quarta-feira, 30 de março de 2016

Êxtase


"O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos." -( Tiago, 1: 8 )-




Amados irmãos, bom dia!
"Ofereçamos ao Senhor um coração firme e terno para que as divinas Mãos gravem nele os augustos Desígnios".
Busquemos em nosso Mestre Jesus a direção para o nosso proceder e que os bons Espíritos nos auxiliem para que assim sejamos.




Êxtase







“O êxtase, por sua vez, é, segundo o ensino espírita, [...] um sonambulismo mais apurado. A alma do extático é mais independente. De fato, no [...] sonho e no sonambulismo, o Espírito anda em giro pelos mundos terrestres. No êxtase, penetra em um mundo desconhecido, o dos Espíritos etéreos, com os quais entra em comunicação, sem que, todavia, lhe seja lícito ultrapassar certos limites, porque, se os transpusessem, totalmente se partiriam os laços que o prendem ao corpo. Cerca-o então resplendente e desusado fulgor, inebriam-no harmonias que na Terra se desconhecem, indefinível bem-estar o invade: goza antecipadamente da beatitude celeste e bem se pode dizer que pousa um pé no limiar da eternidade. No estado de êxtase, o aniquilamento do corpo é quase completo. Fica-lhe somente, pode-se dizer, a vida orgânica. Sente-se que a alma se lhe acha presa unicamente por um fio, que mais um pequenino esforço quebraria sem remissão. Nesse estado, desaparecem todos os pensamentos terrestres, cedendo lugar ao sentimento apurado, que constitui a essência mesma do nosso ser imaterial. Inteiramente entregue a tão sublime contemplação, o extático encara a vida apenas como paragem momentânea. Considera os bens e os males, as alegrias grosseiras e as misérias deste mundo quais incidentes fúteis de uma viagem, cujo termo tem a dita de avistar. Dá-se com os extáticos o que se dá com os sonâmbulos: mais ou menos perfeita podem ter a lucidez e o Espírito mais ou menos apto a conhecer e compreender as coisas, conforme seja mais ou menos elevado. Muitas vezes, porém, há neles mais excitação do que verdadeira lucidez, ou, melhor, muitas vezes a exaltação lhes prejudica a lucidez. Daí o serem, frequentemente, suas revelações um misto de verdades e erros, de coisas grandiosas e coisas absurdas, até ridículas. Dessa exaltação, que é sempre uma causa de fraqueza, quando o indivíduo não sabe reprimi-la, Espíritos inferiores costumam aproveitar-se para dominar o extático, tomando, com tal intuito, aos seus olhos, aparências que mais o aferram às idéias que nutre no estado de vigília. Há nisso um escolho, mas nem todos são assim. Cabe-nos julgar friamente e pesar-lhes as revelações na balança da razão.

Há, ainda, com relação ao êxtase, uma singularidade. É que, se o extático ficasse entregue a si mesmo, poderia ocorrer a sua desencarnação. Por isso [dizem os Espíritos Superiores] é que preciso se torna chamá-lo a voltar, apelando para tudo o que o prende a este mundo, fazendo-lhe sobretudo compreender que a maneira mais certa de não ficar lá, onde vê que seria feliz, consistiria em partir a cadeia que o tem preso ao planeta terreno. De toda forma, como assinala Denis, a [...] felicidade dos extáticos, o júbilo que experimentam, contemplando as magnificências do Além, seriam só por si suficientes para nos demonstrar a extensão dos gozos que nos reservam as esferas espirituais, se as nossas grosseiras concepções nos não impedissem muitíssimas vezes de os compreender e pressentir. À guisa de ilustração, extraímos da Revista Espírita, de Allan Kardec, o seguinte caso de êxtase, que, segundo a tradição, ocorreu com o famoso compositor italiano de música religiosa, Pergolesi, que viveu no século XVIII. O fato é relatado pelo Sr. Ernest Le Nordez:

Sabeis com que piedade aqui celebramos, ainda em nossos dias, a despeito da debilidade da fé, o tocante aniversário da morte do Cristo; a semana em que a Igreja o relembra a seus filhos é bem realmente, para nós, uma semana santa. Assim, reportando-vos à época de fé em que vivia Pergolesi, podeis pensar com que fervor o povo acorria em massa às igrejas, para meditar as cenas enternecedoras do drama sangrento do Calvário. Na sexta-feira santa Pergolesi acompanhou a multidão. Aproximando-se do templo, parecia-lhe que uma calma, há muito desconhecida para ele, se fazia em sua alma e, quando transpôs o portal, sentiu-se como que envolto por uma nuvem ao mesmo tempo espessa e luminosa. Logo nada mais viu; profundo silêncio se fez em seu redor; depois, ante os seus olhos admirados, e em meio à nuvem, na qual até então lhe parecia ter sido levado, viu desenharem-se os traços puros e divinos de uma virgem, inteiramente vestida de branco; ele a viu pousar seus dedos etéreos nas teclas de um órgão, e ouviu como um concerto longínquo de vozes melodiosas, que insensivelmente dele se aproximava. O canto que essas vozes repetiam o enchia de encantamento, mas não lhe era desconhecida; parecia-lhe que esse canto era aquele do qual não tinha podido perceber senão vagos ecos; essas vozes eram bem aquelas que, desde longos meses, lançavam perturbação em sua alma e agora lhe traziam uma felicidade sem limite. Sim, esse canto, essas vozes eram bem o sonho que ele tinha perseguido, o pensamento, a inspiração que inutilmente havia procurado por tanto tempo. Mas, enquanto sua alma, arrebatada no êxtase, bebia a longos sorvos as harmonias simples e celestes desse concerto angélico, sua mão, como que movida por força misteriosa, agitava-se no espaço e parecia traçar, mau grado seu, notas que traduziam os sons que o ouvido escutava. Pouco a pouco as vozes se afastaram, a visão desapareceu, a nuvem se desvaneceu e Pergolesi viu, ao abrir os olhos, escrito por sua mão, no mármore do templo, esse canto de sublime simplicidade, que o devia imortalizar, o Stab Mater, que desde esse dia todo o mundo cristão repete e admira. O artista ergueu-se, saiu do templo, calmo, feliz e não mais inquieto e agitado. Mas nesse dia uma nova aspiração se apoderou dessa alma de artista: ela ouvira o canto dos anjos, o concerto dos céus. As vozes humanas e os concertos terrestres já não lhe podiam bastar. Essa sede ardente, impulso de um grande gênio, acabou por esgotar o sopro de vida que lhe restava, e foi assim que aos trinta e três anos, na exaltação, na febre, ou melhor, no amor sobrenatural de sua arte, Pergolesi encontrou a morte.” -( FEB - ESDE - Tomo único )-




Estudo do Livro dos Espíritos






57. Não sendo uma só para todos a constituição física dos mundos, seguir-se-á tenham organizações diferentes os seres que os habitam?

 “Sem dúvida, do mesmo modo que no vosso os peixes são feitos para viver na água e os pássaros no ar.”



Que a graça e a paz sejam conosco!

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