quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Deturpações na mensagem cristã


"Não vos comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas." - Paulo - ( Efésios, 5: 11 )




Amados irmãos, bom dia!
"Entregues às obras infrutuosas da incompreensão, pela simples má-vontade pode o homem rolar indefinidamente ao precipício as trevas." -( O Pão Nosso - Chico Xavier / Emmanuel )-









"Se, por um lado a integração do Cristianismo ao Estado livrara os cristãos das perseguições, por outro obrigava a igreja cristã a fazer concessões políticas que, como sabemos, se responsabilizaram pela desconfiguração da mensagem cristã.  

As fronteiras ideológicas do Cristianismo tornavam-se frágeis e se diluíam em tendências heterogêneas. Estas, ao se afirmarem, criaram uma confrontação inevitável entre as múltiplas interpretações doutrinárias e as várias tradições cristãs. Como todas as correntes reivindicavam a legitimidade apostólica, tratava-se de definir o que estaria de acordo ou contra a pregação tradicional dos Apóstolos. Essa confrontação veio a caracterizar a divisão entre elementos ortodoxos e heterodoxos no pensamento cristão elaborado.

No final do século I, a própria constituição da Igreja modificara-se substancialmente e as primeiras formas litúrgicas aparecem, assim como o ascetismo e o legalismo. Nesse mesmo período, a Igreja estava presente na Ásia Menor, na Síria, na Macedônia, na Grécia, em Roma e talvez no Egito. Se por um lado o Cristianismo se expandia geograficamente através da vivência das igrejas organizadas, por outro perdia em profundidade [...]. 

O ascetismo, entendido como uma prática filosófica ou religiosa, de desprezo ao corpo e às sensações corporais, e que tende a assegurar, pelos sofrimentos físicos, o triunfo do Espírito sobre os instintos e as paixões, revelou-se como uma forma deprimente de viver o Cristianismo. O ascetismo, surgido na igreja primitiva, serviu de base para o monasticismo, estabelecido nos séculos posteriores. “Por trás do movimento monástico, achava-se o zeloso cristão empenhando-se fervorosamente para conseguir a união de sua alma com Deus [...].” O ascetismo preconizava, e preconiza, uma vida solitária, de completa renúncia às atividades existentes no mundo material, e aceitação voluntária de privações e sofrimentos. O [...] impulso para o ascetismo e o monasticismo não é peculiar ao Cristianismo [igrejas cristãs]. Aparece em outras religiões, tanto antes como depois do tempo de Cristo, e entre alguns indivíduos que não professam qualquer religião. No terceiro e quarto séculos, outras influências deram acrescida força ao impulso para o ascetismo e o monasticismo e levaram esses ideais a uma realização prática. Uma delas foi a influência das filosofias dualistas do gnosticismo e do neoplatonismo [...].

O legalismo é definido como um conjunto de regras ou preceitos rigorosos que contrariam a vivência pura e simples de qualquer interpretação religiosa, inclusive a cristã. O legalismo, em qualquer época, representa uma forma de escravidão, que conduz ao fanatismo, e, sobretudo, afasta o homem da prática da caridade. A seguinte passagem do Evangelho mostra o que Jesus tinha a dizer sobre o legalismo judaico: “partindo dali, entrou na sinagoga deles. Ora, ali estava um homem com a mão atrofiada. Então lhe perguntaram, a fim de acusá-lo: é lícito curar nos sábados?” Jesus respondeu: “quem haverá dentre vós que, tendo uma ovelha, e caindo ela numa cova em dia de sábado, não vai apanhá-la e tirá-la dali? Ora, um homem vale muito mais do que uma ovelha! Logo, é lícito fazer bem aos sábados” (Mateus, 12:9-12). 

A hegemonia da Igreja de Roma, em relação à de Constantinopla, concedeu àquela poder suficiente para se transformar numa monarquia papal. Se na Idade Antiga os principais acontecimentos da história da Igreja se deram no Mediterrâneo e no Oriente, na Idade Média os centros mais importantes localizam-se na Itália, França, Inglaterra e Alemanha. A razão histórica é a invasão islâmica no mediterrâneo e a adoção do Cristianismo pelos povos germânicos e eslavos. Em consequência, surgem no campo doutrinário sérias deturpações da mensagem cristã pela incorporação de rituais pagãos, de preceitos filosóficos e de deliberações conciliares, de natureza cada vez mais políticas e menos evangélicas. 

Os principais desvios ocorridos na igreja primitiva foram: 

» Trindade divina: é uma crença de que Deus é formado por uma trindade representada como o Pai, o Filho e o Espírito Santo, sendo cada uma expressão da perfeição. 

» A natureza divina e humana de Jesus: como homem, Jesus era filho de uma virgem e padeceu os martírios da crucificação. Como Deus, ofereceu-se em sacrifício para redimir os homens dos seus pecados. 

» Fora da Igreja não há salvação: todos os cristãos são membros de uma só Igreja, que está sob a guarda divina. Revela nítido conflito com o ensinamento de Jesus, fielmente interpretado por Paulo: “Fora da caridade não há salvação” (1 Coríntios, 13:1-7,13). Enquanto a máxima — Fora da caridade não há salvação — assenta num princípio universal e abre a todos os filhos de Deus acesso à suprema felicidade, o dogma — Fora da Igreja não há salvação — se estriba, não na fé fundamental em Deus e na imortalidade da alma, fé comum a todas as religiões, porém “numa fé especial”, em “dogmas particulares”; é exclusivo e absoluto. Longe de unir os filhos de Deus, separa-os; em vez de incitá-los ao amor de seus irmãos, alimenta e sanciona a irritação entre sectários dos diferentes cultos [...]. 

Emmanuel conclui, destacando o sublime consolo que a Humanidade encontra no Evangelho de Jesus. O Evangelho do divino Mestre ainda encontrará, por algum tempo, a resistência das trevas. A má-fé, a ignorância, a simonia, o império da força conspirarão contra ele, mas tempo virá em que a sua ascendência será reconhecida. Nos dias de flagelo e de provações coletivas, é para a sua luz eterna que a Humanidade se voltará, tomada de esperança. Então, novamente se ouvirão as palavras benditas do Sermão da Montanha e, através das planícies, dos montes e dos vales, o homem conhecerá o caminho, a verdade e a vida." -( FEB - EADE )-





Estudo do Livro dos Espíritos






254. E a fadiga, a necessidade de repouso, experimentam-nas? 

“Não podem sentir a fadiga, como a entendeis; conseguintemente, não precisam de descanso corporal, como vós, pois que não possuem órgãos cujas forças devam ser reparadas. O Espírito, entretanto, repousa, no sentido de não estar em constante atividade. Ele não atua materialmente. Sua ação é toda intelectual e inteiramente moral o seu repouso. Quer isto dizer que momentos há em que o seu pensamento deixa de ser tão ativo quanto de ordinário e não se fixa em qualquer objeto determinado. É um verdadeiro repouso, mas de nenhum modo comparável ao do corpo. A espécie de fadiga que os Espíritos são suscetíveis de sentir guarda relação com a inferioridade deles. Quanto mais elevados sejam, tanto menos precisarão de repousar.”




Que a graça e a paz sejam conosco!

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