“Então disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros.” -( Mateus, 9:37 )-
Amados irmãos, bom dia!
"O ensinamento aqui não se refere à colheita espiritual dos grandes períodos
de renovação no tempo, mas sim à seara de consolações que o Evangelho envolve
em si mesmo. Os abnegados operários do Cristo prosseguem onerados em virtude de
tantos famintos que cercam a seara, sem a precisa coragem de buscarem por si o
alimento da vida eterna. E esse quadro persistirá na Terra, até que os bons
consumidores aprendam a ser também bons ceifeiros." -( Pão Nosso - Chico Xavier / Emmanuel )-
Texto evangélico
"Jesus enviou estes doze e lhes ordenou dizendo: Não ireis pelo
caminho das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide,
antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel; e, indo, pregai, dizendo: É
chegado o reino dos Céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai
os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.
Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos; nem alforjes
para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bordão, porque
digno é o operário do seu alimento. E, em qualquer cidade ou aldeia em
que entrardes, procurai saber quem nela seja digno e hospedai-vos aí
até que vos retireis. E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; e, se a
casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna,torne
para vos a vossa paz. E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas
palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés
(Mt 10:5-14).
Interpretação do texto evangélico
» Jesus enviou estes doze, e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho
das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide, antes, às
ovelhas perdidas da Casa de Israel (Mt 10:5-6).
Na época de Jesus e em consequência das ideias acanhadas e materiais
então em curso, tudo se circunscrevia e localizava. A Casa de Israel era
um pequeno povo; os gentios eram outros pequenos povos circunvizinhos.
Hoje, as ideias se universalizam e espiritualizam. A luz nova não
constitui privilégio de nenhuma nação; para ela não existem barreiras,
tem o seu foco em toda a parte e todos os homens são irmãos. Mas,
também, os gentios já não são um povo, são apenas uma opinião com
que se topa em toda parte e da qual a verdade triunfa pouco a pouco,
como do Paganismo triunfou o Cristianismo. Já não são combatidos
com armas de guerra, mas com a força da ideia.
Considerando, porém, a época, vemos que as instruções de
Jesus aos seus discípulos foram claras: procurar as ovelhas perdidas da Casa de Israel, evitando os povos gentílicos. Que motivo justificava
essa orientação específica? A resposta é simples: os seus discípulos
não possuíam condições para lidar com as diferentes interpretações
religiosas existentes, uma vez que conheciam, apenas, os ensinamentos
da lei judaica. Eles, os discípulos, deveriam focalizar suas pregações
aos irmãos de raça.
Importa considerar também que Jesus, de certa forma estava
submetendo os seus discípulos a um teste, treinando-os para as futuras
lutas que haveriam de passar na difusão do Cristianismo.
Durante algum tempo, os discípulos se dedicam ao aprendizado
junto ao Mestre. Espíritos de alto progresso espiritual, fácil lhes fora
assimilar as lições que Jesus lhes ministrava diariamente, não só pelas
palavras, como também pelo exemplo. Fortificados pela fé que Jesus
lhe acendera nos corações, estavam preparados para continuar a obra
evangélica, que Jesus lhes confiaria.
A missão dos doze apóstolos começa, pois, entre os próprios
judeus, afastados do Judaísmo (“ovelhas perdidas da Casa de Israel”). O
trabalho com os gentios (“as gentes”) caberia, em especial, ao apóstolo
Paulo de Tarso, em época posterior.
Importa refletir um pouco mais sobre o sentido, de “ovelhas
perdidas da Casa de Israel”, de “caminho das gentes” e “cidade dos
samaritanos” citados no texto evangélico.
As ovelhas perdidas eram
os judeus afastados do judaísmo; os caminhos das gentes são as comunidades
gentílicas; cidade dos samaritanos é a Samaria, capital do
reino dissidente de Israel.
Os israelitas eram, naturalmente, os indicados para primeiro receberem
o Evangelho, dado ao longo preparo espiritual que a lei de Moisés
os tinha submetido. Dirigindo-se a eles, os discípulos encontrariam
um terreno propício à semeadura.
A história nos relata que muitos judeus estavam insatisfeitos com
os seus sacerdotes, marcadamente voltados para as práticas exteriores;
com as intrigas religiosas existentes entre o clero e os membros do
sinédrio; com a servidão a Roma e os acordos políticos. Dessa forma,
mantinham-se afastados das sinagogas. Existiam também os judeus
que já não se contentavam com as práticas do Judaísmo oficial, por julgá-las falsas, inadequadas ou sem sentido. Entre os últimos estavam
os samaritanos, considerados dissidentes do Judaísmo.
Após o cisma das dez tribos, Samaria [“cidade dos samaritanos”] se
constituiu a capital do reino dissidente de Israel. [...] Os samaritanos
estiveram quase constantemente em guerra com os reis de Judá. Aversão
profunda, datando da época da separação, perpetuou-se entre os
dois povos, que evitavam todas as relações recíprocas. Além do mais, os samaritanos somente “[...] admitiam o Pentateuco,
que continha a lei de Moisés, e rejeitavam todos os outros livros
que a esse foram posteriormente anexados.” Havia, assim, profunda divergência religiosa entre os judeus
ortodoxos que os consideravam heréticos.
O “caminho das gentes” representam, no texto evangélico, a
comunidade dos povos gentílicos que viviam próximos aos judeus.
Considerados pagãos, eram politeístas por formação cultural.
Em muitas circunstâncias, prova Jesus que suas vistas não se circunscrevem
ao povo judeu, mas que abrangem a humanidade toda. Se,
portanto, diz a seus apóstolos que não vão ter com os pagãos, não é
que desdenhe da conversão deles, o que nada teria de caridoso; é que
os judeus, que já acreditavam no Deus uno e esperavam o messias, estavam
preparados, pela lei de Moisés e pelos profetas, a lhes acolherem
a palavra. Com os pagãos, onde até mesmo a base faltava, estava tudo
por fazer e os apóstolos não se achavam ainda bastante esclarecidos
para tão pesada tarefa.
Extrapolando o sentido literal do texto, podemos dizer que as
“ovelhas perdidas da Casa de Israel” representavam as pessoas que, possuindo
uma base de espiritualização, estavam perdidas porque não encontraram
na religião que adotavam como norma de conduta, respostas
às suas indagações íntimas e aos seus anseios de crescimento espiritual.
O “caminho das gentes” indica outro tipo de pessoas, situadas em
oposição às “ovelhas perdidas da Casa de Israel”: são os materialistas,
descrentes por convicção ou por espírito de sistema. Encontram-se
num estágio evolutivo onde as sensações da matéria lhes satisfazem
o sentido e nada mais desejam. São pessoas que ainda não estão
habilitadas à verdadeira transformação espiritual, por força do piso
evolutivo em que se encontram. Entretanto, reconhecemos que entre estes podem surgir indivíduos decididos, dispostos a superar os limites
impostos pela vida material.
A “cidade dos samaritanos” simboliza os discutidores religiosos,
os dissidentes e os polêmicos. Vivem à parte, não se misturando
com os que pensam de forma diferente. Entre eles, também, surgem
os que impulsionam o progresso, que valorizam a união e a paz entre
as criaturas." -( FEB - EADE )-
Estudo do Livro dos Espíritos
338. Se acontecesse que muitos Espíritos se apresentassem
para tomar determinado corpo destinado a nascer, que
é o que decidiria sobre a qual deles pertenceria o corpo?
“Muitos podem pedi-lo; mas, em tal caso, Deus é quem
julga qual o mais capaz de desempenhar a missão a que a
criança se destina. Porém, como já eu disse, o Espírito é
designado antes que soe o instante em que haja de unir-se
ao corpo.”
Que a graça e a paz sejam conosco!
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