"Porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo." -( Paulo aos Hebreus, 7: 27 )-
Amados irmãos, bom dia!
Assim como nosso Mestre Jesus fez, devemos também fazer. Entregando a nós mesmos às tarefas ao invés de esperar que outros as façam. Renovemos nossa esperança nele e busquemos assumir e aceitar o convite que nos faz a cada manhã.
“Allan Kardec, no item V da
Conclusão de O Livro dos Espíritos, apresenta argumentação que descortina, de
forma clara, a abrangência do Espiritismo. Suas palavras, embora retratando a
realidade da época, resistem, pela força da lógica, o perpassar dos tempos: Os
que dizem que as crenças espíritas ameaçam invadir o mundo, proclamam, “ipso
facto”, a força do Espiritismo, porque jamais poderia tornar-se universal uma
idéia sem fundamento e destituída de lógica. Assim, se o Espiritismo se
implanta por toda parte, se, principalmente nas classes cultas, recruta
adeptos, como todos facilmente reconhecerão, é que tem um fundo de verdade.
Baldados, contra essa tendência, serão todos os esforços dos seus detratores e
a prova é que o próprio ridículo, de que procuram cobri-lo, longe de lhe
amortecer o ímpeto, parece ter-lhe dado novo vigor, resultado que plenamente
justifica o que repetidas vezes os Espíritos hão dito: ‘‘Não vos inquieteis com
a oposição; tudo o que contra vós fizerem se tornará a vosso favor e os vossos
maiores adversários, sem o quererem, servirão à vossa causa. Contra a vontade
de Deus não poderá prevalecer a má vontade dos homens.’’ Por meio do
Espiritismo, a Humanidade tem que entrar numa nova fase, a do progresso moral,
que lhe é consequência inevitável. Não mais, pois, vos espanteis da rapidez com
que as idéias espíritas se propagam.
A causa dessa celeridade
reside na satisfação que trazem a todos os que as aprofundam e que nelas veem
alguma coisas mais do que fútil passatempo. Ora, como cada um o que acima de
tudo quer é a sua felicidade, nada há de surpreendente em que cada um se apegue
a uma idéia que faz ditosos os que a esposam.
Três períodos distintos
apresenta o desenvolvimento dessas idéias: primeiro, o da curiosidade, que a
singularidade dos fenômenos produzidos desperta; segundo, o do raciocínio e da
filosofia; terceiro, o da aplicação e das consequências.
O período da curiosidade
passou; a curiosidade dura pouco. Uma vez satisfeita, muda de objeto. O mesmo
não acontece com o que desafia a meditação séria e o raciocínio. Começou o
segundo período, o terceiro virá inevitavelmente. O Espiritismo progrediu
principalmente depois que foi sendo mais bem compreendido na sua essência
íntima, depois que lhe perceberam o alcance, porque tange a corda mais sensível
do homem: a da sua felicidade, mesmo neste mundo. Aí a causa da sua propagação,
o segredo da força que o fará triunfar. Enquanto a sua influência não atinge as
massas, ele vai felicitando os que o compreendem. Mesmo os que nenhum fenômeno
têm testemunhado dizem: ‘‘à parte esses fenômenos, há a filosofia, que me
explica o que nenhuma outra me havia explicado. Nela encontro, por meio
unicamente do raciocínio, uma solução racional para os problemas que no mais
alto grau interessam ao meu futuro. Ela me dá calma, firmeza, confiança;
livra-me do tormento da incerteza.’’ Ao lado de tudo isto, secundária se torna
a questão dos fatos materiais. Quereis, vós todos que o atacais, um meio de
combatê-lo com êxito? Aqui o tendes. Susbstituí-o por alguma coisa melhor;
indicai solução mais filosófica para todas as questões que ele resolveu; dai ao
homem outra certeza que o faça mais feliz, porém compreendei bem o alcance
desta palavra “certeza”, porquanto o homem não aceita como “certo”, senão o que
lhe parece “lógico”. Não vos contenteis com dizer: isto não é assim; demasiado
fácil é semelhante afirmativa. Provai, não por negação, mas por fatos, que isto
não é real, nunca o foi e não pode ser. Se não é, dizei o que o é, em seu
lugar. Provai, finalmente, que as consequências do Espiritismo não são tornar
melhor o homem e, portanto, mais feliz, pela prática da mais pura moral
evangélica, moral a que se tecem muitos louvores, mas que muito pouco se
pratica. Quando houverdes feito isso, tereis o direito de o atacar.
O Espiritismo é forte porque
assenta sobre as próprias bases da religião: Deus, a alma, as penas e as
recompensas futuras; sobretudo, porque mostra que essas penas e recompensas são
corolários naturais da vida terrestre e, ainda, porque, no quadro que apresenta
do futuro, nada há que a razão mais exigente possa recusar. Que compensação
oferecereis aos sofrimentos deste mundo, vós cuja doutrina consiste unicamente
na negação do futuro? Enquanto vos apoiais na incredulidade, ele se apóia na
confiança em Deus; ao passo que convida os homens à felicidade, à esperança, à
verdadeira fraternidade, vós lhes ofereceis o ‘‘nada’’ por perspectiva e o
‘‘egoísmo’’ por consolação. Ele tudo explica, vós nada explicais. Ele prova
pelos fatos, vós nada provais. Como quereis que se hesite entre as duas
doutrinas?
Essas palavras de Kardec
deixam entrever o grande alcance social da Doutrina Espírita. Acreditar, porém,
que [...] o Espiritismo possa influenciar sobre a vida dos povos, facilitar a
solução dos problemas sociais é ainda muito incompreensível para as idéias da
época. Mas, por pouco que se reflita, seremos forçados a reconhecer que as
crenças têm uma influência considerável sobre a forma das sociedades. Na Idade
Média, a sociedade era a imagem fiel das concepções católicas. A sociedade
moderna, sob a inspiração do materialismo, vê apenas no Universo a concorrência
vital, a luta dos seres, luta ardente, na qual todos os apetites estão em
liberdade. Tende a fazer do mundo atual a máquina formidável e cega que tritura
as existências, e onde o indivíduo não passa de partícula, ínfima e
transitória, saída do nada para, em breve, a ele voltar. Mas, quanta mudança
nesse ponto de vista, logo que o novo ideal vem esclarecer-nos o ser e
regular-nos a conduta! Convencido de que esta vida é um meio de depuração e de
progresso, que não está isolada de outras existências, ricos ou pobres, todos
ligarão menos importância aos interesses do presente. Em virtude de estar
estabelecido que cada ser humano deve renascer muitas vezes sobre este mundo,
passar por toda as condições sociais, sendo as existências obscuras e dolorosas
então as mais numerosas e a riqueza mal empregada acarretando gravosas
responsabilidades, todo homem compreenderá que, trabalhando em benefício da
sorte dos humildes, dos pequenos, dos deserdados trabalhará para si próprio
[...]. Graças a essa revelação, a fraternidade e a solidariedade impõem-se; os
privilégios, os favores, os títulos perdem sua razão de ser. A nobreza dos atos
e dos pensamentos substitui a dos pergaminhos. Assim concebida, a questão
social mudaria de aspecto: as concessões entre classes tornar-se-iam fáceis e
veríamos cessar todo o antagonismo entre o capital e o trabalho. Conhecida a
verdade, compreender-se-ia que os interesses de uns são os interesses de todos
e que ninguém deve estar sob a pressão de outros. Daí a justiça distributiva,
sob cuja ação não mais haveria ódios nem rivalidades selvagens, porém, sim, uma
confiança mútua, a estima e a afeição recíprocas; em uma palavra, a realização
da lei de fraternidade, que se tornará a única regra entre os homens. Tal é o
remédio que o ensino dos Espíritos traz à sociedade.
Desse modo, certo é dizer-se
que, ministrando [...] a prova material da existência e da imortalidade da
alma, iniciando-nos em os mistérios do nascimento, da morte, da vida futura, da
vida universal, tornando-nos palpáveis as inevitáveis consequências do bem e do
mal, a Doutrina Espírita, melhor do que qualquer outra, põe em relevo a
necessidade da melhoria individual. Por meio dela, sabe o homem donde vem, para
onde vai, por que está na Terra; o bem tem um objetivo, uma utilidade prática.
Ela não se limita a preparar o homem para o futuro, forma-o também para o
presente, para a sociedade. Melhorando-se moralmente, os homens prepararão na
Terra o reinado da paz e da fraternidade. A Doutrina Espírita é assim o mais
poderoso elemento de moralização, por se dirigir simultaneamente ao coração, à
inteligência e ao interesse pessoal bem compreendido. Por sua mesma essência, o
Espiritismo participa de todos os ramos dos conhecimentos físicos, metafísicos
e morais.” -( FEB - ESDE - Tomo único )-
Estudo do Livro dos Espíritos
FORMA E UBIQUIDADE DOS ESPÍRITOS
88. Os Espíritos têm forma determinada, limitada e
constante?
“Para vós, não; para nós, sim. O Espírito é, se quiserdes,
uma chama, um clarão, ou uma centelha etérea.”
a) — Essa chama ou centelha tem cor?
“Tem uma coloração que, para vós, vai do colorido escuro
e opaco a uma cor brilhante, qual a do rubi, conforme
o Espírito é mais ou menos puro.”
Representam-se de ordinário os gênios com uma chama ou
estrela na fronte. É uma alegoria, que lembra a natureza essencial
dos Espíritos. Colocam-na no alto da cabeça, porque aí está a
sede da inteligência.
Que a graça e a paz sejam conosco!