domingo, 18 de setembro de 2016

Estrutura dos atos dos apóstolos


"Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual." - Paulo - ( I Coríntios, 15, 44 )




Amados irmãos, bom dia!
"Muita gente aguarda a morte para entrar numa boa vida, contudo, a lei é clara quanto à destinação de cada um de nós. Toda criatura provisoriamente algemada à matéria pode aproveitar o tempo na criação de espiritualidade divina." -( Vinha de Luz - Chico Xavier / Emmanuel )-







"A despeito da atividade literária, sempre vigilante, que imprimiu em todo lugar a sua marca e assegura a unidade do livro, percebem-se, facilmente, algumas correntes principais nas tradições recolhidas por Lucas. Os doze primeiros capítulos do livro dos Atos contam a vida da primeira comunidade reunida ao redor de Pedro depois da Ascensão (1-5), e os inícios de sua expansão graças às iniciativas missionárias de Filipe (8:4-40) e dos “helenistas” (6:1-8, 3; 11:19-30; 13:1-3), e, enfim, do próprio Pedro (9,32, 11,18). As tradições petrinas subjacentes seriam aparentadas ao “evangelho de Pedro”, que é conhecido na literatura da Igreja antiga. Para a segunda parte dos Atos, o autor teria usado os relatos da conversão de Paulo, de suas viagens missionárias, e de sua viagem por mar para Roma como prisioneiro. 

Na escritura de Atos dos Apóstolos, Lucas emprega, corriqueiramente, a primeira pessoa do plural. Dessa forma, muitos exegetas viram, no “nós”, uma prova de que Lucas teria acompanhado Paulo nas segunda e terceira viagens, bem como na que Saulo fez, por mar, a Roma. Entretanto, é notável que Lucas nunca é mencionado por Paulo como companheiro de sua obra de evangelização. Esse “nós” parece mais o traço de um diário de viagem feito por um companheiro de Paulo (Silas?) e utilizado pelo autor de Atos. De qualquer forma, o trabalho realizado por Lucas foi ao mesmo tempo excepcional quanto fascinante. Nos fornece uma visão geral do trabalho realizado pelos primeiros cristãos, as suas lutas, desafios e extrema dedicação à causa do Cristo. O valor histórico dos Atos dos Apóstolos não é igual. De uma parte, as fontes de que Lucas dispunha não eram homogêneas; de outra, para manejar as suas fontes, Lucas gozava de liberdade muito grande segundo o espírito da historiografia antiga, subordinando seus dados históricos a seu desígnio literário e sobretudo a seus interesses teológicos. 

A descrição das viagens de Paulo muito nos esclarecem sobre a vida no primeiro século da Era Cristã: “administração romana, cidades gregas, cultos, rotas, geografia política, topografia local”. De valor histórico também inestimável são os relatos que Lucas nos transmite sobre a organização e administração da igreja cristã  primitiva, assim como a forma como se realizava a pregação nas comunidades cristãs nascentes, em que se utilizava, essencialmente da prédica ou explanação discursiva. Essa prédica tinha como base o kerygma [ensinamento essencial]: a pregação doutrinária dos apóstolos, a fé em Jesus Cristo — o Messias crucificado e ressuscitado, o servidor divino, um novo Moisés e um novo Elias (Atos dos Apóstolos, 2:24-32; 3:13-26; 4:27-30; 7:20, 8:32-33; 13:34-36). Atos dos Apóstolos demonstram, com clareza, como se realizou a propagação das ideias cristãs. 

1. A pregação dos apóstolos representava as “testemunhas” confiáveis dos ensinamentos do Cristo (Atos dos Apóstolos, 1:8; 2: 1-41), a despeito das imperfeições que ainda possuíam. Todos os Apóstolos do Mestre haviam saído do teatro humilde de seus gloriosos ensinamentos; mas, se esses pescadores valorosos eram elevados Espíritos em missão, precisamos considerar que eles estavam muito longe da situação de espiritualidade do Mestre, sofrendo as influências do meio a que foram conduzidos.

2. Formação e desenvolvimento da igreja de Jerusalém (1:1-5, 42): os integrantes da igreja de Jerusalém reuniram-se, primeiro, ao redor de Pedro e, posteriormente, de Tiago Maior, mas permaneceram fieis à tradição judaica (Atos dos Apóstolos, 15:1-5; 21:20). Esse fato dificultou a adesão dos gentílicos, provocando muitas discussões, sobretudo entre os judeus helenistas. Os helenistas eram judeus convertidos ao Cristianismo, que não aceitavam a lei judaica, nem seus ritos e práticas. Tão logo se verificou o regresso do Cordeiro às regiões da Luz, a comunidade cristã, de modo geral, começou a sofrer a influência do Judaísmo, e quase todos os núcleos organizados, da doutrina, pretenderam guardar feição aristocrática, em face das novas igrejas e a associações que se fundavam nos mais diversos pontos do mundo.

3. A ascensão e atividade dos judeus helenistas na igreja de Jerusalém. Esta questão, colocada no Concílio de Jerusalém, foi muito debatida, optando-se, então, por uma solução conciliadora. Por exemplo, foi dispensada aos convertidos a necessidade de realizar a circuncisão. Pedro, Tiago, Barnabé e Paulo muito contribuíram para conciliar as diferentes correntes de ideias existentes no Cristianismo nascente. Mesmo assim, os helenistas foram perseguidos e expulsos de Jerusalém pelos judeus não convertidos. Um helenista, muito famoso, foi Estêvão, preso e morto por apedrejamento, sob as ordens de Saulo de Tarso (Atos dos Apóstolos, 6:1-15; 15:1-31). 
A doutrina do crucificado propaga-se com a rapidez de um relâmpago. Fala-se dela tanto em Roma como nas gálias e no norte da África. Surgem os advogados e os detratores. Os prosélitos mais eminentes buscam doutrinar, disseminando as ideias e interpretações. As primeiras igrejas surgem ao pé de cada apóstolo, ou de cada discípulo mais destacado e estudioso.

4. A pregação apostólica procura, junto aos judeus, mostrar que Jesus é o Messias esperado, exortando-os a não resistirem ao recebimento desta graça: aceitar o Cristo como o enviado de Deus (Atos dos Apóstolos, 1:1-11; 7:2-53; 13:16-41). A pregação junto aos povos politeístas, por outro lado, tenta justificar a supremacia do amor do Cristo (Atos dos Apóstolos,14:15-17; 17:22-31). Doutrina alguma alcançara no mundo semelhante posição, em face da preferência das massas. É que o divino Mestre selara com exemplos as palavras de suas lições imorredouras. Os povos antigos eram submetidos a contínuas privações, morais e materiais, sobretudo a maioria deles, que era escrava. Dessa forma, a mensagem cristã surgia como um alento, um raio de esperança. Em virtude dos seus postulados sublimes de fraternidade, a lição do Cristo representava o asilo de todos os desesperados e de todos os tristes. As multidões dos aflitos pareciam ouvir aquela misericordiosa exortação: “vinde a mim, vós todos que sofreis e tendes fome de justiça e eu vos aliviarei” — e da cruz chegava-lhes, ainda, o alento de uma esperança desconhecida. 

5. Fazia parte das atividades doutrinárias da igreja cristã primitiva o culto de ação de graças. Esse culto caracterizava-se pelas das pregações dos apóstolos, seguida de comunhão fraterna, pela prece e pela partilha do pão e dos bens (Atos dos Apóstolos, 2:42-47). Envolvidos pelo espírito da caridade, abnegação e fraternidade que a mensagem cristã lhes transmitia, os primeiros cristãos procuravam conviver de forma solidária: “Tudo possuíam em comum” e “eram queridos de todo o povo” (Atos dos Apóstolos, 2:44-47; 4:32-36)." -( FEB - EADE )-




Estudo do Livro dos Espíritos






230. Na erraticidade, o Espírito progride? 

“Pode melhorar-se muito, tais sejam a vontade e o desejo que tenha de consegui-lo. Todavia, na existência corporal é que põe em prática as idéias que adquiriu.”




Que a graça e a paz sejam conosco!

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