"O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos." -( Tiago, 1: 8 )-
Amados irmãos, bom dia!
"Ofereçamos ao Senhor um coração firme e terno para que as divinas Mãos gravem nele os augustos Desígnios".
Busquemos em nosso Mestre Jesus a direção para o nosso proceder e que os bons Espíritos nos auxiliem para que assim sejamos.
Êxtase
“O êxtase, por sua vez, é,
segundo o ensino espírita, [...] um sonambulismo mais apurado. A alma do
extático é mais independente. De fato, no [...] sonho e no sonambulismo, o
Espírito anda em giro pelos mundos terrestres. No êxtase, penetra em um mundo
desconhecido, o dos Espíritos etéreos, com os quais entra em comunicação, sem
que, todavia, lhe seja lícito ultrapassar certos limites, porque, se os
transpusessem, totalmente se partiriam os laços que o prendem ao corpo. Cerca-o
então resplendente e desusado fulgor, inebriam-no harmonias que na Terra se
desconhecem, indefinível bem-estar o invade: goza antecipadamente da beatitude
celeste e bem se pode dizer que pousa um pé no limiar da eternidade. No estado
de êxtase, o aniquilamento do corpo é quase completo. Fica-lhe somente, pode-se
dizer, a vida orgânica. Sente-se que a alma se lhe acha presa unicamente por um
fio, que mais um pequenino esforço quebraria sem remissão. Nesse estado,
desaparecem todos os pensamentos terrestres, cedendo lugar ao sentimento apurado,
que constitui a essência mesma do nosso ser imaterial. Inteiramente entregue a
tão sublime contemplação, o extático encara a vida apenas como paragem
momentânea. Considera os bens e os males, as alegrias grosseiras e as misérias
deste mundo quais incidentes fúteis de uma viagem, cujo termo tem a dita de
avistar. Dá-se com os extáticos o que se dá com os sonâmbulos: mais ou menos
perfeita podem ter a lucidez e o Espírito mais ou menos apto a conhecer e
compreender as coisas, conforme seja mais ou menos elevado. Muitas vezes,
porém, há neles mais excitação do que verdadeira lucidez, ou, melhor, muitas
vezes a exaltação lhes prejudica a lucidez. Daí o serem, frequentemente, suas
revelações um misto de verdades e erros, de coisas grandiosas e coisas absurdas,
até ridículas. Dessa exaltação, que é sempre uma causa de fraqueza, quando o
indivíduo não sabe reprimi-la, Espíritos inferiores costumam aproveitar-se para
dominar o extático, tomando, com tal intuito, aos seus olhos, aparências que
mais o aferram às idéias que nutre no estado de vigília. Há nisso um escolho,
mas nem todos são assim. Cabe-nos julgar friamente e pesar-lhes as revelações
na balança da razão.
Há, ainda, com relação ao
êxtase, uma singularidade. É que, se o extático ficasse entregue a si mesmo,
poderia ocorrer a sua desencarnação. Por isso [dizem os Espíritos Superiores] é
que preciso se torna chamá-lo a voltar, apelando para tudo o que o prende a
este mundo, fazendo-lhe sobretudo compreender que a maneira mais certa de não
ficar lá, onde vê que seria feliz, consistiria em partir a cadeia que o tem
preso ao planeta terreno. De toda forma, como assinala Denis, a [...]
felicidade dos extáticos, o júbilo que experimentam, contemplando as
magnificências do Além, seriam só por si suficientes para nos demonstrar a
extensão dos gozos que nos reservam as esferas espirituais, se as nossas
grosseiras concepções nos não impedissem muitíssimas vezes de os compreender e
pressentir. À guisa de ilustração, extraímos da Revista Espírita, de Allan
Kardec, o seguinte caso de êxtase, que, segundo a tradição, ocorreu com o
famoso compositor italiano de música religiosa, Pergolesi, que viveu no século
XVIII. O fato é relatado pelo Sr. Ernest Le Nordez:
Sabeis com que piedade aqui
celebramos, ainda em nossos dias, a despeito da debilidade da fé, o tocante
aniversário da morte do Cristo; a semana em que a Igreja o relembra a seus
filhos é bem realmente, para nós, uma semana santa. Assim, reportando-vos à
época de fé em que vivia Pergolesi, podeis pensar com que fervor o povo acorria
em massa às igrejas, para meditar as cenas enternecedoras do drama sangrento do
Calvário. Na sexta-feira santa Pergolesi acompanhou a multidão. Aproximando-se
do templo, parecia-lhe que uma calma, há muito desconhecida para ele, se fazia
em sua alma e, quando transpôs o portal, sentiu-se como que envolto por uma
nuvem ao mesmo tempo espessa e luminosa. Logo nada mais viu; profundo silêncio
se fez em seu redor; depois, ante os seus olhos admirados, e em meio à nuvem,
na qual até então lhe parecia ter sido levado, viu desenharem-se os traços
puros e divinos de uma virgem, inteiramente vestida de branco; ele a viu pousar
seus dedos etéreos nas teclas de um órgão, e ouviu como um concerto longínquo
de vozes melodiosas, que insensivelmente dele se aproximava. O canto que essas
vozes repetiam o enchia de encantamento, mas não lhe era desconhecida;
parecia-lhe que esse canto era aquele do qual não tinha podido perceber senão
vagos ecos; essas vozes eram bem aquelas que, desde longos meses, lançavam
perturbação em sua alma e agora lhe traziam uma felicidade sem limite. Sim,
esse canto, essas vozes eram bem o sonho que ele tinha perseguido, o pensamento,
a inspiração que inutilmente havia procurado por tanto tempo. Mas, enquanto sua
alma, arrebatada no êxtase, bebia a longos sorvos as harmonias simples e
celestes desse concerto angélico, sua mão, como que movida por força
misteriosa, agitava-se no espaço e parecia traçar, mau grado seu, notas que
traduziam os sons que o ouvido escutava. Pouco a pouco as vozes se afastaram, a
visão desapareceu, a nuvem se desvaneceu e Pergolesi viu, ao abrir os olhos,
escrito por sua mão, no mármore do templo, esse canto de sublime simplicidade,
que o devia imortalizar, o Stab Mater, que desde esse dia todo o mundo cristão
repete e admira. O artista ergueu-se, saiu do templo, calmo, feliz e não mais
inquieto e agitado. Mas nesse dia uma nova aspiração se apoderou dessa alma de
artista: ela ouvira o canto dos anjos, o concerto dos céus. As vozes humanas e
os concertos terrestres já não lhe podiam bastar. Essa sede ardente, impulso de
um grande gênio, acabou por esgotar o sopro de vida que lhe restava, e foi
assim que aos trinta e três anos, na exaltação, na febre, ou melhor, no amor
sobrenatural de sua arte, Pergolesi encontrou a morte.” -( FEB - ESDE - Tomo único
)-
Estudo do Livro dos Espíritos
57. Não sendo uma só para todos a constituição física dos
mundos, seguir-se-á tenham organizações diferentes os
seres que os habitam?
“Sem dúvida, do mesmo modo que no vosso os peixes
são feitos para viver na água e os pássaros no ar.”
Que a graça e a paz sejam conosco!
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