“Mas ele disse: Antes, bem aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam.” - -(Lucas, 11:28)
Amados irmãos, bom dia!
"A passagem constitui esclarecimento vivo para que não se amorteça, entre
os discípulos sinceros, a campanha contra o elogio pessoal, veneno das obras mais
santas a sufocar-lhes propósitos e esperanças." -( Pão Nosso - Chico Xavier / Emmanuel )-
"Durante o governo de Constantino os bispos de Roma alcançaram
um prestigio jamais imaginado.
Eles [...] se tornaram celebridades comparáveis aos mais prestigiados
senadores da cidade. Era de se esperar que os bispos de todo o mundo
romano assumissem, agora, o papel de juízes, governadores, enfim,
de grandes servidores do Estado. [...] No caso do bispo de Roma, tais
funções se tornavam ainda mais complexas, pois se tratava de liderar a
Igreja numa capital pagã que era o centro simbólico do mundo, o foco
do próprio sentido de identidade do povo romano. Constantino lavou
as mãos com relação a Roma, em 324, e tratou de criar uma capital no
Leste. Caberia aos papas criar uma Roma cristã. Eles deram início a
tal empreendimento construindo igrejas, transformando os modestos
tituli (centros eclesiásticos comunitários) em algo mais grandioso e
criando edifícios novos e mais públicos, se bem que a princípio em
nada rivalizassem com as grandes basílicas imperiais de Latrão e de
São Pedro [esta mandada construir por Constantino]. Nos cem anos
seguintes, as igrejas se espalharam pela cidade [...].
Emmanuel, na obra A caminho da luz, nos esclarece o seguinte:
A [...] indigência dos homens não compreendeu a dádiva do plano
espiritual, porque, logo depois da vitória, os bispos romanos solicitavam
prerrogativas injustas sobre os seus humildes companheiros de
episcopado. O mesmo espírito de ambição e de imperialismo, que de longo tempo trabalhava o organismo Império, dominou igualmente
a igreja de Roma, que se arvorou em suserana e censora de todas as
demais do planeta. Cooperando com o Estado, faz sentir a força das
suas determinações arbitrárias. Trezentos anos lutaram os mensageiros
do Cristo, procurando ampará-la no caminho do amor e da
humildade, até que a deixaram enveredar pelas estradas da sombra,
para o esforço de salvação e experiência, e, tão logo a abandonaram
ao penoso trabalho de aperfeiçoar-se a si mesma, eis que o imperador
Focas favorece a criação do Papado, no ano 607. A decisão imperial
faculta aos bispos de Roma prerrogativas e direitos até então jamais
justificados. Entronizam-se, mais uma vez, o orgulho e a ambição da
cidade dos Césares. Em 610, Focas [imperador romano que viveu entre
602 e 610] é chamado ao mundo dos invisíveis, deixando no orbe a
consolidação do Papado." -( FEB - EADE )-
Estudo do Livro dos Espíritos
ENSAIO TEÓRICO DA SENSAÇÃO NOS ESPÍRITOS
257. "O corpo é o instrumento da dor. Se não é a causa
primária desta é, pelo menos, a causa imediata. A alma
tem a percepção da dor: essa percepção é o efeito.
A lembrança que da dor a alma conserva pode ser muito
penosa, mas não pode ter ação física. De fato, nem o frio,
nem o calor são capazes de desorganizar os tecidos da alma,
que não é suscetível de congelar-se, nem de queimar-se.
Não vemos todos os dias a recordação ou a apreensão de
um mal físico produzirem o efeito desse mal, como se real
fora? Não as vemos até causar a morte?
Toda gente sabe
que aqueles a quem se amputou um membro costumam
sentir dor no membro que lhes falta. Certo que aí não está
a sede, ou, sequer, o ponto de partida da dor. O que há,
apenas, é que o cérebro guardou desta a impressão. Lícito,
portanto, será admitir-se que coisa análoga ocorra nos sofrimentos
do Espírito após a morte.
Um estudo aprofundado
do perispírito, que tão importante papel desempenha em
todos os fenômenos espíritas; nas aparições vaporosas ou
tangíveis; no estado em que o Espírito vem a encontrar-se
por ocasião da morte; na idéia, que tão frequentemente
manifesta, de que ainda está vivo; nas situações tão
comoventes que nos revelam os dos suicidas, dos supliciados,
dos que se deixaram absorver pelos gozos materiais; e inúmeros outros fatos, muita luz lançaram sobre esta questão,
dando lugar a explicações que passamos a resumir.
O perispírito é o laço que à matéria do corpo prende o
Espírito, que o tira do meio ambiente, do fluido universal.
Participa ao mesmo tempo da eletricidade, do fluido magnético
e, até certo ponto, da matéria inerte. Poder-se-ia dizer
que é a quintessência da matéria. É o princípio da vida
orgânica, porém não o da vida intelectual, que reside no
Espírito. É, além disso, o agente das sensações exteriores.
No corpo, os órgãos, servindo-lhes de condutos, localizam
essas sensações. Destruído o corpo, elas se tornam gerais.
Daí o Espírito não dizer que sofre mais da cabeça do que
dos pés, ou vice-versa.
Não se confundam, porém, as sensações
do perispírito, que se tornou independente, com as
do corpo. Estas últimas só por termo de comparação as
podemos tomar e não por analogia. Liberto do corpo, o Espírito
pode sofrer, mas esse sofrimento não é corporal, embora
não seja exclusivamente moral, como o remorso, pois
que ele se queixa de frio e calor. Também não sofre mais no
inverno do que no verão: temo-los visto atravessar chamas,
sem experimentarem qualquer dor. Nenhuma impressão lhes
causa, conseguintemente, a temperatura. A dor que sentem
não é, pois, uma dor física propriamente dita: é um
vago sentimento íntimo, que o próprio Espírito nem sempre
compreende bem, precisamente porque a dor não se
acha localizada e porque não a produzem agentes exteriores;
é mais uma reminiscência do que uma realidade, reminiscência,
porém, igualmente penosa. Algumas vezes,
entretanto, há mais do que isso, como vamos ver.
Ensina-nos a experiência que, por ocasião da morte, o
perispírito se desprende mais ou menos lentamente do corpo; que, durante os primeiros minutos depois da desencarnação,
o Espírito não encontra explicação para a situação
em que se acha. Crê não estar morto, por isso que se sente
vivo; vê a um lado o corpo, sabe que lhe pertence, mas não
compreende que esteja separado dele. Essa situação dura
enquanto haja qualquer ligação entre o corpo e o perispírito.
Disse-nos, certa vez, um suicida: “Não, não estou morto.” E
acrescentava: No entanto, sinto os vermes a me roerem. Ora,
indubitavelmente, os vermes não lhe roíam o perispírito e
ainda menos o Espírito; roíam-lhe apenas o corpo. Como,
porém, não era completa a separação do corpo e do
perispírito, uma espécie de repercussão moral se produzia,
transmitindo ao Espírito o que estava ocorrendo no corpo.
Repercussão talvez não seja o termo próprio, porque pode
induzir à suposição de um efeito muito material. Era antes
a visão do que se passava com o corpo, ao qual ainda o
conservava ligado o perispírito, o que lhe causava a ilusão,
que ele tomava por realidade. Assim, pois, não haveria no
caso uma reminiscência, porquanto ele não fora, em vida,
roído pelos vermes: havia o sentimento de um fato da
atualidade. Isto mostra que deduções se podem tirar dos
fatos, quando atentamente observados.
Durante a vida, o corpo recebe impressões exteriores e
as transmite ao Espírito por intermédio do perispírito, que
constitui, provavelmente, o que se chama fluido nervoso.
Uma vez morto, o corpo nada mais sente, por já não haver
nele Espírito, nem perispírito. Este, desprendido do corpo,
experimenta a sensação, porém, como já não lhe chega por
um conduto limitado, ela se lhe torna geral. Ora, não sendo
o perispírito, realmente, mais do que simples agente de
transmissão, pois que no Espírito é que está a consciência, lógico será deduzir-se que, se pudesse existir perispírito
sem Espírito, aquele nada sentiria, exatamente como um
corpo que morreu. Do mesmo modo, se o Espírito não tivesse
perispírito, seria inacessível a toda e qualquer sensação dolorosa. É o que se dá com os Espíritos completamente
purificados. Sabemos que quanto mais eles se purificam,
tanto mais etérea se torna a essência do perispírito, donde
se segue que a influência material diminui à medida que o
Espírito progride, isto é, à medida que o próprio perispírito
se torna menos grosseiro.
Mas, dir-se-á, desde que pelo perispírito é que as sensações
agradáveis, da mesma forma que as desagradáveis,
se transmitem ao Espírito, sendo o Espírito puro inacessível a umas, deve sê-lo igualmente às outras. Assim é, de
fato, com relação às que provêm unicamente da influência
da matéria que conhecemos. O som dos nossos instrumentos,
o perfume das nossas flores nenhuma impressão lhe
causam. Entretanto, ele experimenta sensações íntimas,
de um encanto indefinível, das quais idéia alguma podemos
formar, porque, a esse respeito, somos quais cegos de
nascença diante da luz. Sabemos que isso é real; mas, por
que meio se produz? Até lá não vai a nossa ciência. Sabemos
que no Espírito há percepção, sensação, audição, visão;
que essas faculdades são atributos do ser todo e não,
como no homem, de uma parte apenas do ser; mas, de que
modo ele as tem? Ignoramo-lo. Os próprios Espíritos nada
nos podem informar sobre isso, por inadequada a nossa
linguagem a exprimir idéias que não possuímos, precisamente
como o é, por falta de termos próprios, a dos selvagens,
para traduzir idéias referentes às nossas artes,
ciências e doutrinas filosóficas.
Dizendo que os Espíritos são inacessíveis às impressões
da matéria que conhecemos, referimo-nos aos Espíritos
muito elevados, cujo envoltório etéreo não encontra
analogia neste mundo. Outro tanto não acontece com os de
perispírito mais denso, os quais percebem os nossos sons e
odores, não, porém, apenas por uma parte limitada de suas
individualidades, conforme lhes sucedia quando vivos.
Pode-se dizer que, neles, as vibrações moleculares se fazem
sentir em todo o ser e lhes chegam assim ao sensorium
commune, que é o próprio Espírito, embora de modo diverso
e talvez, também, dando uma impressão diferente, o que
modifica a percepção. Eles ouvem o som da nossa voz, entretanto
nos compreendem sem o auxílio da palavra, somente
pela transmissão do pensamento. Em apoio do que
dizemos há o fato de que essa penetração é tanto mais fácil, quanto mais desmaterializado está o Espírito.
Pelo que
concerne à vista, essa, para o Espírito, independe da luz,
qual a temos. A faculdade de ver é um atributo essencial da
alma, para quem a obscuridade não existe. É, contudo, mais
extensa, mais penetrante nas mais purificadas. A alma, ou
o Espírito, tem, pois, em si mesma, a faculdade de todas as
percepções. Estas, na vida corpórea, se obliteram pela grosseria
dos órgãos do corpo; na vida extracorpórea se vão
desanuviando, à proporção que o invólucro semimaterial
se eteriza.
Haurido do meio ambiente, esse invólucro varia de acordo
com a natureza dos mundos. Ao passarem de um mundo a
outro, os Espíritos mudam de envoltório, como nós mudamos
de roupa, quando passamos do inverno ao verão, ou
do pólo ao equador. Quando vêm visitar-nos, os mais elevados
se revestem do perispírito terrestre e então suas percepções se produzem como no comum dos Espíritos. Todos,
porém, assim os inferiores como os superiores, não
ouvem, nem sentem, senão o que queiram ouvir ou sentir.
Não possuindo órgãos sensitivos, eles podem, livremente,
tornar ativas ou nulas suas percepções. Uma só coisa são
obrigados a ouvir — os conselhos dos Espíritos bons.
A vista, essa é sempre ativa; mas, eles podem fazer-se invisíveis
uns aos outros. Conforme a categoria que
ocupem, podem ocultar-se dos que lhes são inferiores, porém
não dos que lhes são superiores. Nos primeiros instantes
que se seguem à morte, a visão do Espírito é sempre
turbada e confusa. Aclara-se, à medida que ele se desprende,
e pode alcançar a nitidez que tinha durante a vida
terrena, independentemente da possibilidade de penetrar
através dos corpos que nos são opacos. Quanto à sua extensão
através do espaço indefinito, do futuro e do passado,
depende do grau de pureza e de elevação do Espírito.
Objetarão, talvez: toda esta teoria nada tem de tranquilizadora.
Pensávamos que, uma vez livres do nosso grosseiro
envoltório, instrumento das nossas dores, não mais
sofreríamos e eis nos informais de que ainda sofreremos.
Desta ou daquela forma, será sempre sofrimento. Ah! sim,
pode dar-se que continuemos a sofrer, e muito, e por longo
tempo, mas também que deixemos de sofrer, até mesmo
desde o instante em que se nos acabe a vida corporal.
Os sofrimentos deste mundo independem, algumas
vezes, de nós; muito mais vezes, contudo, são devidos à
nossa vontade. Remonte cada um à origem deles e verá que
a maior parte de tais sofrimentos são efeitos de causas
que lhe teria sido possível evitar. Quantos males, quantas enfermidades não deve o homem aos seus excessos, à sua
ambição, numa palavra: às suas paixões? Aquele que sempre
vivesse com sobriedade, que de nada abusasse, que fosse
sempre simples nos gostos e modesto nos desejos, a muitas
tribulações se forraria. O mesmo se dá com o Espírito.
Os sofrimentos por que passa são sempre a consequência
da maneira por que viveu na Terra. Certo já não sofrerá
mais de gota, nem de reumatismo; no entanto, experimentará
outros sofrimentos que nada ficam a dever àqueles.
Vimos que seu sofrer resulta dos laços que ainda o prendem
à matéria; que quanto mais livre estiver da influência
desta, ou, por outra, quanto mais desmaterializado se achar,
menos dolorosas sensações experimentará. Ora, está nas
suas mãos libertar-se de tal influência desde a vida atual.
Ele tem o livre-arbítrio, tem, por conseguinte, a faculdade
de escolha entre o fazer e o não fazer. Dome suas paixões
animais; não alimente ódio, nem inveja, nem ciúme, nem
orgulho; não se deixe dominar pelo egoísmo; purifique-se,
nutrindo bons sentimentos; pratique o bem; não ligue às
coisas deste mundo importância que não merecem; e, então,
embora revestido do invólucro corporal, já estará depurado,
já estará liberto do jugo da matéria e, quando deixar
esse invólucro, não mais lhe sofrerá a influência.
Nenhuma recordação dolorosa lhe advirá dos sofrimentos
físicos que haja padecido; nenhuma impressão desagradável eles lhe deixarão, porque apenas terão atingido o corpo
e não a alma. Sentir-se-á feliz por se haver libertado deles e
a paz da sua consciência o isentará de qualquer sofrimento
moral.
Interrogamos, aos milhares, Espíritos que na Terra pertenceram
a todas as classes da sociedade, ocuparam todas as posições sociais; estudamo-los em todos os períodos da
vida espírita, a partir do momento em que abandonaram o
corpo; acompanhamo-los passo a passo na vida de além-túmulo, para observar as mudanças que se operavam neles,
nas suas idéias, nos seus sentimentos e, sob esse aspecto,
não foram os que aqui se contaram entre os homens
mais vulgares os que nos proporcionaram menos preciosos
elementos de estudo. Ora, notamos sempre que os sofrimentos
guardavam relação com o proceder que eles tiveram
e cujas consequências experimentavam; que a outra
vida é fonte de inefável ventura para os que seguiram o
bom caminho. Deduz-se daí que, aos que sofrem, isso acontece
porque o quiseram; que, portanto, só de si mesmos se
devem queixar, quer no outro mundo, quer neste."
Que a graça e a paz sejam conosco!
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