A matéria cósmica primitiva continha os elementos materiais,
fluídicos e vitais de todos os universos que estadeiam suas magnificências
diante da eternidade. Ela é a mãe fecunda de todas as coisas, a primeira avó e,
sobretudo, a eterna geratriz.
Amados irmãos, bom dia!
Eis um assunto que há séculos vem sendo especulado e que quis o Senhor nos fosse revelado através dos bons Espíritos. Não podendo ser "apenas" uma obra do acaso, veremos como em tudo sempre encontraremos as mãos do Criador.
Formação dos mundos
“Allan Kardec assinala em O Livro dos Espíritos: O Universo
abrange a infinidade dos mundos que vemos e dos que não vemos, todos os seres
animados e inanimados, todos os astros que se movem no espaço, assim como os
fluidos que o enchem. Diz-nos a razão [continua Kardec] não ser possível que o
Universo se tenha feito a si mesmo e que, não podendo também ser obra do acaso,
há de ser obra de Deus. Como, entretanto, terá Deus criado o Universo? Allan,
Kardec, ouvindo os Espíritos Superiores, nos apresenta os esclarecimentos que
se seguem.
Existindo, por sua natureza, desde toda a eternidade, Deus
criou desde toda eternidade e não poderia ser de outro modo, visto que, por
mais longínqua que seja a época a que recuemos, pela imaginação, os supostos
limites da criação, haverá sempre, além desse limite, uma eternidade [...]
durante a qual as divinas hipóstases(*), as volições infinitas teriam
permanecido sepultadas em muda letargia inativa e infecunda, uma eternidade de
morte aparente para o Pai eterno que dá vida aos seres, de mutismo indiferente
para o Verbo que os governa; de esterilidade fria e egoísta para o Espírito de
amor e vivificação.
(*) Hipóstase: (Fil.)
para os pensadores da Antiguidade, realidade permanente, concreta e
fundamental; substância. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.
Compreendamos melhor a grandeza da ação divina e a sua
perpetuidade sob a mão do Ser absoluto!
Deus é o Sol dos seres, é a Luz do mundo. Ora, a aparição do
Sol dá nascimento instantâneo a ondas de luz que se vão espalhando por todos os
lados, na extensão. Do mesmo modo, o Universo, nascido do Eterno, remonta aos
períodos inimagináveis do infinito de duração, ao Fiat lux! [faça-se a luz!] do
início. O começo absoluto das coisas remonta, pois, a Deus. As sucessivas
aparições delas no domínio da existência constituem a ordem da criação
perpétua. Que mortal poderia dizer das magnificências desconhecidas e
soberbamente veladas sob a noite das idades que se desdobraram nesses tempos
antigos, em que nenhuma das maravilhas do Universo atual existia; nessa época
primitiva em que, tendo-se feito ouvir a voz do Senhor, os materiais que no
futuro haviam de agregar-se por si mesmos e simetricamente, para formar o
templo da Natureza, se encontraram de súbito no seio das vácuos infinitos;
quando aquela voz misteriosa, que toda criatura venera e estima como a de uma
mãe, produziu notas harmoniosamente variadas, para irem vibrar juntas e modular
o concerto dos céus imensos! O mundo, no nascedouro, não se apresentou assente
na sua virilidade e na plenitude da sua vida, não. O poder criador nunca se
contradiz e, como todas as coisas, o Universo nasceu criança. Revestido das
leis mencionadas acima e da impulsão inicial inerente à sua formação mesma, a
matéria cósmica primitiva fez que sucessivamente nascessem turbilhões,
aglomerações desse fluido difuso, amontoados de matéria nebulosa que se
cindiram por si próprios e se modificaram ao infinito para gerar, nas regiões
incomensuráveis da amplidão, diversos centros de criações simultâneas ou
sucessivas. Em virtude das forças que predominaram sobre um ou sobre outro
deles e das circunstâncias ulteriores que presidiram aos seus desenvolvimentos,
esses centros primitivos se tornaram focos de uma vida especial: uns, menos
disseminados no espaço e mais ricos em princípios e em forças atuantes,
começaram desde logo a sua particular vida astral; os outros, ocupando
ilimitada extensão, cresceram com lentidão extrema, ou de novo se dividiram em
outros centros secundários.
Transportando-nos a alguns milhões de séculos somente, acima
da época atual, verificamos que a nossa Terra ainda não existe, que mesmo o
nosso sistema solar ainda não começou as evoluções da vida planetária; mas,
que, entretanto, já esplêndidos sóis iluminam o éter; já planetas habitados dão
vida e existência a uma multidão de seres, nossos predecessores na carreira
humana, que as produções opulentas de uma natureza desconhecida e os
maravilhosos fenômenos do céu desdobram, sob outros olhares, os quadros da
imensa criação. Que digo! Já deixaram de existir esplendores que muito antes
fizeram palpitar o coração de outros mortais, sob o pensamento da potência
infinita! E nós, pobres seres pequeninos, que viemos após uma eternidade de
vida, nós nos cremos contemporâneos da criação! Ainda uma vez, compreendamos
melhor a Natureza. Saibamos que atrás de nós, como à nossa frente, está a
eternidade, que o espaço é teatro de inimaginável sucessão e simultaneidade de
criações. Tais nebulosas, que mal percebemos nos mais longínquos pontos do céu,
são aglomerados de sóis em vias de formação; tais outras são vias-lácteas de
mundos habitados; outras, finalmente, sedes de catástrofes e de deperecimento.
Saibamos que, assim como estamos colocados no meio de uma infinidade de mundos,
também estamos no meio de uma dupla infinidade de durações, anteriores e
ulteriores; que a criação universal não se acha restrita a nós, que não nos é
lícito aplicar essa expressão à formação isolada do nosso pequenino globo.
Podemos então afirmar, como nos esclarecem os Espíritos
Superiores, que Deus criou o Universo e os seres pela sua Vontade.
A base de construção dos mundos e dos corpos materiais é o
fluido cósmico universal, igualmente chamado de matéria cósmica primitiva. A
matéria cósmica primitiva continha os elementos materiais, fluídicos e vitais
de todos os universos que estadeiam suas magnificências diante da eternidade.
Ela é a mãe fecunda de todas as coisas, a primeira avó e, sobretudo, a eterna
geratriz. Absolutamente não desapareceu essa substância donde provêm as esferas
siderais; não morreu essa potência, pois que ainda, incessantemente, dá à luz
novas criações e incessantemente recebe, reconstituídos, os princípios dos
mundos que se apagam do livro eterno. A substância etérea, mais ou menos
rarefeita, que se difunde pelos espaços interplanetários; esse fluido cósmico
que enche o mundo, mais ou menos rarefeito, nas regiões imensas, opulentas de
aglomerações de estrelas; mais ou menos condensado onde o céu astral ainda não
brilha; mais ou menos modificado por diversas combinações, de acordo com as
localidades da extensão, nada mais é do que a substância primitiva onde residem
as forças universais, donde a Natureza há tirado todas as coisas.
Conforme estudamos, encontramos no fluido cósmico as forças
inerentes [...]que presidiram às metamorfoses da matéria, as leis imutáveis e
necessárias que regem o mundo. Essas múltiplas forças, indefinidamente
variáveis segundo as combinações da matéria, localizadas segundo as massas [atômicas],
diversificadas em seus modos de ação, segundo as circunstâncias e os meios, são
conhecidas na Terra sob os nomes de gravidade, coesão, afinidade, atração,
magnetismo, eletricidade ativa. Os movimentos vibratórios do agente [ou dessas
forças] são conhecidos sob os nomes de som, calor, luz, etc.
Os mundos, assim, se formam [...] pela condensação da matéria
disseminada no Espaço”. -( FEB )-
Que a graça e a paz sejam conosco!
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