Amados irmãos, bom dia!
"Em todas as ocorrências dos povos e das personalidades, em todos os fatos e realizações humanas, o aprendiz fiel da Boa Nova deve analisar tudo e reter o bem. Por que te afastares do trabalho e da luta em comum? Por que desencorajar os que cooperam na lide purificadora com o teu impensado desdém? Se te sentes unido ao Cristo, lembra-te de que o Senhor a ninguém abandona, nem mesmo os seres aparentemente venenosos do chão." -( Vinha de Luz - Chico Xavier / Emmanuel )-
Interpretação do texto evangélico:
Disse-lhes também: Qual de vós terá um amigo e, se for procurá-lo à meia-noite, lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, pois que um amigo meu chegou a minha casa, vindo de caminho, e não tenho o que apresentar-lhe; se ele, respondendo de dentro, disser: Não me importunes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não posso levantar-me para tos dar. (Lc 11:5-7).
O registro de Lucas destaca implicações existentes nos relacionamentos entre amigos, os quais, vezes sem conta são submetidos a testes. No caso, o amigo é considerado importuno não só porque busca amparo em hora tardia, num momento de descanso, mas também para resolver problema de uma terceira pessoa que, por sua vez, lhe busca o concurso fraterno. Trata-se de uma situação em que, existindo laços de verdadeira amizade, os incômodos serão ignorados e o amigo será prontamente atendido. Na verdade, o momento mais propício para reconhecer uma amizade verdadeira é quando passamos por dificuldades.
Muitos companheiros de luta exigem cooperadores esclarecidos para as tarefas que lhes dizem respeito, amigos valiosos que lhes entendam os propósitos e valorizem os trabalhos, esquecidos de que as afeições, quanto as plantas, reclamam cultivo adequado. Compreensão não se improvisa. É obra de tempo, colaboração, harmonia. [...] Existe uma ciência de cultivar a amizade e construir o entendimento. [...]
Examina, pois, diariamente, a tua lavoura afetiva. Observa se está exigindo fl ores prematuras ou frutos antecipados. Não te esqueças da atenção, do adubo, do irrigador. Coloca-te na posição da planta em jardim alheio e, reparando os cuidados que exiges, não desdenhes resgatar as tuas dívidas de amor para com os outros.
Nos círculos de amizade, contudo, é comum encontrarmos amigos importunos. A despeito das qualidades que possuem e dos vínculos fraternos existentes, não possuem o necessário discernimento que garantem as boas relações sociais. Incomodam. Aborrecem. Estabelecem constrangimentos. Dificultam a vida em comum: uma imposição aqui, uma provocação ali. Em dado momento são gentis e dedicados, noutro são ásperos e autoritários. Num instante se revelam afáveis, gratos, bondosos, noutra ocasião se deixam levar pela aspereza do trato, pela ingratidão, pela inflexibilidade. Trata-se de situações conflitantes que exigem dos envolvidos tato, paciência e tolerância.
Surgem no cotidiano determinadas circunstâncias em que somos impelidos a reformular apreciações, em torno da conduta de muitos daqueles a quem mais amamos. [...]
Nesses dias, em que o rosto dos entes amados se revela diferente, é natural que apreensões e perguntas imanifestas nos povoem o espírito. Abstenhamo-nos, porém, tanto de feri-los, através do comentário desairoso, quanto de interpretar-lhes as diretrizes inesperadas à conta de ingratidão. [...] Reflitamos que se a temporária falta deles nos trouxe sensações de pesar e carência afetiva, possivelmente o mesmo lhes acontece e, em vez de reprovar-lhes as atitudes — ainda mesmo afastados pela força das circunstâncias —, procuremos envolvê-los em pensamentos de simpatia e confiança, a fim de que nos reencontremos, mais tarde, em mais altos níveis de trabalho e alegria.
Reconhecemos que há muitos amigos importunos na vida. Nós mesmos podemos ser assim qualificados, em diferentes oportunidades. Como criaturas situadas em processo de ascensão espiritual, nem sempre conseguimos administrar os reflexos das ações negativas perpetradas no passado, que ainda se mantêm entranhadas na nossa personalidade. Daí a ocorrência de comportamentos cíclicos, que oscilam entre pontos opostos. “Para isso, entesouremos serenidade. Serenidade que nos sustente e nos ajude a sustentar os outros.”
O amigo importuno deve ser amparado pelas nossas preces e tratado, vida afora, com carinho e afeto, jamais como um peso. Não lhe recusemos a presença em nossa vida: cedo ou tarde ele se ajustará perante a lei de amor, da mesma forma que nós também. Aceitemos, pois, os seus incômodos, suas aparentes imposições, agindo com retidão, sem desprezo, não lhes acatando, porém, exigências descabidas. Estejamos com ele. Oremos por ele, oferecendo-lhe o abrigo da compreensão e da amizade. Um fato que não pode passar despercebido, na parábola, é a intercessão. O amigo importuno busca auxílio em benefício de outro por não possuir recursos próprios para auxiliar; dirige-se então a quem oferece condições para tal.
A súplica da intercessão é dos mais belos atos de fraternidade e constitui a emissão de forças benéficas e iluminativas que, partindo do espírito sincero, vão ao objetivo visado por abençoada contribuição de conforto e energia. Isso não acontece, porém, a pretexto de obséquio, mas em consequência de leis justas.[...]
Quantas vezes a Boa Nova registra a ação de Jesus em favor dos sofredores e desvalidos por intercessão de terceiros. Recordemos, como ilustração, a cura do paralítico de Cafarnaum (Lc 5: 18-20) ou do cego de Betsaida (Mc 8:22-26) que são conduzidos à presença do Mestre pelo auxílio de terceiros. Sendo assim, devemos, sempre, atender os amigos, de acordo com as nossas possibilidades.
Naturalmente, na pauta das possibilidades justas, ninguém deverá negar amparo ou assistência aos companheiros que acenam de longe com solicitações razoáveis [...].
A lavoura alheia e as ocorrências futuras, para serem examinadas, exigem sempre grandes qualidades de ponderação. Além do mais, é imprescindível reconhecer que o problema difícil, ao nosso lado ou a distância de nós, tem a finalidade de enriquecer-nos a experiência própria, habilitando-nos à solução dos mais intrincados enigmas do caminho. [...] Atendamos aos imperativos do serviço divino que se localiza em nossa paisagem individual, não por meio de constrangimento, mas pela boa vontade espontânea, fugindo cada vez mais aos nossos interesses particularistas e de ânimo firme e pronto para servir ao bem, tanto quanto nos seja possível." -( FEB - EADE )-
Estudo do Livro dos Espíritos
524 - Os avisos dos Espíritos protetores objetivam unicamente o nosso procedimento moral, ou também o proceder que devamos adotar nos assuntos da vida particular?
“Tudo. Eles se esforçam para que vivais o melhor possível. Mas, quase sempre tapais os ouvidos aos avisos salutares e vos tornais desgraçados por culpa vossa.”
Os Espíritos protetores nos ajudam com seus conselhos, mediante a voz da consciência que fazem ressoar em nosso íntimo. Como, porém, nem sempre ligamos a isso a devida importância, outros conselhos mais diretos eles nos dão, servindo-se das pessoas que nos cercam. Examine cada um as diversas circunstâncias felizes ou infelizes de sua vida e verá que em muitas ocasiões recebeu conselhos de que se não aproveitou e que lhe teriam poupado muitos desgostos, se os houvera escutado.
Que a graça e a paz sejam conosco!
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