"Julga-me, Senhor, pois tenho andado em minha sinceridade; tenho confiado também no Senhor; não vacilarei." -( Salmos, 26: 1 )-
Amados irmãos, bom dia!
"Senhor Jesus! Concedeste-nos os entes queridos por tesouros que nos empresta. Ensinai-nos a considerá-los e aceitá-los em sua verdadeira condição de filhos de Deus, tanto quanto nós, com necessidades e esperanças semelhantes às nossas. Faze-nos, porém, observar que aspiram a gêneros de felicidade diferente da nossa e ajuda-nos a não lhes violentar o sentimento em nome do amor, no propósito inconsciente de escravizá-los aos nossos pontos de vista" -( Mãos Unidas - Chico Xavier / Emmanuel )-
Terceiro diálogo – O padre
Um abade. — Permitir-me-eis, senhor, dirigir-vos, por minha vez, algumas perguntas?
A. K. — De boa mente, reverendo; mas, antes de responder a elas,creio útil fazer-vos conhecer o terreno em que me devo colocar perante vós.
Primeiro que tudo, cumpre-me declarar que não tenho a pretensão de vos converter às nossas ideias. Se desejardes conhecê-las pormenorizadamente, encontrá-las-eis nos livros em que estão expostas; neles podereis estudá-las à vontade e aceitá-las ou rejeitá-las.
O Espiritismo tem por fim combater a incredulidade e suas funestas consequências, fornecendo provas patentes da existência da alma e da vida futura; ele se dirige, pois, àqueles que em nada creem ou que de tudo duvidam, e o número desses não é pequeno, como muito bem sabeis; os que têm fé religiosa e a quem esta fé satisfaz, dele não têm necessidade.
Àquele que diz: “Eu creio na autoridade da Igreja e não me afasto dos seus ensinos, sem nada buscar além dos seus limites”, o Espiritismo responde que não se impõe a pessoa alguma e que não vem forçar nenhuma convicção.
A liberdade de consciência é consequência da liberdade de pensar, que é um dos atributos do homem; e o Espiritismo, se não a respeitasse, estaria em contradição com os seus princípios de liberdade e tolerância. A seus olhos, toda crença, quando sincera e não permita ao homem fazer mal ao próximo, é respeitável, mesmo que seja errônea.
Se alguém fosse por sua consciência arrastado a crer, por exemplo, que é o Sol que gira ao redor da Terra, nós lhe diríamos: “Acreditai-o se quiserdes, porque isso não fará que esses dois astros troquem os seus papéis”, mas assim como não procuramos violentar-vos a consciência, respeitai também a nossa.
Se transformardes, porém, uma crença, de si mesma inocente, em instrumento de perseguição, ela então se tornará nociva e pode ser combatida. Tal é, senhor abade, a linha de conduta que tenho seguido com os ministros dos diversos cultos que a mim se hão dirigido. Quando eles me interpelaram sobre alguns pontos da Doutrina, dei-lhes as explicações necessárias, abstendo-me de discutir certos dogmas de que o Espiritismo não se quer ocupar, por serem todos os homens livres em suas apreciações; nunca, porém, fui procurá-los no propósito de lhes abalar a fé por meio de qualquer pressão. Àquele que nos procura como irmão, nós o acolhemos como tal; ao que nos repele, deixamo-lo em paz. É o conselho que não tenho cessado de dar aos espíritas, porque não concordo com os que se arrogam a missão de converter o clero. Sempre lhes tenho dito: Semeai no campo dos incrédulos, onde há colheita a fazer.
O Espiritismo não se impõe, porque, como vo-lo disse — respeita a liberdade de consciência; ele sabe também que toda crença imposta é superficial e não desperta senão as aparências da fé; nunca, porém, a fé sincera. Ele expõe seus princípios aos olhos de todos, de modo a cada um poder formar opinião segura. Os que lhe aceitam os princípios, sacerdotes ou leigos, o fazem livremente e por achá-los racionais, mas nós não ficamos querendo mal aos que se afastam da nossa opinião. Se hoje há luta entre a Igreja e o Espiritismo, nós temos consciência de não havê-la provocado.
Estudo do Livro dos Espíritos
602. Os animais progridem, como o homem, por ato da própria vontade, ou pela força das coisas?
“Pela força das coisas, razão por que não estão sujeitos à expiação.”
Que a graça e a paz sejam conosco!
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