"Porque nós éramos noutro tempo insensatos." -( Paulo a Tito, 3: 3 )-
Amados irmãos, bom dia!
Somos chamados à instrução para nosso crescimento e elevação. Como aprendizes dedicados, busquemos a presença do nosso Mestre Jesus e dos bons Espíritos, para que não sejamos confundidos.
Moisés: o mensageiro da
primeira revelação divina
“Certo dia, andando pelo
deserto com suas ovelhas, perto do monte Sinai, pertencente à cadeia montanhosa
do Horeb, Moisés viu um anjo, que surgiu numa chama de fogo, dentro de uma
sarça. Reparou que o fogo ardia, mas a sarça não se consumia. Então, o anjo
disse:
Moisés,
Moisés! Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus
de Jacó! Certamente vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu
clamor. Conheço-lhe o sofrimento. [...] Vem, agora, e eu te enviarei a faraó,
para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito.
Então disse Moisés a Deus:
Quem sou eu para ir ao faraó e tirar do Egito os filhos de Israel?
Deus lhe respondeu: Eu serei contigo; e este será o sinal de que
eu te enviei: depois de haver tirado o povo do Egito, servireis a Deus neste
monte. (Êxodo, 3:1-22)
Conta a tradição judaica que,
a partir daquele instante, Deus concedeu poderes a Moisés, permitindo, com o
auxílio de seu irmão Aarão, o resgate dos judeus das terras egípcias. A
retirada dos judeus ocorreu após árduas lutas, entremeadas com as manifestações
da prodigiosa mediunidade de Moisés, que culminaram no surgimento das dez
pragas, a saber: transformação das águas dos reservatórios naturais e dos
utensílios em sangue; invasão de rãs; disseminação de piolhos; invasão de
enxames de moscas; peste nos animais; úlceras e tumores nos homens e animais;
chuva de pedras; invasão de gafanhotos; surgimento das trevas, transformando o
dia em noite; condenação à morte de todos os filhos primogênitos dos egípcios,
inclusive o filho de faraó (Êxodo, 4-14).
Ao sair do Egito,
transportando uma multidão de judeus, os exércitos de faraó fazem a última
tentativa de mantê-los prisioneiros, mas Moisés consegue, pela sua mediunidade,
o prodígio de abrir caminho nas águas do Mar Vermelho (Êxodo, 14: 1-31).
Contam, ainda, as tradições do Judaísmo que Moisés conduziu os israelitas pelo
deserto, durante 40 anos, antes de localizarem a Canaã, a terra prometida por
Deus a Abraão (Êxodo, 17 a 40).
A vida dos judeus no deserto
foi dura, repleta de grandes e pequenos obstáculos, antes de se organizarem
como nação e de se unirem em torno de uma única religião, fundada com o
recebimento do Decálogo ou Dez Mandamentos, no monte Sinai (Êxodo, 20: 1-26).
Consta que, para suprir a fome de milhares de judeus (cerca de 600 mil), Deus
teria concedido o manah, alimento que caía do céu em forma de chuva (Êxodo,
16:4-5).
Estando Moisés com o povo num
lugar sem água, viu-se em extrema dificuldade, já que as pessoas ameaçavam
apedrejá-lo. Ele, então, recorre a Deus no sentido de solucionar o problema. O
Senhor orienta Moisés a ir até a pedra de Horeb e feri-la com a mesma vara com
a qual ele tocara o rio. Moisés segue as orientações dadas pelo Senhor, e a
água surge para saciar a sede do povo (Êxodo, 15: 23-27; 17). No terceiro mês
após a saída do Egito, diz a tradição, que os israelitas chegaram ao pé do
Sinai, armaram suas tendas e Moisés subiu até o cimo, onde o Senhor lhe disse:
“Manda que lavem as vestes e estejam
prontos para o terceiro dia. Nesse dia, quando soar a trombeta, que todos se
aproximem do monte”. Moisés obedeceu ao Senhor e, na madrugada do terceiro
dia, houve trovões e relâmpagos, e uma espessa nuvem envolveu o Sinai. Ouviu-se
o som estridente de trombetas. Todos se atemorizaram (Êxodo, 19). Moisés levou
os israelitas para perto da montanha, e o Senhor promulgou, então, o Decálogo,
pelas mãos de Moisés, em duas tábuas de pedra (Êxodo, 20: 1-21; Deuteronômio,
5:6-21). Na lei moisaica há duas partes distintas: a Lei de Deus, promulgada no
monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moisés. Uma é
invariável; a outra, apropriada aos costumes e ao caráter do povo, se modifica
com o tempo.
A Lei de Deus está formulada
nos dez mandamentos seguintes:
. Eu sou o Senhor, vosso Deus,
que vos tirei do Egito, da casa da servidão. Não tereis, diante de mim, outros
deuses estrangeiros. Não fareis imagem esculpida, nem figura alguma do que está
em cima do céu, nem embaixo na Terra, nem do que quer que esteja nas águas sob
a terra. Não os adorareis e não lhes prestareis culto soberano.
. Não pronunciareis em vão o
nome do Senhor, vosso Deus.
. Lembrai-vos de santificar o
dia do sábado.
. Honrai a vosso pai e a vossa
mãe, a fim de viverdes longo tempo na terra que o Senhor vosso Deus vos dará.
. Não mateis.
. Não cometais adultério.
. Não roubeis.
. Não presteis testemunho falso
contra o vosso próximo.
. Não desejeis a mulher do
vosso próximo.
. Não cobiceis a casa do vosso
próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu asno, nem
qualquer das coisas que lhe pertençam.
Esclarecem, ainda, os
Espíritos da Codificação: É de todos os tempos e de todos os países essa lei e
tem, por isso mesmo, caráter divino. Todas as outras são leis que Moisés
decretou, obrigado que se via a conter, pelo temor, um povo de seu natural
turbulento e indisciplinado, no qual tinha ele de combater arraigados abusos e
preconceitos, adquiridos durante a escravidão do Egito. Para imprimir
autoridade às suas leis, houve de lhes atribuir origem divina, conforme o
fizeram todos os legisladores dos povos primitivos. A autoridade do homem precisava
apoiar-se na autoridade de Deus; mas só a ideia de um Deus terrível podia
impressionar criaturas ignorantes, nas quais ainda pouco desenvolvidos se
encontravam o senso moral e o sentimento de uma justiça reta.
Com o Decálogo inicia-se
verdadeiramente a religião judaica, organizada por Moisés, ficando
estabelecidas as bases da teocracia do Judaísmo.
Além de médium, Moisés era
legislador e homem como os demais. A grande lei, diz ele, foi transmitida
diretamente por Deus. Mas conhecidos como hoje se conhecem, os fenômenos
psíquicos, logo se percebe que um Espírito elevado foi o mensageiro daqueles
mandamentos, que o profeta transmitiu à posteridade com as falhas infalíveis do
crivo humano e os acréscimos que a época impunha. Devemos considerar que,
devido ao nível evolutivo de Moisés, é improvável que ele conversasse
diretamente com Deus. A [...] Lei ou a base da Lei, nos dez mandamentos,
foi-lhe ditada pelos emissários de Jesus, porquanto todos os movimentos de
evolução material e espiritual do orbe se processaram, como até hoje se
processam, sob o seu augusto e misericordioso patrocínio.
É importante destacar também o
seguinte: As [...] seitas religiosas, de todos os tempos, pela influenciação
dos seus sacerdotes, procuram modificar os textos sagrados; todavia, apesar das
alterações transitórias, os dez mandamentos, transmitidos à Terra por intermédio
de Moisés, voltam sempre a ressurgir na sua pureza primitiva, como base de todo
o direito no mundo, sustentáculo de todos os códigos da justiça terrestre.
Moisés possuía uma mediunidade prodigiosa, desenvolvida na intimidade do templo
egípcio. Todavia, o seu Espírito ainda tinha muito o que evoluir. Por esse
motivo há discrepâncias entre o que ensinava, tendo como base o Decálogo, e o
que exemplificava. A legislação de Moisés está cheia de lendas e de crueldades
compatíveis com a época, mas, escoimada de todos os comentários fabulosos a seu
respeito, a sua figura é, de fato, a de um homem extraordinário, revestido dos
mais elevados poderes espirituais. Foi o primeiro a tornar acessíveis às massas
populares os ensinamentos somente conseguidos à custa de longa e penosa
iniciação, com a síntese luminosa de grandes verdades.
A saída do Egito é comemorada
como a Páscoa judaica. É uma das tradições primitivas mais festejadas, mas sem
o cerimonial e a concepção extremista do passado. A tradição transmitida às
gerações futuras diz que essa festa foi, até a morte de Moisés, comandada por
Miriam, sua irmã (a que ficou vigiando-o quando, em criança, foi colocado numa
cesta no Nilo), e se caracterizava por danças e cânticos alegres, animados
pelos sons de tamborins. Moisés era possuidor de uma personalidade magnética,
dominadora, hábil manipulador das massas e grande líder. Sabia incutir nas
almas supersticiosas e ignorantes os temores animistas de um Deus vingador e
zeloso. A sua prodigiosa mediunidade de efeitos físicos, associada à de outros
auxiliares diretos, sobretudo a do seu irmão Aarão, que tinha o dom da fala e
do convencimento, foram fatores que contribuíram para organizar a nação e a
religião judaicas. Contudo, Moisés era um produto do meio onde fora criado em
que o conhecimento espiritual era usado para obter domínio junto às mentes
vacilantes. Outro costume herdado da sua educação egípcia está relacionado à
infidelidade conjugal, incomum entre os judeus, mas difundida entre os não
hebreus. Acredita-se que Moisés desentendeu vezes sem conta com a sua irmã
Miriam a este respeito, pois, é sabido que o missionário teve outras esposas,
além de Zipporah [Zípora] (Números, 12:1-16; Juízes, 4:11).
Acredita-se que Moisés,
educado na cultura egípcia, teria sido um sacerdote de Osíris. Ele julgava o
ritual da religião faraônica muito complicado e que merecia ser simplificado.
Para ele os rituais mais significativos estavam diretamente relacionados aos
números, fazendo surgir, assim, as bases da Cabala judaica. Este foi o ponto
inicial da cisão ocorrida entre Moisés e os egípcios. Dessa forma, rompe com a
tradição dos chamados iniciados. Ele ensinou, a todos, os mistérios da Cabala,
mas sob o véu do simbolismo, de forma que somente os Espíritos mais adiantados
ou argutos conseguiram entendê-la. Por essa razão é que muitos livros de Moisés
podem parecer infantis aos que desconhecem o lado oculto dos ensinamentos, transmitidos
de forma oral.
A tradição oral da Cabala não
é repassada a qualquer adepto do Judaismo. É, antes, confiada a 70 discípulos
escolhidos segundo as ideias existentes em Números, 11:16-17 e 25. A esotérica
iniciação judaica acontece com a compreensão do Livro da criação, ou Sepher
Jersirah, e do Livro dos princípios, ou Zohah. São obras de leitura e entendimento
difíceis, uma vez que a linguagem abstrata é incompreensível para quem não tem
a chave da iniciação (transmitida oralmente). Um dos mestres do pensamento
esotérico moderno, Eduardo Schuré, não tem dúvidas de que Moisés teria escrito
o livro Gênesis em hieróglifos, em três sentidos diferentes, confiando a chave
da interpretação e a explicação dos mesmos, oralmente, aos seus sucessores. A
chave e as explicações estariam relacionadas não apenas aos números, mas à
sonoridade da pronúncia das palavras que, parece, induziriam a um estado de
transe e ligação com Espíritos. Ainda segundo este estudioso, na época de
Salomão o livro Gênesis teria sido traduzido em caracteres fenícios e, quando
em cativeiro na Babilônia, Esdras o teria redigido em caracteres arianos
caldaicos. Os tradutores gregos da Bíblia tinham uma informação superficial da
chave e explicações de Moisés. São Jerônimo, que fez a versão da Bíblia para o
latim, nada sabia das tradições. Foi assim que se perdeu, pelo menos para os
religiosos não-judeus, o entendimento esotérico dos ensinamentos de Moisés.
Até agora, a Humanidade da Era
Cristã recebeu a grande Revelação em três aspectos essenciais:
Moisés trouxe a missão de
Justiça;
o Evangelho, a revelação de
insuperável Amor, e
o Espiritismo, em sua feição
de Cristianismo Redivivo, traz, por sua vez, a sublime tarefa da Verdade.
No centro das três revelações
encontra-se Jesus Cristo, como o fundamento de toda a luz e de toda a
sabedoria. É que, com o Amor, a Lei manifestou-se na Terra no seu esplendor
máximo; a Justiça e a Verdade nada mais são que os instrumentos divinos de sua
exteriorização, com aquele Cordeiro de Deus, alma da redenção de toda a
Humanidade. A Justiça, portanto, lhe aplainou os caminhos, e a Verdade, conseguintemente,
esclarece os seus divinos ensinamentos [...].” -( FEB - EADE )-
Estudo do Livro dos Espíritos
120. Todos os Espíritos passam pela fieira do mal para
chegar ao bem?
“Pela fieira do mal, não; pela fieira da ignorância.”
Que a graça e a paz sejam conosco!
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