“Porque o Senhor corrige ao que ama e açoita a qualquer que recebe por filho.” - Paulo - ( Hebreus, 12:6 )
Amados irmãos, bom dia!
"Quando os discípulos do Evangelho começam a entender o valor da
corrigenda, eleva-se-lhes a mente a planos mais altos da vida. O homem renovado e convertido a Jesus, porém, é o filho do céu, colocado
entre as zonas inferiores e superiores do caminho evolutivo. Nele, o trabalho de
iluminação e aperfeiçoamento é incessante; deve, portanto, ser o primeiro a receber
as corrigendas do Senhor e os açoites da retificação paterna. Se te encontras, pois, mais perto do Pai, aprende a compreender o amor da
educação divina." -( Vinha de Luz - Chico Xavier / Emmanuel )-
João Batista
Texto evangélico:
E, naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da
Judeia e dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos Céus. Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse: Voz do que
clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas
veredas (Mt 3:1-3).
E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento;
mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; não sou digno
de levar as suas sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com
fogo. (Mt 3:11).
Interpretação do texto evangélico:
"João Batista é conhecido como o precursor, aquele que viria
antes de Jesus a fim de lhe preparar o caminho. Foi ele quem batizou
o Mestre e o designou como Messias.
Vestido de peles e alimentando-se de mel selvagem, esclarecendo
com energia e deixando-se degolar em testemunho à Verdade, ele
precedeu a lição da misericórdia e da bondade. O Mestre dos mestres
quis colocar a figura franca e áspera do seu profeta no limiar de seus
gloriosos ensinos e, por isso, encontramos em João Batista um dos
mais belos de todos os símbolos imortais do Cristianismo. [...] João
era a verdade, e a verdade, na sua tarefa de aperfeiçoamento, dilacera
e magoa, deixando-se levar aos sacrifícios extremos.
João Batista foi o grande missionário de Jesus, porque o “[...]
verdadeiro missionário de Deus tem de justificar, pela sua superioridade,
pelas suas virtudes, pela grandeza, pelo resultado e pela influência
moralizadora de suas obras, a missão de que se diz portador.”
Historicamente, ele é conhecido como primo de Jesus, filho
de Zacarias e Isabel, nascido em circunstâncias extraordinárias, em
decorrência da gravidez de sua mãe em idade avançada.
João Batista foi a voz clamante do deserto. Operário da primeira hora,
é ele o símbolo da verdade que arranca as mais fortes raízes do mundo,
para que o reino de Deus prevaleça nos corações. Exprimindo a austera
disciplina que antecede a espontaneidade do amor, a luta para que se
desfaçam as sombras do caminho, João é o primeiro sinal do cristão
ativo, em guerra com as próprias imperfeições do seu mundo interior,
a fim de estabelecer em si mesmo o santuário de sua realização com
o Cristo. Foi por essa razão que dele disse Jesus: “Dos nascidos de
mulher, João Batista é o maior de todos”.
Ele representa aqueles que estão empenhados na luta pela reeducação
espiritual, sob o império da lei de causa e efeito. São conhecidos
como legalistas da Lei de Deus que, se adotam posturas extremadas,
transformam-se em fanáticos e exageradamente ortodoxos.
O primeiro texto evangélico (Mt 3:1-3) nos informa que durante
a pregação, João Batista estimulava a multidão a arrepender-se, “porque
é chegado o reino dos Céus.” O arrependimento é, pois, a base da
melhoria espiritual.
Para que cada qual trabalhe na sua purificação, reprima as más tendências
e domine as paixões, preciso se faz que abdique das vantagens
imediatas em prol do futuro, visto como, para identificar-se com a vida
espiritual, encaminhando para ela todas as aspirações e preferindo-a
à vida terrena, não basta crer, mas compreender. Devemos considerar
essa vida debaixo de um ponto de vista que satisfaça ao mesmo tempo
à razão, à lógica, ao bom senso e ao conceito que temos da grandeza,
da bondade e da justiça de Deus.
Sabemos que sem o arrependimento não ocorre a regeneração
do Espírito. É necessário reconhecer as faltas cometidas e se preparar
para repará-las. Neste sentido esclarece Emmanuel:
O remorso é a força que prepara o arrependimento, como este é a
energia que precede o esforço regenerador. Choque espiritual nas suas
características profundas, o remorso é o interstício para a luz, através
do qual recebe o homem a cooperação indireta de seus amigos do
Invisível, a fim de retificar seus desvios e renovar seus valores morais,
na jornada para Deus.
Até João Batista, a tentativa de se obter paz interior estava relacionada
às obrigações religiosas ou às manifestações de culto externo:
sacrifícios, holocaustos, oferendas, santificação do sábado etc.
Com Jesus, verificamos que Deus não está assentado no altar
dos templos religiosos. Mas que se encontra em todo o universo e no
âmago do ser humano.
O “Reino”, de que o versículo 2 de Mateus faz alusão, tem significado
bem diverso daquele que era apregoado pelo Judaísmo, como
bem nos esclarece o evangelista Lucas: “O reino de Deus não vem com
aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que
o reino de Deus está entre vós” (Lc 17:20-21).
João preparava o caminho para que Jesus pudesse nos fornecer
a chave do reino dos Céus, e nos ensinasse as diretrizes para o alcance
da harmonia pessoal, estabelecendo o reino de Deus no coração.
João Batista pregava o advento do reino dos Céus com ardor,
usando de todo o poder de convencimento que possuía.
A mente, como não ignoramos, é o incessante gerador de força, através
dos fios positivos e negativos do sentimento e do pensamento, produzindo
o verbo que é sempre uma descarga eletromagnética, regulada
pela voz. Por isso mesmo, em todos os nossos campos de atividade, a
voz tonaliza a exteriorização, reclamando apuro de vida interior uma
vez que a palavra, depois do impulso mental, vive na base da criação;
é por ela que os homens se aproximam e se ajustam para o serviço que
lhes compete e, pela voz, o trabalho pode ser favorecido ou retardado,
no espaço e no tempo.
Preparar o caminho do Senhor, endireitando as suas veredas,
conforme assinala o registro do evangelista (Mt 3:3), tem significado
especial.
O homem bem-intencionado refletirá intensamente em melhores caminhos,
alimentando de ideais superiores e inclinando-se à bondade
e à justiça. [...] É necessário meditar no bem; todavia é imprescindível
executá-lo. A Providência divina cerca a estrada das criaturas com o
material de edificação eterna, possibilitando-lhes a construção das
“veredas direitas” [...]. Semelhante realização por parte do discípulo
é indispensável, porquanto, em torno dos seus caminhos, seguem os
que manquejam. Os prisioneiros da ignorância e da má-fé arrastam-se,
como podem, nas margens do serviço de ordem superior [...]. Somente
aqueles que constroem estradas retas escapam-lhes aos assaltos sutis,
defendendo-se e oferecendo-lhes também novas bases a fim de que
se não desviem inteiramente dos divinos desígnios.
No segundo texto de Mateus (capítulo 3, versículo 11), lemos
que João Batista batiza com água as pessoas que desejam ser convertidas,
atendendo ao rito judaico. Sabemos, hoje, que tal simbolismo é
dispensável, uma vez que a verdadeira conversão ocorre no íntimo do
ser. Esclarece Emmanuel que os “[...] espiritistas sinceros, na sagrada
missão de paternidade, devem compreender que o batismo, aludido
no Evangelho, é o da invocação das bênçãos divinas [...]”. No Espiritismo não há batismo ou outro ritual de qualquer espé-
cie. Jesus veio em seguida à pregação de João Batista, oferecendo-nos
o seu Evangelho de luz e amor.
A [...] Providência divina movimentou todos os recursos indispensáveis ao progresso material do homem físico na Terra, o Evangelho de
Jesus é a dádiva suprema do Céu para a redenção do homem espiritual,
em marcha para o amor e sabedoria universais. [...] O Evangelho é o
roteiro para a ascensão de todos os Espíritos em luta, o aprendizado
na Terra para os planos superiores do ilimitado. De sua aplicação decorre
a luz do Espírito.
No turbilhão das tarefas de cada dia, lembrai a
afirmativa do Senhor: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Se vos
cercam as tentações de autoridade e poder, de fortuna e inteligência,
recordai ainda as suas palavras: “Ninguém pode ir ao Pai senão por
mim.” E se vos sentis tocados pelo sopro frio da adversidade e da dor, se
estais sobrecarregados de trabalhos no mundo, buscai ouvi-lo sempre
no imo da alma: “Quem deseje encontrar o reino de Deus tome a sua
cruz e siga os meus passos”.
À medida em que o ser avança sob a inspiração do Alto, vai
alcançando novos aprendizados, propiciados pela fieira das reencarnações.
Aprende a santificar as suas experiências cotidianas sob o
“batismo” transformador da mensagem do Cristo.
Neste sentido, nos esclarece a Doutrina Espírita: “Reconhece-se
o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços
que emprega para domar suas inclinações más”.
O espírita, inspirado pelas orientações do evangelho, explicadas
pelos postulados do Espiritismo compreende, então, que é pela caridade
que o ser se transforma, ascendendo a planos evolutivos superiores.
A caridade é a virtude fundamental sobre que há de repousar todo
o edifício das virtudes terrenas. Sem ela não existem as outras. Sem
a caridade não há esperar melhor sorte, não há interesse moral que
nos guie [...]. A caridade é, em todos os mundos, a eterna âncora de
salvação; é a mais pura emanação do próprio Criador; é a sua própria
virtude, dada por Ele à criatura.
O precursor nos oferece exemplo de transformação moral, obtido
sob os ditames da vontade disciplinada, corretamente administrada. O amor-próprio, o brio, o caráter e a honra deveriam ser traços do
aperfeiçoamento espiritual e nunca demonstrações de egoísmo, de
vaidade e orgulho, quais se manifestam, comumente, na Terra. Quando
o homem se cristianizar, compreendendo essas posições morais no
seu verdadeiro prisma, não mais se verificará qualquer colisão entre
os acontecimentos da existência comum e os seus conhecimentos do
Evangelho, porquanto o seu esforço será sempre o da cooperação sincera
a favor do reerguimento e da elevação espiritual dos semelhantes." -( FEB - EADE )-
Estudo do Livro dos Espíritos
ESQUECIMENTO DO PASSADO
392. Por que perde o Espírito encarnado a lembrança do
seu passado?
“Não pode o homem, nem deve, saber tudo. Deus assim
o quer em sua sabedoria. Sem o véu que lhe oculta
certas coisas, ficaria ofuscado, como quem, sem transição,
saísse do escuro para o claro. Esquecido de seu passado
ele é mais senhor de si.”
Que a graça e a paz sejam conosco!