"Esperei no Senhor com toda a confiança, Ele se inclinou para mim, ouviu os meus brados". -( Salmos, 39: 1 )-
Amados irmãos, bom dia!
A ignorância ainda hoje tem predominado nas mentes materialistas e isso tem ocasionado um temor muito grande da morte. Nós, que conhecemos o Senhor e cremos em seus santos ensinamentos, sabemos que não há motivos para temer, ao contrário, de esperar sua chegada com alegria e na certeza de ela nos é como que um diploma pelas etapas concluídas. Não devemos buscar por ela, mas, em sua chegada devemos nos alegrar. Vamos hoje meditar sobre esse tema através das sábias palavras do Espírito X, a nós apresentadas por nosso irmão Chico Xavier.
Treino para a morte *
Preocupado com a sobrevivência além do túmulo, você pergunta,
espantado, como deveria ser levado a efeito o treinamento de um homem para as
surpresas da morte. A indagação é curiosa e realmente dá que pensar. Creia,
contudo, que, por enquanto, não é muito fácil preparar tecnicamente um
companheiro à frente da peregrinação infalível. Os turistas que procedem da
Ásia ou da Europa habilitam futuros viajantes com eficiência, por lhes não
faltarem os termos analógicos necessários. Mas nós, os desencarnados, esbarramos
com obstáculos quase intransponíveis.
A rigor, a Religião deve orientar as realizações do espírito,
assim como a Ciência dirige todos os assuntos pertinentes à vida material.
Entretanto, a Religião, até certo ponto, permanece jungida ao superficialismo
do sacerdócio, sem tocar a profundez da alma. Importa considerar também que a
sua consulta, ao invés de ser encaminhada a grandes teólogos da Terra, hoje
domiciliados na Espiritualidade, foi endereçada justamente a mim, pobre
noticiarista sem méritos para tratar de semelhante inquirição.
Pode acreditar que não obstante achar-me aqui de novo, há
quase vinte anos de contado, sinto-me ainda no assombro de um xavante,
repentinamente trazido da selva matogrossense para alguma de nossas
Universidades, com a obrigação de filiar-se, de inopino, aos mais elevados
estudos e às mais complicadas disciplinas. Em razão disso, não posso
reportar-me senão ao meu próprio ponto de vista, com as deficiências do
selvagem surpreendido junto à coroa da Civilização.
Preliminarmente, admito deva referir-me aos nossos antigos
maus hábitos. A cristalização deles, aqui, é uma praga tiranizante. Comece a
renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a
volúpia de comer a carne dos animais. O cemitério na barriga é um tormento,
depois da grande transição. O lombo de porco ou o bife de vitela, temperados
com sal e pimenta, não nos situam muito longe dos nossos antepassados, os
tamóios e os ciapós, que se devoravam uns aos outros. Os excitantes largamente
ingeridos constituem outra perigosa obsessão.
Tenho visto muitas almas de origem aparentemente primorosa,
dispostas a trocar o próprio Céu pelo uísque aristocrático ou pela nossa
cachaça brasileira. Tanto quanto lhe seja possível, evite os abusos do fumo.
Infunde pena a angústia dos desencarnados amantes da nicotina. Não se renda à
tentação dos narcóticos. Por mais aflitivas lhe pareçam as crises do estágio no
corpo, aguente firme os golpes da luta. As vítimas da cocaína, da morfina e dos
barbitúricos demoram-se largo tempo na cela escura da sede e da inércia. E o
sexo? Guarde muito cuidado na preservação do seu equilíbrio emotivo. Temos aqui
muita gente boa carregando consigo o inferno rotulado de “amor”.
Se você possui algum dinheiro ou detém alguma posse
terrestre, não adie doações, caso esteja realmente inclinado a fazê-las.
Grandes homens, que admirávamos no mundo pela habilidade e poder com que
concretizavam importantes negócios, aparecem, junto de nós, em muitas ocasiões,
à maneira de crianças desesperadas por não mais conseguirem manobrar os talões
de cheque. Em família, observe cautela com testamentos. As doenças
fulminatórias chegam de assalto, e, se a sua papelada não estiver em ordem,
você padecerá muitas humilhações, através de tribunais e cartórios.
Sobretudo, não se apegue demasiado aos laços consanguíneos.
Ame sua esposa, seus filhos e seus parentes com moderação, na certeza de que,
um dia, você estará ausente deles e de que, por isso mesmo, agirão quase sempre
em desacordo com a sua vontade, embora lhe respeitem a memória. Não se esqueça
de que, no estado presente da educação terrestre, se alguns afeiçoados lhe
registrarem a presença extraterrena, depois dos funerais, na certa intimá-lo-ão
a descer aos infernos, receando-lhe a volta inoportuna. Se você já possui o
tesouro de uma fé religiosa, viva de acordo com os preceitos que abraça. E’
horrível a responsabilidade moral de quem já conhece o caminho, sem
equilibrar-se dentro dele. Faça o bem que puder, sem a preocupação de
satisfazer a todos. Convença-se de que se você não experimenta simpatia por
determinadas criaturas, há muita gente que suporta você com muito esforço.
Por essa razão, em qualquer circunstância, conserve o seu
nobre sorriso. Trabalhe sempre, trabalhe sem cessar. O serviço é o melhor
dissolvente de nossas mágoas. Ajude-se, através do leal cumprimento de seus
deveres. Quanto ao mais, não se canse nem indague em excesso, porque, com mais
tempo ou menos tempo, a morte lhe oferecerá o seu cartão de visita, impondo-lhe
ao conhecimento tudo aquilo que, por agora, não lhe posso dizer.
A graça e a paz sejam conosco!
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