"Vinde contemplar as obras de Deus; ele fez maravilhas entre os filhos dos homens". -( Salmos, 65: 5 )-
Amados irmãos, bom dia!
É nos dada a oportunidade de escolher as provas que servirão para nossa evolução, quando fazemos por merecê-las, mas, aos espíritos que ainda não tem essa condição, são escolhidas provas que possa evoluir em sua caminhada. Hoje vamos estudar essas prerrogativas.
“A escolha das provas, como manifestação do livre-arbítrio,
entretanto, não tem caráter absoluto, uma vez que Deus [...] pode impor certa
existência a um Espírito, quando este, pela sua inferioridade ou má vontade,
não se mostra apto a compreender o que lhe seria mais útil, e quando vê que tal
existência servirá para a purificação e o progresso do Espírito, ao mesmo tempo
que lhe sirva de expiação. Assim, pode-se dizer que as [...] leis inflexíveis
da Natureza, ou, antes, os efeitos resultantes do passado, decidem a sua
reencarnação. O Espírito inferior, ignorante dessas leis, pouco cuidadoso de
seu futuro, sofre maquinalmente a sua sorte [...]. O Espírito adiantado
inspira-se nos exemplos que o cercam na vida fluídica, recolhe os avisos de
seus guias espirituais, pesa as condições boas ou más de sua reaparição neste
mundo, prevê os obstáculos, as dificuldades da jornada, traça o seu programa e
toma fortes resoluções com o propósito de executá-las. Só volta à carne quando
está seguro do apoio dos invisíveis, que o devem auxiliar em sua nova tarefa.
Por outro lado, quando, em sua origem, o Espírito é ainda
inexperiente para escolher adequadamente as provas da sua existência, Deus lhe
supre a inexperiência, traçando-lhe o caminho que deve seguir [...]. Deixa-o,
porém, pouco a pouco, à medida que o seu livre-arbítrio se desenvolve, senhor
de proceder à escolha e só então é que muitas vezes lhe acontece extraviar-se,
tomando o mau caminho, por desatender os conselhos dos bons Espíritos.
Ainda a propósito da questão da escolha das provas, são
bastante elucidativos os comentários do instrutor Druso, trazidos por André
Luiz no seguinte relato: Há trinta anos, desfrutei o convívio de dois
benfeitores, a cuja abnegação muito devo neste pouso de luz. Ascânio e Lucas,
Assistentes respeitados na Esfera Superior, integravam-nos a equipe de mentores
valorosos e amigos... Quando os conheci em pessoa, já haviam despendido vários
lustros no amparo aos irmãos transviados e sofredores. Cultos e enobrecidos,
eram companheiros infatigáveis em nossas melhores realizações. Acontece, porém,
que depois de largos decênios de luta, nos prélios da fraternidade santificante,
suspirando pelo ingresso nas esferas mais elevadas, para que se lhes
expandissem os ideais de santidade e beleza, não demonstravam a necessária
condição específica para o voo anelado. Totalmente absortos no entusiasmo de
ensinar o caminho do bem aos semelhantes, não cogitavam de qualquer mergulho no
pretérito, por isso que, muitas vezes, quando nos fascinamos pelo esplendor dos
cimos, nem sempre nos sobra disposição para qualquer vistoria aos nevoeiros do
vale... Dessa forma, passaram a desejar ardentemente a ascensão, sentindo-se
algo desencantados pela ausência de apoio das autoridades que lhes não
reconheciam o mérito imprescindível. Dilatava-se o impasse, quando um deles
solicitou o pronunciamento da Direção Geral a que nos achamos submissos. O requerimento
encontrou curso normal até que, em determinada fase, ambos foram chamados a
exame devido. A posição imprópria que lhes era característica foi
carinhosamente analisada por técnicos do Plano Superior, que lhes reconduziram
a memória a períodos mais recuados no tempo. Diversas fichas de observação
foram extraídas do campo mnemônico, à maneira das radioscopias dos atuais
serviços médicos no mundo e, através delas, importantes conclusões surgiram à
tona... Em verdade, Ascânio e Lucas possuíam créditos extensos, adquiridos em
quase cinco séculos sucessivos de aprendizado digno, somando as cinco
existências últimas nos círculos da carne e as estações de serviço espiritual,
nas vizinhanças da arena física; no entanto, quando a gradativa auscultação
lhes alcançou as atividades do século XV, algo surgiu que lhes impôs dolorosa
meditação... Arrebatadas ao arquivo da memória e a doer-lhes profundamente no
espírito, depois da operação magnética a que nos referimos, reapareceram nas
fichas mencionadas as cenas de ominoso delito por ambos cometido, em 1429, logo
após a libertação de Orleães, quando formavam no exército de Joana d´Arc...
Famintos de influência junto aos irmãos de armas, não hesitaram em assassinar
dois companheiros, precipitando-os do alto de uma fortaleza no território de
Gâtinais, sobre fossos imundos, embriagando-se nas honrarias que lhes valeram,
mais tarde, torturantes remorsos além do sepulcro. Chegados a esse ponto da
inquietante investigação, pela respeitabilidade de que se revestiam, foram
inquiridos pelos poderes competentes se desejavam ou não prosseguir na sondagem
singular, ao que responderam negativamente, preferindo liquidar a dívida, antes
de novas imersões nos depósitos da subconsciência. Desse modo, em vez de
continuarem insistindo na elevação a níveis mais altos, suplicaram, ao revés, o
retorno ao campo dos homens, no qual acabam de pagar o débito a que aludimos. –
Como? – indagou Hilário, intrigado. – Já que podiam escolher o gênero de
provação, em vista dos recursos morais amealhados no mundo íntimo – informou o
orientador –, optaram por tarefas no campo da aeronáutica, a cuja evolução
ofereceram as suas vidas. Há dois meses regressaram às nossas linhas de ação,
depois de haverem sofrido a mesma queda mortal que infligiram aos companheiros
de luta no século XV. – E o nosso caro instrutor visitou-os nos preparativos da
reencarnação agora terminada? – inquiri com respeito. – Sim, por várias vezes
os avistei, antes da partida. Associavam-se a grande comunidade de Espíritos
amigos, em departamento específico de reencarnação, no qual centenas de
entidades, com dívidas mais ou menos semelhantes às deles, também se preparavam
para o retorno à carne, abraçando, assim, trabalho redentor em resgates
coletivos. – E todos podiam selecionar o gênero de luta em que saldariam as
suas contas? – perguntei, ainda, com natural interesse. – Nem todos – disse
Druso, convicto. – Aqueles que possuíam grandes créditos morais, qual acontecia
aos benfeitores a que me reporto, dispunham desse direito. Assim é que a muitos
vi, habilitando-se para sofrer a morte violenta, em favor do progresso da
aeronáutica e da engenharia, da navegação marítima e dos transportes terrestres,
da ciência médica e da indústria em geral, verificando, no entanto, que a
maioria, por força dos débitos contraídos e consoante os ditames da própria
consciência, não alcançava semelhante prerrogativa, cabendo-lhe aceitar sem
discutir amargas provas, na infância, na mocidade ou na velhice, através de
acidentes diversos, desde a mutilação primária até a morte, de modo a
redimir-se de faltas graves.
Levando-se em conta tudo o que foi exposto, pode-se concluir
que a prerrogativa de o Espírito escolher as provas da existência carnal está
sempre em consonância com as suas condições de fazer uma escolha correta, com
vistas aos próprios interesses espirituais”. -( FEB )-
Que a graça e a paz sejam conosco!
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