"Se um homem não renascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus" ( São João, cap.3)
Amados irmãos, bom dia!
Que a graça e a paz do nosso Mestre Jesus sejam conosco!
Continuando nosso processo de reforma íntima vamos meditar juntos, pedindo à Espiritualidade que nos ajudem a compreender e absorver esses ensinamentos.
18. Os laços de família não
sofrem destruição alguma com a reencarnação, como o pensam certas pessoas. Ao
contrário, tornam-se mais fortalecidos e apertados. O princípio oposto, sim, os
destrói. No Espaço, os Espíritos formam grupos ou famílias entrelaçados pela
afeição, pela simpatia e pela semelhança das inclinações. Ditosos por se
encontrarem juntos, esses Espíritos se buscam uns aos outros. A encarnação
apenas momentaneamente os separa, porquanto, ao regressarem à erraticidade,
novamente se reúnem como amigos que voltam de uma viagem. Muitas vezes, até,
uns seguem a outros na encarnação, vindo aqui reunir-se numa mesma família, ou
num mesmo círculo, a fim de trabalharem juntos pelo seu mútuo adiantamento. Se
uns encarnam e outros não, nem por isso deixam de estar unidos pelo pensamento.
Os que se conservam livres velam pelos que se acham em cativeiro. Os mais
adiantados se esforçam por fazer que os retardatários progridam. Após cada
existência, todos têm avançado um passo na senda do aperfeiçoamento. Cada vez
menos presos à matéria, mais viva se lhes torna a afeição recíproca, pela razão
mesma de que, mais depurada, não tem a perturbá-la o egoísmo, nem as sombras
das paixões. Podem, portanto, percorrer, assim, ilimitado número de existências
corpóreas, sem que nenhum golpe receba a mútua estima que os liga. Está bem
visto que aqui se trata de afeição real, de alma a alma, única que sobrevive à
destruição do corpo, porquanto os seres que neste mundo se unem apenas pelos
sentidos nenhum motivo têm para se procurarem no mundo dos Espíritos. Duráveis
somente o são as afeições espirituais; as de natureza carnal se extinguem com a
causa que lhes deu origem. Ora, semelhante causa não subsiste no mundo dos
Espíritos, enquanto a alma existe sempre. No que concerne às pessoas que se
unem exclusivamente por motivo de interesse, essas nada realmente são umas para
as outras: a morte as separa na Terra e no céu.
19. A união e a afeição que
existem entre pessoas parentes são um índice da simpatia anterior que as
aproximou. Daí vem que, falando-se de alguém cujo caráter, gostos e pendores
nenhuma semelhança apresentam com os dos seus parentes mais próximos, se
costuma dizer que ela não é da família. Dizendo-se isso, enuncia-se uma verdade
mais profunda do que se supõe. Deus permite que, nas famílias, ocorram essas
encarnações de Espíritos antipáticos ou estranhos, com o duplo objetivo de
servir de prova para uns e, para outros, de meio de progresso. Assim, os maus
se melhoram pouco a pouco, ao contato dos bons e por efeito dos cuidados que se
lhes dispensam. O caráter deles se abranda, seus costumes se apuram, as
antipatias se esvaem. É desse modo que se opera a fusão das diferentes
categorias de Espíritos, como se dá na Terra com as raças e os povos.
20. O temor de que a parentela
aumente indefinidamente, em consequência da reencarnação, é de fundo egoístico:
prova, naquele que o sente, falta de amor bastante amplo para abranger grande
número de pessoas. Um pai, que tem muitos filhos, ama-os menos do que amaria a
um deles se fosse único? Mas tranquilizem-se os egoístas: não há fundamento
para semelhante temor. Do fato de um homem ter tido dez encarnações, não se
segue que vá encontrar, no mundo dos Espíritos, dez pais, dez mães, dez
mulheres e um número proporcional de filhos e de parentes novos. Lá encontrará
sempre os que foram objeto da sua afeição, os quais se lhe terão ligado na
Terra, a títulos diversos, e, talvez, sob o mesmo título.
21. Vejamos agora as
consequências da doutrina antirreencarnacionista. Ela, necessariamente, anula a
preexistência da alma. Sendo estas criadas ao mesmo tempo que os corpos, nenhum
laço anterior há entre elas, que, nesse caso, serão completamente estranhas
umas às outras. O pai é estranho a seu filho. A filiação das famílias fica
assim reduzida à só filiação corporal, sem qualquer laço espiritual. Não há
então motivo algum para quem quer que seja glorificar-se de haver tido por
antepassados tais ou tais personagens ilustres. Com a reencarnação, ascendentes
e descendentes podem já se terem conhecido, vivido juntos, amado, e podem
reunir-se mais tarde, a fim de apertarem entre si os laços de simpatia.
22. Isso quanto ao passado.
Quanto ao futuro, segundo um dos dogmas fundamentais que decorrem da não
reencarnação, a sorte das almas se acha irrevogavelmente determinada, após uma
só existência. A fixação definitiva da sorte implica a cessação de todo
progresso, pois desde que haja qualquer progresso já não há sorte definitiva.
Conforme tenham vivido bem ou mal, elas vão imediatamente para a mansão dos
bem-aventurados ou para o inferno eterno. Ficam assim, imediatamente e para
sempre, separadas e sem esperança de tornarem a juntar-se, de forma que pais,
mães e filhos, maridos e mulheres, irmãos, irmãs e amigos jamais podem estar
certos de se ver novamente; é a ruptura absoluta dos laços de família. Com a
reencarnação e progresso a que dá lugar, todos os que se amaram tornam a
encontrar-se na Terra e no Espaço e juntos gravitam para Deus. Se alguns
fraquejam no caminho, esses retardam o seu adiantamento e a sua felicidade, mas
não há para eles perda de toda esperança. Ajudados, encorajados e amparados
pelos que os amam, um dia sairão do lodaçal em que se enterraram. Com a
reencarnação, finalmente, há perpétua solidariedade entre os encarnados e os desencarnados,
e, daí, estreitamento dos laços de afeição.
23. Em resumo, quatro
alternativas se apresentam ao homem para o seu futuro de além-túmulo: 1ª), o
nada, de acordo com a doutrina materialista; 2ª), a absorção no todo universal,
de acordo com a doutrina panteísta; 3ª), a individualidade, com fixação
definitiva da sorte, segundo a doutrina da Igreja; 4ª), a individualidade, com
progressão indefinita, conforme a Doutrina Espírita. Segundo as duas primeiras,
os laços de família se rompem por ocasião da morte e nenhuma esperança resta às
almas de se encontrarem futuramente. Com a terceira, há para elas a
possibilidade de se tornarem a ver, desde que sigam para a mesma região, que
tanto pode ser o inferno como o paraíso. Com a pluralidade das existências, inseparável
da progressão gradativa, há a certeza na continuidade das relações entre os que
se amaram, e é isso o que constitui a verdadeira família. -( O Evangelho
Segundo o Espiritismo, cap 4 )-
Que tenham todos um lindo e abençoado dia.
Fraterno abraço e até amanhã!
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