quarta-feira, 13 de maio de 2015

O casamento e alguns de seus fundamentos


"Assim, eles não serão mais dois, mas uma só carne". -( São Mateus, 19: 6a )-


Amados irmãos, bom dia!
Hoje, com grande alegria, vamos meditar sobre como é possível, mesmo vivendo num planeta de expiação e provas, alcançarmos a felicidade, uma vez que para isso nos criou o Senhor. Pedi a um grande amigo, a quem admiro pela postura íntegra em que desempenha seu papel na sociedade e que, a meu ver vive um casamento fundamentado nos mais nobres princípios, fato esse que possibilita seja um exemplo de casal, que nos ajudasse a compreender as razões pelas quais isso era possível. Eis então a resposta:









O casamento e alguns de seus fundamentos

Este texto, que traz algumas reflexões sobre o casamento, tem uma origem interessante. Um dos editores do Palavra Fraterna, e meu grande amigo, que o solicitou, pediu-me que eu redigisse algo tendo como base o meu próprio casamento que, em sua perspectiva (e concordo com ele) funda-se em um relacionamento saudável, harmônico e, consequentemente, feliz. Para a surpresa de ambos, o pedido aconteceu no exato dia em que eu e a minha esposa comemorávamos dez anos da ocasião em que nos conhecemos. Ainda estupefato pela incrível coincidência, atendo aqui ao convite com muita alegria.

O casamento tal como o conhecemos na sociedade ocidental contemporânea aparenta, à primeira vista, ser uma instituição fadada ao fracasso. Um breve exercício de observação direcionado ao nosso entorno e aos nossos próprios círculos familiares, parece atestar a veracidade desta impressão. Não seria arriscado afirmar que, em verdade, a minoria dos relacionamentos alicerçados no casamento é, de fato, pautada pela harmonia. Explicar o fenômeno não seria, pois, tarefa singela. Passaria por considerações culturais, sociológicas e até mesmo históricas, pois, afinal, os seres humanos se relacionam de maneiras muito diferentes em lugares e épocas distintos. A maioria dos leitores se surpreenderia ao travar contato com as variações já experimentadas no passado ou mesmo com aquelas ainda vigentes em sociedades mais “exóticas” ao nosso olhar. O que se pode afirmar com alguma segurança é que o casamento ao qual estamos habituados atende, por via de regra, a propósitos externos ao relacionamento do casal. Talvez aí resida o cerne da falência de muitos enlaces. Pessoas se casam por muitas razões. Algumas concretizam uma fantasia introjetada e alimentada desde mais tenra infância. O vestido branco da noiva, o caminhar até o altar da igreja, a troca de alianças, a chancela do sacerdote, a festa grandiosa e a lua de mel são geralmente entendidos como o momento apoteótico, como a maior realização que se pode concretizar em toda uma vida. Além disso, há ainda aqueles que se casam almejando benefícios financeiros e status social; há quem sucumba às pressões familiares e sociais e há, sobretudo, quem acredite que o casamento seja a única fórmula da felicidade. Surpreendi-me profundamente certa vez ao descobrir que algumas noivas agendam seus casamentos nas igrejas mais vistosas e “badaladas” (que naturalmente requerem muita antecedência), sem ao menos ter um noivo com quem se casar. Para essas, o casamento formal importa mais do que o real. A cerimônia é, dessa maneira, vista como mais importante do que o próprio futuro marido que, nestes casos, torna-se um mero acessório.

A minha experiência e o meu entendimento são, em grande medida, algo como o inverso do exposto há pouco. A meu ver, o casamento deve ser o desdobramento natural de um relacionamento que já tenha dado certo. Quando me casei com minha esposa, já tinha certeza que éramos um casal feliz e que seríamos ainda mais felizes. Visto dessa forma, o casamento deixa de ser o ponto de partida de um relacionamento e passa a ser a sua consolidação. Não quero dizer com isso que não haja desafios a serem superados com o casamento, longe disso. A decisão imprime uma mudança radical nas vidas dos envolvidos. Disso surgem, naturalmente, eventuais atritos e divergências, os quais podem ser superados mais facilmente quando o casal já possui um relacionamento sólido. A solidez a que me refiro sustenta-se, fundamentalmente, na prática diária de alguns princípios. Em meu entendimento, os princípios essenciais seriam os seguintes. Em primeiro lugar, elenco a afinidade. Sem afinidades básicas, isto é, sem alguns gostos e hábitos em comum, um casal não encontra um espaço propício à convivência e à fruição. O segundo seria a admiração recíproca, elemento básico do amor defendido pelo filósofo ateniense Sócrates desde a Antiguidade. Pessoas que não se admiram não se amam. O oposto da admiração é o desprezo. Portanto, aqueles que se desprezam se odeiam, vale lembrar. Outro elemento fundamental é, a meu ver, a tolerância. Ser tolerante, como nos ensinou Jean Jacques Rousseau, é algo mais do que tolerar o diferente, mas estimá-lo a despeito da diferença. Este é, a propósito, um elemento fundamental para a generalidade dos relacionamentos humanos, visto que somos todos fatalmente diferentes. Eu, particularmente, sou muito diferente da minha esposa em incontáveis aspectos. Todavia, os possíveis desentendimentos decorrentes dessa realidade incontornável aponta para o próximo princípio. Refiro-me ao perdão, ou, para ser mais preciso, à capacidade de pedir perdão, pois, usualmente, os desentendimentos surgem de uma das partes. Quando pedimos perdão por causa de uma malfeitoria, cortamos o mal do desentendimento pela raiz. Cumpre destacar, igualmente, o exercício da lealdade, que inclui a fidelidade, mas não se restringe a ela. É preciso que esposo e esposa sejam leais a tudo o que seja acordado, tais como objetivos, práticas diárias e divisão de tarefas. Outros princípios essenciais são a empatia, que é a capacidade de se colocar no lugar do outro, e a gentileza, que torna as nossas vidas mais doces. Por fim, gostaria de deixar claro para o leitor (caso este ainda não tenha notado), que os princípios que acabei de elencar são análogos à concepção de amizade, palavra cuja etimologia remete no princípio fundamental de todos os relacionamentos humanos (sejam românticos ou não), que é o amor. Esposo e esposa precisam necessariamente ser amigos, muito amigos. É claro, que todo bolo tem a sua cereja, não é mesmo? No caso das relações românticas, a referida cereja é nada menos do que a química que precisa haver entre o casal enamorado. Esse último é, no entanto, um elemento a ser discutido privadamente entre os “pombinhos”, claro!


Saudações do autor anônimo!



Que tenhamos a coragem de construir nossa felicidade, alicerçadas no amor do Pai.
A graça e a paz sejam conosco!



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