quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Instruções aos discípulos


“Então  disse  aos seus  discípulos:  A seara  é realmente  grande, mas poucos os ceifeiros.” -( Mateus, 9:37 )-




Amados irmãos, bom dia!
"O ensinamento aqui não se refere à colheita espiritual dos grandes períodos de renovação no tempo, mas sim à seara de consolações que o Evangelho envolve em si mesmo. Os abnegados operários do Cristo prosseguem onerados em virtude de tantos famintos que cercam a seara, sem a precisa coragem de buscarem por si o  alimento da vida eterna. E esse quadro persistirá na Terra, até que os bons consumidores aprendam a ser também bons ceifeiros." -( Pão Nosso - Chico Xavier / Emmanuel )-










Texto evangélico 

"Jesus enviou estes doze e lhes ordenou dizendo: Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel; e, indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos Céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai. Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos; nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bordão, porque digno é o operário do seu alimento. E, em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela seja digno e hospedai-vos aí até que vos retireis. E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; e, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna,torne para vos a vossa paz. E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés (Mt 10:5-14). 


Interpretação do texto evangélico 

» Jesus enviou estes doze, e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide, antes, às ovelhas perdidas da Casa de Israel (Mt 10:5-6). 

Na época de Jesus e em consequência das ideias acanhadas e materiais então em curso, tudo se circunscrevia e localizava. A Casa de Israel era um pequeno povo; os gentios eram outros pequenos povos circunvizinhos. Hoje, as ideias se universalizam e espiritualizam. A luz nova não constitui privilégio de nenhuma nação; para ela não existem barreiras, tem o seu foco em toda a parte e todos os homens são irmãos. Mas, também, os gentios já não são um povo, são apenas uma opinião com que se topa em toda parte e da qual a verdade triunfa pouco a pouco, como do Paganismo triunfou o Cristianismo. Já não são combatidos com armas de guerra, mas com a força da ideia.

Considerando, porém, a época, vemos que as instruções de Jesus aos seus discípulos foram claras: procurar as ovelhas perdidas da Casa de Israel, evitando os povos gentílicos. Que motivo justificava essa orientação específica? A resposta é simples: os seus discípulos não possuíam condições para lidar com as diferentes interpretações religiosas existentes, uma vez que conheciam, apenas, os ensinamentos da lei judaica. Eles, os discípulos, deveriam focalizar suas pregações aos irmãos de raça. Importa considerar também que Jesus, de certa forma estava submetendo os seus discípulos a um teste, treinando-os para as futuras lutas que haveriam de passar na difusão do Cristianismo. 

Durante algum tempo, os discípulos se dedicam ao aprendizado junto ao Mestre. Espíritos de alto progresso espiritual, fácil lhes fora assimilar as lições que Jesus lhes ministrava diariamente, não só pelas palavras, como também pelo exemplo. Fortificados pela fé que Jesus lhe acendera nos corações, estavam preparados para continuar a obra evangélica, que Jesus lhes confiaria.

A missão dos doze apóstolos começa, pois, entre os próprios judeus, afastados do Judaísmo (“ovelhas perdidas da Casa de Israel”). O trabalho com os gentios (“as gentes”) caberia, em especial, ao apóstolo Paulo de Tarso, em época posterior. Importa refletir um pouco mais sobre o sentido, de “ovelhas perdidas da Casa de Israel”, de “caminho das gentes” e “cidade dos samaritanos” citados no texto evangélico. 

As ovelhas perdidas eram os judeus afastados do judaísmo; os caminhos das gentes são as comunidades gentílicas; cidade dos samaritanos é a Samaria, capital do reino dissidente de Israel. Os israelitas eram, naturalmente, os indicados para primeiro receberem o Evangelho, dado ao longo preparo espiritual que a lei de Moisés os tinha submetido. Dirigindo-se a eles, os discípulos encontrariam um terreno propício à semeadura.

A história nos relata que muitos judeus estavam insatisfeitos com os seus sacerdotes, marcadamente voltados para as práticas exteriores; com as intrigas religiosas existentes entre o clero e os membros do sinédrio; com a servidão a Roma e os acordos políticos. Dessa forma, mantinham-se afastados das sinagogas. Existiam também os judeus que já não se contentavam com as práticas do Judaísmo oficial, por julgá-las falsas, inadequadas ou sem sentido. Entre os últimos estavam os samaritanos, considerados dissidentes do Judaísmo. 

Após o cisma das dez tribos, Samaria [“cidade dos samaritanos”] se constituiu a capital do reino dissidente de Israel. [...] Os samaritanos estiveram quase constantemente em guerra com os reis de Judá. Aversão profunda, datando da época da separação, perpetuou-se entre os dois povos, que evitavam todas as relações recíprocas. Além do mais, os samaritanos somente “[...] admitiam o Pentateuco, que continha a lei de Moisés, e rejeitavam todos os outros livros que a esse foram posteriormente anexados.” Havia, assim, profunda divergência religiosa entre os judeus ortodoxos que os consideravam heréticos. 

O “caminho das gentes” representam, no texto evangélico, a comunidade dos povos gentílicos que viviam próximos aos judeus. Considerados pagãos, eram politeístas por formação cultural. Em muitas circunstâncias, prova Jesus que suas vistas não se circunscrevem ao povo judeu, mas que abrangem a humanidade toda. Se, portanto, diz a seus apóstolos que não vão ter com os pagãos, não é que desdenhe da conversão deles, o que nada teria de caridoso; é que os judeus, que já acreditavam no Deus uno e esperavam o messias, estavam preparados, pela lei de Moisés e pelos profetas, a lhes acolherem a palavra. Com os pagãos, onde até mesmo a base faltava, estava tudo por fazer e os apóstolos não se achavam ainda bastante esclarecidos para tão pesada tarefa.

Extrapolando o sentido literal do texto, podemos dizer que as “ovelhas perdidas da Casa de Israel” representavam as pessoas que, possuindo uma base de espiritualização, estavam perdidas porque não encontraram na religião que adotavam como norma de conduta, respostas às suas indagações íntimas e aos seus anseios de crescimento espiritual. O “caminho das gentes” indica outro tipo de pessoas, situadas em oposição às “ovelhas perdidas da Casa de Israel”: são os materialistas, descrentes por convicção ou por espírito de sistema. Encontram-se num estágio evolutivo onde as sensações da matéria lhes satisfazem o sentido e nada mais desejam. São pessoas que ainda não estão habilitadas à verdadeira transformação espiritual, por força do piso evolutivo em que se encontram. Entretanto, reconhecemos que entre  estes podem surgir indivíduos decididos, dispostos a superar os limites impostos pela vida material. A “cidade dos samaritanos” simboliza os discutidores religiosos, os dissidentes e os polêmicos. Vivem à parte, não se misturando com os que pensam de forma diferente. Entre eles, também, surgem os que impulsionam o progresso, que valorizam a união e a paz entre as criaturas." -( FEB - EADE )-





Estudo do Livro dos Espíritos






338. Se acontecesse que muitos Espíritos se apresentassem para tomar determinado corpo destinado a nascer, que é o que decidiria sobre a qual deles pertenceria o corpo? 

“Muitos podem pedi-lo; mas, em tal caso, Deus é quem julga qual o mais capaz de desempenhar a missão a que a criança se destina. Porém, como já eu disse, o Espírito é designado antes que soe o instante em que haja de unir-se ao corpo.” 




Que a graça e a paz sejam conosco!

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