" Nascer, morrer, renascer ainda e progredir. Tal é a Lei". - Allan Kardec –
Amados irmãos, bom dia!
Hoje concluímos mais um capítulo de nosso estudo. Por se tratar de um tema grandioso e extenso, peçamos aos bons Espíritos que nos auxiliem em seu entendimento e que possamos observá-lo no nosso dia a dia.
Amados irmãos, bom dia!
Hoje concluímos mais um capítulo de nosso estudo. Por se tratar de um tema grandioso e extenso, peçamos aos bons Espíritos que nos auxiliem em seu entendimento e que possamos observá-lo no nosso dia a dia.
O esquecimento do passado: justificativas da sua necessidade
“Mergulhado na vida corpórea, perde o Espírito,
momentaneamente, a lembrança de suas existências anteriores, como se um véu as
cobrisse. Todavia, conserva algumas vezes vaga consciência dessas vidas, que,
mesmo em certas circunstâncias, lhe podem ser reveladas. Esta revelação, porém,
só os Espíritos superiores espontaneamente lha fazem, com um fim útil, nunca
para satisfazer a vã curiosidade [...].
O esquecimento das faltas praticadas
não constitui obstáculo à melhoria do Espírito, porquanto, se é certo que este
não se lembra delas com precisão, não menos certo é que a circunstância de as
ter conhecido na erraticidade e de haver desejado repará-las o guia por
intuição e lhe dá a ideia de resistir ao mal, ideia que é a voz da consciência,
tendo a secundá-la os Espíritos superiores que o assistem, se atende às boas
inspirações que lhe dão. O homem não conhece os atos que praticou em suas
existências pretéritas, mas pode sempre saber qual o gênero das faltas de que
se tornou culpado e qual o cunho predominante do seu caráter. Bastará então
julgar do que foi, não pelo que é, sim, pelas suas tendências. As vicissitudes
da vida corpórea constituem expiação das faltas do passado e, simultaneamente,
provas com relação ao futuro. Depuram-nos e elevam-nos, se as suportamos
resignados e sem murmurar. A natureza dessas vicissitudes e das provas que
sofremos também nos podem esclarecer acerca do que fomos e do que fizemos, do
mesmo modo que neste mundo julgamos dos atos de um culpado pelo castigo que lhe
inflige a lei. Assim, o orgulhoso será castigado no seu orgulho, mediante a
humilhação de uma existência subalterna; o mau rico, o avarento, pela miséria;
o que foi cruel para os outros, pelas crueldades que sofrerá; o tirano, pela
escravidão; o mau filho, pela ingratidão de seus filhos; o preguiçoso, por um
trabalho forçado, etc. Em vão se objeta que o esquecimento constitui obstáculo
a que se possa aproveitar da experiência de vidas anteriores. Havendo Deus
entendido de lançar um véu sobre o passado, é que há nisso vantagem. Com
efeito, a lembrança traria gravíssimos inconvenientes. Poderia, em certos
casos, humilhar-nos singularmente, ou, então, exaltar-nos o orgulho e, assim,
entravar o nosso livre-arbítrio. Em todas as circunstâncias, acarretaria
inevitável perturbação nas relações sociais.
Frequentemente, o Espírito renasce no mesmo meio em que já
viveu, estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas, a fim de reparar o
mal que lhes haja feito. Se reconhecesse nelas as a quem odiara, quiçá o ódio
se lhe despertaria outra vez no íntimo. De todo modo, ele se sentiria humilhado
em presença daquelas a quem houvesse ofendido. Para nos melhorarmos,
outorgou-nos Deus, precisamente, o de que necessitamos e nos basta: a voz da
consciência e as tendências instintivas. Priva-nos do que nos seria
prejudicial. Ao nascer, traz o homem consigo o que adquiriu, nasce qual se fez;
em cada existência, tem um novo ponto de partida. Pouco lhe importa saber o que
foi antes: se se vê punido, é que praticou o mal. Suas atuais tendências más
indicam o que lhe resta a corrigir em si próprio e é nisso que deve
concentrar-se toda a sua atenção, porquanto, daquilo de que se haja corrigido
completamente, nenhum traço mais conservará. As boas resoluções que tomou são a
voz da consciência, advertindo-o do que é bem e do que é mal e dando-lhe forças
para resistir às tentações. Aliás, o esquecimento ocorre apenas durante a vida
corpórea. Volvendo à vida espiritual, readquire o Espírito a lembrança do
passado; nada mais há, portanto, do que uma interrupção temporária, semelhante
à que se dá na vida terrestre durante o sono, a qual não obsta a que, no dia
seguinte, nos recordemos do que tenhamos feito na véspera e nos dias
precedentes. E não é somente após a morte que o Espírito recobra a lembrança do
passado. Pode dizer-se que jamais a perde, pois que, como a experiência o
demonstra, mesmo encarnado, adormecido o corpo, ocasião em que goza de certa
liberdade, o Espírito tem consciência de seus atos anteriores; sabe por que
sofre e que sofre com justiça. A lembrança unicamente se apaga no curso da vida
exterior, da vida de relação. Mas, na falta de uma recordação exata, que lhe
poderia ser penosa e prejudicá-lo nas suas relações sociais, forças novas haure
ele nesses instantes de emancipação da alma, se os sabe aproveitar. Percebemos,
dessa forma, que no esquecimento do passado [...] a bondade do Criador se
manifesta, porquanto, adicionada aos amargores de uma nova existência, a
lembrança muitas vezes aflitiva e humilhante, do passado, poderia turbá-lo [o
Espírito] e lhe criar embaraços. Ele apenas se lembra do que aprendeu, por lhe
ser isso útil. Se às vezes lhe é dado ter uma intuição dos acontecimentos
passados, essa intuição é como a lembrança de um sonho fugitivo. Ei-lo, pois,
novo homem, por mais antigo que seja como Espírito. Adota novos processos,
auxiliado pelas suas aquisições precedentes.
O esquecimento do passado, [...] obedecendo às leis
superiores que presidem ao destino, representa a diminuição do estado
vibratório do Espírito, em contato com a matéria. Esse olvido é necessário, e,
afastando-se os benefícios espirituais que essa questão implica, à luz das
concepções científicas, pode esse problema ser estudado atenciosamente. Tomando
um novo corpo, a alma tem necessidade de adaptar-se a esse instrumento. Precisa
abandonar a bagagem dos seus vícios, dos seus defeitos, das suas lembranças
nocivas, das suas vicissitudes nos pretéritos tenebrosos. Necessita de nova
virgindade; um instrumento virgem lhe é então fornecido. Os neurônios desse
novo cérebro fazem a função de aparelhos quebradores da luz; o sensório limita
as percepções do Espírito, e, somente assim, pode o ser reconstruir o seu
destino. Para que o homem colha benefícios da sua vida temporária, faz-se
mister que assim seja. Sua consciência é apenas a parte emergente da sua
consciência espiritual; seus sentidos constituem apenas o necessário à sua
evolução no plano terrestre. Daí, a exiguidade das suas percepções visuais e
auditivas, em relação ao número inconcebível de vibrações que o cercam.
Todavia, como o esquecimento não é absoluto, [...] dentro dessa obscuridade
requerida pela sua necessidade de estudo e desenvolvimento, experimenta a alma,
às vezes, uma sensação indefinível... é uma vocação inata que a impele para
esse ou aquele caminho; é uma saudade vaga e incompreensível, que a persegue
nas suas meditações; são os fenômenos introspectivos, que a assediam frequentemente.
Nesses momentos, uma luz vaga da subconsciência atravessa a câmara de sombras,
impostas pelas células cerebrais, e, através dessa luz coada, entra o Espírito
em vaga relação com o seu passado longínquo; tais fatos são vulgares nos seres
evolvidos, sobre quem a carne já não exerce atuação invencível. Nesses vagos
instantes, parece que a alma encarnada ouve o tropel das lembranças que passam
em revoada; aversões antigas, amores santificantes, gostos aprimorados, de tudo
aparece uma fração no seu mundo consciente; mas, faz-se mister olvidar o
passado para que se alcance êxito na luta.
É oportuno lembrar que – conforme nos esclarece o Espiritismo
–, a nitidez das lembranças acompanha o nosso progresso espiritual. Assim como
as fibras do cérebro são as últimas a se consolidarem no veículo físico em que
encarnamos na Terra, a memória perfeita é o derradeiro altar que instalamos, em
definitivo, no templo de nossa alma, que, no Planeta, ainda se encontra em
fases iniciais de desenvolvimento. É por isso que nossas recordações são
fragmentárias... Todavia, de existência a existência, de ascensão em ascensão,
nossa memória gradativamente converte-se em visão imperecível, a serviço de
nosso espírito imortal... Léon Denis assinala que o [...] esquecimento do
passado é a condição indispensável de toda prova e de todo progresso.
O nosso
passado guarda as suas manchas e nódoas. Percorrendo a série dos tempos,
atravessando as idades de brutalidade, devemos ter acumulado bastantes faltas,
bastantes iniquidades. Libertos apenas ontem da barbaria, o peso dessas
recordações seria acabrunhador para nós. A vida terrestre é, algumas vezes,
difícil de suportar; ainda mais o seria se, ao cortejo dos nossos males atuais,
acrescesse a memória dos sofrimentos ou das vergonhas passadas. A recordação de
nossas vidas anteriores não estaria também ligada à do passado dos outros?
Subindo a cadeia de nossas existências, o entrecho de nossa própria história,
encontraríamos o vestígio das ações de nossos semelhantes. As inimizades
perpetuar-se-iam; as rivalidades, os ódios e as discórdias agravar-se-iam de
vida em vida, de século em século. Os nossos inimigos, as nossas vítimas de
outrora, reconhecer-nos-iam e estariam a perseguir-nos com sua vingança. Bom é
que o véu do esquecimento nos oculte uns aos outros, e que, apagando
momentaneamente de nossa memória penosas recordações, nos livre de um remorso
incessante.
O conhecimento das nossas faltas e suas consequências, erguendo-se
diante de nós como ameaça medonha e perpétua, paralisaria os nossos esforços,
tornaria estéril e insuportável a nossa vida. Sem o esquecimento, os grandes
culpados, os criminosos célebres estariam marcados a ferro em brasa por toda a
eternidade. Vemos os condenados da justiça humana, depois de sofrida a pena,
serem perseguidos pela desconfiança universal, repelidos com horror por uma
sociedade que lhes recusa lugar em seu seio, e assim muitas vezes os atira ao
exército do mal. Que seria se os crimes do passado longínquo se desenhassem aos
olhos de todos? Quase todos temos necessidade de perdão e de esquecimento. A
sombra que oculta as nossas fraquezas e misérias conforta-nos o ser, tornando-nos
menos penosa a reparação”. -( FEB )-
Que a graça e a paz sejam conosco!
Que a graça e a paz sejam conosco!
Nenhum comentário:
Postar um comentário