sexta-feira, 21 de agosto de 2015

O princípio de ação e reação - exemplo I


"As faltas que cometemos têm por fonte primária a imperfeição do nosso próprio Espírito, que ainda não conquistou a superioridade moral que um dia alcançará".








Amados irmãos,bom dia!
Exemplificando os ensinamentos apresentados ontem, disponibilizamos casos onde poderemos observar resultados da não observância dos mesmos. Hoje veremos o primeiro:



1.º Caso: Verdugo e vítima


O Espírito Irmão X nos conta no livro Contos Desta e Doutra Vida, a seguinte história: 

O rio transbordava. Aqui e ali, na crista espumosa da corrente pesada, boiavam animais mortos ou deslizavam toras e ramarias. Vazantes em torno davam expansão ao crescente lençol de massa barrenta. Famílias inteiras abandonavam casebres, sob a chuva, carregando aves espantadiças, quando não estivessem puxando algum cavalo magro. 

Quirino, o jovem barqueiro, que vinte e seis anos de sol no sertão haviam enrijado de todo, ruminava plano sinistro. Não longe, em casinhola fortificada, vivia Licurgo, conhecido usurário das redondezas. Todos o sabiam proprietário de pequena fortuna a que montava guarda, vigilante. 

Ninguém, no entanto, poderia avaliar-lhe a extensão, porque, sozinho, envelhecera e, sozinho, atendia às próprias necessidades. — O velho – dizia Quirino de si para consigo – será atingido na certa. É a primeira vez que surge uma cheia como esta. Agarrado aos próprios haveres, será levado de roldão... E se as águas devem acabar com tudo, porque não me beneficiar? O homem já passou dos setenta... Morrerá a qualquer hora. Se não for hoje, será amanhã, depois de amanhã... E o dinheiro guardado? Não poderia servir para mim, que estou moço e com pleno direito ao futuro?... 

O aguaceiro caía sempre, na tarde fria. O rapaz, hesitante, bateu à porta da choupana molhada. — «Seu» Licurgo! «Seu» Licurgo!... E, ante o rosto assombrado do velhinho que assomara à janela, informou: — Se o senhor não quer morrer, não demore. Mais um pouco de tempo e as águas chegarão. Todos os vizinhos já se foram... — Não, não... — resmungou o proprietário —, moro aqui há muitos anos. Tenho confiança em Deus e no rio... Não sairei. — Venho fazer-lhe um favor... — Agradeço, mas não sairei. 

Tomado de criminoso impulso, o barqueiro empurrou a porta mal fechada e avançou sobre o velho, que procurou em vão reagir. — Não me mate, assassino! A voz rouquenha, contudo, silenciou nos dedos robustos do jovem. Quirino largou para um lado o corpo amolecido, como traste inútil, arrebatou pequeno molho de chaves do grande cinto e, em seguida, varejou todos os escaninhos... Gavetas abertas mostravam cédulas mofadas, moedas antigas e diamantes, sobretudo diamantes. Enceguecido de ambição, o moço recolhe quanto acha. A noite chuvosa descera completa... Quirino toma os despojos da vítima num cobertor e, em minutos breves, o cadáver mergulha no rio. Logo após, volta à casa despovoada, recompõe o ambiente e afasta-se, enfim, carregando a fortuna. Passado algum tempo, o homicida não vê que uma sombra se lhe esgueira à retaguarda. É o Espírito de Licurgo, que acompanha o tesouro. Pressionado pelo remorso, o barqueiro abandona a região e instala-se em grande cidade, com pequena casa comercial, e casa-se, procurando esquecer o próprio arrependimento, mas recebe o velho Licurgo, reencarnado, por seu primeiro filho...”-–( FEB )-



Que a graça e a paz sejam conosco!

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