segunda-feira, 20 de abril de 2015

Moral estranha




"Assim quem dentre vós não renunciar a tudo que tem, não pode ser meu discípulo". - ( São Lucas. 14:33 ) -



Bom dia!
Mais uma semana nos permite o Pai de recomeçarmos, aproveitemos nosso precioso tempo para sempre estarmos imbuídos na prática do amor e da caridade. Que estejamos repletos da centelha divina para compartilharmos com todos que de nós aproximar.
Que Deus continue nos abençoando.




 


                                                             Quem não odeia seu pai e sua mãe

"Certas palavras, muito raras, de resto, fazem um contraste tão estranho na boca do Cristo, que, instintivamente, se rejeita seu sentido literal, e a sublimidade de sua doutrina não sofre com isso nenhum prejuízo. Escritas depois da sua morte, uma vez que nenhum Evangelho foi escrito durante a sua vida, é lícito crer que, nesse caso, o fundo do seu pensamento não foi tão bem exprimido, ou, o que não é menos provável, o sentido primitivo pode sofrer alguma alteração, passando de uma língua para outra. Bastaria que um erro fosse feito uma primeira vez, para que tivesse sido repetido nas reproduções, como se vê, tão frequentemente, nos fatos históricos.

A palavra ódio, nesta frase de  São Lucas: Se alguém vem a mim e não odeia seu pai e sua mãe, está nesse caso; não há ninguém que a tenha tido o pensamento de atribui-la a Jesus; seria pois supérfluo discuti-la e ainda menos procurar justifica-la. Seria preciso saber primeiro se ele a  pronunciou e na afirmação, saber se, na língua em que se exprimia, essa palavra tinha o mesmo valor que na nossa. Nesta passagem de São João: "Aquele que odeia sua vida neste mundo a conserva para a vida eterna", é certo que não exprime a ideia que lhe atribuímos.

A língua hebraica não é rica e havia muitas palavras com  vários significados. Tal é, por exemplo, aquele que, no Gênese, designa as fases da criação e serviu a uma só vez para exprimir um período de  tempo qualquer e a revolução diurna; daí, mais tarde, sua tradução para a palavra dia, e a crença que o mundo foi obra de seis vezes vinte e quatro horas. Tal é ainda a palavra que se dizia de um camelo e de um cabo, porque os cabos eram feitos de pelo de camelo e que foi traduzida por camelo na alegoria do buraco da agulha,

É preciso, aliás, ter em conta os costumes e o caráter dos povos, que influem sobre o gênio particular de suas línguas; sem esse conhecimento, o sentido verdadeiro de certas palavras escapa; de uma língua a outra, a mesma palavra tem mais ou menos energia; pode ser uma injúria ou uma blasfêmia em uma  e não significar em outra, segundo a ideia que a ela se atribuiu; na mesma língua, certas palavras perdem seu significado, alguns séculos depois; por isso, uma tradução rigorosamente literal não exprime sempre perfeitamente o pensamento; e para ser exato, é preciso por vezes empregar, não as palavras correspondentes, mas palavras equivalentes ou perífrases.

Essas advertências encontram uma aplicação especial na interpretação das Santas Escrituras e dos Evangelhos em particular. Se não leva em conta o meio no qual viveu Jesus, fica-se exposto a equivocar-se sobre o valor de certas expressões e de certos fatos, em consequência do hábito que se tem de comparar os outros a si mesmo. Por essa razão, é preciso pois afastar da palavra ódio a acepção moderna, como contrária ao espírito do ensinamento de Jesus". ( O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 23, baseado no Evangelho de São Lucas, 14:25,26,27,33 e São Mateus, 10:37 ).

Observação: Non odit em latim, Kai ou misei em grego, não que dizer odiar, mas, amar menos, não amar tanto quanto, igual a um outro. O que exprime o verbo grego e hebreu, do qual Jesus deve ter se servido







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