"Os Espíritos são bons ou maus por natureza, ou são eles mesmos que se melhoram?
São os próprios Espíritos que se melhoram e, melhorando-se, passam de uma ordem inferior para outra mais elevada". - O Livro dos Espíritos - questão 114 - Allan Kardec.
Amados irmãos, hoje o assunto dispensa comentários, estudar sobre o Mestre é sempre um privilégio.
Bom dia!
Mediunidade com Jesus
“«Daí
gratuitamente o que gratuitamente haveis recebido,» diz Jesus
a seus
discípulos. Com essa recomendação, prescreve que ninguém
se faça pagar
daquilo por que nada pagou. Ora, o que eles haviam recebido gratuitamente era a
faculdade de curar os doentes e de expulsar os demônios, isto é, os maus
Espíritos. Esse dom Deus lhes dera gratuitamente, para alívio dos que sofrem e
como meio de propagação da fé; Jesus, pois, recomendava-lhes que não fizessem
dele objeto de comércio, nem de especulação, nem de meio de vida.
Ressalta dessas
palavras do Cristo, que a [...] mediunidade é coisa santa, que deve ser praticada
santamente, religiosamente. Se há um gênero de mediunidade que requeira essa
condição de modo ainda mais absoluto é a mediunidade curadora. O médico dá o
fruto de seus estudos, feitos, muita vez, à custa de sacrifícios penosos. O
magnetizador dá o seu próprio fluido, por vezes até a sua saúde. Podem por-lhes
preço. O médium curador transmite o fluido salutar dos bons Espíritos; não tem
o direito de vendê-lo. Jesus e os apóstolos, ainda que pobres, nada cobravam
pelas curas que operavam.
Os médiuns
[...] receberam de Deus um dom gratuito: o de serem intérpretes dos Espíritos, para
instrução dos homens, para lhes mostrar o caminho do bem e conduzi-los à fé,
não para lhes vender palavras que não lhes pertencem, a eles médiuns, visto que
não são fruto de suas concepções, nem de suas pesquisas, nem de seus trabalhos
pessoais. Deus quer que a luz chegue a todos; não quer que o mais pobre fique
dela privado [...]. Tal a razão por que a mediunidade não constitui privilégio
e se encontra por toda parte. Fazê-la paga seria, pois, desviá-la do seu
providencial objetivo. Além disso, quem [...] conhece as condições em que os
bons Espíritos se comunicam, a repulsão que sentem por tudo o que é de interesse
egoístico, e sabe quão pouca coisa se faz mister para que eles se afastem,
jamais poderá admitir que os Espíritos superiores estejam à disposição do
primeiro que apareça e os convoque a tanto por sessão.
Note-se,
entretanto, que médiuns interesseiros [...] não são apenas os que porventura
exijam uma retribuição fixa; o interesse nem sempre se traduz pela esperança de
um ganho material, mas também pelas ambições de toda sorte, sobre as quais se
fundem esperanças pessoais. É esse um dos defeitos de que os Espíritos
zombeteiros sabem muito bem tirar partido e de que se aproveitam com uma
habilidade, uma astúcia verdadeiramente notáveis, embalando com falaciosas
ilusões os que desse modo se lhes colocam sob a dependência. Em resumo, a
mediunidade é uma faculdade concedida para o bem e os bons Espíritos se afastam
de quem pretenda fazer dela um degrau para chegar ao que quer que seja, que não
corresponda às vistas da Providência.
A par da
questão moral, apresenta-se uma consideração efetiva não menos importante, que
entende com a natureza mesma da faculdade. A mediunidade séria não pode ser e
não o será nunca uma profissão, não só porque se desacreditaria moralmente,
identificada para logo com a dos ledores da boa-sorte, como também porque um
obstáculo a isso se opõe. É que se trata de uma faculdade essencialmente móvel,
fugidia e mutável, com cuja perenidade, pois, ninguém pode contar.
Constituiria, portanto, para o explorador, uma fonte absolutamente incerta de
receitas, de natureza a poder faltar-lhe no momento exato em que mais
necessária lhe fosse. Coisa diversa é o talento adquirido pelo estudo, pelo
trabalho e que, por essa razão mesma, representa uma propriedade da qual naturalmente
lícito é, ao seu possuidor, tirar partido. A mediunidade, porém, não é uma
arte, nem um talento, pelo que não pode tornar-se uma profissão. Ela não existe
sem o concurso dos Espíritos; faltando estes, já não há mediunidade. Pode
subsistir a aptidão, mas o seu exercício se anula. Daí vem não haver no mundo
um único médium capaz de garantir a obtenção de qualquer fenômeno espírita em
dado instante. Explorar alguém a mediunidade é, conseguintemente, dispor de uma
coisa da qual não é realmente dono. Afirmar o contrário é enganar a quem paga.
Há mais: não é de si próprio que o
explorador
dispõe; é do concurso dos Espíritos, das almas dos mortos, que ele põe a preço
de moeda. Essa ideia causa instintiva repugnância.
Todos os homens
têm o seu grau de mediunidade, nas mais variadas posições evolutivas, e esse
atributo do espírito representa, ainda, a alvorada de novas percepções para o
homem do futuro, quando, pelo avanço da mentalidade do mundo, as criaturas
humanas verão alargar-se a janela acanhada dos seus cinco sentidos. Na
atualidade, porém, temos de reconhecer que no campo imenso das potencialidades psíquicas
do homem existem os médiuns com tarefa definida, precursores das novas
aquisições humanas. É certo que essas tarefas reclamam sacrifícios e se
constituem, muitas vezes, de provações ásperas; todavia, se o operário busca a
substância evangélica para a execução de seus deveres, é ele o trabalhador que
faz jus ao acréscimo de misericórdia prometido pelo Mestre a todos os
discípulos de boa-vontade.
Mesmo o médium
sob excelente assistência espiritual [...] não deve descurar-se da própria
vigilância, lembrando sempre de que é uma criatura humana, sujeita, por isso, a
oscilações vibratórias, a pensamentos e desejos inadequados. Devemos ter sempre
na lembrança a palavra de Emmanuel: Os médiuns, em sua generalidade, não são
missionários na acepção comum do termo; são almas que fracassaram
desastradamente, que contrariaram, sobremaneira, o curso das leis divinas e que
resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o
passado obscuro e delituoso. O seu pretérito, muitas vezes, se encontra enodoado
de graves deslizes e erros clamorosos. Quando médium guarda a noção de fragilidade
e pequenez, pela convicção de que é uma alma em processo de redenção e
aperfeiçoamento, pelo trabalho e pelo estudo, está-se preparando, com
segurança, para o triunfo nas lides do Espírito Eterno.
Assim, podemos
dizer que a [...] primeira necessidade do médium é
evangelizar-se
a si mesmo antes de se entregar às grandes tarefas doutrinárias, pois, de outro
modo, poderá esbarrar sempre com o fantasma do personalismo, em detrimento de
sua missão.
Em suma, o
médium [...] que vigia a própria vida, disciplina as emoções, cultiva as
virtudes cristãs e oferece ao Senhor, multiplicados, os talentos que por empréstimo
lhe foram confiados, estará, no silêncio de suas dores e de seus sacrifícios, preparando
o seu caminho de elevação para o Céu. Estará, sem dúvida, exercendo a
mediunidade com Jesus”. -( FEB )-
Que Ele nos ilumine sempre.
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