"O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei?" -( Salmos, 27: 1 )-
Amados irmãos, bom dia!
Só no caminho do Senhor encontramos a verdadeira vida. Que a sua graça não nos permita dele afastar e que saibamos conduzir nossos irmãos a esse caminho.
Padre. — Se a Igreja, vendo levantar-se uma nova doutrina, cujos princípios, em consciência, julga dever condenar, podeis contestar-lhe o direito de discuti-los e combatê-los, premunindo os fiéis contra o que ela considera erro?
A. K. — De modo algum podemos contestar esse direito, que também reclamamos para nós outros. Se ela se houvesse encerrado nos limites da discussão, nada haveria de melhor; lede, porém, a maioria dos discursos proferidos por seus membros e publicados em nome da religião, os sermões que têm sido pregados, e vereis neles a injúria e a calúnia transbordando por toda parte e os princípios da doutrina sempre indigna e perversamente desfigurados.
Do alto do púlpito, não temos sido — os espíritas — qualificados de inimigos da sociedade e da ordem pública, não temos sido anatematizados e rejeitados pela Igreja, sob o pretexto de que é melhor ser incrédulo do que crer-se em Deus e na alma pelos ensinos do Espiritismo? Não lamentam muitos, hoje, não se poder atear para os espíritas as fogueiras da Inquisição?
Em certas localidades não têm sido assinalados à animadversão de seus concidadãos, a ponto de fazer que sejam nas ruas perseguidos e injuriados? Não se tem imposto a todos os fiéis que os evitem como pestíferos, e impedido que os criados entrem a seu serviço?
Muitas mulheres não têm sido aconselhadas a separarem-se de seus maridos, como muitos maridos de suas mulheres, tudo por causa do Espiritismo?
Não se têm tirado lugares a empregados, retirado o pão do trabalho a operários e recusado caridade aos necessitados, por serem eles espíritas? Não se têm despedido de alguns hospitais, até cegos, pelo fato de não quererem abjurar sua crença? Dizei-me, senhor abade, será isso uma discussão leal? Os espíritas responderam, porventura, à injúria com a injúria, ao mal com o mal?
Não. A tudo opuseram eles sempre a calma e a moderação. A consciência pública já lhes faz a justiça de reconhecer não terem sido eles os agressores.
Padre. — Todo homem sensato deplora esses excessos, mas a Igreja não pode ser responsável pelos abusos cometidos por alguns de seus membros pouco esclarecidos.
A. K. — Convenho, mas entrarão na classe dos pouco esclarecidos os príncipes da Igreja?
Vede a pastoral do bispo de Argel e de alguns outros. Não foi um bispo quem ordenou o auto de fé de Barcelona? A autoridade superior eclesiástica não tem todo o poder sobre os seus subordinados? Se ela tolera esses sermões indignos da cadeira evangélica; se ela patrocina a publicação de escritos injuriosos e difamatórios contra uma classe inteira de cidadãos, e se não se opõe às perseguições exercidas em nome da religião, é porque as aprova.
Em resumo, a Igreja, repelindo sistematicamente os espíritas que a buscavam, forçou-os a retroceder; pela natureza e violência dos seus ataques ela ampliou a discussão e conduziu-a para um terreno novo. O Espiritismo era apenas uma simples doutrina filosófica; foi a Igreja quem lhe deu maiores proporções, apresentando-o como inimigo formidável; foi ela, enfim, quem o proclamou nova religião. Foi um passo errado, mas a paixão não raciocina melhor.
Estudo do Livro dos Espíritos
603. Nos mundos superiores, os animais conhecem a Deus?
“Não. Para eles o homem é um deus, como outrora os Espíritos eram deuses para o homem.”
Que a graça e a paz sejam conosco!
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