“Importa, porém, caminhar hoje, amanhã e no dia seguinte.” - Jesus - ( São Lucas, 13: 33 )
Amados irmãos, bom dia!
O Entendimento da lei de Causa e Efeito nos permite
compreender, em plenitude, a justiça perfeita de Deus. Como sabemos, nada é por
acaso, logo, vamos meditar com atenção
nos preciosos ensinamentos que se seguem.
O princípio de ação e reação
“A “lei de ação e reação”, ou princípio de causa e efeito,
está relacionada à Lei de Liberdade e à sábia manifestação da Justiça e Bondade
Divinas. Os atos praticados contra a Lei de Liberdade, própria ou alheia, nos
conduzem à questão do livre-arbítrio, assim resumida: [...] O homem não é
fatalmente levado ao mal; os atos que pratica não foram previamente
determinados; os crimes que comete não resultam de uma sentença do destino. Ele
pode, por prova e por expiação, escolher uma existência em que seja arrastado
ao crime, quer pelo meio onde se ache colocado, quer pelas circunstâncias que
sobrevenham, mas será sempre livre de agir ou não agir. Assim, o livre-arbítrio
existe para ele, quando no estado de Espírito, ao fazer a escolha da existência
e das provas e, como encarnado, na faculdade de ceder ou de resistir aos
arrastamentos a que todos nos temos voluntariamente submetido.
Cabe à educação combater essas más tendências.
Devemos ressaltar que sem [...] o livre-arbítrio, o homem não
teria nem culpa por praticar o mal, nem mérito em praticar o bem. E isto a tal
ponto está reconhecido que, no mundo, a censura ou o elogio são feitos à
intenção, isto é, à vontade. Ora, quem diz vontade diz liberdade. Nenhuma
desculpa poderá, portanto, o homem buscar, para os seus delitos, na sua
organização física, sem abdicar da razão e da sua condição de ser humano, para
se equiparar ao bruto.
O homem possui o suficiente livre-arbítrio para tomar
decisões, e, se [...] ele cede a uma sugestão estranha e má, em nada lhe
diminui a responsabilidade, pois lhe reconhece o poder de resistir, o que
evidentemente lhe é muito mais fácil do que lutar contra a sua própria
natureza. Assim, de acordo com a Doutrina Espírita, não há arrastamento
irresistível: o homem pode sempre cerrar ouvidos à voz oculta que lhe fala no
íntimo, induzindo-o ao mal, como pode cerrá-los à voz material daquele que lhe
fale ostensivamente.
Essa teoria da causa determinante dos nossos atos ressalta
com evidência de todo o ensino que os Espíritos hão dado. Não só é sublime de
moralidade, mas também, acrescentaremos, eleva o homem aos seus próprios olhos.
Mostra-o livre de subtrair-se a um jugo obsessor, como livre é de fechar sua
casa aos importunos. Ele deixa de ser simples máquina, atuando por efeito de
uma impulsão independentemente da sua vontade, para ser um ente racional, que
ouve, julga e escolhe livremente de dois conselhos um. Aditemos que, apesar
disto, o homem não se acha privado de iniciativa, não deixa de agir por impulso
próprio, pois que, em definitiva, ele é apenas um Espírito encarnado que
conserva, sob o envoltório corporal, as qualidades e os defeitos que tinha como
Espírito.
Conseguintemente, as faltas que cometemos têm por fonte
primária a imperfeição do nosso próprio Espírito, que ainda não conquistou a
superioridade moral que um dia alcançará, mas que, nem por isso, carece de
livre-arbítrio.
A Justiça e Bondade Divinas estão evidentes nas manifestações
da lei de causa e efeito. Desde [...] que admita a existência de Deus, ninguém
o pode conceber sem o infinito das perfeições. Ele necessariamente tem todo o
poder, toda a justiça, toda a bondade, sem o que não seria Deus. Se é
soberanamente bom e justo, não pode agir caprichosamente, nem com parcialidade.
Logo, as vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo,
justa há de ser essa causa. Isso o de que cada um deve bem compenetrar-se.
Sendo infinita a justiça de Deus, o bem e o mal são rigorosamente considerados,
não havendo uma só ação, um só pensamento mau que não tenha consequências
fatais, como não há uma única ação meritória, um só bom movimento da alma que
se perca, mesmo para os mais perversos, por isso que constituem tais ações um
começo de progresso. Se admitimos a Justiça de Deus, não podemos deixar de
admitir que esse efeito tem uma causa; e se esta causa não se encontra na vida
presente, deve achar-se antes desta, porque em todas as coisas a causa deve
preceder ao efeito; há, pois, necessidade de a alma já ter vivido, para que
possa merecer uma expiação.
A expiação é, assim, a manifestação da lei de causa e efeito
em decorrência de faltas anteriormente cometidas.
Dessa forma, toda [...] falta cometida, todo mal realizado é
uma dívida contraída que deverá ser paga. O Espírito sofre, quer no mundo
corporal, quer no espiritual, a consequência das suas imperfeições. As
misérias, as vicissitudes padecidas na vida corpórea, são oriundas das nossas
imperfeições. O fato de haver uma relação de causalidade nos problemas, doenças
e dores que enfrentamos — consequência de nossas ações — não significa que as
causas estejam necessariamente em vidas anteriores.
Muitos males que nos afligem têm origem em nosso
comportamento na vida atual.
E há enfermidades, limitações e deficiências físicas que são
decorrentes de mau uso, isto é, usamos mal o corpo e lhe provocamos estragos.
[...] Isso acontece particularmente com vícios e indisciplinas que geram graves
problemas de saúde. Por esta razão, ensinam os Espíritos Superiores: De duas
espécies são as vicissitudes da vida, ou, se o preferirem, promanam de duas
fontes diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na vida presente;
outras, fora desta vida. Remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á
que muitos são consequência natural do caráter e do proceder dos que os
suportam. É na vida corpórea que o Espírito repara o mal de anteriores
existências, pondo em prática resoluções tomadas na vida espiritual. Assim se
explicam as misérias e vicissitudes da vida mundana que, à primeira vista,
parecem não ter razão de ser. Justa são elas, no entanto, como espólio do
passado. A quem, então, há de o homem responsabilizar por todas essas aflições,
senão a si mesmo? O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de
seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples,
menos humilhante para sua vaidade acusar a sorte, a Providência, a má fortuna,
a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria.
O Entendimento [...] da lei de Causa e Efeito nos permite
compreender, em plenitude, a justiça perfeita de Deus. Sentimos que tudo tem
uma razão de ser, que nada acontece por acaso. Males e sofrimentos variados que
enfrentamos estão relacionados com o nosso passado [recente ou remoto]. É a
conta a pagar. Mas há outro aspecto, muito importante: Se a dor é a moeda pela
qual resgatamos o passado, Deus nos oferece abençoada alternativa – o Bem. Todo
esforço em favor do próximo amortiza nossos débitos, tornando mais suave o
resgate.
Em Mateus, capítulo 26, versículos 47-52, encontramos
referências ao princípio de ação e reação: “E estando ele ainda a falar, eis
que veio Judas, um dos doze, e com ele grande multidão com espadas e varapaus,
vinda da parte dos principais sacerdotes e dos anciãos do povo. Ora, o que o
traía lhes havia dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é:
prendei-o. E logo, aproximando-se de Jesus, disse: Salve, Rabi. E o beijou.
Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? Nisto, aproximando-se eles,
lançaram mão de Jesus, e o prenderam. E eis que um dos que estavam com Jesus,
estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote,
cortou-lhe uma orelha. Então Jesus lhe disse: Mete a tua espada no seu lugar;
porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão.” Lucas informa
que, em seguida, Jesus tocou a orelha do homem e a curou.
O apóstolo Paulo diz algo semelhante na Epístola aos Gálatas
(capítulo 6, versículo 7): “Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer;
pois tudo o que o homem semear, isso também ceifará.” Vemos, assim, que há
[...] uma relação de causalidade entre o mal que praticamos e o mal que
sofremos depois. O prejuízo que impomos ao semelhante é débito em nossa conta,
na contabilidade divina. Entretanto, é oportuno lembrar que não devemos
confundir a lei de causa e efeito com a pena de Talião ou com a legislação de
Moisés, que preconizam “dente por dente” e “olho por olho”. A lei de causa e
efeito, segundo o entendimento espírita, refere-se tanto à manifestação da
justiça, bondade e misericórdia divinas quanto à necessidade evolutiva do ser
humano de reparar erros cometidos, decorrentes das inflações cometidas contra a
Lei de Liberdade. Quando [...] Jesus afirma que quem usa a espada com a espada
perecerá, ou Paulo proclama que tudo o que semearmos colheremos, reportam-se ao
fato de que receberemos de volta todo o mal que praticarmos, em sofrimentos
correspondentes, não necessariamente idênticos, o que equivaleria à sua
perpetuação. [...] As sanções divinas não dependem do concurso humano. Todo
prejuízo causado ao semelhante provocará desajustes em nosso corpo espiritual,
o perispírito, os quais, nesta mesma existência ou em existências futuras, se
manifestarão na forma de males redentores”. -( FEB )-
Que a graça e a paz sejam conosco!
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