, existências que, entretanto, se confundem, mediante
os laços que as unem. Nem sempre o sonâmbulo se
apercebe de tal situação e essa dualidade faz que muitas
vezes fale de si, como se falasse de outra pessoa. É que ora
é o ser corpóreo que fala ao ser espiritual, ora é este que
fala àquele.
Em cada uma de suas existências corporais, o Espírito
adquire um acréscimo de conhecimentos e de experiência.
Esquece-os parcialmente, quando encarnado em matéria por
demais grosseira, porém deles se recorda como Espírito.
Assim é que certos sonâmbulos revelam conhecimentos acima
do grau da instrução que possuem e mesmo superiores
às suas aparentes capacidades intelectuais. Portanto, da
inferioridade intelectual e científica do sonâmbulo, quando
desperto, nada se pode inferir com relação aos conhecimentos
que porventura revele no estado de lucidez.
Conforme
as circunstâncias e o fim que se tenha em vista, ele
os pode haurir da sua própria experiência, da sua clarividência
relativa às coisas presentes, ou dos conselhos que
receba de outros Espíritos. Mas, podendo o seu próprio
Espírito ser mais ou menos adiantado, possível lhe é dizer
coisas mais ou menos certas.
Pelos fenômenos do sonambulismo, quer natural, quer
magnético, a Providência nos dá a prova irrecusável da existência
e da independência da alma e nos faz assistir ao
sublime espetáculo da sua emancipação. Abre-nos, dessa
maneira, o livro do nosso destino. Quando o sonâmbulo
descreve o que se passa a distância, é evidente que vê, mas
não com os olhos do corpo. Vê-se a si mesmo e se sente transportado ao lugar onde vê o que descreve. Lá se acha,
pois, alguma coisa dele e, não podendo essa alguma coisa
ser o seu corpo, necessariamente é sua alma, ou Espírito.
Enquanto o homem se perde nas sutilezas de uma metafísica
abstrata e ininteligível, em busca das causas da nossa existência
moral, Deus cotidianamente nos põe sob os olhos e
ao alcance da mão os mais simples e patentes meios de
estudarmos a psicologia experimental.
O êxtase é o estado em que a independência da alma,
com relação ao corpo, se manifesta de modo mais sensível
e se torna, de certa forma, palpável.
No sonho e no sonambulismo, o Espírito anda em giro
pelos mundos terrestres. No êxtase, penetra em um mundo
desconhecido, o dos Espíritos etéreos, com os quais entra
em comunicação, sem que, todavia, lhe seja lícito ultrapassar
certos limites, porque, se os transpusesse, totalmente se
partiriam os laços que o prendem ao corpo. Cerca-o então
resplendente e desusado fulgor, inebriam-no harmonias
que na Terra se desconhecem, indefinível bem-estar o invade:
goza antecipadamente da beatitude celeste e bem se
pode dizer que pousa um pé no limiar da eternidade.
No estado de êxtase, o aniquilamento do corpo é quase
completo. Fica-lhe somente, pode-se dizer, a vida orgânica.
Sente-se que a alma se lhe acha presa unicamente por um
fio, que mais um pequenino esforço quebraria sem remissão.
Nesse estado, desaparecem todos os pensamentos terrestres,
cedendo lugar ao sentimento apurado, que constitui
a essência mesma do nosso ser imaterial. Inteiramente
entregue a tão sublime contemplação, o extático encara a
vida apenas como paragem momentânea. Considera os bens e os males, as alegrias grosseiras e as misérias deste mundo
quais incidentes fúteis de uma viagem, cujo termo tem a
dita de avistar.
Dá-se com os extáticos o que se dá com os sonâmbulos:
mais ou menos perfeita podem ter a lucidez e o Espírito
mais ou menos apto a conhecer e compreender as coisas,
conforme seja mais ou menos elevado. Muitas vezes, porém,
há neles mais excitação do que verdadeira lucidez, ou,
melhor, muitas vezes a exaltação lhes prejudica a lucidez.
Daí o serem, frequentemente, suas revelações um misto de
verdades e erros, de coisas grandiosas e coisas absurdas,
até ridículas.
Dessa exaltação, que é sempre uma causa de
fraqueza, quando o indivíduo não sabe reprimi-la, Espíritos
inferiores costumam aproveitar-se para dominar o extático,
tomando, com tal intuito, aos seus olhos, aparências que
mais o aferram às idéias que nutre no estado de vigília. Há
nisso um escolho, mas nem todos são assim. Cabe-nos tudo
julgar friamente e pesar-lhes as revelações na balança
da razão.
A emancipação da alma se verifica às vezes no estado
de vigília e produz o fenômeno conhecido pelo nome de
segunda vista ou dupla vista, que é a faculdade graças à
qual quem a possui vê, ouve e sente além dos limites dos
sentidos humanos. Percebe o que exista até onde estende a
alma a sua ação. Vê, por assim dizer, através da vista ordinária
e como por uma espécie de miragem.
No momento em que o fenômeno da segunda vista se
produz, o estado físico do indivíduo se acha sensivelmente
modificado. O olhar apresenta alguma coisa de vago. Ele
olha sem ver. Toda a sua fisionomia reflete uma como exaltação. Nota-se que os órgãos visuais se conservam alheios
ao fenômeno, pelo fato de a visão persistir, malgrado à
oclusão dos olhos.
Aos dotados desta faculdade ela se afigura tão natural,
como a que todos temos de ver. Consideram-na um
atributo de seus próprios seres, que em nada lhes parecem
excepcionais. De ordinário, o esquecimento se segue a essa
lucidez passageira, cuja lembrança, tornando-se cada vez
mais vaga, acaba por desaparecer, como a de um sonho.
O poder da vista dupla varia, indo desde a sensação
confusa até a percepção clara e nítida das coisas presentes
ou ausentes. Quando rudimentar, confere a certas pessoas
o tato, a perspicácia, uma certa segurança nos atos, a que
se pode dar o qualificativo de precisão de golpe de vista
moral. Um pouco desenvolvida, desperta os pressentimentos.
Mais desenvolvida mostra os acontecimentos que
deram ou estão para dar-se.
O sonambulismo natural e artificial, o êxtase e a dupla
vista são efeitos vários, ou de modalidades diversas, de uma
mesma causa. Esses fenômenos, como os sonhos, estão na
ordem da natureza. Tal a razão por que hão existido em
todos os tempos. A História mostra que foram sempre conhecidos
e até explorados desde a mais remota antiguidade
e neles se nos depara a explicação de uma imensidade
de fatos que os preconceitos fizeram fossem tidos por
sobrenaturais.
Que a graça e a paz sejam conosco!
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