"Senhor, muitos são os meus adversários! Muitos se rebelam contra mim" -( Salmos, 3: 1 )-
Amados irmãos, bom dia!
"Antes as provas e tribulações que nos cerquem, aceitemo-nos como somos, a fim de extrairmos de nós com sinceridade o máximo de bem de que sejamos capazes na ampliação do bem geral, porque a vida é um parque de promoções permanente para quem trabalho e serve e todo espírito que se aceita qual é, de modo a fazer de si o melhor que pode, para logo se desvencilhar de qualquer sombra, a fim de engajar-se na jornada bendita do próprio burilamento, partilhando a conquista incessante de luz e mais luz." -( Mãos Unidas - Chico Xavier / Emmanuel )-
V. — Voltemos, por favor, às mesas que se movem e falam; não será possível que elas sejam preparadas com algum artifício?
A. K. — É sempre a mesma questão de boa-fé, a que já respondi. Quando a fraude for provada, eu vo-la reconhecerei; se descobrirdes fatos demonstrados de embuste, charlatanismo, especulação ou abuso de confiança, fustigai-os e eu desde já vos declaro que não irei defendê-los, porque o Espiritismo sério é o primeiro a repudiá-los; e quem assinalar tais abusos o auxilia no trabalho de preveni-los e lhe presta importante serviço. Porém, generalizar essas acusações, lançar sobre elevado número de pessoas honradas a reprovação que só cabe a alguns indivíduos isolados, é um abuso de outro gênero, porque é uma calúnia. Admitindo, como dissestes, que as mesas estivessem preparadas, era preciso que o mecanismo empregado fosse bem engenhoso para fazê-las produzir movimentos e sons tão variados. Ora, como não é ainda conhecido o nome do hábil artista que os fabrica? Entretanto, ele deveria gozar de grande celebridade, visto que seus aparelhos estão espalhados pelas cinco partes do mundo.
Devemos também convir que o seu processo é assaz delicado e sutil, para poder adaptar-se à primeira mesa que se apresenta, sem deixar sinal algum exterior que o denuncie. Como é que, desde Tertuliano, que já tratava das mesas giratórias e falantes, até o presente ninguém conseguiu ver e descrever tal mecanismo?
V. — Eis o que vos ilude. Um célebre cirurgião reconheceu que certas pessoas podem, pela contração de um músculo da perna, produzir um ruído semelhante ao que atribuís à mesa; donde concluiu que os médiuns se divertem à custa da credulidade dos assistentes.
A. K. — Se é um estalido do músculo, não é então a mesa que está preparada. Uma vez que cada qual explica a seu modo essa pretendida fraude, fica reconhecido que a verdadeira causa não é sabida. Respeito a ciência desse sábio cirurgião, e somente acho que se apresentam algumas dificuldades na aplicação, às mesas falantes, da teoria indicada. A primeira é que é singular que essa faculdade, até o presente excepcional e olhada como um caso patológico, se tenha tornado comum; a segunda, que é preciso ter-se robustíssima vontade de mistificar, para fazer estalar o músculo durante duas ou três horas consecutivas, quando disso não resulte a quem assim procede senão fadiga e dor; a terceira, que eu não compreendo bem como pode esse músculo responder às portas e paredes em que as pancadas se fazem ouvir; a quarta, finalmente, que é necessário dar-se a esse músculo estalador uma propriedade bem maravilhosa, para que ele possa mover uma pesada mesa, levantá-la, abri-la, fechá-la, conservá-la suspensa sem ponto de apoio, e, finalmente, fazê-la despedaçar-se ao cair. Ninguém, por certo, desconfiava que esse músculo possuísse tanta virtude (Ver Revista espírita, junho de 1859, O músculo estalante.)
O célebre cirurgião, de que falais, teria estudado o fenômeno da tiptologia sobre os indivíduos que os produzem? Não; ele observou um efeito fisiológico anormal em alguns indivíduos que nunca se ocuparam de mesas batedoras; e, notando certa analogia entre esse efeito e o que essas mesas produzem, sem mais amplo exame concluiu, com toda a autoridade de sua ciência, que todos os que concorrem, para que as mesas falem, devem ter a propriedade de fazer estalar o músculo curto-perônio, e não são mais que embusteiros, sejam eles príncipes ou artífices, recebam ou não um pagamento. Estudou ele, ao menos, o fenômeno da tiptologia em todas as suas fases? Verificou, por meio desse estalido muscular, se podia produzir todos os efeitos tiptológicos? Não; porque, do contrário, ele ficaria convencido da insuficiência do seu processo; apesar disso, julgou-se no caso de proclamar a sua descoberta, em pleno Instituto. Não será esse juízo assaz comprometedor para um sábio? Quem pensa hoje nessa opinião? Confesso-vos que, se me tivesse de sujeitar a uma operação cirúrgica, hesitaria muito em confiar-me a esse médico, porque recearia que ele não julgasse o meu mal com mais perspicácia. Já que esse juízo é uma das autoridades em que pareceis querer apoiar-vos para esmagar o Espiritismo, fico completamente inteirado da força dos outros argumentos que quereis validar, a menos que os não vades beber em fontes mais autênticas.
Estudo do Livro dos Espíritos
579. Pois se é de Deus que o Espírito recebe a sua missão, como se há de compreender que Deus confie missão importante e de interesse geral a um Espírito capaz de falir?
“Não sabe Deus se o seu general obterá a vitória ou se será vencido? Sabe-o, crede, e seus planos, quando importantes, não se apóiam nos que hajam de abandonar em meio a obra. Toda a questão, para vós, está no conhecimento que Deus tem do futuro, mas que não vos é concedido.”
Que a graça e a paz sejam conosco!
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