"Jeremias, que ainda não havia sido aprisionado, andava entre o povo." -( Jeremias, 37: 4 )-
Amados irmãos, bom dia!
Que possamos andar livremente entre o nosso povo, pregando os santos ensinamentos que nos foi dado.
Deus
• Existência de Deus • Da natureza divina
• A Providência • A visão de Deus
Existência de Deus
1. Sendo Deus a causa primária de todas as coisas, a origem de tudo
o que existe, a base sobre que repousa o edifício da Criação, é também o
ponto que importa consideremos antes de tudo.
2. Constitui princípio elementar que pelos seus efeitos é que se julga de uma causa, mesmo quando ela se conserve oculta.
Se, fendendo os ares, um pássaro é atingido por mortífero grão de
chumbo, deduz-se que hábil atirador o alvejou, ainda que este último não
seja visto. Nem sempre, pois, se faz necessário vejamos uma coisa, para
sabermos que ela existe. Em tudo, observando os efeitos é que se chega ao
conhecimento das causas.
3. Outro princípio igualmente elementar e que, de tão verdadeiro,
passou a axioma é o de que todo efeito inteligente tem que decorrer de
uma causa inteligente.
Se perguntassem qual o construtor de certo mecanismo engenhoso,
que pensaríamos de quem respondesse que ele se fez a si mesmo? Quando se contempla uma obra-prima da arte ou da indústria, diz-se que há
de tê-la produzido um homem de gênio, porque só uma alta inteligência poderia concebê-la. Reconhece-se, no entanto, que ela é obra de um
homem, por se verificar que não está acima da capacidade humana; mas a ninguém acudirá a ideia de dizer que saiu do cérebro de um idiota ou
de um ignorante, nem, ainda menos, que é trabalho de um animal, ou
produto do acaso.
4. Em toda parte se reconhece a presença do homem pelas suas
obras. A existência dos homens antediluvianos não se provaria unicamente por meio dos fósseis humanos: provou-a também, e com muita certeza,
a presença, nos terrenos daquela época, de objetos trabalhados pelos homens. Um fragmento de vaso, uma pedra talhada, uma arma, um tijolo
bastarão para lhe atestar a presença. Pela grosseria ou perfeição do trabalho, reconhecer-se-á o grau de inteligência ou de adiantamento dos que o
executaram. Se, pois, achando-vos numa região habitada exclusivamente
por selvagens, descobrirdes uma estátua digna de Fídias,17 não hesitareis
em dizer que, sendo incapazes de tê-la feito os selvagens, ela é obra de uma
inteligência superior à destes.
5. Pois bem! lançando o olhar em torno de si, sobre as obras da
natureza, notando a providência, a sabedoria, a harmonia que presidem
a essas obras, reconhece o observador não haver nenhuma que não ultrapasse os limites da mais portentosa inteligência humana. Ora, desde que o
homem não as pode produzir, é que elas são produto de uma inteligência
superior à humanidade, a menos se sustente que há efeitos sem causa.
6. A isto opõem alguns o seguinte raciocínio:
As obras ditas da natureza são produzidas por forças materiais que
atuam mecanicamente, em virtude das leis de atração e repulsão; as moléculas dos corpos inertes se agregam e desagregam sob o império dessas
leis. As plantas nascem, brotam, crescem e se multiplicam sempre da mesma maneira, cada uma na sua espécie, por efeito daquelas mesmas leis;
cada indivíduo se assemelha ao de quem ele proveio; o crescimento, a
floração, a frutificação, a coloração se acham subordinados a causas materiais, tais como o calor, a eletricidade, a luz, a umidade etc. O mesmo
se dá com os animais. Os astros se formam pela atração molecular e se
movem perpetuamente em suas órbitas por efeito da gravitação. Essa regularidade mecânica no emprego das forças naturais não acusa a ação de
qualquer inteligência livre. O homem movimenta o braço quando quer e
como quer; aquele, porém, que o movimentasse no mesmo sentido, desde o nascimento até a morte, seria um autômato. Ora, as forças orgânicas da
natureza são puramente automáticas.
Tudo isso é verdade, mas essas forças são efeitos que hão de ter
uma causa e ninguém pretende que elas constituam a Divindade. Elas
são forças materiais e mecânicas; não são por si mesmas inteligentes,
o que também é verdade; mas são postas em ação, distribuídas, apropriadas às necessidades de cada coisa por uma inteligência que não é a
dos homens. A aplicação útil dessas forças é um efeito inteligente que
denota uma causa inteligente. Um pêndulo se move com automática regularidade e é nessa regularidade que lhe está o mérito. É toda material
a força que o faz mover-se e nada tem de inteligente. Mas que seria esse
pêndulo se uma inteligência não houvesse combinado, calculado, distribuído o emprego daquela força, para fazê-lo andar com precisão? Do
fato de não estar a inteligência no mecanismo do pêndulo e do fato de
que ninguém a vê, seria racional deduzir-se que ela não existe? Julgamo-la pelos seus efeitos.
A existência do relógio atesta a existência do relojoeiro; a engenhosidade do mecanismo lhe atesta a inteligência e o saber. Quando um relógio vos indica a hora que desejais saber, quem se lembrará de dizer: aí está
um relógio bem inteligente?
Outro tanto ocorre com o mecanismo do universo: Deus não se
mostra, mas se revela pelas suas obras.
7. A existência de Deus é, pois, uma realidade comprovada não só pela revelação, como pela evidência material dos fatos. Os povos selvagens nenhuma revelação tiveram; entretanto, creem instintivamente na existência de um poder sobre-humano. Eles veem coisas que estão acima das possibilidades do homem e deduzem que essas coisas provêm de um ente superior à humanidade. Não demonstram raciocinar com mais lógica do que os que pretendem que tais coisas se fizeram a si mesmas?
7. A existência de Deus é, pois, uma realidade comprovada não só pela revelação, como pela evidência material dos fatos. Os povos selvagens nenhuma revelação tiveram; entretanto, creem instintivamente na existência de um poder sobre-humano. Eles veem coisas que estão acima das possibilidades do homem e deduzem que essas coisas provêm de um ente superior à humanidade. Não demonstram raciocinar com mais lógica do que os que pretendem que tais coisas se fizeram a si mesmas?
17 N.E.: Fídias, escultor grego do séc. V a.C. Incumbido por Péricles de dirigir os trabalhos do Pártenon, encarregou-se da decoração esculpida (friso das Panateneias), apogeu do estilo clássico grego.
Que a graça e a paz sejam conosco!
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