"Maria é um Espírito de luz e trabalha ao lado de Jesus em benefício da humanidade".
Amados irmãos, bom dia!
Hoje é comemorado a Assunção de Nossa Senhora e este é um tema muito interessante e de certa forma até controverso.
Sendo Maria a mãe de Jesus e um exemplo indiscutível a seguir, vamos estudar a respeito, segundo a Doutrina que abraçamos.
Que os bons Espíritos nos auxiliem em sua compreensão.
A Concepção de Maria Segundo o
Espiritismo
Maria de Nazaré é certamente uma das figuras mais emblemáticas e importantes da era cristã, não somente por receber a missão de trazer ao mundo Jesus, mas também pela forma com a qual conduziu o Mestre, sempre demonstrando amor, fé e sabedoria, mesmo durante o calvário de seu filho.
Boa parte dos cristãos enxerga
Maria como uma santidade, outros, apenas a mulher que trouxe ao mundo o
Messias. Em comum, há no mínimo um grande respeito pela personalidade mariana.
Através de diversas manifestações de fé e religiosidade pelo mundo, Maria recebeu
diferentes nomes, e é lembrada de diversas formas, tornando-a um grande vulto
do Cristianismo.
A História de Maria
A história da genitora do Mestre
de Nazaré, para muitos, é cercada de mistérios desde o período que antecede a
seu próprio nascimento no plano físico. Segundo os registros contidos no
Protoevangelho de Tiago[1],
Maria era filha de Joaquim, um judeu de posses que vivia na região de Nazaré, o
qual sempre oferecia doações aos pobres e oferendas aos templos. Tiago narra
que, em certa feita, um sacerdote chamado Ruben proibiu Joaquim de realizar
doações, pois o mesmo não havia gerado nenhum rebento em Israel, o que
contrariava as leis judaicas. Joaquim, diante das circunstâncias, caiu em
profunda tristeza e decidiu jejuar por 40 dias e 40 noites em uma montanha
deserta, dizendo a si mesmo: "Não voltarei ao lar nem pra comer ou beber,
até que o senhor venha visitar-me. As minhas orações me servirão de bebida e
comida aqui no deserto". Enquanto isso, em sua casa, Ana chorava a
ausência do marido, dividida entre a dúvida da viuvez e a culpa da
esterilidade. Até que um dia, em meio a suas súplicas, Ana recebe a visita de
um "anjo" que lhe disse: "Ana, Ana, o senhor ouviu as tuas
preces. Eis que conceberás e darás a luz a um filho. E o fruto do teu ventre
será conhecido em todo mundo". No mesmo dia, Joaquim, ainda sobre a montanha,
avista dois mensageiros de Deus que lhe dirigiram a palavra: "Joaquim, o
senhor ouviu tuas preces, desce daqui e vai a Ana, tua mulher, porque ela
conceberá em seu ventre". Desta forma, Joaquim retornou ao lar e, pouco
tempo depois, Ana engravidou e deu a luz a uma menina, a qual recebeu o nome de
Maria.
Ao completar 3 anos, Maria é
levada por seus pais ao templo judaico e lá permanece sob a tutela dos
sacerdotes até os 12 anos, idade em que deveria ser retirada do templo, antes
do período de sua menarca[2].
O problema é que, nessa época, Maria já havia se tornado órfã. Foi então que os
sacerdotes reuniram os viúvos da região e, através da orientação de um
"anjo", escolheram José para recebê-la.
Segundo o apócrifo atribuído a
Tiago, José era um homem idoso, portanto, bem mais velho que Maria. Seu dever
era proteger a jovem, que era considerada pelos representantes do judaísmo uma
enviada de Deus, portanto, a mesma permaneceu intocada.
A Concepção da Virgem segundo a
Tradição
O maior mistério atribuído a
Maria, pelo menos para os mais religiosos, indubitavelmente é o que diz
respeito à concepção virginal. Os evangelhos canônicos de Lucas e Mateus contam
que Maria manteve-se virgem e que Jesus fora concebido pelo "Espírito
Santo", ou seja, a fecundação de Maria aconteceu de forma
"milagrosa", sem a participação de um pai natural.
De acordo com as escrituras
sagradas, Maria recebeu a visita do anjo Gabriel, o qual anunciou à jovem sua
concepção através da intervenção do "Espírito Santo". A partir de
então, Maria fora acolhida por sua prima Isabel, mãe de João Batista, pois José
tivera que se ausentar por um período para trabalhar. Ao retornar, o marido de
Maria se deparou com a mesma, já no sexto mês de gravidez, não acreditando na
fidelidade da virgem. Então, José é visitado por uma entidade angelical que lhe
esclarece a situação. Depois deste evento, a mãe de Jesus segue tranquilamente
sua gestação até o nascimento do enviado de Deus, que ocorreu através de um
parto fisiológico, conforme a história que todos conhecem.
A Concepção de Maria segundo o
Espiritismo
O Espiritismo é uma ciência de
observação e ao mesmo tempo uma doutrina filosófica de consequências
religiosas, que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos e de suas
relações com a vida material. Além disso, a Doutrina Espírita nos convida a desenvolver
uma fé raciocinada, analisando os fatos de forma coerente, buscando compreender
a razão daquilo que acreditamos. Allan Kardec defende que a religião deve
caminhar em consonância com a ciência, de modo que a primeira não ignore a
última e vice-versa. E é baseado nesses princípios que analisaremos a questão
proposta neste artigo.
Para algumas religiões, a
concepção de Maria é tida como um milagre, através da ação do "Espírito
Santo". Este fato, explicaria uma fecundação assexuada. Já segundo a
Doutrina Espírita, não existem milagres, todos os acontecimentos fazem parte da
Lei Natural, criada por Deus em sua infinita perfeição, desta forma, não há a
necessidade de o Criador realizar milagres para provar sua grandiosidade. A
questão dos milagres para o Espiritismo é elucidada em "A Gênese", no
tópico, "Faz Deus milagres?":
"Não sendo necessários os
milagres para a glorificação de Deus, nada no Universo se produz fora do âmbito
das leis gerais. Deus não faz milagres, porque, sendo como são perfeitas as suas
leis, não lhe é necessário derrogá-las. Se há fatos que não
compreendemos, é que ainda nos faltam os conhecimentos necessários".
O fato de Jesus ter sido gerado
de forma milagrosa contraria as vias normais de reprodução, e para o
Espiritismo esta é uma questão relevante, uma vez que a reprodução humana é uma
consequência das Leis Naturais de Deus.
A doutrina codificada por Allan
Kardec não nega a participação do "Espírito Santo" na concepção de
Jesus, até porque sua reencarnação foi minimamente planejada pela
espiritualidade superior (aqui entra a participação do "Espírito
Santo"), entretanto, a fecundação de Maria se deu por vias normais,
através de relação sexual entre ela e José, como acontece entre todos os
casais.
Mas então, como surgiu o mito da
virgindade de Maria?
Acredita-se que a Igreja tenha
disseminado essa tese, a fim de diminuir a promiscuidade entre as pessoas. A
prática sexual naquela época era permitida apenas com o intuito de procriação,
isso para não provocar a extinção da raça humana. Quanto menor fosse a relação
sexual entre os casais, menores seriam os seus pecados.
Jesus com o passar do tempo
tornou-se uma figura mitológica e, como sendo um Deus, não poderia ter nascido
do pecado original cometido por Adão e Eva. Apesar dessas considerações, o Novo
Testamento utiliza o termo "O Filho do Homem" 88 vezes. Esse termo
refere-se a Jesus como um ser humano, e como tal, seu nascimento só poderia ter
acontecido de forma natural.
Nas epístolas de Paulo, que são
os registros mais antigos contidos na Bíblia, não há evidências da virgindade
de Maria; o apóstolo refere-se a ela apenas como a mãe de Jesus. Os evangelhos
bíblicos reforçam ainda que Maria e José tiveram outros filhos, não podendo
persistir a virgindade de Maria:
"Não é este o filho do carpinteiro?
Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José Simão e Judas?" (Mateus 13, 55)
A grande diferença em tudo isso é
que o Espiritismo não interpreta o ato sexual como um pecado. O que torna o
sexo imoral é como as pessoas o praticam. Não devemos viver para a prática
sexual, mas o sexo é importante para gerar a vida, sendo um mecanismo natural
do ser humano.
A Visão do Espiritismo sobre
Maria
É certo que Maria faz parte de um
grupo de Espíritos evoluídos que vieram para preparar a chegada de Jesus. É um
Espírito tão puro, que recebeu a missão nobre de conduzir o governador da
Terra, modelo e guia da humanidade.
Maria é sinônimo de amor, prova
disto foi a sua resignação ao presenciar o sofrimento de seu filho, em nome da
salvação da humanidade. E é por isso que este Espírito desperta tanta simpatia
e admiração entre as pessoas. Há quem acredite que pedir a intercessão de Maria
é o método mais eficaz de se chegar a Jesus, pois um filho não negaria o pedido
de uma mãe.
Na literatura espírita, encontramos
vários registros sobre Maria na espiritualidade. O livro Memórias de um Suicida
descreve as atividades da Legião dos Servos de Maria, um grupo de Espíritos
especializados no resgate de suicidas nas zonas inferiores. Após o socorro dos
réprobos, os mesmos são encaminhados ao Hospital Maria de Nazaré. Esta
instituição é dirigida pela mãe de Jesus. Camilo Cândido Botelho, autor
espiritual desta obra, relata que a tarefa de cuidar de Espíritos suicidas não
poderia ser desempenhada por outro Espírito a não ser Maria, por ela ser a
referência de amor e de dedicação fraternal.
Além disso, milhares de fiéis
pelo mundo todo dedicam sua fé e devoção a Maria. Em virtude disso, existem
Espíritos abnegados que trabalham em seu nome, recebendo os pedidos e as orações
e auxiliando aqueles que sofrem.
É importante ressaltar que a
Doutrina Espírita alimenta um profundo respeito a qualquer forma de convicção
religiosa, mesmo posicionando-se de forma diferente. E sabemos que Maria é um
Espírito de luz e trabalha ao lado de Jesus em benefício da humanidade.
Referências:
A Epístola Lentuli - Pedro de
Campos.
A Gênese - Allan Kardec.
O Evangelho de Tiago - Autor
desconhecido.
Memórias de um Suicida - Yvonne
A. Pereira, pelo Espírito Camilo Cândido Botelho.
[1] Este apócrifo também conhecido como "Livro de Tiago" ou,
ainda, "A Natividade de Maria", tem sua autoria e data atualmente
tidas como desconhecidas, embora o autor se identifique como Tiago. Muitos
estudiosos consideram o seu texto muito remoto, anterior mesmo aos Evangelhos
Canônicos ou até à base deles.
Os Pais da Igreja, Orígenes, Clemente, Pedro de Alexandria, São Justino e São Epifânio citam este evangelho com muita frequência.
Os Pais da Igreja, Orígenes, Clemente, Pedro de Alexandria, São Justino e São Epifânio citam este evangelho com muita frequência.
Que a graça e a paz sejam conosco!
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