"Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa." -( II João, 1: 10 )-
Amados irmãos, bom dia!
É muito importante não confundir as palavras supracitadas; não se trata de não nos misturarmos com as pessoas que pensam em desacordo conosco, mas, antes, que tenhamos disposição para acolher e ouvir a todos. Devemos observar que, se não nos edifica, que não retenhamos em nós o seu modo de pensar. A alguns estão reservados caminhos diversos, pois, ao seu grau de adiantamento somente o é permitido compreender o que ora se apresenta. Portanto, mantenhamos nosso foco em nosso Mestre Jesus e, assim, jamais seremos confundidos.
“Apareceu João batizando no
deserto e pregando o batismo de arrependimento, para remissão de pecados. E
toda a província da Judeia e todos os habitantes de Jerusalém iam ter com ele;
e todos eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. E
João andava vestido de pelos de camelo e com um cinto de couro em redor de seus
lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre, e pregava, dizendo: Após mim vem
aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de, abaixando-me,
desatar a correia das sandálias. Eu, em verdade, tenho-vos batizado com água;
Ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo (Marcos, 1:4-8).
João Batista veio de uma
linhagem sacerdotal, mas não seguiu o sacerdócio, pelo menos na forma como o
seu pai praticava. Adotou um modo de vida simples, ascético, alimentando-se com
frugalidade (de mel e gafanhotos) e vivendo, mais tempo, no deserto da Judeia.
Foi um profeta. Pregador rude, homem de viver austeríssimo, desprezou as
comodidades da vida, a ponto de se alimentar com o que achava no deserto e de
se vestir com a pele de animais. Assim, impressionou fortemente o povo, que
acorria a ouvi-lo e a pedir-lhe conselhos.
Poderoso médium inspirado, foi
o transmissor das mensagens do Alto, pelas quais se anunciava a chegada do
Mestre e o começo dos trabalhos de regeneração da Humanidade. A todos que
queriam tornar-se dignos do reino dos céus, João aconselhava que fizessem
penitência. Qual seria essa penitência, primeiro passo a ser dado em direção ao
reino de Deus? Não eram as longas orações, nem os donativos e esmolas; nem as
peregrinações aos lugares santos; nem as construções de capelas; nem jejuns;
nem votos; nem as promessas; não era a adoração de imagens nem a entronização
delas. A penitência não consistia em formalidades exteriores, mas sim na
reforma do caráter e na retificação dos atos errados que cada um tinha
praticado.
Após o período passado no
deserto, João Batista inicia a sua pregação. Com zelo profético ele anuncia a
vinda do Reino dos céus. Transcorridos alguns anos, vamos encontrar o Batista
na sua gloriosa tarefa de preparação do caminho à Verdade, precedendo o
trabalho divino do amor, que o mundo conheceria em Jesus Cristo. João, de fato,
partiu primeiro, a fim de executar as operações iniciais para a grandiosa conquista.
[...] esclarecendo com energia e deixando-se degolar em testemunho à Verdade,
ele precedeu a lição da misericórdia e da bondade. O Mestre dos mestres quis
colocar a figura franca e áspera do seu profeta no limiar de seus gloriosos
ensinos e, por isso, encontramos em João Batista um dos mais belos de todos os
símbolos imortais do Cristianismo. [...] João era a verdade, e a verdade, na
sua tarefa de aperfeiçoamento, dilacera e magoa, deixando-se levar aos
sacrifícios extremos.
A pregação de João Batista,
todavia, era contundente, desagradando a muitos, em consequência. Revelava um
temperamento ardente, apaixonado. Como a dor que precede as poderosas
manifestações da luz no íntimo dos corações, ela recebe o bloco de mármore
bruto e lhe trabalha as asperezas para que a obra do amor surja, em sua pureza
divina. João Batista foi a voz clamante do deserto. Operário da primeira hora,
é ele o símbolo rude da verdade que arranca as mais fortes raízes do mundo,
para que o Reino de Deus prevaleça nos corações. Exprimindo a austera
disciplina que antecede a espontaneidade do amor, a luta para que se desfaçam
as sombras do caminho, João é o primeiro sinal do cristão ativo, em guerra com
as próprias imperfeições do seu mundo interior, a fim de estabelecer em si mesmo
o santuário de sua realização com o Cristo. Foi por essa razão que dele disse
Jesus: “Dos nascidos de mulher, João Batista é o maior de todos”.
A fama de João Batista chega,
então até os sacerdotes judeus e aos levitas que resolvem interrogá-lo. Quem és
tu? E confessou e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo. E perguntaram-lhe:
Então, quem és, pois? És tu Elias? E disse: Não sou. És tu o profeta? E
respondeu: Não. Disseram-lhe, pois: Quem és, para que demos resposta àqueles
que nos enviaram? Que dizes de ti mesmo? Disse: Eu sou a voz do que clama no
deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías. E os que
tinham sido enviados eram dos fariseus, e perguntaram-lhe, e disseram-lhe: Por
que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? João
respondeu-lhes, dizendo: Eu batizo com água, mas, no meio de vós, está um a
quem vós não conheceis. Este é aquele que vem após mim, que foi antes de mim,
do qual eu não sou digno de desatar as correias das sandálias.
Essas coisas aconteceram em
Betânia, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando. No dia seguinte,
João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira
o pecado do mundo. Este é aquele do qual eu disse: após mim vem um homem que foi
antes de mim, porque já era primeiro do que eu (João, 1:19-30).
Posteriormente, vamos ver que
é o próprio Cristo quem testemunharia a respeito de João Batista, enaltecendo a
sua missão: “Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não
apareceu alguém maior do que João Batista” (Mateus, 11:11). Enfim, João Batista
arcaria com a responsabilidade de abrir para a Humanidade a era evangélica. Por
isso é que Jesus diz que dos nascidos de mulher, nenhum foi maior do que João
Batista; isto é, não se encarnou ainda nenhum Espírito com missão maior do que
a de João Batista. [...] Jesus, conquanto justifique o amor que o povo
consagrava a João Batista, adverte-o de que no mundo espiritual existiam
Espíritos ainda maiores, por serem mais evoluídos que João Batista.
O Espiritismo aceita a ideia
de ser João Batista a reencarnação do profeta Elias. Há muitas semelhanças na
personalidade de ambos, indicativas de que se tratava do mesmo Espírito. O
próprio Jesus afirma, segundo as anotações de Mateus: “Porque todos os profetas
e a lei profetizaram até João. E, se quereis dar crédito, é este o Elias que
havia de vir. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça” (Mateus, 11:13-15). Em um
outro momento, após o fenômeno da transfiguração, os apóstolos Pedro, Tiago e João,
ao descerem do monte, são orientados por Jesus a guardarem silêncio sobre o que
presenciaram (transfiguração). E, descendo eles do monte, Jesus lhes ordenou,
dizendo: A ninguém conteis a visão até que o Filho do Homem seja ressuscitado
dos mortos. E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem, então,
os escribas que é mister que Elias venha primeiro? E Jesus, respondendo,
disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro e restaurará todas as coisas. Mas
digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que
quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do Homem. Então, entenderam
os discípulos que lhes falara de João Batista (Mateus, 17:9-13).
As pregações de João Batista,
a despeito de agradarem o povo, eram criticadas pelos sacerdotes e familiares
do rei Herodes. A mensagem de João Batista caiu em Israel como fogo na palha.
[...] As multidões que o ouviam incluíam publicanos e prostitutas. [...] O
Judaísmo nunca se deparara com nada exatamente igual a isso [...].
João Batista desagradava os
sacerdotes porque introduziu modificações nas práticas religiosas do Judaísmo.
Em primeiro lugar estabelece, no batismo pela água, uma forma de renascimento
ou metáfora da redenção espiritual. Segundo as suas orientações, a pessoa nascia
judeu, mas para se redimir deveria passar por um processo simbólico de
renascimento. “O rito de João era tão singular que foi nomeado segundo ele
(“Batista”), e Jesus claramente o vê como dado a João por Deus mediante
revelação.”
Outro ponto, provocador de
sérias controvérsias religiosas entre o clero judaico, foi o fato de João não
fazer caso do templo judaico e dos seus ritos; talvez a rejeição dos sacerdotes
a João tenha relação primordial com a onda generalizada de repulsa à corrupção
do templo e dos seus sacerdotes no século I d.C., e que foi asperamente
criticada pelo precursor. A família real também detestava João Batista porque
dele recebia, em público, constantes críticas a respeito do modo indecoroso em
que viviam. Festejando-se, porém, o dia natalício de Herodes, dançou a filha de
Herodias diante dele e agradou a Herodes, pelo que prometeu, com juramento,
dar-lhe tudo o que pedisse. E ela, instruída previamente por sua mãe, disse:
Dá-me aqui num prato a cabeça de João Batista. E o rei afligiu-se, mas, por
causa do juramento e dos que estavam à mesa com ele, ordenou que se lhe desse.
E mandou degolar João no cárcere, e a sua cabeça foi trazida num prato e dada à
jovem, e ela a levou a sua mãe. E chegaram os seus discípulos, e levaram o
corpo, e o sepultaram, e foram anunciá-lo a Jesus (Mateus, 14:6-12). O
nascimento e vida de João Batista teve uma única finalidade, segundo o
Espiritismo: anunciar a vinda do Cristo, daí ser ele chamado — com justiça — o
precursor. João Batista é o símbolo do cristão que se sacrifica pela Verdade.
Todavia João Batista não sofreu unicamente pela Verdade que pregava. Em virtude
da lei de causa e efeito, sabemos que não há efeito sem causa. Por conseguinte,
para que João Batista sofresse a pena de decapitação é porque ainda tinha
dívidas de encarnações anteriores a pagar. Apesar do alto grau de
espiritualidade que tinha alcançado, João teve de passar pela mesma pena que
infligira aos outros. De fato, se João Batista era Elias, poderemos ver nessa
decapitação o saldo da dívida que tinha contraído quando, como Elias, mandou
decapitar os sacerdotes de Baal. É Justiça divina que se cumpre, nada deixando
sem pagamento.
Após João Batista, o povo
judeu não teve outro profeta. Foi o último de uma linhagem que se preparou para
trazer ao mundo a mensagem de Jesus. João é o último profeta enviado pelo
Senhor para ensinar os homens a viverem de acordo com os mandamentos divinos.
De agora em diante Jesus legará o Evangelho ao mundo, como um roteiro seguro
que o conduzirá a Deus. E hoje temos o Espiritismo, um profeta que está em toda
parte, falando ao coração e à inteligência de todas as criaturas: aos humildes
e aos letrados, aos pobres e aos ricos, aos sãos e aos doentes, espalhando
ensinamentos espirituais de fácil compreensão.” -( FEB - EADE )-
Estudo do Livro dos Espíritos
127. Os Espíritos são criados iguais quanto às faculdades
intelectuais?
“São criados iguais, porém, não sabendo donde vêm,
preciso é que o livre-arbítrio siga seu curso. Eles progridem
mais ou menos rapidamente em inteligência como em
moralidade.”
Os Espíritos que desde o princípio seguem o caminho do
bem nem por isso são Espíritos perfeitos. Não têm, é certo, maus
pendores, mas precisam adquirir a experiência e os conhecimentos
indispensáveis para alcançar a perfeição. Podemos compará-los
a crianças que, seja qual for a bondade de seus instintos
naturais, necessitam de se desenvolver e esclarecer e que não
passam, sem transição, da infância à madureza. Simplesmente,
assim como há homens que são bons e outros que são maus
desde a infância, também há Espíritos que são bons ou
maus desde a origem, com a diferença capital de que a criança
tem instintos já inteiramente formados, enquanto que o Espírito,
ao formar-se, não é nem bom, nem mau; tem todas as tendências
e toma uma ou outra direção, por efeito do seu livre-arbítrio.
Que a graça e a paz sejam conosco!
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