"E curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: É chegado a vós o Reino de Deus." - Jesus - ( Lucas, 10:9 )
Amados irmãos bom dia!
Devemos sempre nos colocarmos a serviço do bem maior que é o Senhor, em tudo praticando a caridade. É através das obras que justificamos nossa fé. Que possamos usar todos os momentos das nossas vidas nesse sentido.
“Os anais de todas as nações mostram que, desde épocas
remotíssimas da História, a evocação dos Espíritos era praticada por certos
homens que tinham feito disso uma especialidade. O mais antigo código religioso
que se conhece, os Vedas, aparecido [na Índia] milhares de anos antes de Jesus Cristo,
afirma a existência dos Espíritos. Eis como o grande legislador Manu se exprime
a respeito: “Os Espíritos dos antepassados, no estado invisível, acompanham
certos brâmanes [sacerdotes que oficiavam o sacrifício do Veda] convidados para
as cerimônias em comemoração dos mortos, sob uma forma aérea; seguem-nos e
tomam lugar ao seu lado quando eles se assentam.” Assim é que desde [...] tempos imemoriais, os
padres iniciados nos mistérios [doutrina secreta] preparam indivíduos chamados
faquires para a evocação dos Espíritos e para a obtenção dos mais notáveis
fenômenos do magnetismo. Também desde a mais remota antiguidade [...] o povo da
China entrega-se à evocação dos Espíritos dos Avoengos. O missionário Huc
refere grande número de experiências, cujo fim era a comunicação dos vivos com
os mortos [...]. Com o tempo e em consequência das guerras que forçaram parte
da população hindu a emigrar, o segredo das evocações espalhou-se em toda a
Ásia, encontrando-se ainda entre os egípcios e entre os hebreus a tradição que
veio da Índia.
Com efeito, todos [...] os historiadores estão de acordo em
atribuir aos padres do antigo Egito poderes que pareciam sobrenaturais e
misteriosos. Os magos dos faraós realizavam estes prodígios que são referidos
na Bíblia; mas, deixando de parte o que pode haver de legendário nessas
narrações, é bem certo que eles evocavam os mortos, pois Moisés, seu discípulo,
proibiu formalmente que os hebreus se entregassem a essas práticas: “Que entre
nós ninguém use de sortilégio e de encantamentos, nem interrogue os mortos para
saber a verdade.” A despeito dessa proibição, vemos Saul ir consultar a
pitonisa de Endor e, por seu intermédio, comunicar-se com a sombra de Samuel.
[...] Apesar da proibição de Moisés, houve sempre investigadores que foram
tentados por essas evocações misteriosas; instituíam uma doutrina secreta a que
chamavam Cabala, mas cercando-se de precauções e fazendo o adepto jurar
inviolável segredo para o vulgo. “Qualquer pessoa que – diz o Talmud [livro que
contém a doutrina da lei moisaica] –, sendo instruída nesse segredo (a evocação
dos mortos), o guarda com vigilância em um coração puro pode contar com o amor
de Deus e o favor dos homens; seu nome inspira respeito, sua ciência não teme o
olvido, e torna-se ele herdeiro de dois mundos: aquele em que vivemos agora e o
mundo futuro”.
Ainda com respeito ao povo hebreu, deve-se ressaltar que o
[...] profetismo em Israel, durante vinte consecutivos séculos, é um dos
fenômenos transcendentais mais notáveis da História. [...] A verdade é que os
profetas israelitas são médiuns inspirados [...]. A origem do profetismo em
Israel é assinalada por imponente manifestação. Um dia, Moisés escolhe 70
anciães e os coloca ao redor do tabernáculo. Jeová revela sua presença em uma
nuvem, imediatamente as poderosas faculdades de Moisés se transmitem aos outros
e “eles profetizaram”.
Na Grécia, a crença nas evocações era geral. Todos os templos
possuíam mulheres chamadas pitonisas encarregadas de proferir oráculos,
evocando os deuses [Espíritos]; mas, às vezes, o consultante queria, ele
próprio, ver e falar à sombra desejada, e, como na Judéia, conseguia-se pô-lo
em comunicação com o ser ao qual desejava interrogar. Por outro lado,
discípulos [...] de Sócrates referem-se, com admiração e respeito, ao amigo
invisível que o acompanhava constantemente. Na Itália sucede o mesmo que na
Índia, no Egito e entre os hebreus. O privilégio de evocar os Espíritos,
primitivamente reservado aos membros da classe sacerdotal, espalhou-se pouco a
pouco entre o povo e, se crermos em Tertuliano, o Espiritismo era exercido
entre os antigos pelos mesmos meios que, hoje, entre nós. Aliás, Tertuliano
trata, em termos explícitos, das mesas girantes e falantes. “Se é dado – diz
ele – aos magos fazer aparecer fantasmas, evocar as almas dos mortos, poder
forçar a boca das crianças a proferir oráculos; se eles realizam grande número
de milagres, se explicam sonhos, se têm às suas ordens Espíritos mensageiros e
demônios, em virtude dos quais as mesas que profetizam são um fato vulgar, com
que redobrado zelo esses Espíritos poderosos não se esforçarão por fazer em
próprio proveito o que eles fazem em serviço de outrem?” Em apoio das
afirmações de Tertuliano, pode-se citar uma passagem de Amiano Marcelino sobre
Patrício e Hilário, levados perante o tribunal romano por crime de magia,
acusação esta de que eles se defenderam referindo “que tinham fabricado, com
pedaços de loureiro, uma mesinha (mensulam) sobre a qual colocaram uma bacia
circular feita de vários metais, tendo um alfabeto gravado nas bordas. Em
seguida, um homem vestido de linho, depois de ter recitado uma fórmula e feito
uma evocação ao deus da profecia, tinha suspendido por cima da bacia um anel
preso a um fio de linho muito fino e consagrado por meios misteriosos. O anel,
saltando sucessivamente, mas sem confusão, sobre várias letras gravadas, e
parando sobre cada uma, formava versos perfeitamente regulares, em resposta às
questões propostas. Em Roma, no templo de Minerva, Pausânias, ali condenado a
morrer de fome, passou a viver, em Espírito, monoideizado na revolta em que se
alucinava, aparecendo e desaparecendo aos olhos de circunstantes assombrados,
durante largo tempo. Sabe-se que Nero, nos últimos dias de seu reinado, viu-se
fora do corpo carnal, junto de Agripina e de Otávia, sua genitora e sua esposa,
ambas assassinadas por sua ordem, a lhe pressagiarem a queda no abismo. Os
Espíritos vingativos em torno de Calígula eram tantos que, depois de lhe
enterrarem os restos nos jardins de Lâmia, eram ali vistos, frequentemente, até
que se lhe exumaram os despojos para a incineração.
Na Gália, o processo de intercâmbio com o plano espiritual
era intenso. A comemoração dos mortos é de iniciativa gaulesa. No dia primeiro
de novembro celebrava-se a festa dos Espíritos, não nos cemitérios – os
gauleses não honravam os cadáveres –, mas sim em cada habitação, onde os bardos
[poetas] e os videntes evocavam as almas dos defuntos. No entender deles, os
bosques e as charnecas eram povoados por Espíritos errantes. Os Duz e os
Korrigans eram almas em procura de novas encarnações. Todavia, onde a
mediunidade atinge culminâncias é justamente no Cristianismo nascituro. Toda a
passagem do Mestre inesquecível, entre os homens, é um cântico de luz e amor,
externando-lhe a condição de Medianeiro da Sabedoria Divina. E, continuando-lhe
o ministério, os apóstolos que se lhe mantiveram leais converteram-se em
médiuns notáveis, no dia de Pentecostes, quando, associadas as suas forças, por
se acharem “todos reunidos”, os emissários espirituais do Senhor, através
deles, produziram fenômenos físicos em grande cópia, como sinais luminosos e
vozes diretas, inclusive fatos de psicofonia e xenoglossia, em que os
ensinamentos do Evangelho foram ditados em várias línguas, simultaneamente,
para os israelitas de procedências diversas. Desde então, os eventos mediúnicos
para eles se tornaram habituais. Espíritos materializados libertavam-nos da
prisão injusta. O magnetismo curativo era vastamente praticado pelo olhar e
pela imposição das mãos. Espíritos sofredores eram retirados de pobres
obsessos, aos quais vampirizavam. Um homem objetivo e teimoso, quanto Saulo de
Tarso, desenvolve a clarividência, de um momento para outro, vê o próprio
Cristo, às portas de Damasco, e lhe recolhe as instruções. E porque Saulo,
embora corajoso, experimente enorme abalo moral, Jesus, condoído, procura
Ananias, médium clarividente na aludida cidade, e pede-lhe socorro para o
companheiro que encetava a tarefa. Não somente na casa dos apóstolos em
Jerusalém mensageiros espirituais prestam contínua assistência aos semeadores
do Evangelho; igualmente no lar dos cristãos, em Antioquia, a mediunidade opera
serviços valiosos e incessantes. Dentre os médiuns aí reunidos, um deles, de
nome Agabo, incorpora um Espírito benfeitor que realiza importante premonição.
E nessa mesma igreja, vários instrumentos medianímicos aglutinados favorecem a produção
da voz direta, consignando expressiva incumbência a Paulo e Barnabé. Os fatos
mediúnicos continuam a produzir-se no decorrer dos tempos. A Igreja Católica,
mais do que qualquer outra, tinha necessidade de combater essas práticas, para
si detestáveis, e, portanto, durante a Idade Média, milhares de vítimas foram
queimadas sem piedade, sob o nome de feiticeiros e mágicos, por terem evocados
os Espíritos. Nada obstante, nessa mesma época, destacam-se [...] duas grandes
figuras históricas: Cristóvão Colombo, o descobridor de um novo mundo [...], e
Joana d´Arc, que obedece às suas vozes. Em sua aventurosa missão, Colombo era
guiado por um gênio invisível. Tratavam-no de um visionário. Nas horas das
maiores dificuldades, ele escutava uma voz desconhecida murmurar-lhe ao ouvido:
“Deus quer que teu nome ressoe gloriosamente através do mundo; ser-te-ão dadas
as chaves de todos esses portos desconhecidos do oceano que se conservam
atualmente fechados por formidáveis cadeias”. A vida de Joana d´Arc está na memória
de todos. Sabe-se que, em todos os lugares, seres invisíveis inspiravam e
dirigiam a heróica virgem de Domrémy. Todos os êxitos de sua gloriosa epopéia
são previamente anunciados. Surgem aparições diante dela; vozes celestes
ciciam-lhe ao ouvido. Nela, a inspiração flui como o borbotar de uma torrente
impetuosa. Em meio dos combates, nos conselhos, como diante de seus juízes, por
toda parte, essa criança de 18 anos comanda ou responde com segurança,
consciente do sublime papel que desempenha, jamais variando na fé nem nas
palavras, inquebrantável mesmo diante das súplicas, mesmo em face da morte
[...]. Além desses dois exemplos,
resplandece a figura de Francisco de Assis, exalçando a mediunidade [...] em luminosos
acontecimentos [...].
A esses nomes gloriosos temos o direito de acrescentar os dos
grandes poetas. Depois da música é a poesia um dos focos mais puros da
inspiração; provoca o êxtase intelectual, que permite entrar em comunicação com
as esferas superiores. [...] Todos os grandes poetas heróicos principiam seus
cantos por uma invocação aos deuses ou à musa; e os Espíritos inspiradores
atendem à deprecação. Murmuram ao ouvido do poeta mil coisas sublimes, mil
coisas que só ele entende, entre os filhos dos homens. Aliás, pode-se dizer que
os [...] homens de gênio, de todas as espécies, artistas, sábios, literatos,
são sem dúvida Espíritos adiantados, capazes de compreender por si mesmos e de
conceber grandes coisas. Ora, precisamente porque os julgam capazes, é que os
Espíritos, quando querem executar certos trabalhos, lhe sugerem as idéias
necessárias e assim é que eles, as mais das vezes, são médiuns sem o saberem.
Têm, no entanto, vaga intuição de uma assistência estranha, visto que todo
aquele que apela para a inspiração, mais não faz do que uma evocação. Se não
esperasse ser atendido, por que exclamaria, tão frequentemente: meu bom gênio,
vem em meu auxílio? Assim é que, por exemplo, Dante Alighieri [...] é um médium
incomparável. Sua “Divina Comédia” é uma peregrinação através dos mundos invisíveis.
[...] É pelos olhos da sua Beatriz, morta, que Alighieri vê “o esplendor da
viva luz eterna”, que iluminou toda a sua vida. Em meio daquela sombria Idade
Média, sua vida e sua obra resplandecem como os cimos alpestres quando se
coloram dos últimos clarões do dia e já o resto da Terra está mergulhada na
sombra.
Desse modo, a mediunidade, que refulgia entre os primeiros
cristãos, não se oculta; ao contrário, continua a produzir fenômenos
grandiosos. Citaremos, mais adiante, outros exemplos não só de poetas-médiuns
como também de músicos inspirados. Prossegue a expansão do fenômeno mediúnico
quando vemos, já na Idade Moderna, [...] Lutero transitando entre visões;
Teresa d´Ávila em admiráveis desdobramentos; José de Copertino levitando ante a
espantada observação do papa Urbano VIII [...].Tasso compõe aos 18 anos seu
poema cavalheiresco “Renaud”, sob a inspiração de Ariosto, e mais tarde, em
1575, sua obra capital, a “Jerusalém Libertada”, vasta epopéia, que afirma
haver-lhe sido igualmente inspirada. Shakespeare, Milton [...] foram também
inspirados. As obras principais de Shakespeare, dentre as quais Hamlet e
Macbeth, [...] contêm cenas célebres em que se movem aparições. Os espectros do
pai de Hamlet e de Banquo, presos ao mundo material pelo jugo do passado, se
tornam visíveis e impelem os vivos ao crime. Milton fazia sua filhas tocarem
harpa antes de compor seus cantos do “Paraíso Perdido”, porque, dizia ele, a
harmonia atrai os gênios inspiradores. [...] Goethe se abeberou amplamente nas
fontes do invisível. [...] O “Fausto” é uma obra mediúnica e simbólica de
primeira ordem. [...]. O famoso músico Mozart é também um grande médium
inspirado. Numa [...] de suas cartas a um amigo íntimo, nos inicia nos
mistérios da inspiração musical: “Dizes que desejarias saber qual o meu modo de
compor e que método sigo. Não te posso verdadeiramente dizer a esse respeito
senão o que se segue, porque eu mesmo nada sei e não mo posso explicar. Quando
estou em boas disposições e inteiramente só, durante o meu passeio, os
pensamentos musicais me vêm com abundância. Ignoro donde procedem esses
pensamentos e como me chegam; nisso não tem a minha vontade a menor
intervenção.” No declínio de sua vida, quando já sobre ele se estendia a sombra
da morte, em um momento de calma, de perfeita serenidade, ele chamou um de seus
amigos que se achavam no quarto: “Escuta – disse ele – estou ouvindo música.” O
amigo lhe respondeu: “Não ouço nada.” Mozart, porém, tomado de arroubo,
continua a perceber as harmonias celestes. E seu pálido semblante se ilumina.
Finalmente, dentre os grandes médiuns dessa época, destaca-se a significativa
presença do sueco Emmanuel Swedenborg, um dos mais importantes precursores do
Espiritismo. No período que abrange o fim da Idade Moderna e início da Idade
Contemporânea, emerge, com todo o vigor, a figura inolvidável de Beethoven.
Este músico famoso, [...] referindo-se à fonte de que lhe provinha a concepção
de suas obras-primas, dizia [...]: “Sinto-me obrigado a deixar transbordar de
todos os lados as ondas de harmonia provenientes do foco da inspiração. Procuro
acompanhá-las e delas me apodero apaixonadamente; de novo me escapam e
desaparecem entre a multidão de distrações que me cercam. Daí a pouco, torno a
apreender com ardor a inspiração; arrebatado, vou multiplicando todas as
modulações, e venho por fim a me apropriar do primeiro pensamento musical.”
Ainda na fase inicial da Idade Contemporânea, pode-se citar
Honoré de Balzac. Este grande escritor francês, em várias de suas obras, tocou
em todos os problemas da vida invisível, do ocultismo e do magnetismo. Todas
essas questões lhe eram familiares. Trata-se com a competência do verdadeiro
mestre, numa época em que ainda eram pouquíssimos conhecidas. Era não somente
um profundo observador, mas também um vidente na mais elevada acepção do termo.
O célebre músico Chopin, por sua vez, [...] tinha visões que, à vezes, o
aterravam. Suas mais belas composições – sua “Marcha Fúnebre”, seus “Noturnos”
– foram escritas em completa obscuridade. Em meados do século dezenove – em
plena Idade Contemporânea – acontece uma popularização inesperada dos fenômenos
mediúnicos, os quais se expandem rapidamente por todo o mundo. Essa expansão é
tão marcante que levou o famoso escritor inglês Arthur Conan Doyle a afirmar
que os fenômenos em questão possuíam todas as características de uma invasão
organizada. Essa fase de popularização
do fenômeno mediúnico propiciou o advento da Doutrina Espírita, codificada por
Allan Kardec. Dentre os fatos que antecederam imediatamente a Codificação, os
mais significativos foram, sem dúvida, os ocorridos em Hydesville, nos Estados
Unidos, e os denominados mesas girantes, que se propagaram especialmente pela Europa.
Finalmente, pode-se dizer que, após o advento da Doutrina
Espírita, o fenômeno mediúnico continua a expandir-se. Médiuns notáveis têm
possibilitado o intercâmbio entre os dois planos da vida. Apenas a título
exemplificativo citaremos: Eusapia Paladino, na Itália; Florence Cook e Sra.
d´Espérance, na Inglaterra; Sra. Piper, nos Estados Unidos; Amália Domigo Y
Soler, na Espanha, e os excelentes médiuns brasileiros Ana Prado, Zilda Gama,
Yvone Pereira e, especialmente, Francisco Cândido Xavier.” -( FEB )-
Que a graça e a paz sejam conosco!
Que a graça e a paz sejam conosco!
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