"Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados e venham assim os tempos do refrigério, pela presença do Senhor." -( Atos, 3: 19 )-
Amados irmãos, bom dia!
É chegado o tempo em que devemos nos interrogar quanto ao nosso comportamento frente aos ensinamentos obtidos. Muitos se julgam infelizes por não conseguirem viver os tempos de refrigério prometidos pela presença do Senhor, mas, não observam o desleixo na prática dos mesmos. Somente a prática da verdadeira fé e a reforma íntima poderão nos levar a desfrutar as alegrias do coração onde habita o Senhor.
“Todos os Apóstolos do Mestre
haviam saído do teatro humilde de seus gloriosos ensinamentos; mas, se esses
pescadores valorosos eram elevados Espíritos em missão, precisamos considerar
que eles estavam muito longe da situação de espiritualidade do Mestre, sofrendo
as influências do meio a que foram conduzidos. Tão logo se verificou o egresso
do Cordeiro às regiões da Luz, a comunidade cristã, de modo geral, começou a
sofrer a influência do Judaísmo, e quase todos os núcleos organizados, da
doutrina, pretenderam guardar feição aristocrática, em face das novas igrejas e
associações que se fundavam nos mais diversos pontos do mundo. É então que
Jesus resolve chamar o Espírito luminoso e enérgico de Paulo de Tarso ao
exercício do seu ministério. Essa deliberação foi um acontecimento dos mais
significativos na história do Cristianismo. As ações e as epístolas de Paulo
tornam-se poderoso elemento de universalização da nova doutrina. De cidade em
cidade, de igreja em igreja, o convertido de Damasco, com o seu enorme prestígio,
fala do Mestre, inflamando os corações. A princípio, estabelece entre ele e os
demais apóstolos uma penosa situação de incompreensibilidade, mas sua
influência providencial teve por fim evitar uma aristocracia injustificável
dentro da comunidade cristã, nos seus tempos inesquecíveis de simplicidade e
pureza. Concluindo o seu período em Damasco, em que recebeu o auxílio de
Ananias e conheceu a mensagem de Jesus, Saulo parte para o deserto, vivendo no
oásis de Palmira como humilde tecelão de tendas. Nessa localidade, prossegue no
seu aprendizado, tendo oportunidade de vir a conhecer o idoso Esequias, irmão
de Gamaliel, cristão valoroso, assim como o casal Prisca (Priscila) e Áquila,
judeus também convertidos ao Cristianismo. (Veja, a propósito, maiores
informações sobre esse período da vida de Saulo, no livro de Emmanuel, Paulo e
Estêvão, segunda parte, capítulos 1 e 2). Retornando a Jerusalém, após estágio
no deserto, os cristãos fugiam dele, temerosos. Por influência de Barnabé,
Saulo foi conduzido aos apóstolos que, após ouvirem o relato dos acontecimentos
na estrada de Damasco, passaram a aceitá-lo como discípulo. Sendo, porém,
ameaçado de morte por alguns judeus, os apóstolos levaram-no a Cesareia e,
depois, a Tarso (Atos dos Apóstolos, 9: 2-30).
Os cristãos que se dispersaram
após a morte de Estêvão, em consequência da perseguição de Saulo, espalharam-se
pela Fenícia, Chipre e Antioquia, pregando, nessas localidades, os ensinamentos
de Jesus. A notícia desta pregação, porém, se espalhou, chegando aos ouvidos de
Barnabé, que se encontrava em Jerusalém. Entusiasmado, este apóstolo partiu
para Tarso em busca de Paulo e, durante um ano, pregaram juntos o Evangelho na
igreja recém-criada de Antioquia, para judeus e gentios. Foi em Antioquia, que
os discípulos, pela primeira vez, foram chamados de “cristãos” (Atos dos
Apóstolos, 11: 25-26) A palavra cristão significa “[...] partidários ou
sectários do Cristo (gr. Khristós, forma popular de Chrestós). Ao criarem esta
alcunha, os gentios de Antioquia tomaram o título de ‘Cristo’ (Ungido, Messias)
por um nome próprio”. A missão de Paulo não foi fácil. Sofreu toda sorte de
atribulações. No entanto, a partir da sua conversão na estrada de Damasco, por
volta do ano 36 da nossa Era, [...] ele vai consagrar toda a sua vida ao
serviço de Cristo que o “conquistou” (Filipenses, 3:12). Depois de uma
temporada na Arábia e do regresso a Damasco (Gálatas, 1:17), onde ele já prega
(Atos dos Apóstolos, 9:20), sobe a Jerusalém pelo ano 39 (Gálatas, 1:18; Atos
dos Apóstolos, 9: 30), de onde é reconduzido a Antioquia por Barnabé, com o
qual ensina (Atos dos Apóstolos, 9:26-27 e 11: 25-26).
A missão de Paulo pode ser
resumida em três palavras: fé, esperança e caridade. “Agora, portanto,
permanecem fé, esperança e caridade, estas três coisas. A maior delas, porém, é
a caridade” (I Coríntios, 13:13). A fé é uma posse antecipada do que se espera,
um meio de demonstrar as realidades que não se veem. E para demonstrá-lo,
discorreu longamente sobre todas as coisas maravilhosas que os hebreus haviam
aceitado, no passado, pelo puro e singular testemunho da fé. Ancorava-se a fé
na retidão do homem, pois o justo vive pela sua fé, sustentando-se nela,
confiante nela. Não, contudo uma fé passiva, de braços cruzados, nem uma fé
apoiada simplesmente nos velhos preceitos da lei de Moisés. A fé precisava ser
ativa, construtiva, fraterna, atuante, fortalecida na esperança, dinamizada na
caridade. A esperança, em Paulo, está intimamente ligada à fé “[...] que, por
sua vez, vem do testemunho daqueles que viram e falaram com um ser oficialmente
morto.” A ressurreição do Cristo é o seu argumento decisivo em relação à
esperança. Na estrada de Damasco, ele viu o Cristo vivo e recoberto de luz,
depois de estar oficialmente morto há vários anos. Dessa forma, para Paulo, a
descoberta mais retumbante foi que o ser não morre para sempre; que existe a
grandeza da imortalidade, a existência de outro corpo leve e luminoso que
permite a sobrevivência do Espírito; de que há um reino de glórias e alegrias à
espera de cada um de nós; de que é preciso aceitar a leve tribulação do momento
que passa, como Ele afirmava, em troca de um enorme caudal de glória eterna. A
fé e esperança, porém, embora pessoais, e, muitas vezes, incomunicáveis,
intransferíveis por simples tradição, não seriam conquistas inativas, estáticas
e infrutíferas. Na dinâmica do amor, convertido em caridade, elas poderiam
expandir-se, acendendo em outros corações o fogo sagrado. Da esperança
primeiro, para, só mais tarde, chegar à terceira irmã: a fé, como um retorno
sobre si mesma. [...] A fé e o amor devem contemplar o futuro com o olhar da
confiança e, portanto, da esperança. A fé, unida à esperança, pode ser apenas
egoísmo. A esperança e o amor podem não ser suficientes para construir a fé e,
nesse caso, a felicidade seria apenas uma hipótese. É preciso as três, como
acentuou Paulo, e todos aspirassem às três, mas a maior delas é o amor... Fica
claro, assim, porque um dos mais belos textos de sua autoria é o capítulo 13,
da primeira epístola aos coríntios, que versa sobre a caridade e o amor. Assim
como o capítulo 11, epístola aos hebreus, que trata da fé. Não nos esqueçamos,
contudo, de que, balanceado as duas, em sua mente privilegiada, ele conclui que
o amor ainda é mais importante do que a própria fé, especialmente a dinâmica do
amor que se expressa na caridade, no serviço ao próximo, a tônica do pensamento
de Jesus. A fé foi, sem dúvida, o instrumento que garantiu a Paulo a força
moral para vencer as vicissitudes da vida. Todavia, soube compreender que
somente o amor faz o homem elevar-se aos píncaros da felicidade verdadeira.
[...] Coloca assim, sem equívoco, a caridade acima até da fé. É que a caridade
está ao alcance de toda gente: do ignorante, como do sábio, do rico, como do
pobre, e independe de qualquer crença em particular. Faz mais: define a
verdadeira caridade, mostra-a não só na beneficência, como no conjunto de todas
as qualidades do coração, na bondade e na benevolência para com o próximo.” -(
FEB - EADE )-
Estudo do Livro dos Espíritos
186. Haverá mundos onde o Espírito, deixando de revestir
corpos materiais, só tenha por envoltório o perispírito?
“Há e mesmo esse envoltório se torna tão etéreo que
para vós é como se não existisse. Esse o estado dos
Espíritos puros.”
a) — Parece resultar daí que, entre o estado correspondente
às últimas encarnações e a de Espírito puro, não há
linha divisória perfeitamente demarcada; não?
“Semelhante demarcação não existe. A diferença entre
um e outro estado se vai apagando pouco a pouco e acaba
por ser imperceptível, tal qual se dá com a noite às primeiras
claridades do alvorecer.”
Que a graça e a paz sejam conosco!
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