“Respondeu-lhe Jesus: Não vos escolhi a vós, os doze? E um de vós é diabo.” -( João, 6:70 )-
Amados irmãos, bom dia!
"... consoante a afirmativa do próprio Jesus, o diabo partilhava os serviços
apostólicos, permanecia junto dos aprendizes e um deles se constituíra em
representação do próprio gênio infernal. Basta isto para que nos informemos de que
o termo “diabo” não indicava, no conceito do Mestre, um gigante de perversidade, poderoso e eterno, no espaço e no tempo. Designa o próprio homem, quando
algemado às torpitudes do sentimento inferior. Quando o homem o descobre, no vasto mundo de si mesmo, compreende o
mal, dá-lhe combate, evita o inferno íntimo e desenvolve as qualidades divinas que o
elevam à espiritualidade superior." -( Pão Nosso - Chico Xavier / Emmanuel )-
Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o,
moveu-se de íntima compaixão. E, aproximando-se, atou-lhe as feridas,
aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura,
levou-o para uma estalagem e cuidou dele. E, partindo ao outro dia,
tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele, e
tudo o que de mais gastares eu to pagarei, quando voltar (Lc 10:33-35).
"Os samaritanos eram os habitantes da Samaria que, após a
separação das tribos de Israel, se tornou a capital do reino dissidente.
Os samaritanos estiveram quase que constantemente em guerra com
os reis de Judá [que tinham em Jerusalém sua sede]. Aversão profunda,
datando da época da separação, perpetuou-se entre os dois povos,
que evitavam todas as relações recíprocas. Aqueles, para tornarem
maior a cisão e não terem de vir a Jerusalém pela celebração das festas
religiosas, construíram para si um templo particular e adotaram
algumas reformas. Somente admitiam o Pentateuco, que continha a lei
de Moisés, e rejeitavam todos os outros livros que a esse foram posteriormente
anexados. Seus livros sagrados eram escritos em caracteres
hebraicos da mais alta antiguidade. Para os judeus ortodoxos, eles eram
heréticos e, portanto, desprezados, anatematizados e perseguidos.
Na verdade, os samaritanos representavam o grupo conservador
dentro da religião judaica; a Samaria pode ser entendida como um
símbolo de transição entre o Judaísmo, os gentílicos e o Cristianismo.
É importante considerar porque Jesus escolheu o samaritano
como um exemplo da verdadeira prática da caridade, sendo os habitantes
da Samaria desprezados e mantidos à distância pelos demais judeus.
Pelo fato de os samaritanos representarem uma minoria, que
interpretavam de forma diferente os livros básicos do Judaísmo, e
terem práticas religiosas que contrariavam as orientações existentes
no templo de Salomão, em Jerusalém, não implicam que eram pessoas
más. Ao contrário, as citações evangélicas e as constantes de Atos dos apóstolos, indicam que Jesus e seus apóstolos os consideravam
pessoas de bem.
Talvez pelo fato de serem tão desprezados pelos seus irmãos
de raça, tivessem os samaritanos desenvolvido uma vigilância maior,
relativamente ao comportamento e conduta de vida. Entretanto, algo
se destaca quando o bom samaritano vê a pessoa ferida, quase morta,
caída no caminho. Esse “algo” é o sentimento de compaixão que ele
sentiu pelo ferido.
Jesus nos mostra, assim, que a verdadeira caridade só é praticada
quando nos compadecemos dos que sofrem.
Todos os benefícios que o
samaritano produziu ao ferido (atar-lhe as feridas, levá-lo a uma hospedaria
e garantir-lhe cuidados suplementares para o restabelecimento
da saúde) foram gestos de bondade, desencadeados pela compaixão.
O Espírito Irmão X nos transmite informações sobre os personagens
dessa parábola.
Segundo aprendi, o homem que descia de Jerusalém para Jericó, no
episódio do bom samaritano, ao cair em poder dos ladrões, que o
deixaram semimorto, apelou, em prece muda, para a bondade de
Deus. Compadecido, o Todo-misericordioso expediu, sem detença,
um mensageiro, que naturalmente carecia de instrumento humano a
fim de expressar-se. O preposto da Providência, colocou-se ao lado
da vítima, aguardando, ansiosamente, a chegada de alguém que se
dispusesse a colaborar com ele no piedoso mister. Justamente um
sacerdote de grande ciência nas Escrituras, educado nos princípios do amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si
mesmo, foi o primeiro a aproximar-se... O encarregado da bênção
tentou induzi-lo à benevolência; todavia, o titular da Fé, receando
atrapalhações, tratou de estugar o passo e seguiu adiante. Logo em
seguida, um levita, igualmente culto, apareceu no sítio e o benfeitor
das alturas rogou-lhe cooperação, debalde, porque o zelador da
Lei, temendo complicar-se, negou-se a considerar o pedido mental,
afastando-se, rápido. Mas um samaritano desconhecido, que
viajava sem qualquer rótulo que lhe honorificasse a presença, ao
passar ali assinalou no coração a rogativa que o Emissário divino
lhe endereçava e, deixando-se tomar por súbita compaixão, passou
junto dele ao trabalho da assistência imediata. Limpou o infeliz,
estancou-lhe o sangue das feridas e, logo após, acomodando-o no
cavalo, conduziu-o a uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, desembolsou o dinheiro necessário, pagou-lhe a estalagem e, antes
de partir, responsabilizou-se, de modo espontâneo, por todas as
despesas que viessem a ocorrer no tratamento exigido, correspondendo,
eficientemente, à expectativa do enviado que viera praticar
a beneficência em nome de Deus...
Percebemos, na parábola, que o samaritano agiu com critério e
bom senso quando atendeu o homem ferido, caído à beira da estrada.
Vemos que a bondade do atendimento não dispensou o conhecimento
ou maneira correta de agir. Primeiro prestou os cuidados
emergenciais ao doente, limpando e fazendo a assepsia das feridas pela
utilização dos recursos disponíveis (vinho e azeite); segundo improvisou
um transporte (o cavalo), já que o doente estava incapacitado de
andar; terceiro levou-o para uma estalagem onde recebeu alimento e
o conforto de um leito, afastando-o das intempéries; quarto cuidou
do ferido, auxiliando-o na recuperação da saúde; quinto, e por último,
garantiu a continuidade do atendimento, fazendo um adiantamento
monetário ao hospedeiro e assumindo uma dívida, se mais recursos
financeiros fossem despendidos.
Há, pois uma nítida preocupação do bom samaritano: de que
o doente se recupere integralmente, cuidando dele diretamente ou, à
distância, por intermédio do hospedeiro. Este é um exemplo de como
se pode descer aos planos vibratórios onde a dor reside, sem que ocorra
prejuízos de qualquer natureza.
Descer, a serviço do bem é programa de aprendizado e de trabalho.
Os benfeitores espirituais fazem isso frequentemente. Saem de
suas esferas superiores e descem à Jericó dos nossos corações, ainda
presos aos interesses transitórios do mundo.
Nem sempre é possível ajudar na posição em que nos encontramos,
daí ser necessário descer aos locais de sofrimento maior, dos
desequilíbrios mais intensos, a fim de cooperar com eficiência. Aliás,
o processo evolutivo se dá pela subida, caracterizada pela apreensão
de conhecimento e, também pela descida aos núcleos de necessidade
e dor, a fim de que sejam operacionalizadas as propostas de amor que
já visitam o nosso entendimento.
Compreendemos, assim, que, se o papel do samaritano é digno
de ser imitado; se o homem caído aprendeu com sua própria queda;
se o levita e o sacerdote ainda terão que evoluir nas reencarnações sucessivas, o hospedeiro é alguém que presta ou disponibiliza o seu
serviço, ainda que remunerado. Mas nem por isto sem méritos porque
o plano de aprendizagem e melhoria espiritual se dá, também, na
intimidade de nossa atuação profissional.
A Parábola do Bom Samaritano é lição preciosa que merece ser
refletida e aplicada no dia a dia.
Em todos os tempos, há exércitos de criaturas que ensinam a caridade;
todavia, poucas pessoas praticam-na verdadeiramente.[...] É por isso
que a caridade, antes de tudo, pede compreensão. Não basta entregar
os haveres ao primeiro mendigo que surja à porta, para significar
a posse da virtude sublime. É preciso entender-lhe a necessidade e
ampará-lo com amor. Desembaraçar-se dos aflitos, oferecendo-lhes
o supérfluo, é livrar-se dos necessitados, de maneira elegante, com
absoluta ausência de iluminação espiritual. A caridade é muito maior
que a esmola. Ser caridoso é ser profundamente humano e aquele que
nega entendimento ao próximo pode inverter consideráveis fortunas
no campo de assistência social, transformar-se em benfeitor dos famintos,
mas terá que iniciar, na primeira oportunidade, o aprendizado
do amor cristão, para ser efetivamente útil." -( FEB - EADE )-
Estudo do Livro dos Espíritos
354. Como se explica a vida intra-uterina?
“É a da planta que vegeta. A criança vive vida animal.
O homem tem a vida vegetal e a vida animal que, pelo seu
nascimento, se completam com a vida espiritual.”
Que a graça e a paz sejam conosco!
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