lançada de uma para outra parte.” -(São Tiago, 1: 6 )-
Amados irmãos, bom dia!
Hoje veremos o segundo caso onde, tendo sido dada a oportunidade de evoluir, esta não foi aproveitada.
2.º Caso: Dívida agravada
"O Espírito André Luiz nos relata no capítulo 12, da obra Ação
e Reação, páginas 215 a 219, a manifestação da lei de causa e efeito numa
situação muito comum na atualidade. O Assistente [Silas] interrompeu a operação
socorrista e falou-nos bondoso: — Temos aqui asfixiante problema de conta
agravada. E designando a jovem mãe, agora extenuada, continuou: — Marina veio
de nossa Mansão para auxiliar a Jorge e Zilda, dos quais se fizera devedora.
No século passado, interpôs-se entre os dois, quando
recém-casados, impelindo-os a deploráveis leviandades, que lhes valeram
angustiosa demência no Plano Espiritual. Depois de longos padecimentos e
desajustes, permitiu o Senhor que muitos amigos intercedessem junto aos Poderes
Superiores, para que se lhes recompusesse o destino, e os três renasceram no
mesmo quadro social, para o trabalho regenerativo.
Marina, a primogênita do lar de nossa irmã Luísa, recebeu a
incumbência de tutelar a irmãzinha menor, que assim se desenvolveu ao calor de
seu fraternal carinho, mas, quando moças feitas, há alguns anos, eis que,
segundo o programa de serviço traçado antes da reencarnação, a jovem Zilda
reencontra Jorge e reatam, instintivamente, os elos afetivos do pretérito.
Amam-se com fervor e confiam-se ao noivado. Marina, porém, longe de
corresponder às promessas esposadas no Mundo Maior, pelas quais lhe cabia amar
o mesmo homem, no silêncio da renúncia construtiva, amparando a irmãzinha,
outrora repudiada esposa, nas lutas purificadoras que a atualidade lhe
ofertaria, passou a maquinar projetos inconfessáveis, tomada de intensa paixão.
Completamente cega e surda aos avisos da sua consciência, começou a envolver o
noivo da irmã em larga teia de seduções e, atraindo para o seu escuso objetivo
o apoio de entidades caprichosas e enfermiças, por intermédio de doentios
desejos, passou a hipnotizar o moço, espontaneamente, com o auxílio dos
vampiros desencarnados, cuja companhia aliciara sem perceber... E Jorge,
inconscientemente dominado, transferiu-se do amor por Zilda à simpatia por
Marina, observando que a nova afetividade lhe crescia assustadoramente no
íntimo, sem que ele mesmo pudesse controlar-lhe a expansão...
Decorridos breves meses, dedicavam-se ambos a encontros
ocultos, nos quais se comprometeram um com o outro na maior intimidade... Zilda
notou a modificação do rapaz, mas procurava desculpar-lhe a indiferença à conta
de cansaço no trabalho e dificuldades na vida familiar. Todavia, em faltando
apenas duas semanas para a realização do consórcio, surpreende-se a pobrezinha
com a inesperada e aflitiva confissão... Jorge expõe-lhe a chaga que lhe
excrucia o mundo interior... Não lhe nega admiração e carinho, mas desde muito
reconhece que somente Marina deve ser-lhe a companheira no lar. A noiva
preterida sufoca o pavoroso desapontamento que a subjuga e, aparentemente, não
se revolta. Mas, introvertida e desesperada, consegue na mesma noite do
entendimento a dose de formicida com que põe termo à existência física.
Alucinada de dor, Zilda, desencarnada, foi recolhida por nossa irmã Luísa, que
já se achava antes dela em nosso mundo, admitida na Mansão pelos méritos
maternais.
A genitora desditosa rogou o amparo de nossos Maiores. Na
posição de mãe, apiedava-se de ambas as jovens, de vez que a filha traidora,
aos seus olhos, era mais infeliz que a filha escarnecida, embora esta última
houvesse adquirido o grave débito dos suicidas, em seu caso atenuado pela
alienação mental em que a moça se vira, sentenciada sem razão a inqualificável
abandono... Examinando o assunto, carinhosamente, pelo Ministro Sânzio [...],
determinou ele que Marina fosse considerada devedora em conta agravada por ela
mesma. E, logo após a decisão, providenciou a fim de que Zilda fosse recambiada
ao lar para receber aí os cuidados merecidos. Marina falhara na prova de
renúncia em favor da irmã que lhe era credora generosa, mas condenara-se ao
sacrifício pela mesma irmãzinha, agora imposta pelo aresto da Lei ao seu
convívio, na situação de filha terrivelmente sofredora e imensamente amada. Foi
assim que Jorge e Marina, livres, casaram-se, recolhendo da Terra a comunhão
afetiva pela qual suspiravam; entretanto, dois anos após o enlace, receberam
Zilda em rendado berço, como filhinha estremecida. Mas... desde os primeiros
meses do rebento adorado, identificara-lhe a dolorosa prova. Zilda, hoje
chamada Nilda, nasceu surda-muda e mentalmente retardada, em consequência do
trauma perispirítico experimentado na morte por envenenamento voluntário.
Inconsciente e atormentada nos refolhos do ser pelas recordações asfixiantes do
passado recente, chora quase que dia e noite... Quanto mais sofre, porém, mais
ampla ternura recolhe dos pais que a amam com extremados desvelos de compaixão
e carinho... Silenciou o Assistente [...].
Achávamo-nos eu e Hilário, assombrados e comovidos. O
problema era doloroso do ponto de vista humano, contudo encerrava precioso ensinamento
da Justiça Divina". -( FEB )-
Que a graça e a paz sejam conosco!
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