terça-feira, 8 de agosto de 2017

Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim


"Por ventura não clama a Sabedoria e a inteligência não eleva sua voz?" -( Provérbios, 8: 1 )-




Amados irmãos, bom dia!
"Diante de cada dia que surge, reflitamos na edificação do bem a que somos chamados. Para isso, comecemos abençoando pessoas e acontecimentos, circunstâncias e cousas, para que o melhor se realize." -( Mãos Unidas - Chico Xavier / Emmanuel )-






Interpretação do texto evangélico:

E, partindo Jesus dali, foi para as partes de Tiro e de Sidom. E eis que uma mulher cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada. Mas ele não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, chegando ao pé dele, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós. E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 15: 21-24). 

"A mulher cananéia simboliza todas as nações da Terra que um dia acorrerão a abraçar o Evangelho. Jesus pregou o Evangelho aos Israelitas e assim mesmo a uma diminuta parte deles. Ele veio plantar a semente do Evangelho; outros se encarregariam de cuidar dela, até que se tornasse uma árvore generosa, a cuja sombra descansaria a Humanidade. Por isso é que ele diz que foi enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel.  A ida para “as partes de Tiro e de Sidon” sugere atendimento circunstancial, realizado pelo Mestre e que passaria à História como exemplo. Parece que não havia intenção, por parte de Jesus, em pregar naquela região específica, constituída por povos de tradições culturais e religiosas tão diversas, que ainda não possuíam consciência da idéia de Deus Único. Daí ele responder aos discípulos que lhe pediram para dispensar a solicitante: “Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel”. 

O aprendiz do Evangelho, entretanto, deve estar suficientemente esclarecido, mantendo-se atento aos acontecimentos que surgem, espontaneamente, em sua caminhada evolutiva. Deve considerar que, independentemente dos planejamentos, das diferenças religiosas, do nível de entendimento espiritual, assim como das circunstâncias, pessoas e locais, a necessidade de auxiliar o próximo se revela como prioridade maior da existência. Em geral, é exatamente nesses acontecimentos que se manifesta a vontade do Pai. À primeira vista, parece que Jesus não tinha se apiedado da mulher cananéia, cuja filha estava obsidiada. Tal não era, porém, o pensamento do Mestre, cujo coração pulsava em uníssono com os corações dos sofredores que o chamavam. Com sua palavra, que parece envolver uma recusa, quis Jesus provar se aquela mulher tinha fé suficiente para merecer a graça que pedia. 

Importante atentar-se para a forma como o fato é narrado: “eis que uma mulher cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo”. Está claro que se tratava de um Espírito portador de cultura espiritual pouco abrangente, ainda preso aos campos da evolução natural. Saindo daquelas “cercanias” indica a sua origem. O verbo “sair”, presente na frase, sugere que, nada obstante seus parcos conhecimentos espirituais, ela já revelava possuir alguma informação,  não se mantendo presa às orientações da prática politeísta. A mulher cananéia foi atraída por uma fonte vibracional diferente, plena de amor e de energias positivas, consubstanciada na figura de Jesus que, eventualmente, por ali se movimentava. 

Jesus, em sua passagem pelo Planeta, foi a sublimação individualizada do magnetismo pessoal, em sua expressão substancialmente divina. As criaturas disputavam-lhe o encanto da presença, as multidões seguiam-lhe os passos, tocadas de singular admiração. Quase toda gente buscava tocar-lhe a vestidura. DEle emanavam irradiações de amor que neutralizavam moléstias recalcitrantes. Produzia o Mestre, espontaneamente, o clima de paz que alcançava quantos lhe gozavam a companhia.  Por outro lado, o pedido da mulher extrapolava as meras necessidades de ordem física, revelando o desejo sincero de libertar do sofrimento um ente querido, ainda que a súplica pedisse misericórdia para si mesma: “Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada”. O pedido de socorro, na verdade, era para um ser amado, preso ao doloroso processo obsessivo da subjugação. Nessas condições, as circunstâncias são alteradas pela força do amor, cujo poder é inestimável. Só o amor consegue totalizar a glória da vida. Quem vive respira. Quem trabalha progride. Quem sabe percebe. Quem ama respira, progride, percebe, compreende, serve e sublima, espalhando a felicidade. 

Informa, contudo, o versículo 23 de Mateus que: “Mas ele não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, chegando ao pé dele, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós”. Trata-se de uma situação especial em que o silêncio é a melhor resposta, a forma mais prudente de agir, diante de pessoas que demonstram pouco entendimento da realidade dos fatos, ou que se encontram sob o impacto de forte emoção. É medida de bom senso silenciar e aguardar o trabalho do tempo. Por outro lado, é possível que os discípulos tenham interpretado equivocadamente o silêncio de Jesus, por isto disseram ao Senhor: “Despede-a, que vem gritando atrás de nós”. Esta colocação provocou a manifestação de Jesus por meio destas palavras, constantes do versículo 24: “Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel”. Quer isto dizer que, a despeito de sua mensagem ser destinada a todos os povos do Planeta, do passado, presente e futuro, naquele momento específico recordava que, primordialmente, era  preciso semeá-la, com proveito, no meio onde oferecia melhores condições: os judeus, os quais possuíam base monoteísta firme, a despeito dos desvios religiosos e dos equívocos existentes. Os povos gentílicos seriam objeto de atendimento especial, posteriormente. Era preciso, antes de conhecer o Evangelho, ter noção de Deus único. 

De acordo com as orientações espíritas, as “ovelhas perdidas da casa de Israel” referem-se a um grupo de Espíritos, vindos de Capela, cujo aproveitamento dos ensinamentos superiores foi praticamente nulificado, a despeito da crença monoteísta que possuíam. Renasceram na Terra para reparar erros cometidos contra a Lei de Deus. Degredados no nosso orbe, assumiram o compromisso de cooperarem no progresso da Humanidade terrestre, transmitindo-lhe a idéia de Deus Único. Ao mesmo tempo, reajustavam-se perante a Lei Divina. Emmanuel esclarece a respeito desses degredados no nosso mundo: Foi assim que Jesus recebeu, à luz do seu reino de amor e de justiça, aquela turba de seres sofredores e infelizes. Com a sua palavra sábia e compassiva, exortou essas almas desventuradas à edificação da consciência pelo cumprimento dos deveres de solidariedade e de amor, no esforço regenerador de si mesmas. Mostrou-lhes os campos imensos de lutas que se desdobravam na Terra, envolvendo-as no halo bendito da sua misericórdia e da sua caridade sem limites. Abençoou-lhes as lágrimas santificadoras, fazendo-lhes sentir os sagrados triunfos do futuro e prometendo-lhes a sua colaboração cotidiana e a sua vinda no porvir. " -( FEB - EADE )- 





Estudo do Livro dos Espíritos






554. Não pode aquele que, com ou sem razão, confia no que chama a virtude de um talismã, atrair um Espírito, por efeito mesmo dessa confiança, visto que, então, o que atua é o pensamento, não passando o talismã de um sinal que apenas lhe auxilia a concentração? 

“É verdade; mas, da pureza da intenção e da elevação dos sentimentos depende a natureza do Espírito que é atraído. Ora, muito raramente aquele que seja bastante simplório para acreditar na virtude de um talismã deixará de colimar um fim mais material do que moral. Qualquer, porém, que seja o caso, essa crença denuncia uma inferioridade e uma fraqueza de idéias que favorecem a ação dos Espíritos imperfeitos e escarninhos.”




Que a graça e a paz sejam conosco!

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