"Porei minhas leis em seus corações e as escreverei em seus entendimentos." -( Hebreus, 10: 16 )-
Amados irmãos, bom dia!
Quando nos criou o Pai Celestial nos capacitou a caminharmos com nossas próprias pernas e para tanto, "gravou em nós" os seus sagrados ensinamentos. Portanto, quando nos sentirmos em dúvida basta que olhemos para dentro de nós mesmos e busquemos em nossa sagrada essência a orientação que, com o auxílio do nosso Mestre Jesus e com a ação dos bons Espíritos, jamais haveremos de ficar sem respostas.
“Maria, segundo informações
das fontes cristãs antigas, era filha de pais judeus, Joaquim e Ana. Há dúvidas
quanto ao local exato do seu nascimento — ocorrido entre 18 ou 20 a.C. — , em
Jerusalém ou em Séforis, na Galileia. Possivelmente, ela casou aos 14 anos,
como era comum à época. Durante a sua infância viveu em Nazaré, onde ficou
noiva do carpinteiro José, da tribo de Davi. Algumas fontes históricas indicam
que Maria e José tiveram outros filhos, depois de Jesus. Não há, porém, provas
ou evidências concretas. O Evangelho segundo Lucas é a principal fonte bíblica
sobre Maria cuja referência é feita em momentos específicos: na aparição do
anjo para anunciar a vinda de Jesus; na visita de Maria à sua prima Isabel; no
nascimento de Jesus, em uma estrebaria da cidade de Belém; na chegada dos
magos, logo após o nascimento do Cristo; na fuga para o Egito, em razão da
perseguição de Herodes; no retorno à Galileia, após a morte de Herodes; na
visita ao templo, durante o período da purificação, quando encontra Simeão e
Ana, a profetiza; no diálogo de Jesus com os doutores; nas bodas de Caná; na
crucificação de Jesus e no dia de Pentecostes. As tradições cristãs revelam que
Maria ficou sob o amparo do apóstolo e evangelista João, em Jerusalém e em
Éfeso, atendendo a orientação de Jesus. Acredita-se que ela tenha morrido em
Jerusalém.
Há quem afirme, porém, que sua
“ascenção aos céus” ocorreu em Éfeso. Esta questão deve ser analisada com cuidado.
A ascensão de Maria, em termos espíritas, deve ser vista como num desdobramento
seguido de materialização — à semelhança do que acontecia com Antônio de Pádua
— , ou materialização do seu Espírito, após a desencarnação. Não se sabe ao
certo quando ela morreu. Maria (ou Miriam) é um nome de origem hebraica,
significando: Senhora da Luz. Sua figura no Novo Testamento é discreta, o que
não diminui seu valor e a sua importância. Buscando [...] alguém no mundo para
exercer a necessária tutela sobre a vida, preciosa do Embaixador divino, o
supremo poder do Universo não hesitou em recorrer à abnegada mulher, escondida
num lar apagado e simples... Humilde, ocultava a experiência dos sábios; frágil
como o lírio, trazia consigo a resistência do diamante; pobre entre os pobres,
carreava na própria virtude os tesouros incorruptíveis do coração, e, desvalida
entre os homens, era grande e prestigiosa perante Deus. Vemos, também, que a
sua figura é reverenciada com carinho e profunda gratidão, como a sublime mãe
de Jesus ou, simplesmente, Maria de Nazaré.
No Espiritismo — doutrina que
se assenta em bases científicas, filosóficas e religiosas, nesta última, como
Cristianismo redivivo, caracteriza o Consolador prometido por Jesus — também
aprendemos a reconhecer em Maria uma Entidade evoluidíssima, que já havia
conquistado, há (mais de) 2000 anos, elevadas virtudes, tornando-a apta a
desempenhar na crosta terrestre tão elevada missão, recebendo em seus braços o
Emissário de Deus que se fez menino para se transformar “no modelo da perfeição
moral que a Humanidade pode pretender sobre a Terra”. Além do que se conhece
nas antigas tradições religiosas, especialmente no Novo Testamento, encontramos
na literatura espírita outros importantes dados biográficos de Maria, que vieram
até nós por via mediúnica, naturalmente extraídos de arquivos fidedignos do
mundo espiritual, revelando-nos que ela continua até hoje zelando com muito
carinho pela humanidade terrestre, encarnada e desencarnada. Maria de Nazaré
simboliza “[...] terras de virtudes fartas, o mesmo não sucede aos apóstolos
que, a cada passo, necessitam recorrer à fonte das lágrimas que escorrem do
monturo de remorsos e fraquezas [...]”.
Por ser um Espírito de grandes
conquistas evolutivas e virtudes, consciente de sua tarefa, curva-se, humilde,
diante do anjo que, em nome do Pai, lhe anuncia que será a mãe de Jesus, o
Salvador, dizendo: “Eis aqui a serva do Senhor, cumpra-se em mim segundo a tua
palavra” (Lucas, 1:38). Maria profere um dos mais belos cânticos de louvor e agradecimento
a Deus, após a visita do anjo que lhe informou sobre a vinda do Cristo. A minha
alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador,
porque atentou na humildade de sua serva; pois eis que, desde agora, todas as
gerações me chamarão bem-aventurada. Porque me fez grandes coisas o Poderoso; e
Santo é o seu nome. E a sua misericórdia é de geração em geração sobre os que o
temem. Com o seu braço, agiu valorosamente, dissipou os soberbos no pensamento
de seu coração, depôs dos tronos os poderosos e elevou os humildes; encheu de
bens os famintos, despediu vazios os ricos, e auxiliou a Israel, seu servo,
recordando-se da sua misericórdia (como falou a nossos pais) para com Abraão e
sua posteridade, para sempre (Lucas, 1:46-55).
Muitas obras espíritas enfocam
a figura de Maria como de grande importância para os cristãos. No artigo
“Notícias de Maria, a mãe de Jesus”, publicado no Anuário espírita de 1986,
encontramos informações a respeito dessa figura ímpar da história do Cristianismo.
No livro Boa nova, o Espírito Humberto de Campos destaca: Maria foi cognominada
de “bendita” ou “bem-aventurada” porque foi a escolhida para ser a mãe de
Jesus. Esta informação está em Lucas, em dois momentos diferentes:
» Quando o anjo anuncia a vinda
de Jesus: “Salve, agraciada; o Senhor é contido; bendita és tu entre as
mulheres” (Lucas, 1:28).
» Quando da visita à prima
Isabel: “Bendita és tu entre as mulheres, e é bendito o fruto do teu ventre”
(Lucas, 1:42).
Além dos relatos evangélicos, Maria
é também mencionada nos escritos de alguns pais da Igreja Católica Romana,
entre os quais, Justino Inácio, Tertuliano e Atanásio. Em obras cristãs, não
incluídas nos canônes da igreja de Roma, isto é, nas escrituras apócrifas,
encontramos referências sempre respeitosas a Maria. No evangelho de Tiago e na
deliberação do Concílio de Éfeso (431 E.C.), ela foi proclamada Theotokos, isto
é, “Portadora de Deus”. Importa considerar, como referência histórica, a
existência de uma escritura apócrifa denominada “O evangelho gnóstico de
Maria”, e outra produzida na Idade Média, intitulada “Evangelho do nascimento
de Maria.” Essas e outras obras serviram de base para o culto a Maria,
existente, em especial, nas igrejas católica romana e ortodoxa. O autor de Boa
nova, nos revela momentos pungentes da vida de Maria, como, por exemplo,
durante a crucificação de Jesus. Humberto de Campos descreve a dor profunda e
silenciosa de Maria, que comove e causa admiração, nos fazendo refletir a
respeito da grandiosidade desse Espírito. Junto da cruz, o vulto agoniado de
Maria produzia dolorosa e indelével impressão. Com o pensamento ansioso e
torturado, olhos fixos no madeiro das perfídias humanas, a ternura materna
regredia ao passado em amarguradas recordações. Ali estava, na hora extrema, o
filho bem-amado. Maria deixava-se ir na corrente infinda das lembranças. Eram
as circunstâncias maravilhosas em que o nascimento de Jesus lhe fora anunciado,
a amizade de Izabel, as profecias do velho Simeão, reconhecendo que a
assistência de Deus se tornara incontestável nos menores detalhes de sua vida.
Naquele instante supremo revia, a manjedoura, na sua beleza agreste, sentindo
que a Natureza parecia desejar redizer aos seus ouvidos o cântico de glória
daquela noite inolvidável. Através do véu espesso das lágrimas, repassou, uma
por uma, as cenas da infância do filho estremecido, observando o alarma
interior das mais doces reminiscências. Nas menores coisas, reconhecia a
intervenção da Providência celestial; entretanto, naquela hora, seu pensamento
vagava também pelo vasto mar das mais aflitivas interrogações. [...] Que
profundos desígnios haviam conduzido seu filho adorado à cruz do suplício? Uma
voz amiga lhe falava ao espírito, dizendo das determinações insondáveis e
justas de Deus, que precisam ser aceitas para a redenção divina das criaturas.
Seu coração rebentava em tempestades de lágrimas irreprimíveis; contudo, no
santuário da consciência, repetia a sua afirmação de sincera humildade:
“Faça-se na escrava a vontade do Senhor!”
Resignada diante do maior
testemunho da sua missão, Maria sente uma mão amiga tocar o seu ombro. Era o
apóstolo João a lhe estender os braços amorosos e reconhecidos. Ambos,
compungidos por tanta dor, buscam o olhar de Jesus como a suplicar
entendimento. Fala, então, Maria a Jesus: “Meu filho! Meu amado filho!...”
[...] O Cristo pareceu meditar no auge de suas dores, mas, como se quisesse
demonstrar, no instante derradeiro, a grandeza de sua coragem e a sua perfeita
comunhão com Deus, replicou com significativo movimento dos olhos vigilantes:
“Mãe, eis aí teu filho!...” — E dirigindo-se, de modo especial, com um leve
aceno, ao apóstolo, disse: Filho, eis aí tua mãe! Tempos depois, relata o
Espírito amigo, que João, recordando-se das observações feitas pelo Mestre, vai
ao encontro de Maria e conta-lhe sobre sua nova vida entre almas devotadas e
sinceras no exercício dos ensinamentos cristãos. Num misto de reconhecimento e
ventura Maria se instala junto ao dedicado apóstolo, em Éfeso.
A casa de João [...] ao cabo
de algumas semanas, se transformou num ponto de assembleias adoráveis, onde as
recordações do Messias eram cultuadas por espíritos humildes e sinceros. Maria
externava as suas lembranças. Falava dele com maternal enternecimento, enquanto
o apóstolo comentava as verdades evangélicas, apreciando os ensinos recebidos.
[...] Decorridos alguns meses, grandes fileiras de necessitados acorriam ao
sítio singelo e generoso. A notícia que Maria descansava, agora, entre eles,
espalhara um clarão de esperança por todos os sofredores. Ao passo que João
pregava na cidade as verdades de Deus, ela atendia, no pobre santuário
doméstico, aos que a procuravam exibindo-lhe suas úlceras e necessidades. Sua
choupana era, então, conhecida pelo nome de “Casa da Santíssima”. Os anos
passaram sem que Maria deixasse, um dia, de amparar e transmitir ao coração do
povo as mensagens da Boa Nova. Ao chegar à velhice não sente cansaço nem
amarguras. E num dia, durante as suas orações, relata-nos, ainda, Humberto de
Campos: Enlevada nas suas meditações, Maria viu aproximar-se o vulto de um
pedinte. — Minha mãe — exclamou o recém-chegado, como tantos outros que
recorriam ao seu carinho —, venho fazer-te companhia e receber tua bênção.
Maternalmente, ela o convidou a entrar, impressionada com aquela voz que lhe
inspirava profunda simpatia. O peregrino lhe falou do céu, confortando-a
delicadamente. Comentou as bem-aventuranças divinas que aguardam a todos os
devotados e sinceros filhos de Deus, [...]. Maria sentiu-se empolgada por
tocante surpresa. Que mendigo seria aquele que lhe acalmava as dores secretas
da alma saudosa, com bálsamos tão dulçorosos? Nenhum lhe surgira até então para
dar; era sempre para pedir alguma coisa. [...] Seus olhos se umedeceram de
ventura, sem que conseguisse explicar a razão de sua terna emotividade. Foi
quando o hóspede anônimo lhe estendeu as mãos generosas e lhe falou com
profundo acento de amor: — Minha mãe, vem aos meus braços! Nesse instante,
fitou as mãos nobres que se lhe ofereciam, num gesto da mais bela ternura.
Tomada de comoção profunda, viu nelas duas chagas, como as que seu filho
revelava na cruz, e instintivamente, dirigindo o olhar ansioso para os pés do
peregrino amigo, divisou também aí as úlceras causadas pelos cravos do
suplício. Não pôde mais. Compreendendo a visita amorosa que Deus lhe enviava ao
coração, bradou com infinita alegria: — Meu filho! Meu filho! As úlceras que te
fizeram!... [...] Num ímpeto de amor, fez um movimento para se ajoelhar. Queria
abraçar-se aos pés do seu Jesus e osculá-los com ternura. Ele, porém,
levantando-a, cercado de um halo de luz celestial, se lhe ajoelhou aos pés e
beijando-lhe as mãos, disse em carinhoso transporte: — Sim, minha mãe, sou
eu!... Venho buscar-te, pois meu Pai quer que sejas no meu reino a Rainha dos
anjos... Maria sempre dedicou assistência aos sofredores, como registrou Yvonne
Pereira no livro Memórias de um suicida. A obra descreve a assistência aos
suicidas, em profundo sofrimento no Além pela Legião dos servos, “chefiada pelo
grande Espírito Maria de Nazaré, ser angélico e sublime que na Terra mereceu a
missão honrosa de seguir, com solicitudes maternais, aquele que foi o redentor
dos homens!”.
Muitas são as histórias que
envolvem a ação de Maria de Nazaré em benefício dos que sofrem. No livro Ação e
reação, André Luiz relata o caso de uma senhora que orava fervorosamente,
rogando a proteção de Maria de Nazaré pelos filhos transviados. O instrutor
Silas, citado na referida obra explica a André Luiz: “[...] Petições
semelhantes a esta elevam-se a planos superiores e ai são acolhidas pelos
emissários da Virgem de Nazaré, a fim de serem examinadas e atendidas, conforme
o critério da verdadeira sabedoria.” Em diversas obras os Espíritos superiores
fazem referência à dedicação de Maria aos sofredores. Lembramos, a propósito, a
reverência que o Espírito Bittencourt Sampaio faz à mãe de Jesus em tocante
oração:
Anjo dos bons e Mãe dos
pecadores,
Enquanto ruge o mal,
Senhora, enquanto Reina a
sombra da angústia, abre o teu manto,
Que agasalha e consola as
nossas dores.
Nos caminhos do mundo, há
treva e pranto.
No infortúnio dos homens
sofredores,
Volve à Terra ferida de
amargores
O teu olhar imaculado e santo!
Ó Rainha dos anjos, meiga e
pura,
Estende tuas mãos à desventura
E ajuda-nos, ainda, Mãe
piedosa!
Conduze-nos às bênçãos do teu
porto
E salva o mundo em guerra e
desconforto,
Clareando-lhe a noite
tormentosa...” -( FEB - EADE )-
Estudo do Livro dos Espíritos
125. Os Espíritos que enveredaram pela senda do mal
poderão chegar ao mesmo grau de superioridade que os
outros?
“Sim; mas as eternidades lhes serão mais longas.”
Por estas palavras — as eternidades — se deve entender a
idéia que os Espíritos inferiores fazem da perpetuidade de seus
sofrimentos, cujo termo não lhes é dado ver, idéia que revive
todas as vezes que sucumbem numa prova.
Que a graça e a paz sejam conosco!
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