Amados
irmãos, bom dia!
Sabemos que só através do nosso esforço conseguiremos a
reforma íntima e realização dos planos
pessoais na construção da nossa felicidade, contudo,
ela só se obterá se o mal for atacado em sua raiz, isto é, pela educação, não
por essa educação que tende a fazer homens instruídos, mas pela que tende a
fazer homens de bem.
Relembremos nosso estudo de ontem para ajudar na compreensão do
tema de hoje.
Análise da questão 780 de O Livro dos
Espíritos
A questão 780 de O Livro dos
Espíritos nos fornece, em essência, os seguintes esclarecimentos:
■ A lei de Progresso se manifesta sob
duas formas: o progresso intelectual e o progresso moral.
■ O progresso moral nem sempre
acompanha o progresso intelectual.
■ Pode acontecer que o adiantamento
intelectual promova a melhoria moral, desde que o homem tenha compreensão do
bem e do mal.
■ Essa compreensão favorece o
desenvolvimento do livre- -arbítrio, permitindo que as pessoas façam escolhas
mais responsáveis e, consequentemente, mais acertadas.
■ A existência de povos ou pessoas
instruídas, mas pervertidas, indica que lhes faltam o desenvolvimento do senso
moral que, cedo ou tarde, virá.
■ O progresso completo constitui o
objetivo. O moral e a inteligência são duas forças que só com o tempo chegam a
equilibrar- -se.
Influência do espiritismo no
progresso da humanidade
“A Humanidade tem realizado, até ao presente, incontestáveis
progressos. Os homens, com a sua inteligência, chegaram a resultados que jamais
haviam alcançado, sob o ponto de vista das ciências, das artes e do bem-estar
material. Resta-lhes ainda um imenso progresso a realizar: o de fazerem que entre si reinem
a caridade, a fraternidade, a solidariedade, que lhes assegurem o bem-estar
moral.
Não poderiam consegui-lo nem com as suas crenças, nem com as
suas instituições antiquadas, restos de outra idade, boas para certa época,
suficientes para um estado transitório, mas que, havendo dado tudo o que
comportavam, seriam hoje um entrave. Já não é somente de desenvolver a inteligência
o de que os homens necessitam, mas de elevar o sentimento e, para isso, faz-se
preciso destruir tudo o que superexcite neles o egoísmo e o orgulho. Tal o
período em que doravante vão entrar e que marcará uma das fases principais da
vida da Humanidade. Essa fase, que neste momento se elabora, é o complemento
indispensável do estado precedente, como a idade viril o é da juventude. Ela
podia, pois, ser prevista e predita de antemão e é por isso que se diz que são
chegados os tempos determinados por Deus. [...] Trata-se de um movimento
universal, a operar-se no sentido do progresso moral. Uma nova ordem de coisas
tende a estabelecer-se, e os homens, que mais opostos lhe são, para ela
trabalham a seu mau grado.
Os Espíritos Orientadores nos esclarecem: Sim, decerto, a
Humanidade se transforma, como já se transformou noutras épocas, e cada
transformação se assinala por uma crise que é, para o gênero humano, o que são,
para os indivíduos, as crises de crescimento. Aquelas se tornam, muitas vezes,
penosas, dolorosas, e arrebatam consigo as gerações e as instituições, mas, são
sempre seguidas de uma fase de progresso material e moral [...].
Uma coisa que vos parecerá estranhável, mas que por isso não
deixa de ser rigorosa verdade, é que o mundo dos Espíritos, mundo que vos
rodeia, experimenta o contrachoque de todas as comoções que abalam o mundo dos
encarnados. Digo mesmo que aquele toma parte ativa nessas comoções. Nada tem
isto de surpreendente, para quem sabe que os Espíritos fazem corpo com a
Humanidade; que eles saem dela e a ela têm de voltar, sendo, pois, natural se
interessem pelos movimentos que se operam entre os homens. Ficai, portanto,
certos de que, quando uma revolução social se produz na Terra, abala igualmente
o mundo invisível, onde todas as paixões, boas e más, se exacerbam, como entre
vós [...]. À agitação dos encarnados e desencarnados se juntam às vezes, e
frequentemente mesmo, já que tudo se conjuga em a Natureza, as perturbações dos
elementos físicos. Dá-se então, durante algum tempo, verdadeira confusão geral,
mas que passa como furacão, após o qual o céu volta a estar sereno, e a
Humanidade, reconstituída sobre novas bases, imbuída de novas idéias, começa a
percorrer nova etapa de progresso. É no período que ora se inicia que o Espiritismo
florescerá e dará frutos.
A crença no Espiritismo ajuda o homem a se melhorar,
firmando-lhe as idéias sobre certos pontos do futuro. Apressa o adiantamento
dos indivíduos e das massas, porque faculta nos inteiremos do que seremos um
dia. É um ponto de apoio, uma luz que nos guia. O Espiritismo ensina o homem a
suportar as provas com paciência e resignação; afasta-o dos atos que possam
retardar-lhe a felicidade, mas ninguém diz que, sem ele, não possa ela ser
conseguida.
É importante considerar que o [...] Espiritismo não cria a
renovação social; a madureza da Humanidade é que fará dessa renovação uma
necessidade. Pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas,
pela amplitude de suas vistas, pela generalidade das questões que abrange, o
Espiritismo é mais apto, do que qualquer outra doutrina, a secundar o movimento
de regeneração; por isso, é ele contemporâneo desse movimento. Surgiu na hora em
que podia ser de utilidade, visto que também para ele os tempos são chegados.
Se viera mais cedo, teria esbarrado em obstáculos insuperáveis; houvera
inevitavelmente sucumbido, porque, satisfeitos com o que tinham, os homens
ainda não sentiriam falta do que ele lhes traz. Hoje, nascido com as idéias que
fermentam, encontra preparado o terreno para recebê-lo. Os espíritos cansados
da dúvida e da incerteza, horrorizados com o abismo que se lhes abre à frente,
o acolhem como âncora de salvação e consolação suprema. Os Espíritos
responsáveis pela Codificação Espírita são incisivos quando nos dizem: Por meio
do Espiritismo, a Humanidade tem que entrar numa nova fase, a do progresso
moral que lhe é consequência inevitável. Não mais, pois, vos espanteis da
rapidez com que as idéias espíritas se propagam. A causa dessa celeridade
reside na satisfação que trazem a todos os que as aprofundam e que nelas veem
alguma coisa mais do que fútil passatempo. Ora, como cada um o que acima de
tudo quer é a sua felicidade, nada há de surpreendente em que cada um se apegue
a uma idéia que faz ditosos os que a esposam.
Três períodos distintos apresenta o desenvolvimento dessas
idéias:
primeiro, o da curiosidade, que a singularidade dos fenômenos
produzidos desperta;
segundo, o do raciocínio e da filosofia;
terceiro, o da aplicação e das consequências. O período da
curiosidade passou; a curiosidade dura pouco. Uma vez satisfeita, muda de objeto.
O mesmo não acontece com o que desafia a meditação séria e o raciocínio.
Começou o segundo período, o terceiro virá inevitavelmente.
Em outra oportunidade, os Espíritos Superiores voltam a nos
afirmar sobre o destino do Espiritismo: Certamente que se tornará crença geral
e marcará nova era na história da humanidade, porque está na natureza e chegou
o tempo em que ocupará lugar entre os conhecimentos humanos. Terá, no entanto,
que sustentar grandes lutas, mais contra o interesse, do que contra a convicção,
porquanto não há como dissimular a existência de pessoas interessadas em
combatê-lo, umas por amor-próprio, outras por causas inteiramente materiais.
Porém, como virão a ficar insulados, seus contraditores se sentirão forçados a
pensar como os demais, sob pena de se tornarem ridículos.
De certa forma, é até esperado esse estado de coisas, pois,
num mundo de expiações e provas como o nosso, sabemos que as [..] idéias só com
o tempo se transformam; nunca de súbito. De geração em geração, elas se enfraquecem
e acabam por desaparecer, paulatinamente, com os que as professavam, os quais
vêm a ser substituídos por outros indivíduos imbuídos de novos princípios, como
sucede com as idéias políticas. Assim, é preciso [...] que algumas gerações
passem, para que se apaguem totalmente os vestígios dos velhos hábitos. A
transformação, pois, somente com o tempo, gradual e progressivamente, se pode
operar. Para cada geração uma parte do véu se dissipa. O Espiritismo vem
rasgá-lo de alto a baixo. Entretanto, conseguisse ele unicamente corrigir num
homem um único defeito que fosse e já o haveria forçado a dar um passo.
Ter-lhe-ia feito, só com isso, grande bem, pois esse primeiro passo lhe
facilitará os outros.
Foi dito que o Espiritismo enfrentará várias lutas e obstáculos,
ao longo do caminho planejado pelo Alto, antes de sua aceitação como crença
universal entre os homens. Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da
sociedade, ele faz que os homens compreendam onde se encontram seus verdadeiros
interesses. Deixando a vida futura de estar velada pela dúvida, o homem
perceberá melhor que, por meio do presente, lhe é dado preparar o seu futuro.
Abolindo os prejuízos de seitas, castas e cores, ensina aos homens a grande
solidariedade que os há de unir como irmãos.
A aceitação dos princípios espíritas não faz melhores as
pessoas, em princípio. A melhoria do Espírito ficará patente quando, em
decorrência do esforço individual, a pessoa implementar mudanças no
comportamento, as quais garantirão uma verdadeira transformação moral. Neste
sentido, os Espíritos Superiores nos alertam: Se o Espiritismo, conforme foi
anunciado, tem que determinar a transformação da Humanidade, claro é que esse
efeito ele só poderá produzir melhorando as massas, o que se verificará gradualmente,
pouco a pouco, em consequência do aperfeiçoamento dos indivíduos. Que importa
crer na existência dos Espíritos, se essa crença não faz que aquele que a tem
se torne melhor, mais benigno e indulgente para com os seus semelhantes, mais
humilde e paciente na adversidade? De que serve ao avarento ser espírita, se
continua avarento; ao orgulhoso, se se conserva cheio de si; ao invejoso, se
permanece dominado pela inveja? Assim, poderiam todos os homens acreditar nas
manifestações dos Espíritos e a Humanidade ficar estacionária. Dessa forma, o
combate ao materialismo representa apenas um passo, o primeiro passo de uma
série de outros que nos transformarão em pessoas de bem. Atentemos para os
seguintes esclarecimentos de Allan Kardec: Louváveis esforços indubitavelmente
se empregam para fazer que a Humanidade progrida. Os bons sentimentos são
animados, estimulados e honrados mais do que em qualquer outra época. Entretanto,
o egoísmo, verme roedor, continua a ser a chaga social. É um mal real, que se
alastra por todo o mundo e do qual cada homem é mais ou menos vítima. Cumpre,
pois, combatê-lo, como se combate uma enfermidade epidêmica. Para isso, deve-se
proceder como procedem os médicos: ir à origem do mal. Procurem-se em todas as
partes do organismo social, da família aos povos, da choupana ao palácio, todas
as causas, todas as influências que, ostensiva ou ocultamente, excitam,
alimentam e desenvolvem o sentimento do egoísmo. Conhecidas as causas, o
remédio se apresentará por si mesmo. Só restará então destruí-Ias, senão
totalmente, de uma só vez, ao menos parcialmente, e o veneno pouco a pouco será
eliminado. Poderá ser longa a cura, porque numerosas são as causas, mas não é
impossível. Contudo, ela só se obterá se o mal for atacado em sua raiz, isto é,
pela educação, não por essa educação que tende a fazer homens instruídos, mas
pela que tende a fazer homens de bem. A educação, convenientemente entendida,
constitui a chave do progresso moral. Quando se conhecer a arte de manejar os
caracteres, como se conhece a de manejar as inteligências, conseguir-se- á
corrigi-los, do mesmo modo que se aprumam plantas novas. Essa arte, porém,
exige muito tato, muita experiência e profunda observação. É grave erro
pensar-se que, para exercê-la com proveito, baste o conhecimento da Ciência.
O Codificador do Espiritismo também nos explica que o homem
[...] deseja ser feliz e natural é o sentimento que dá origem a esse desejo.
Por isso é que trabalha incessantemente para melhorar a sua posição na Terra,
que pesquisa as causas de seus males, para remediá-los. Quando compreender bem
que no egoísmo reside uma dessas causas, a que gera o orgulho, a ambição, a
cupidez, a inveja, o ódio, o ciúme, que a cada momento o magoam, a que perturba
todas as relações sociais, provoca as dissensões, aniquila a confiança, a que o
obriga a se manter constantemente na defensiva contra o seu vizinho, enfim a
que do amigo faz inimigo, ele compreenderá também que esse vício é incompatível
com a sua felicidade e, podemos mesmo acrescentar, com a sua própria segurança.
E quanto mais haja sofrido por efeito desse vício, mais sentirá a necessidade
de combatê-lo, como se combatem a peste, os animais nocivos e todos os outros
flagelos. O seu próprio interesse a isso o induzirá. O egoísmo é a fonte de
todos os vícios, como a caridade o é de todas as virtudes. Destruir um e
desenvolver a outra, tal deve ser o alvo de todos os esforços do homem, se
quiser assegurar a sua felicidade neste mundo, tanto quanto no futuro.
Combatendo os vícios e estimulando o desenvolvimento de virtudes, o Espiritismo
oferece condições para influir no progresso da Humanidade, promovendo uma era
de renovação social e moral, pois a Doutrina Espírita é, [...] acima de tudo, o
processo libertador das consciências, a fim de que a visão do homem alcance
horizontes mais altos. O Espiritismo se tornará crença universal, porque
representa a chave [...] de luz para os ensinamentos do Cristo, explica o
Evangelho não como um tratado de regras disciplinares, nascidas do capricho
humanos, mas como a salvadora mensagem de fraternidade e alegria, comunhão e
entendimento, abrangendo as leis mais simples da vida”.
-( KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 51.
ed. Rio de Janeiro: FEB )-
Que a graça e a paz sejam conosco!
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