segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Destruição necessária e destruição abusiva

"Ao encerrarmos mais um mês, sejamos gratos ao Senhor por todo o cuidado com o qual nos sustentou e que nossos sentidos estejam de prontidão para escutar a sua voz a nos direcionar em nossa caminhada".










Amados irmãos, bom dia!
Hoje vamos estudar uma lei que, aparentemente, pode nos parecer incoerente, mas, sabemos não haver incoerências nas leis divinas, precisaremos compreendê-la profundamente. É a lei da destruição necessária e da destruição abusiva. Que os bons Espíritos sejam conosco a nos auxiliar em seu entendimento.








"Há duas formas de destruição no Planeta: uma é benéfica, a outra é abusiva. A primeira [...] não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e melhoria dos seres vivos. A segunda, não prevista na lei de Deus, resulta da imperfeição moral e intelectual do homem, em razão da predominância [...] da bestialidade sobre a natureza espiritual. Toda destruição que excede os limites da necessidade é uma violação da lei de Deus.

A destruição recíproca dos seres vivos é, dentre as leis da Natureza, uma das que, à primeira vista, menos parecem conciliar-se com a bondade de Deus. Pergunta-se por que lhes criou ele a necessidade de mutuamente se destruírem, para se alimentarem uns à custa dos outros. Para quem apenas vê a matéria e restringe à vida presente a sua visão, há de isso, com efeito, parecer uma imperfeição na obra divina. É que, em geral, os homens apreciam a perfeição de Deus do ponto de vista humano; medindo-lhe a sabedoria pelo juízo que dela formam, pensam que Deus não poderia fazer coisa melhor do que eles próprios fariam. Não lhes permitindo a curta visão, de que dispõem, apreciar o conjunto, não compreendem que um bem real possa decorrer de um mal aparente. Só o conhecimento do princípio espiritual, considerado em sua verdadeira essência, e o da grande lei de unidade, que constitui a harmonia da criação, pode dar ao homem a chave desse mistério e mostrar-lhe a sabedoria providencial e a harmonia, exatamente onde apenas vê uma anomalia e uma contradição.

A verdadeira vida, tanto do animal como do homem, não está no invólucro corporal, do mesmo modo que não está no vestuário. Está no princípio inteligente que preexiste e sobrevive ao corpo. Esse princípio necessita do corpo, para se desenvolver pelo trabalho que lhe cumpre realizar sobre a matéria bruta. O corpo se consome nesse trabalho, mas o Espírito não se gasta; ao contrário, sai dele cada vez mais forte, mais lúcido e mais apto. [...] Por meio do incessante espetáculo da destruição, ensina Deus aos homens o pouco caso que devem fazer do envoltório material e lhes suscita a idéia da vida espiritual, fazendo que a desejem como uma compensação. Objetar-se-á: não podia Deus chegar ao mesmo resultado por outros meios, sem constranger os seres vivos a se entredestruírem?

Desde que na sua obra tudo é sabedoria, devemos supor que esta não existirá mais num ponto do que noutros; se não o compreendemos assim, devemos atribuí-lo à nossa falta de adiantamento. Contudo, podemos tentar a pesquisa da razão do que nos pareça defeituoso, tomando por bússola este princípio: Deus há de ser infinitamente justo e sábio. Procuremos, portanto, em tudo, a sua justiça e a sua sabedoria e curvemo-nos diante do que ultrapasse o nosso entendimento.

Uma primeira utilidade que se apresenta de tal destruição, utilidade, sem dúvida, puramente física, é esta: os corpos orgânicos só se conservam com o auxílio das matérias orgânicas, matérias que só elas contêm os elementos nutritivos necessários à transformação deles. Como instrumentos de ação para o princípio inteligente, precisando os corpos ser constantemente renovados, a Providência faz que sirvam ao seu mútuo entretenimento. Eis por que os seres se nutrem uns dos outros. Mas, então, é o corpo que se nutre do corpo, sem que o Espírito se aniquile ou altere. Fica apenas despojado do seu envoltório. Há também considerações morais de ordem elevada. É necessária a luta para o desenvolvimento do Espírito. Na luta é que ele exercita suas faculdades. O que ataca em busca do alimento e o que se defende para conservar a vida usam de habilidade e inteligência, aumentando, em consequência, suas forças intelectuais. Um dos dois sucumbe; mas, em realidade, que foi o que o mais forte ou o mais destro tirou ao mais fraco? A veste de carne, nada mais; ulteriormente, o Espírito, que não morreu, tomará outra. A [...] lei de destruição é, por assim dizer, o complemento do processo evolutivo, visto ser preciso morrer para renascer e passar por milhares de metamorfoses, animando formas corporais gradativamente mais aperfeiçoadas, e é desse modo que, paralelamente, os seres vão passando por estados de consciência cada vez mais lúcidos, até atingir, na espécie humana, o reinado da Razão. A denominada lei de destruição melhor se conceituaria, no dizer dos Instrutores Espirituais, como lei de transformação. O que ocorre, na realidade, é a transformação e não a destruição, tanto no que concerne à matéria, quanto no que se refere ao Espírito. A célebre anunciação de Lavoisier * — na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma — foi uma antevisão científica, no campo da matéria, do que os Espíritos viriam confirmar mais tarde ao Codificador. Tomada como transformação, a norma aplica-se também ao Espírito eterno, indestrutível, mas em contínua mutação, obedecendo à evolução e ao progresso sob os processos mais variados e complexos.

Nos seres inferiores da criação, naqueles a quem ainda falta o senso moral, nos quais a inteligência ainda não substituiu o instinto, a luta não pode ter por móvel senão a satisfação de uma necessidade material. A destruição mútua existente entre os animais, mantida às custas da cadeia alimentar, atende à lei natural de preservação e diversidade biológica das espécies da Natureza. No homem, há um período de transição em que ele mal se distingue do bruto. Nas primeiras idades, domina o instinto animal e a luta ainda tem por móvel a satisfação das necessidades materiais. Mais tarde, contrabalançam-se o instinto animal e o sentimento moral; luta então o homem, não mais para se alimentar, porém, para satisfazer à sua ambição, ao seu orgulho, à necessidade, que experimenta, de dominar. Para isso, ainda lhe é preciso destruir. Todavia, à medida que o senso moral prepondera, desenvolve-se a sensibilidade, diminui a necessidade de destruir, acaba mesmo por desaparecer, por se tornar odiosa. O homem ganha horror ao sangue. Contudo, a luta é sempre necessária ao desenvolvimento do Espírito, pois, mesmo chegando a esse ponto, que parece culminante, ele ainda está longe de ser perfeito. Só à custa de muita atividade adquire conhecimento, experiência e se despoja dos últimos vestígios da animalidade. Mas, nessa ocasião, a luta, de sangrenta e brutal que era, se torna puramente intelectual. O homem luta contra as dificuldades, não mais contra os seus semelhantes.

A sabedoria divina dotou os seres vivos de dois instintos opostos: o de destruição e o de conservação. Ambos funcionam como princípios da natureza.

Pelo primeiro, os seres se destroem reciprocamente, visando diferentes fins, entre os quais a alimentação com os despojos materiais. Deus coloca [...] o remédio ao lado do mal [...] para manter o equilíbrio e servir de contrapeso. É por essa razão que as [...] criaturas são instrumentos de que Deus se serve para chegar aos fins que objetiva. Para se alimentarem, os seres vivos reciprocamente se destroem, destruição esta que obedece a um duplo fim: manutenção do equilíbrio na reprodução, que poderia tornar-se excessiva, e utilização dos despojos do invólucro exterior que sofre a destruição. Esse invólucro é simples acessório e não a parte essencial do ser pensante. A parte essencial é o princípio inteligente, que não se pode destruir e se elabora nas metamorfoses diversas por que passa. A destruição abusiva é, sob qualquer pretexto, um atentado à lei de Deus. Nesse sentido, o [...] homem tem papel preponderante diante dos demais seres vivos, ao dizimar, em larga escala, os demais seres da criação, seja buscando alimentar a crescente população humana, seja aproveitando os despojos animais e vegetais em inúmeras indústrias de transformação, que lhe proporcionam múltiplas utilidades.

Infelizmente, existem significativas e graves destruições no nosso Planeta em razão da desmedida ambição humana. A título de sustentação de preços de mercado, teóricos economistas, há algumas décadas, sustentavam a vantagem da destruição de produtos e colheitas, como aconteceu no Brasil, na década de 1930, quando milhares e milhares de toneladas de café foram queimadas, numa demonstração inequívoca de insensibilidade, de egoísmo e de ignorância dos responsáveis por tais desmandos. Enquanto se estendiam os campos de queima de café no Sul do país, em estúpida destruição, populações inteiras do Nordeste e do Norte não tinham meios de adquirir café para a sua alimentação. [...] Outros abusos que têm provocado a reação e os protestos das populações esclarecidas de todo o Planeta, por sua profunda repercussão no relacionamento entre os seres vivos e o meio ambiente, são os problemas ecológicos. Relativamente recente tem sido a conscientização das populações para esse tipo de destruição, que o homem, consciente ou inconscientemente, vem provocando na terra, nas águas e na atmosfera. [...] Não se pode deixar de reconhecer que os novos processos tecnológicos, aliados à enorme proliferação dos estabelecimentos fabris, sem os necessários cuidados capazes de evitar a poluição, vão causando a destruição da vida animal nos rios, lagos e mares, com o contínuo lançamento de dejetos e resíduos industriais nas águas, ao mesmo tempo que fábricas e máquinas de toda espécie contribuem para poluir a atmosfera. Some-se a tudo isso a destruição contínua das florestas e de muitas espécies animais e ainda a ameaça das bombas, usinas e lixo atômico e tem-se um quadro sombrio das condições materiais do mundo contemporâneo, agravando-se pelo descuido, imprevidência e deseducação, gerando o desequilíbrio mesológico e perspectivas pouco animadoras. Sabemos, entretanto, que a destruição abusiva irá desaparecer, paulatinamente, da Terra, em razão do progresso moral e intelectual do ser humano. Atualmente já existe um número significativo de indivíduos e organizações, espalhados pelo mundo, seriamente trabalhando para que a vida no Planeta se desenvolva num clima de equilíbrio, o que demonstra uma conscientização mais ampla a respeito desse assunto".  -( FEB )-



* LAVOISIER, Antoine (1743-1794): químico francês, guilhotinado durante a Revolução Francesa, é considerado o Pai da Química Moderna. Este lúcido cientista muito contribuiu para o avanço da Ciência nos campos da química geral e da química orgânica.







Que a graça e a paz sejam conosco!

domingo, 30 de agosto de 2015

Limite do trabalho e do repouso


“o Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo” -( Gênesis, 2: 15 )-



Amados irmãos, bom dia!
Deus é justo em tudo e, assim como nos capacitou ao trabalho nos orienta ao descanso. Não seria justo se “apenas” a um nos entregássemos. Que saibamos dividir nosso tempo e usufruir  de ambos.











Limite do trabalho e do repouso

“Sendo o trabalho uma lei natural, o repouso é a consequente conquista a que o homem faz jus para refazer as forças e continuar o ritmo de produtividade. O repouso se lhe impõe como prêmio ao esforço despendido, sendo-lhe facultando o indispensável sustento nos dias da velhice, quando diminuem o poder criativo, as forças e a agilidade na execução das tarefas ligadas à subsistência. Assim, o limite do trabalho é o das próprias forças. [...] Em suma, a esse respeito Deus deixa inteiramente livre o homem. Isso deixa claro que, sendo, como é, fonte de equilíbrio físico e moral, o trabalho deve ser exercido por tanto tempo quanto nos mantenhamos válidos. É preciso buscar a medida do equilíbrio nessa questão, evitando, sempre que possível, comportamentos extremos: nem nos entregar à ociosidade degradante, filha da preguiça, nem nos impor um ritmo excessivo de trabalho, causador de enfermidades.

A natureza exige o emprego de nossas energias e aqueles que se aposentam, sentindo-se ainda em pleno gozo de suas forças físicas e mentais, depressa caem no fastio, tornando-se desassossegados, irritadiços ou hipocondríacos. Alguns tentam eliminar o vazio de suas horas em viagens; outros, em diversões; quase todos, porém, se cansam de uma coisa e outra, entregando-se, por fim, ao alcoolismo, à jogatina e a outros vícios que lhes arruínam, de vez, tanto a saúde como a paz íntima. Abalizados psiquiatras e psicanalistas afirmam, com exato conhecimento de causa, que todos os seres humanos precisam encontrar alguma coisa que possam fazer, pois ninguém consegue ser feliz sem que se sinta útil ou necessário a alguém. Por outro lado, as exigências e competições existentes no mudo moderno vêm contribuindo para que um número significativo de pessoas adotem comportamentos compulsivos, em relação à atividade laboral. São pessoas denominadas Workaholics (ou Work-a-holics), palavra inglesa usada para designar pessoas que têm compulsão por trabalho. Elas trabalham em excesso, vivem e respiraram trabalho vinte e quatro horas por dia. Dividido o tempo entre o trabalho e o lazer, ação e espairecimento, ampliam-se as possibilidades da existência do homem que, então, frui a decorrência do progresso na saúde, nas manifestações artísticas, na cultura, no prazer, dispondo de tempo para as atividades espirituais, igualmente valiosas, senão indispensáveis para a sua paz interior.

Mediante o “trabalho remunerado” o homem modifica o meio, transforma o habitat, cria condições de conforto. Através do “trabalho abnegação”, do qual não decorre troca nem permuta remuneração, ele se modifica a si mesmo, crescendo no sentido moral e espiritual.

O limite do trabalho e do repouso é observado, inclusive, no plano espiritual. André Luiz nos faz inúmeras referências a respeito deste assunto em sua obra. Em Nosso Lar, por exemplo, nos informa: Aqui, em verdade, a lei do descanso é rigorosamente observada, para que determinados servidores não fiquem mais sobrecarregados que outros; mas a lei do trabalho é também rigorosamente cumprida.

Em Os Mensageiros, há um relato do benfeitor Aniceto relacionado a uma específica distribuição de tarefas entre os colaboradores: Na oficina – disse-nos, bondoso – encontramos revigoramento imprescindível ao trabalho. Recebemos reforços de energia, alimentando-nos convenientemente para prosseguir no esforço, mas convenhamos que, para muitos de nós, a noite representou uma série de atividades longas e exaustivas. Necessitamos de algum descanso. Se nos propomos retratar mentalmente a luz dos Planos Superiores, é indispensável que a nossa vontade abrace espontaneamente o trabalho por alimento de cada dia.

No pretérito, apreciávamo-lo por atitude servil de quantos caíssem sob o ferrete da injúria. A escola, as artes, as virtudes domésticas, a indústria e o amanho do solo eram relegados a mãos escravas, reservando-se os braços supostos livres para a inércia dourada. O trabalho escravo, ainda existente em muitas nações, inclusive no Brasil, foi uma prática muito comum no passado. Na época exclusivamente agrícola, a produção exigia uma mão-de-obra permanente, não-remunerada. Por muitos anos, após o período da revolução industrial, o trabalhador era remunerado, mas, em contrapartida, deveria assumir o ônus de uma desumana carga de trabalho, sem descanso ou com pouquíssimo tempo destinado ao repouso. Nesse sentido, o Espiritismo esclarece que devemos ser muito cuidadosos, pois não é correto abusar da autoridade, impondo aos subalternos excessivo trabalho. Segundo os Espíritos Orientadores, quem assim procede está cometendo [...] uma das piores ações. Todo aquele que tem o poder de mandar é responsável pelo excesso de trabalho que imponha a seus inferiores, porquanto, assim fazendo, transgride a lei de Deus”. -( FEB )-



Que a graça e a paz sejam conosco!

sábado, 29 de agosto de 2015

Necessidade do trabalho


O operário merece o seu salário”. –( São Lucas, 10:7 )-








Amados irmãos, bom dia!
A todos deu o Senhor dons para que fossem utilizados no bem pessoal e da coletividade, portanto, saibamos utilizá-los com prontidão em nosso dia a dia.








Necessidade do trabalho

“A necessidade do trabalho é lei da Natureza?
O trabalho é lei da Natureza, por isso mesmo que constitui uma necessidade, e a civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e os gozos”. Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 674.


“O trabalho [...] é lei da Natureza, mediante a qual o homem forja o próprio progresso, desenvolvendo as possibilidades do meio ambiente em que se situa, ampliando os recursos de preservação da vida, por meio das suas necessidades imediatas na comunidade social onde vive. Desde as imperiosas necessidades de comer e beber, defender-se dos excessos climatéricos até os processos de garantia e preservação da espécie, pela reprodução, o homem vê-se coagido à obediência à lei do trabalho. Sendo assim, o trabalho se impõe ao ser humano como uma necessidade porque é um [...] meio de aperfeiçoamento da sua inteligência. Sem o trabalho, o homem permaneceria sempre na infância, quanto à inteligência. Por isso é que seu alimento, sua segurança e seu bem-estar dependem do seu trabalho e da sua atividade.

Ao extremamente fraco de corpo outorgou Deus a inteligência, em compensação. Mas é sempre um trabalho. O trabalho, entendido como lei da Natureza, [...] é das maiores bênçãos de Deus no campo das horas. Em suas dádivas de realização para o bem, o triste se reconforta, o ignorante aprende, o doente se refaz, o criminoso se regenera. É [...] o guia na descoberta de nossas possibilidades divinas, no processo evolutivo do aperfeiçoamento universal. Nele [...] a alma edifica a própria casa, cria valores para a ascensão sublime. Os Espíritos Orientadores nos esclarecem que o trabalho do homem [...] visa duplo fim: a conservação do corpo e o desenvolvimento da faculdade de pensar, o que também é uma necessidade e o eleva acima de si mesmo.

O trabalho, em tese, para o ser em processo de evolução, configura-se sob três aspectos principais: material, espiritual, moral. Através do trabalho material, propriamente dito, dignifica-se o homem no cumprimento dos deveres para consigo mesmo, para com a família que Deus lhe confiou, para com a sociedade de que participa. Pelo trabalho espiritual, exerce a fraternidade com o próximo e aperfeiçoa-se no conhecimento transcendente da alma imortal. No campo da atividade moral, lutará, simultaneamente, por adquirir qualidades elevadas, ou, se for o caso, por sublimar aquelas com que já se sente aquinhoado. Devemos considerar, porém, que não [...] basta se diga ao homem que lhe corre o dever de trabalhar. É preciso que aquele que tem de prover à sua existência por meio do trabalho encontre em que se ocupar, o que nem sempre acontece. Quando se generaliza, a suspensão do trabalho assume as proporções de um flagelo, qual a miséria. Refletindo a respeito desse assunto, entendemos que os conflitos sociais representam uma das principais causas de sofrimento do mundo contemporâneo. Na verdade, é [...] bem sabido que a maior parte das misérias da vida tem origem no egoísmo dos homens. Desde que cada um pensa em si antes de pensar nos outros e cogita antes de tudo de satisfazer aos seus desejos, cada um naturalmente cuida de proporcionar a si mesmo essa satisfação, a todo custo, e sacrifica sem escrúpulo os interesses alheios, assim nas mais insignificantes coisas, como nas maiores, tanto de ordem moral, quanto de ordem material. Daí todos os antagonismos sociais, todas as lutas, todos os conflitos e todas as misérias, visto que cada um só trata de despojar o seu próximo.

Os conflitos sociais não resolvidos, ou incorretamente administrados, podem gerar uma situação de pobreza generalizada, e todas as suas consequências calamitosas. Os espíritas, sabemos que as desigualdades sociais existentes no Planeta estão vinculadas a dois pontos fundamentais: a manifestação da lei de causa e efeito e a visão materialista da vida. No primeiro caso, a pobreza e riqueza devem ser entendidas como instrumento de melhoria espiritual, pois a [...] pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação; a riqueza é, para outros, a prova da caridade e da abnegação.

A visão materialista da vida, alimentada pelo orgulho e egoísmo, estimula a permissibilidade moral, causa do relaxamento dos usos e costumes sociais. As pessoas tornam-se indolentes e omissas, nada fazendo para impedir ou minimizar o estado de sofrimento material e moral reinante ao seu derredor. As desigualdades humanas trazem implicações de ordem econômico-social, em geral decorrentes da má distribuição de rendas, permitindo-se que uma minoria humana viva em abundância, e uma maioria sofra os rigores da pobreza e da miséria. Uma sociedade estabelecida sob essas bases está marcada pelos contrastes sociais, estimuladores do desemprego, da violência e da miséria. A ciência econômica procura remédio para isso no equilíbrio entre a produção e o consumo. Mas, esse equilíbrio, dado seja possível estabelecer-se, sofrerá sempre intermitências, durante as quais não deixa o trabalhador de ter que viver. Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto de hábitos adquiridos. Considerando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a seus próprios instintos, serão de espantar as consequências desastrosas que daí decorrem? Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos. Não podem os homens ser felizes, se não viverem em paz, isto é, se não os animar um sentimento de benevolência, de indulgência e de condescendência recíprocas; numa palavra: enquanto procurarem esmagar-se uns aos outros. A caridade e a fraternidade resumem todas as condições e todos os deveres sociais; uma e outra, porém, pressupõem a abnegação. Ora, a abnegação é incompatível com o egoísmo e o orgulho; logo, com esses vícios, não é possível a verdadeira fraternidade, nem, por conseguinte, igualdade, nem liberdade, dado que o egoísta e o orgulhoso querem tudo para si. Eles serão sempre os vermes roedores de todas as instituições progressistas; enquanto dominarem, ruirão aos seus golpes os mais generosos sistemas sociais, os mais sabiamente combinados. É belo, sem dúvida, proclamar-se o reinado da fraternidade, mas, para que fazê-lo, se uma causa destrutiva existe? É edificar em terreno movediço; o mesmo fora decretar a saúde numa região malsã. Em tal região, para que os homens passem bem, não bastará se mandem médicos, pois que estes morrerão como os outros; insta destruir as causas da insalubridade. Para que os homens vivam na Terra como irmãos, não basta se lhes deem lições de moral; importa destruir as causas de antagonismo, atacar a raiz do mal: o orgulho e o egoísmo.

 O Espiritismo nos apresenta uma solução para o problema da miséria social, expressa nas seguintes palavras de Allan Kardec: Liberdade, igualdade, fraternidade. Estas três palavras constituem, por si sós, o programa de toda uma ordem social que realizaria o mais absoluto progresso da Humanidade, se os princípios que elas exprimem pudessem receber integral aplicação [...]. A fraternidade, na rigorosa acepção do termo, resume os deveres dos homens, uns para com os outros. Significa: devotamento, abnegação, tolerância, benevolência, indulgência. É, por excelência, a caridade evangélica e a aplicação da máxima: Proceder para com os outros, como quereríamos que os outros procedessem para conosco. O oposto do egoísmo [...]. Considerada do ponto de vista da sua importância para a realização da felicidade social, a fraternidade está na primeira linha: é a base. Sem ela, não poderiam existir a igualdade, nem a liberdade séria. A igualdade decorre da fraternidade e a liberdade é consequência das duas outras. Com efeito, suponhamos uma sociedade de homens bastante desinteressados, bastante bons e benévolos para viverem fraternalmente [...]. Num povo de irmãos, a igualdade será consequência de seus sentimentos, da maneira de procederem, e se estabelecerá pela força mesma das coisas. Qual, porém, o inimigo da igualdade? O orgulho, que faz queira o homem ter em toda parte a primazia e o domínio [...]. A liberdade [...] é filha da fraternidade e da igualdade [...]. Os homens que vivam como irmãos, com direitos iguais, animados do sentimento de benevolência recíproca, praticarão entre si a justiça, não procurarão causar danos uns aos outros e nada, por conseguinte, terão que temer uns dos outros. A liberdade nenhum perigo oferecerá, porque ninguém pensará abusar dela em prejuízo de seus semelhantes. [...].

Esses [...] três princípios são [...] solidários entre si e se prestam mútuo apoio; sem a reunião deles o edifício social não estaria completo. O da fraternidade não pode ser praticado em toda a pureza, com exclusão dos dois outros, porquanto, sem a igualdade e a liberdade, não há verdadeira fraternidade. A liberdade sem a fraternidade é rédea solta a todas as más paixões, que desde então ficam sem freio; com a fraternidade, o homem nenhum mau uso faz da sua liberdade: é a ordem; sem a fraternidade, usa da liberdade para dar curso a todas as suas torpezas: é a anarquia, a licença. Por isso é que as nações mais livres se veem obrigadas a criar restrições à liberdade. A igualdade, sem a fraternidade, conduz aos mesmos resultados, visto que a igualdade reclama a liberdade; sob o pretexto de igualdade, o pequeno rebaixa o grande, para lhe tomar o lugar, e se torna tirano por sua vez; tudo se reduz a um deslocamento de despotismo”. -( FEB )-






Que a graça e a paz sejam conosco!

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Vida em família e laços de parentesco I


“A família é, pois, uma instituição divina, cuja finalidade precípua consiste em estreitar os laços sociais, ensejando-nos o melhor modo de aprendermos a amar-nos como irmãos”.



Amados irmãos, bom dia!
Sabemos que a família é a célula mãe da sociedade. E em meio a tantas transformações que temos acompanhado, sempre é bom meditar sobre esse tema de crucial importância. O texto é um pouco longo, mas, necessário para a importância do tema.
Que os bons Espíritos sejam conosco para nossa plena compreensão de tão nobre questão.






Vida em família e laços de parentesco

“Há no homem alguma coisa mais, além das necessidades físicas: há a necessidade de progredir. Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família mais apertados tornam os primeiros. Eis que os segundos constituem uma lei da Natureza. Quis Deus que, por essa forma, os homens aprendessem a amar-se como irmãos.

A família é, pois [...] uma instituição divina, cuja finalidade precípua consiste em estreitar os laços sociais, ensejando-nos o melhor modo de aprendermos a amar-nos como irmãos. Nesse sentido, o relaxamento dos laços de família representa uma prática anti-natural, uma [...] recrudescência do egoísmo. De todas as associações existentes na Terra [...] nenhuma talvez mais importante em sua função educadora e regenerativa: a constituição da família. De semelhante agremiação, na qual dois seres se conjugam, atendendo aos vínculos do afeto, surge o lar, garantindo os alicerces da civilização. Através do casal, aí estabelecido, funciona o princípio da reencarnação, consoante as Leis Divinas, possibilitando o trabalho executivo dos mais elevados programas de ação do Mundo Espiritual. Fácil entender que é assim justamente que nós, os espíritos eternos, atendendo aos impositivos do progresso, nos revezamos na arena do mundo, ora envergando a posição de pais, ora desempenhando o papel de filhos, aprendendo, gradativamente, na carteira do corpo carnal, as lições profundas do amor — do amor que nos soerguerá, um dia, em definitivo, da Terra para os Céus.

A [...] família, genericamente, representa o clã social ou de sintonia por identidade que reúne espécimes dentro da mesma classificação. Juridicamente, porém, a família se deriva da união de dois seres que se elegem para uma vida em comum, através de um contrato, dando origem à genitura da mesma espécie. [...] A família tem suas próprias leis, que consubstanciam as regras do bom comportamento dentro do impositivo do respeito ético, recíproco entre os seus membros, favorável à perfeita harmonia que deve vigir sob o mesmo teto em que se agasalham os que se consorciam. [...] O lar, no entanto, não pode ser configurado como a edificação material, capaz de oferecer segurança e paz aos que aí se resguardam.  Habitualmente — nunca sempre — somos nós mesmos quem planifica a formação da família, antes do renascimento terrestre, com o amparo e a supervisão de instrutores beneméritos, à maneira da casa que levantamos no mundo, com o apoio de arquitetos e técnicos distintos. Comumente chamamos a nós antigos companheiros de aventuras infelizes, programando-lhes a volta ao nosso convívio, a prometer-lhes socorro e oportunidade, em que se lhes reedifique a esperança de elevação e resgate, burilamento e melhoria. É importante considerar, entretanto, que não [...] são os da consanguinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de idéias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações. Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se fossem pelo sangue. Podem então atrair-se, buscar-se, sentir prazer quando juntos, ao passo que dois irmãos consanguíneos podem repelir-se, conforme se observa todos os dias: problema moral que só o Espiritismo podia resolver pela pluralidade das existências.

Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual. Por intermédio da paternidade e da maternidade, o homem e a mulher adquirem mais amplos créditos da Vida Superior. [...] Os filhos são liames de amor conscientizado que lhes granjeiam proteção mais extensa do Mundo Maior, de vez que todos nós integramos grupos afins. Na arena terrestre, é justo que determinada criatura se faça assistida por outras que lhe respiram a mesma faixa de interesse afetivo. De modo idêntico, é natural que as inteligências domiciliadas nas Esferas Superiores se consagrem a resguardar e guiar aqueles companheiros de experiência, volvidos à reencarnação para fins de progresso e burilamento. A parentela no Planeta faz-se filtro da família espiritual sediada além da existência física, mantendo os laços preexistentes entre aqueles que lhe comungam o clima. Arraigada nas vidas passadas de todos aqueles que a compõem, a família terrestre é formada, assim, de agentes diversos, porquanto nela se reencontram, comumente, afetos e desafetos, amigos e inimigos, para os ajustes e reajustes indispensáveis, ante as leis do destino. Formam famílias os Espíritos que a analogia dos gostos, a identidade do progresso moral e a afeição induzem a reunir-se. Esses mesmos Espíritos, em suas migrações terrenas, se buscam, para se gruparem, como o fazem no espaço, originando-se daí as famílias unidas e homogêneas. Se, nas suas peregrinações, acontece ficarem temporariamente separados, mais tarde tornam a encontrar-se, venturosos pelos novos progressos que realizaram. Mas, como não lhes cumpre trabalhar apenas para si, permite Deus que Espíritos menos adiantados encarnem entre eles, a fim de receberem conselhos e bons exemplos, a bem de seu progresso. Esses Espíritos se tornam, por vezes, causa de perturbação no meio daqueles outros, o que constitui para estes a prova e a tarefa a desempenhar. Na [...] esfera do grupo consanguíneo o Espírito reencarnado segue ao encontro dos laços que entreteceu para si próprio, na linha mental em que se lhe caracterizam as tendências. A chamada hereditariedade psicológica é, por isso, de algum modo, a natural aglutinação dos Espíritos que se afinam nas mesmas atividades e inclinações. Modernamente, ante a precipitação dos conceitos que generalizam na vulgaridade os valores éticos, tem-se a impressão de que paira rude ameaça sobre a estabilidade da família. Mais do que nunca, porém, o conjunto doméstico se deve impor para a sobrevivência a benefício da soberania da própria Humanidade. Atualmente, na fase de aferição de valores morais por que passa a Humanidade, é comum ouvir a voz da imaturidade e do pessimismo anunciando a extinção da família. Entretanto, devemos tranquilizar [...] os nossos corações, porque a família não está em extinção, o processo é de transformação. A vulnerabilidade do bebê humano e sua dependência dos cuidados do adulto são indícios muito fortes de que a família é uma necessidade psicofísica do homem e, portanto, será difícil imaginar um sistema social sem essa instituição básica. O fato de ser a instituição familiar uma necessidade do homem não significa, contudo, que ela seja imutável. A família já se modificou muito desde a fase da sociedade predominantemente agrícola até os dias de hoje. Estamos assistindo a uma nova transformação. Toda mudança sempre acarreta um momento de desorganização e talvez daí tenha surgido a idéia de que a família está se desmoronando, desestruturando-se, extinguindo-se. Algumas pessoas se sentem tão abaladas por essa desordem transitória, que se aferram a um modo de viver já ultrapassado, na tentativa de preservar valores decadentes, acreditando defender assim os interesses da coletividade. Outras se aproveitam da oportunidade para extravasar seus próprios impulsos desequilibrados. Entretanto, o indivíduo que consegue ver o panorama social de um ponto mais elevado, que já desenvolveu a capacidade de pensar criticamente, pode discernir com mais facilidade acerca dos valores a serem preservados, separando-os daqueles que devem ser descartados, contribuindo, desse modo, para a consolidação do progresso”.  -( FEB )-



                                                     Tipos de família




Que a graça e a paz sejam conosco!

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Vida em família e laços de parentesco


"E vós pois, não provoqueis a ira de vossos filhos, mas, criai-os na doutrina e admoestação do Senhor". - ( Paulo em carta ao Efésios. 6:4 )-


Caros irmãos, bom dia!
Hoje refletiremos sobre um texto de Joana de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco, que nos auxilia quanto aos deveres que temos junto aos nossos filhos. Tendo em vista que o assunto de amanhã é sobre a importância da família.





DEVERES DOS PAIS


"Por impositivo da sabedoria divina, no homem a infância demora maior período do  que em outro animal qualquer. Isto porque, enquanto o Espírito assume, a pouco e pouco o controle da organização fisiológica de que se serve para o processo evolutivo, mais fácil se fazem as possibilidades para fixação da aprendizagem e a aquisição dos hábitos que o nortearão por toda a existência planetária.
Como decorrência, grande tarefa se reserva aos pais no que tange aos valores da educação, deveres que não podem ser postergados sob pena de lamentáveis consequências.
Os filhos -  esse patrimônio superior que a Divindade concede por empréstimo, facultam a reajustamento emocional de Espíritos antipáticos entre si, a sublimação das afeições entre os que já se amam, pelo que merecem todo um investimento de amor, de vigilância e de sacrifício por parte dos pais.
 A união conjugal propiciatória da prole edificada em requisitos legais e morais constitui motivo relevante, que não deve ser confundida com as experiências do prazer, que se podem abandonar em face de qualquer conjuntura que exige reflexão, entendimento e renúncia de algum  ou de ambos os pais.
Os deveres dos pais diante dos filhos estão escritos na consciência. As técnicas e a metodologia da educação tornam-se fatores nobres para o êxito desse cometimento. Entretanto o AMOR  que tem escasseado nos processos modernos da educação com lamentáveis resultados, possui os elementos essenciais para o feliz futuro. No compromisso com o amor, estão evidentes o companheirismo, o diálogo franco, a solidariedade, a indulgência e a energia moral de que necessitam os filhos, no longo processo de aquisição dos valores éticos, espirituais, intelectuais e sociais.
No lar a consequência, prossegue na atualidade fundamental importância no complexo mecanismo da educação., Nesse sentido, é de essencial relevância a lição dos EXEMPLOS, a par da assistência constante de que necessitam os caracteres em formação, Nunca deixar esquecido o dever da RESPONSABILIDADE, liberdade de ação e responsabilidade dos atos, ajudando no discernimento desde cedo entre o que deve, convém e se pode realizar. Delineando os hábitos salutares.
Diante do filho, frágil de aparência, tem em mente que se trata de Espírito  comprometido com seu passado, que recomeça a experiência..
Nem o EXCESSO de severidade, nem o ACÚMULO de receios, nem a soma de AFLIÇÕES por ele.
Fala-lhe de DEUS sem cessar, ilumina-lhe a consciência com a fé viva, como farol de bençãos...
Ensina-lhe a HUMILDADE, ante a grandeza da vida e o RESPEITO a todos, como valorização preciosa das concessões divina...
Os pais educam para a sociedade como para si mesmos. Examina a sua vida e retira dela as experiências com que possuas brindar os teus filhos.
Não te poupes esforços na educação de seus filhos...(" Joana de Ângelis, do livro Leis Morais da Vida".)



Que Deus possa abençoar nossas famílias abundantemente e que possamos cumprir nossa missão com dignidade junto aos nossos filhos!

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Lei de Sociedade e Lei do Trabalho - Necessidade da vida social







Amados irmãos, bom dia!
Nenhum homem é uma ilha, não nascemos para vivermos isolados. 
O homem tem que progredir. Insulado, não lhe é isso possível, por não dispor de todas as faculdades. Falta-lhe o contato com os outros homens.


Necessidade da vida social

“A vida vem de Deus e pertence a Deus, pois a vida é a presença de Deus em toda parte. Deus criou a vida de tal forma que tudo nela caminhará dentro da Lei de Evolução. A lei de evolução estabelece que a vida social é necessária porque o [...] homem tem que progredir. Insulado, não lhe é isso possível, por não dispor de todas as faculdades. Falta-lhe o contato com os outros homens. No insulamento, ele se embrutece e estiola. O ser humano é, por natureza, um ser gregário, criado para viver em sociedade. O seu insulamento, mesmo a pretexto de servir a Deus ou de desenvolver virtudes, constitui uma agressão à lei natural, por caracterizar uma fuga injustificável às responsabilidades requeridas ao seu progresso espiritual.

A vida social faz parte da lei natural, uma vez que Deus [...] fez o homem para viver em sociedade. Não lhe deu inutilmente a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação. O insulamento é contrário à lei da Natureza, [...] pois que, por instinto, os homens buscam a sociedade e todos devem concorrer para o progresso, auxiliando-se mutuamente. Graças ao aprendizado desenvolvido ao longo dos tempos, e em razão do próprio dinamismo da existência atual na Terra, diminuem as antigas incursões ao isolacionismo — comuns entre religiosos e filósofos de eras passadas —, seja na solidão das regiões desérticas ou montanhosas, para onde o homem fugia em busca da iluminação espiritual que as meditações favoreciam; seja no silêncio dos claustros e monastérios, que as práticas religiosas impunham, como meio de atingir o estado de contemplação ou êxtase espiritual. Nesse sentido, “negar o mundo”, no conceito evangélico, não significa abandoná-lo, antes criar condições novas a uma vivência mais solidária, capazes de modificar as estruturas e comportamentos egoísticos, engendrando recursos que transformem a habitação terrestre em reduto de esperança, de paz e de fraternidade, à semelhança do “reino dos céus”, a que se reportava Jesus. Devemos considerar, no entanto, que existem seres humanos que fogem dos prazeres e das comodidades do mundo, não para viverem isolados, mas para socorrerem pessoas mais necessitadas. Esses se elevam, rebaixando-se. Têm o duplo mérito de se colocarem acima dos gozos materiais e de fazerem o bem, obedecendo à lei do trabalho. A história da humanidade traz exemplos de homens e mulheres notáveis que se destacaram nos campos do saber religioso ou científico. Essas pessoas, vivendo uma existência de simplicidade e renúncia aos confortos oferecidos pela sociedade, optaram por algo fazer em benefício do próximo. É importante que ampliemos a nossa visão a respeito da vida no planeta Terra, entendendo que a vida é uma grande realização de solidariedade humana.  

Assim, a existência terrestre [...] é uma escola, um meio de educação e de aperfeiçoamento pelo trabalho, pelo estudo e pelo sofrimento.


Sendo assim, homem [...] nenhum possui faculdades completas. Mediante a união social é que elas umas às outras se completam, para lhe assegurarem o bem-estar e o progresso. Por isso é que, precisando uns dos outros, os homens foram feitos para viver em sociedade e não insulados. Essas orientações espíritas, fundamentadas em esclarecimentos evangélicos, determinam que a vida social deve ser caracterizada por um clima de convivência fraterna em que todos se ajudam e se socorrem mutuamente, dirimindo dificuldades e problemas cotidianos. O Espiritismo nos esclarece também que nas relações sociais humanas, o homem deve fazer o bem, [...] pois que isso constitui o objetivo único da vida [...] Sendo assim, [...] facultado lhe é impedir o mal, sobretudo aquele que possa concorrer para a produção de um mal maior. O relacionamento humano equilibrado nos impõe regras de convivência social que devem, necessariamente, estimular aquisições de valores morais, tendo em vista que o [...] mundo, por mais áspero, representará para o nosso espírito a escola de perfeição, cujos instrumentos corretivos bendiremos, um dia. Os companheiros de jornada que o habitam, conosco, por mais ingratos e impassíveis, são as nossas oportunidades de materialização do bem, recursos de nossa melhoria e de nossa redenção, e que, bem aproveitados por nosso esforço, podem transformar-nos em heróis. Não há medida para o homem, fora da sociedade em que ele vive. Se é indubitável que somente o nosso trabalho coletivo pode engrandecer ou destruir o organismo social, só o organismo social pode tornar-nos individualmente grandes ou miseráveis”. -( FEB )-






Que a graça e a paz sejam conosco!

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Influência do espiritismo no progresso da humanidade






Amados irmãos, bom dia!
Sabemos que só através do nosso esforço conseguiremos a reforma íntima e  realização dos planos pessoais na construção da nossa felicidade, contudo, ela só se obterá se o mal for atacado em sua raiz, isto é, pela educação, não por essa educação que tende a fazer homens instruídos, mas pela que tende a fazer homens de bem.
Relembremos nosso estudo de ontem para ajudar na compreensão do tema de hoje.

Análise da questão 780 de O Livro dos Espíritos

A questão 780 de O Livro dos Espíritos nos fornece, em essência, os seguintes esclarecimentos:

■ A lei de Progresso se manifesta sob duas formas: o progresso intelectual e o progresso moral.

■ O progresso moral nem sempre acompanha o progresso intelectual.

■ Pode acontecer que o adiantamento intelectual promova a melhoria moral, desde que o homem tenha compreensão do bem e do mal.

■ Essa compreensão favorece o desenvolvimento do livre- -arbítrio, permitindo que as pessoas façam escolhas mais responsáveis e, consequentemente, mais acertadas.

■ A existência de povos ou pessoas instruídas, mas pervertidas, indica que lhes faltam o desenvolvimento do senso moral que, cedo ou tarde, virá.

■ O progresso completo constitui o objetivo. O moral e a inteligência são duas forças que só com o tempo chegam a equilibrar- -se.








Influência do espiritismo no progresso da humanidade

“A Humanidade tem realizado, até ao presente, incontestáveis progressos. Os homens, com a sua inteligência, chegaram a resultados que jamais haviam alcançado, sob o ponto de vista das ciências, das artes e do bem-estar material. Resta-lhes ainda um imenso progresso a realizar: o de fazerem que entre si reinem a caridade, a fraternidade, a solidariedade, que lhes assegurem o bem-estar moral.
Não poderiam consegui-lo nem com as suas crenças, nem com as suas instituições antiquadas, restos de outra idade, boas para certa época, suficientes para um estado transitório, mas que, havendo dado tudo o que comportavam, seriam hoje um entrave. Já não é somente de desenvolver a inteligência o de que os homens necessitam, mas de elevar o sentimento e, para isso, faz-se preciso destruir tudo o que superexcite neles o egoísmo e o orgulho. Tal o período em que doravante vão entrar e que marcará uma das fases principais da vida da Humanidade. Essa fase, que neste momento se elabora, é o complemento indispensável do estado precedente, como a idade viril o é da juventude. Ela podia, pois, ser prevista e predita de antemão e é por isso que se diz que são chegados os tempos determinados por Deus. [...] Trata-se de um movimento universal, a operar-se no sentido do progresso moral. Uma nova ordem de coisas tende a estabelecer-se, e os homens, que mais opostos lhe são, para ela trabalham a seu mau grado.

Os Espíritos Orientadores nos esclarecem: Sim, decerto, a Humanidade se transforma, como já se transformou noutras épocas, e cada transformação se assinala por uma crise que é, para o gênero humano, o que são, para os indivíduos, as crises de crescimento. Aquelas se tornam, muitas vezes, penosas, dolorosas, e arrebatam consigo as gerações e as instituições, mas, são sempre seguidas de uma fase de progresso material e moral [...].

Uma coisa que vos parecerá estranhável, mas que por isso não deixa de ser rigorosa verdade, é que o mundo dos Espíritos, mundo que vos rodeia, experimenta o contrachoque de todas as comoções que abalam o mundo dos encarnados. Digo mesmo que aquele toma parte ativa nessas comoções. Nada tem isto de surpreendente, para quem sabe que os Espíritos fazem corpo com a Humanidade; que eles saem dela e a ela têm de voltar, sendo, pois, natural se interessem pelos movimentos que se operam entre os homens. Ficai, portanto, certos de que, quando uma revolução social se produz na Terra, abala igualmente o mundo invisível, onde todas as paixões, boas e más, se exacerbam, como entre vós [...]. À agitação dos encarnados e desencarnados se juntam às vezes, e frequentemente mesmo, já que tudo se conjuga em a Natureza, as perturbações dos elementos físicos. Dá-se então, durante algum tempo, verdadeira confusão geral, mas que passa como furacão, após o qual o céu volta a estar sereno, e a Humanidade, reconstituída sobre novas bases, imbuída de novas idéias, começa a percorrer nova etapa de progresso. É no período que ora se inicia que o Espiritismo florescerá e dará frutos.

A crença no Espiritismo ajuda o homem a se melhorar, firmando-lhe as idéias sobre certos pontos do futuro. Apressa o adiantamento dos indivíduos e das massas, porque faculta nos inteiremos do que seremos um dia. É um ponto de apoio, uma luz que nos guia. O Espiritismo ensina o homem a suportar as provas com paciência e resignação; afasta-o dos atos que possam retardar-lhe a felicidade, mas ninguém diz que, sem ele, não possa ela ser conseguida.

É importante considerar que o [...] Espiritismo não cria a renovação social; a madureza da Humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade. Pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas, pela amplitude de suas vistas, pela generalidade das questões que abrange, o Espiritismo é mais apto, do que qualquer outra doutrina, a secundar o movimento de regeneração; por isso, é ele contemporâneo desse movimento. Surgiu na hora em que podia ser de utilidade, visto que também para ele os tempos são chegados. Se viera mais cedo, teria esbarrado em obstáculos insuperáveis; houvera inevitavelmente sucumbido, porque, satisfeitos com o que tinham, os homens ainda não sentiriam falta do que ele lhes traz. Hoje, nascido com as idéias que fermentam, encontra preparado o terreno para recebê-lo. Os espíritos cansados da dúvida e da incerteza, horrorizados com o abismo que se lhes abre à frente, o acolhem como âncora de salvação e consolação suprema. Os Espíritos responsáveis pela Codificação Espírita são incisivos quando nos dizem: Por meio do Espiritismo, a Humanidade tem que entrar numa nova fase, a do progresso moral que lhe é consequência inevitável. Não mais, pois, vos espanteis da rapidez com que as idéias espíritas se propagam. A causa dessa celeridade reside na satisfação que trazem a todos os que as aprofundam e que nelas veem alguma coisa mais do que fútil passatempo. Ora, como cada um o que acima de tudo quer é a sua felicidade, nada há de surpreendente em que cada um se apegue a uma idéia que faz ditosos os que a esposam.

Três períodos distintos apresenta o desenvolvimento dessas idéias:
primeiro, o da curiosidade, que a singularidade dos fenômenos produzidos desperta;
segundo, o do raciocínio e da filosofia;
terceiro, o da aplicação e das consequências. O período da curiosidade passou; a curiosidade dura pouco. Uma vez satisfeita, muda de objeto. O mesmo não acontece com o que desafia a meditação séria e o raciocínio. Começou o segundo período, o terceiro virá inevitavelmente.

Em outra oportunidade, os Espíritos Superiores voltam a nos afirmar sobre o destino do Espiritismo: Certamente que se tornará crença geral e marcará nova era na história da humanidade, porque está na natureza e chegou o tempo em que ocupará lugar entre os conhecimentos humanos. Terá, no entanto, que sustentar grandes lutas, mais contra o interesse, do que contra a convicção, porquanto não há como dissimular a existência de pessoas interessadas em combatê-lo, umas por amor-próprio, outras por causas inteiramente materiais. Porém, como virão a ficar insulados, seus contraditores se sentirão forçados a pensar como os demais, sob pena de se tornarem ridículos.  

De certa forma, é até esperado esse estado de coisas, pois, num mundo de expiações e provas como o nosso, sabemos que as [..] idéias só com o tempo se transformam; nunca de súbito. De geração em geração, elas se enfraquecem e acabam por desaparecer, paulatinamente, com os que as professavam, os quais vêm a ser substituídos por outros indivíduos imbuídos de novos princípios, como sucede com as idéias políticas. Assim, é preciso [...] que algumas gerações passem, para que se apaguem totalmente os vestígios dos velhos hábitos. A transformação, pois, somente com o tempo, gradual e progressivamente, se pode operar. Para cada geração uma parte do véu se dissipa. O Espiritismo vem rasgá-lo de alto a baixo. Entretanto, conseguisse ele unicamente corrigir num homem um único defeito que fosse e já o haveria forçado a dar um passo. Ter-lhe-ia feito, só com isso, grande bem, pois esse primeiro passo lhe facilitará os outros.

Foi dito que o Espiritismo enfrentará várias lutas e obstáculos, ao longo do caminho planejado pelo Alto, antes de sua aceitação como crença universal entre os homens. Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade, ele faz que os homens compreendam onde se encontram seus verdadeiros interesses. Deixando a vida futura de estar velada pela dúvida, o homem perceberá melhor que, por meio do presente, lhe é dado preparar o seu futuro. Abolindo os prejuízos de seitas, castas e cores, ensina aos homens a grande solidariedade que os há de unir como irmãos.

A aceitação dos princípios espíritas não faz melhores as pessoas, em princípio. A melhoria do Espírito ficará patente quando, em decorrência do esforço individual, a pessoa implementar mudanças no comportamento, as quais garantirão uma verdadeira transformação moral. Neste sentido, os Espíritos Superiores nos alertam: Se o Espiritismo, conforme foi anunciado, tem que determinar a transformação da Humanidade, claro é que esse efeito ele só poderá produzir melhorando as massas, o que se verificará gradualmente, pouco a pouco, em consequência do aperfeiçoamento dos indivíduos. Que importa crer na existência dos Espíritos, se essa crença não faz que aquele que a tem se torne melhor, mais benigno e indulgente para com os seus semelhantes, mais humilde e paciente na adversidade? De que serve ao avarento ser espírita, se continua avarento; ao orgulhoso, se se conserva cheio de si; ao invejoso, se permanece dominado pela inveja? Assim, poderiam todos os homens acreditar nas manifestações dos Espíritos e a Humanidade ficar estacionária. Dessa forma, o combate ao materialismo representa apenas um passo, o primeiro passo de uma série de outros que nos transformarão em pessoas de bem. Atentemos para os seguintes esclarecimentos de Allan Kardec: Louváveis esforços indubitavelmente se empregam para fazer que a Humanidade progrida. Os bons sentimentos são animados, estimulados e honrados mais do que em qualquer outra época. Entretanto, o egoísmo, verme roedor, continua a ser a chaga social. É um mal real, que se alastra por todo o mundo e do qual cada homem é mais ou menos vítima. Cumpre, pois, combatê-lo, como se combate uma enfermidade epidêmica. Para isso, deve-se proceder como procedem os médicos: ir à origem do mal. Procurem-se em todas as partes do organismo social, da família aos povos, da choupana ao palácio, todas as causas, todas as influências que, ostensiva ou ocultamente, excitam, alimentam e desenvolvem o sentimento do egoísmo. Conhecidas as causas, o remédio se apresentará por si mesmo. Só restará então destruí-Ias, senão totalmente, de uma só vez, ao menos parcialmente, e o veneno pouco a pouco será eliminado. Poderá ser longa a cura, porque numerosas são as causas, mas não é impossível. Contudo, ela só se obterá se o mal for atacado em sua raiz, isto é, pela educação, não por essa educação que tende a fazer homens instruídos, mas pela que tende a fazer homens de bem. A educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral. Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres, como se conhece a de manejar as inteligências, conseguir-se- á corrigi-los, do mesmo modo que se aprumam plantas novas. Essa arte, porém, exige muito tato, muita experiência e profunda observação. É grave erro pensar-se que, para exercê-la com proveito, baste o conhecimento da Ciência.

O Codificador do Espiritismo também nos explica que o homem [...] deseja ser feliz e natural é o sentimento que dá origem a esse desejo. Por isso é que trabalha incessantemente para melhorar a sua posição na Terra, que pesquisa as causas de seus males, para remediá-los. Quando compreender bem que no egoísmo reside uma dessas causas, a que gera o orgulho, a ambição, a cupidez, a inveja, o ódio, o ciúme, que a cada momento o magoam, a que perturba todas as relações sociais, provoca as dissensões, aniquila a confiança, a que o obriga a se manter constantemente na defensiva contra o seu vizinho, enfim a que do amigo faz inimigo, ele compreenderá também que esse vício é incompatível com a sua felicidade e, podemos mesmo acrescentar, com a sua própria segurança. E quanto mais haja sofrido por efeito desse vício, mais sentirá a necessidade de combatê-lo, como se combatem a peste, os animais nocivos e todos os outros flagelos. O seu próprio interesse a isso o induzirá. O egoísmo é a fonte de todos os vícios, como a caridade o é de todas as virtudes. Destruir um e desenvolver a outra, tal deve ser o alvo de todos os esforços do homem, se quiser assegurar a sua felicidade neste mundo, tanto quanto no futuro. Combatendo os vícios e estimulando o desenvolvimento de virtudes, o Espiritismo oferece condições para influir no progresso da Humanidade, promovendo uma era de renovação social e moral, pois a Doutrina Espírita é, [...] acima de tudo, o processo libertador das consciências, a fim de que a visão do homem alcance horizontes mais altos. O Espiritismo se tornará crença universal, porque representa a chave [...] de luz para os ensinamentos do Cristo, explica o Evangelho não como um tratado de regras disciplinares, nascidas do capricho humanos, mas como a salvadora mensagem de fraternidade e alegria, comunhão e entendimento, abrangendo as leis mais simples da vida”.


-( KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 51. ed. Rio de Janeiro: FEB )-




Que a graça e a paz sejam conosco!

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

A Lei do Progresso


“Não existem obstáculos ao progresso intelectual, conforme nos ensina a Doutrina Espírita. O mesmo, porém, não se dá com o progresso moral”.


Amados irmãos, bom dia!
Somos chamados a todo instante a nos aperfeiçoarmos. É uma lei natural, afinal, fomos criados para isso. Compete a cada um os cuidados no fiel cumprimento da missão dada. Temos a liberdade de executar nosso trabalho. Que os bons Espíritos nos auxiliem nessa caminhada para que nossa reforma íntima se faça com a devida brevidade.






“A lei do progresso é inexorável. O homem não pode conservar-se indefinidamente na ignorância, porque tem de atingir a finalidade que a Providência lhe assinou. Ele se instrui pela força das coisas.

As revoluções morais, como as revoluções sociais, se infiltram nas idéias pouco a pouco; germinam durante séculos; depois, irrompem subitamente e produzem o desmoronamento do carunchoso edifício do passado, que deixou de estar em harmonia com as necessidades novas e com as novas aspirações.

Há duas espécies de progresso, que uma a outra se prestam mútuo apoio, mas que, no entanto, não marcham lado a lado: o progresso intelectual e o progresso moral.

Entre os povos civilizados, o primeiro tem recebido, no correr deste século, todos os incentivos. Por isso mesmo atingiu um grau a que ainda não chegara antes da época atual. Muito falta para que o segundo se ache no mesmo nível. Entretanto, comparando-se os costumes sociais de hoje com os de alguns séculos atrás, só um cego negaria o processo realizado. Ora, sendo assim, por que haveria essa marcha ascendente de parar, com relação, de preferência, ao moral, do que com relação ao intelectual? Por que será impossível que entre o século dezenove e o vigésimo quarto século haja, a esse respeito, tanta diferença quanta entre o décimo quarto século e o século dezenove? Duvidar fora pretender que a Humanidade está no apogeu da perfeição, o que seria absurdo, ou que ela não é perfectível moralmente, o que a experiência desmente.

Na verdade, o atual progresso alcançado pela Humanidade representa um esforço evolutivo de milênios. Da sensação à irritabilidade, da irritabilidade ao instinto, do instinto à inteligência e da inteligência ao discernimento, séculos e séculos correram incessantes. A evolução é fruto do tempo infinito.

Outro ponto importante, merecedor de destaque, é que o progresso, moral ou intelectual, é sempre cumulativo. De átomo a átomo, organizam-se os corpos astronômicos dos mundos e de pequenina experiência em pequenina experiência, infinitamente repetidas, alarga-se-nos o poder da mente e sublimam-se-nos as manifestações da alma que, no escoar das eras imensuráveis, cresce no conhecimento e aprimora-se na virtude, estruturando, pacientemente, no seio do espaço e do tempo, o veículo glorioso com que escalaremos, um dia, os impérios deslumbrantes da Beleza Imortal.

O progresso é, principalmente, resultado do esforço individual: quanto maior for o nosso empenho, melhores serão os resultados alcançados. O progresso nos Espíritos é o fruto do próprio trabalho; mas, como são livres, trabalham no seu adiantamento com maior ou menor atividade, com mais ou menos negligência, segundo sua vontade, acelerando ou retardando o progresso e, por conseguinte, a própria felicidade. Enquanto uns avançam rapidamente, entorpecem-se outros, quais poltrões, nas fileiras inferiores. São eles, pois, os próprios autores da sua situação, feliz ou desgraçada, conforme esta frase do Cristo: — A cada um segundo as suas obras. Todo Espírito que se atrasa não pode queixar-se senão de si mesmo, assim como o que se adianta tem o mérito exclusivo do seu esforço, dando por isso maior apreço à felicidade conquistada.

O progresso intelectual e o progresso moral raramente marcham juntos, mas o que o Espírito não consegue em dado tempo, alcança em outro, de modo que os dois progressos acabam por atingir o mesmo nível. Eis por que se vêem muitas vezes homens inteligentes e instruídos pouco adiantados moralmente, e vice-versa.

No entanto, o progresso intelectual pode engendrar o progresso moral fazendo [...] compreensíveis o bem e o mal. O homem, desde então, pode escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos. Nesse sentido, a [...] encarnação é necessária ao duplo progresso moral e intelectual do Espírito: ao progresso intelectual, pela atividade obrigatória do trabalho; ao progresso moral, pela necessidade recíproca dos homens entre si. A vida social é a pedra de toque das boas ou más qualidades. A bondade, a maldade, a doçura, a violência, a benevolência, a caridade, o egoísmo, a avareza, o orgulho, a humildade, a sinceridade, a franqueza, a lealdade, a má-fé, a hipocrisia, em uma palavra, tudo o que constitui o homem de bem ou o perverso tem por móvel, por alvo e por estímulo as relações do homem com os seus semelhantes.

Observando os diferentes graus evolutivos existentes na Humanidade terrestre, compreendemos que uma [...] só existência corporal é manifestamente insuficiente para o Espírito adquirir todo o bem que lhe falta e eliminar o mal que lhe sobra. Como poderia o selvagem, por exemplo, em uma só encarnação nivelar-se moral e intelectualmente ao mais adiantado europeu? É materialmente impossível. Deve ele, pois, ficar eternamente na ignorância e barbaria, privado dos gozos que só o desenvolvimento das faculdades pode proporcionar-lhe? O simples bom-senso repele tal suposição, que seria não somente a negação da justiça e bondade divinas, mas das próprias leis evolutivas e progressivas da Natureza. Mas Deus, que é soberanamente justo e bom, concede ao Espírito tantas encarnações quantas as necessárias para atingir seu objetivo – a perfeição. Para cada nova existência de permeio à matéria, entra o Espírito com o cabedal adquirido nas anteriores, em aptidões, conhecimentos intuitivos, inteligência e moralidade. Cada existência é assim um passo avante no caminho do progresso.

É importante considerar também que o [...] Espírito progride igualmente na erraticidade, adquirindo conhecimentos especiais que não poderia obter na Terra [como encarnado] [...]. O estado corporal e o espiritual constituem a fonte de dois gêneros de progresso, pelos quais o Espírito tem de passar alternadamente, nas existências peculiares a cada um dos dois mundos.  De posse dessas informações, é possível reconhecer, mesmo numa criança, a soma de progresso que o Espírito já alcançou: basta observar-lhe as tendências instintivas e as idéias inatas. Essa observação nos esclarece, por exemplo, por que existem crianças que se revelam boas em um meio adverso, apesar dos maus exemplos que colhem, ao passo que outras são instintivamente viciosas em um meio bom, apesar dos bons conselhos que recebem. Na verdade, essas crianças refletem [...] o resultado do progresso moral adquirido, como as idéias inatas são o resultado do progresso intelectual.

Devemos entender que, na essência, não existem obstáculos ao progresso intelectual, conforme nos ensina a Doutrina Espírita. O mesmo, porém, não se dá com o progresso moral. O maior obstáculo ao progresso moral são o orgulho e o egoísmo, segundo palavras de um dos Espíritos da Codificação, o qual, ao elucidar esta informação, nos diz: Refiro-me ao progresso moral, porquanto o intelectual se efetua sempre. À primeira vista, parece mesmo que o progresso intelectual reduplica a atividade daqueles vícios [orgulho e egoísmo], desenvolvendo a ambição e o gosto das riquezas, que, a seu turno, incitam o homem a empreender pesquisas que lhe esclarecem o Espírito. Assim é que tudo se prende, no mundo moral, como no mundo físico, e que do próprio mal pode nascer o bem. Curta, porém, é a duração desse estado de coisas, que mudará à proporção que o homem compreender melhor que, além da que o gozo dos bens terrenos proporciona, uma felicidade existe maior e infinitamente mais duradoura. O orgulho e o egoísmo, assim como todas as demais imperfeições capazes de retardar a marcha evolutiva da Humanidade, chegarão um dia ao seu término, pois Deus reserva ao ser humano um venturoso estado de plenitude espiritual. Entretanto, por ora, enquanto nos encontramos no processo evolutivo que a lei do progresso faculta, a [...] suprema felicidade só é compartilhada pelos Espíritos perfeitos, ou, por outra, pelos puros Espíritos, que não a conseguem senão depois de haverem progredido em inteligência e moralidade”. -( FEB )-





Que a graça e a paz sejam conosco!