domingo, 29 de janeiro de 2017

Mas o trigo, ajuntai-o no meu celeiro


“Mas recebereis o poder do Espírito Santo, que há de vir  sobre vós;  e ser­me­eis testemunhas, tanto em Jerusalém como  em toda a Judéia e Samária, e até aos confins da Terra.” -( Atos, 1:8 )-




Amados irmãos, bom dia!
"Realmente, Jesus é o Salvador do Mundo, mas não libertará a Terra do  império do mal, sem a contribuição daqueles que lhe procuram os recursos salvadores. Raras criaturas, porém, fazem por  merecer de Jesus o poder  celeste de obedecer, ensinando, de amar, construindo para o bem, de esperar, trabalhando, de ajudar desinteressadamente. Sem a recepção de semelhantes recursos, que nos identificam com o Trabalhador Divino, e sem as possibilidades de refleti-­Lo para o  próximo, em espírito e verdade, através do nosso esforço  constante de aplicação  pessoal do Evangelho, podemos personificar excelentes pregadores, brilhantes literatos ou notáveis simpatizantes da doutrina cristã, mas não testemunhas d’Ele." -( Pão Nosso - Chico Xavier / Emmanuel )-






"E, quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o joio. E os servos do pai de família, indo ter com ele, disseram-lhe: Senhor, não semeaste tu no teu campo boa semente? Por que tem, então, joio? E ele lhes disse: Um inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres, pois, que vamos arrancá-lo? Porém ele lhes disse: Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele. Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: colhei primeiro o joio e atai-o em molhos para o queimar; mas o trigo, ajuntai-o no meu celeiro (Mt 13:26-30). 

Na natureza não há saltos evolutivos: semeia-se, germina-se, cresce e frutifica-se. O mesmo ocorre com o bem e o mal. Quem planta, colhe a seu tempo, segundo a qualidade da sua semeadura. Toda semente semeada irá crescer e frutificar, cedo ou tarde. Por este motivo devemos ter cuidado com nossos pensamentos, palavras, gestos e ações, pois receberemos da vida aquilo que oferecemos a ela. Nem sempre, todavia, conseguimos perceber a presença do mal, sendo necessário, então, que este cresça para que possa ser enxergado. Por esta razão, nos alerta Jesus: “E quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o joio”.  

Vemos, assim, que no plano evolutivo onde nos situamos é preciso que o bem esteja ao lado do mal. Não somente para que possamos exercitar a capacidade de discernimento, entre um e outro, mas permitir que os bons exemplos ajam sobre o mal, tornando-o melhor. 

A parábola nos relata que os servos, surpreendidos com a presença do joio no meio do trigo, indagaram ao Senhor se deveriam arrancá-lo. A orientação que o Senhor lhe ofereceu foi sábia: “não, deixai-os crescer juntos até a ceifa”. Analisando este trecho do registro de Mateus, percebemos que “os servos” citados são os trabalhadores da seara divina. O “pai de família” é Deus, o Criador supremo. Neste sentido, os servos são os instrumentos utilizados por Jesus, o semeador da boa semente, nas múltiplas expressões de serviço existentes em sua seara bendita. Metaforicamente, os servos podem ser entendidos também como mãos operantes ou inteligência sublimada, subordinadas aos ditames da lei de amor. A gleba imensa do Cristo reclama trabalhadores devotados, que não demonstrem predileções pessoais por zonas de serviço ou gênero de tarefa. Apresentam-se muitos operários ao Senhor do Trabalho, diariamente, mas os verdadeiros servidores são raros. A maioria dos tarefeiros que se candidatam à obra do Mestre não seguem além do cultivo de certas flores, recuam à frente dos pântanos desprezados, temem os sítios desertos ou se espantam diante da magnitude do serviço, recolhendo-se a longas e ruinosas vacilações ou fugindo das regiões infecciosas. Em algumas ocasiões costumam ser hábeis horticultores ou jardineiros, no entanto, quase sempre repousam nesses títulos e amedrontam-se perante os terrenos agressivos e multiformes.

A ceifa expressa o momento final da produção agrícola. No plano individual, trata-se do momento em que a criatura colhe o que cultivou. Gratificados seremos quando os frutos positivos puderem superar, na colheita, os valores menos felizes que a invigilância permitiu crescessem no transcurso das experiências. Merece destaque a seguinte afirmativa de Jesus: “E, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: colhei primeiro o joio”. Observemos que antes da colheita os trabalhadores eram denominados “servos”. Por  ocasião da ceifa, porém, o Mestre os nomeia de “ceifeiros”. Os segundos são diferentes dos primeiros. Ceifeiros, no conceito geral, são trabalhadores que exercem atividades específicas. São, no contexto interpretativo do ensinamento de Jesus, os cooperadores conscientes, detentores de responsabilidades maiores. 

O plantio pode ser feito por qualquer um de nós, a ceifa, porém, cabe a tarefeiros sintonizados com as fontes do eterno bem. Essa ceifa tem um significado especial, considerando o sentido não literal do texto evangélico. O joio, ao brotar, é muito parecido com o trigo e arrancá-lo antes de estar bem crescido seria inconveniente, por motivos óbvios. Na hora de produção de frutos, em que será perfeita a distinção entre ambos, já não haverá perigo de equívoco: será ele, então, atado em feixes para ser queimado. Coisa semelhante irá ocorrer com a humanidade. Aproxima-se a época em que a Terra deve passar por profundas modificações, física e socialmente, a fim de transformar-se num mundo regenerador, mais pacífico e, consequentemente, mais feliz.

A seguinte orientação de Jesus define o programa que deverá ser executado pelos Espíritos ceifeiros, na ocasião propícia: “e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: colhei primeiro o joio e atai-o em molhos para o queimar; mas o trigo, ajuntai-o no meu celeiro”. Chegada a inevitável hora da colheita, joio — representado pelas lágrimas, dores e amarguras, decepções, desilusões e conturbações — é reunido e expurgado da seara do Senhor, pelo funcionamento natural da engrenagem de quitação dos débitos adquiridos. A lei de causa e efeito, agindo de forma inderrogável, encaminha o ser a novas experiências. O joio, reunido em feixes para ser queimado, simboliza os momentos de real aferição do aprendizado desenvolvido pelo Espírito. 

Percebe-se, então, que as dificuldades não vêm isoladas, mas formam, quase sempre, um conjunto de apreensões e desafios que devemos superar. [...] Muitas plantas espinhosas ou estéreis são modificadas em sua natureza essencial pelos filtros amorosos do Administrador da Seara, que usa afeições novas, situações diferentes, estímulos inesperados ou responsabilidades ternas que falem ao coração; entretanto, se chega a  época da ceifa, depois do tempo de expectativa e observação, faz-se então necessária a eliminação do joio em molhos. [...] Eis por que, aparecendo o tempo justo, de cada homem e de cada coletividade exige-se a extinção do joio, quando os processos transformadores de Jesus foram recebidos em vão. Nesse instante, vemos a individualidade ou o povo a se agitarem em razão de aflições e hecatombes diversas, em gritos de alarme e socorro, como se estivessem nas sombras de naufrágio inexorável.[...]

O último ensino de Jesus (“Mas o trigo, ajuntai-o no meu celeiro”) do texto em estudo, mostra que no Celeiro divino só há espaço para o bem, para o Evangelho do Reino, representado pela semente de trigo. Praticando o bem estaremos dando expansão ao que há de divino em nós, e, em consequência, experimentando a felicidade plena. É imperioso guardar confiança no Senhor, tendo fé em suas promessas e contando com a sua proteção, sobretudo nos momentos de sofrimento em que se faz necessário separar o joio do trigo e aquele seja atado em molhos para serem queimados. 

O seguinte cântico-oração de Davi expressa a confiança no Senhor, concedendo-nos a fortaleza moral para superar os obstáculos que surgem na nossa caminhada evolutiva: O Senhor é o meu pastor; nada me faltará. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas. Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome. Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor por longos dias (Sl 23:1-6)." -( FEB - EADE )-





Estudo do Livro dos Espíritos






363. Têm os Espíritos paixões de que não partilhe a Humanidade? 

“Não, que, de outro modo, vo-las teriam comunicado.”




Que a graça e a paz sejam conosco!

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