domingo, 5 de fevereiro de 2017

“Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens..."


“Assim  como tu me enviaste  ao mundo, também eu os  enviei ao mundo.”  - Jesus - ( João, 17:18 )




Amados irmãos, bom dia!
"Se abraçaste, meu  amigo, a tarefa espiritista ­cristã, em nome da fé sublimada, sedento de vida superior, recorda que o  Mestre te enviou  o coração  renovado ao vasto campo do mundo para servi­-lo. Não só ensinarás o bom caminho. Agirás de acordo com os princípios elevados que apregoas. Ditarás diretrizes nobres para os outros, contudo, marcharás dentro delas, por tua vez. 
Ora e vigia. Ama e espera. Serve e renuncia. Se não te dispões a aproveitar a lição do Mestre Divino, afeiçoando  a própria vida aos seus ensinamentos, a tua fé terá sido vã." -( Pão Nosso - Chico Xavier / Emmanuel )-










O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo (Lc 18:11 a 12). 

"A oração do fariseu tem expressões infelizes que refletem, sobretudo, orgulho religioso, considerado como vaidade perniciosa, já que pode conduzir à falsa crença de que, sendo religioso ou praticante de uma religião, é uma criatura melhor, superior, iluminada ou escolhida por Deus. A vaidade de alguns religiosos pode ser entendida como uma exacerbação do amor-próprio, confiantes de que Deus se sente honrado em tê-los como adeptos. A posição de pé indica a forma de demonstrar respeito, comum entre os religiosos da Antiguidade. Nos dias atuais, encontramos essa prática nos templos religiosos quando se faz, por exemplo, a leitura de um texto considerado sagrado para os cristãos e para os não cristãos. 

Na verdade, sabemos que a posição do corpo não confere maior ou menor respeito ao ato de orar, mas, sim, a postura íntima de quem ora. O [...] objetivo da prece consiste em elevar a nossa alma a Deus; a diversidade das fórmulas nenhuma diferença deve criar entre os que nele creem, nem, ainda menos, entre os adeptos do Espiritismo, porquanto Deus as aceita todas quando sinceras. [...] O espiritismo reconhece boas as preces de todos os cultos, quando ditas de coração e não de lábios somente. Nenhuma impõe, nem reprova nenhuma. Deus, segundo ele, é sumamente grande para repelir a voz que lhe suplica ou lhe entoa louvores, porque o faz de um modo e não de outro. [...] A qualidade principal da prece é ser clara, simples e concisa, sem fraseologia inútil, nem luxo de epítetos, que são meros adornos de lentejoulas. Cada prece deve ter um alcance próprio, despertar uma ideia, pôr em vibração uma fibra da alma. Numa palavra: deve fazer refletir. Somente sob essa condição pode a prece alcançar o seu objetivo; de outro modo não passa de ruído. 

O fariseu não proferiu uma prece, propriamente dita, mas uma vaidosa auto louvação, identificada nas seguintes frases do texto evangélico: “Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens,  roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano”. 

A propósito, esclarece Allan Kardec como devemos orar: Jesus definiu claramente as qualidades da prece. Quando orardes, diz Ele, não vos ponhais em evidência; antes, orai em secreto. Não afeteis orar muito, pois não é pela multiplicidade das palavras que sereis escutados, mas pela sinceridade delas. Antes de orardes, se tiverdes qualquer coisa contra alguém, perdoai-lhe, visto que a prece não pode ser agradável a Deus, se não parte de um coração purificado de todo sentimento contrário à caridade. Orai, enfim, com humildade, como o publicano, e não com orgulho, como o fariseu. Examinai os vossos defeitos, não as vossas qualidades e, se vos comparardes aos outros, procurai o que há em vós de mau.

O que vale, dentro das técnicas preconizadas, é o sentimento vigorante. Ironizar, fazer comparações infelizes é fugir aos padrões de que se deve revestir. Orando, devemos nos colocar em estado de humildade e receptividade. A personalidade orgulhosa e vaidosa do fariseu revela também preconceito e discriminação quando se compara ao publicano. Trata-se de um religioso distanciado do seu papel de orientador espiritual. Este trecho nos faz lembrar o apóstolo Paulo que dizia: “Eu sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes” (Romanos 1:14). 

De todos os males o orgulho é o mais temível, pois deixa em sua passagem o germe de quase todos os vícios. [...] Desde que penetra as almas, como se fossem praças conquistadas, ele tudo se assenhoreia, instala-se à vontade e fortifica-se até se tornar inexpugnável. Ai de quem se deixou apanhar pelo orgulho! [...] Não poderá libertar-se desse tirano senão a preço de terríveis lutas, depois de dolorosas provações e de muitas existências obscuras, depois de bastantes insultos e humilhações, porque nisso somente é que está o remédio eficaz para os males que o orgulho engendra.

A postura do fariseu transmite significativa lição. Devemos ter cuidado para não nos julgarmos melhores, apenas porque ocupamos posição de destaque no meio social ou profissional que estamos inseridos. O que diferencia uma pessoa da outra são as qualidades do seu Espírito. Sim, porque aos olhos de Deus não basta que nos abstenhamos do mal e nos mostremos rigorosos no cumprimento de determinadas regrazinhas do bom comportamento social; acima disso, é-nos necessário reconhecer que todos somos irmãos, não nos julgamos superiores a nossos semelhantes, por mais culpados e miseráveis que pareçam, nem tampouco desprezá-los, porque isso constitui, sempre, falta de caridade.

A afirmativa do fariseu: não sou como os demais homens [...] nem ainda como este publicano”, além de ser improcedente, indica o desprezo que ele tinha pelos cobradores de impostos. Revela imaturidade espiritual não aprovar alguém em razão da profissão, até porque, no caso, existiram publicanos que se destacaram no bem, como foi o caso do evangelista Mateus (Lc 5:27-29) ou de Zaqueu, o publicano (Lc 19:1 a 10). No seu monólogo com o Senhor, o fariseu se vê também como pessoa justa quando afirma: “Jejuo duas vezes na semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo”. Percebe-se que o seu foco de interesse não era difusão e vivência da palavra de Deus, mas as manifestações de culto externo. 

As práticas religiosas da lei moisaica determinavam o jejum e o pagamento do dízimo como regras de condutas dos fiéis. O jejum, definido como uma abstinência de alimentos por prescrição religiosa ou por espírito de mortificação, ainda é utilizado nos tempos modernos. As igrejas cristãs incorporaram essa prática ancestral em sua ortodoxia como forma de exercitar a disciplina quanto a privação de algo que produz prazer ou alegria, procurando domar os impulsos fisiológicos relativos à alimentação e ao sexo. Figuradamente, o jejum pode ser entendido como qualquer abstinência ou privação física, moral ou intelectual estabelecida por livre iniciativa. Isto é, jejum de maus pensamentos, de palavras e ações contrárias ao bem. É certo que para realizarmos a nossa transformação moral é necessário definirmos um “regime de jejum” contra as imperfeições que ainda possuímos. Jesus, entretanto, não prescreveu jejum de alimentos aos seus discípulos, como está claramente identificado nesta citação: “Por que jejuamos nós, e os fariseus, muitas vezes, e os teus discípulos não jejuam?” (Mt 9:14)." -( FEB - EADE )-





Estudo do Livro dos Espíritos






370. Da influência dos órgãos se pode inferir a existência de uma relação entre o desenvolvimento dos do cérebro e o das faculdades morais e intelectuais? 

“Não confundais o efeito com a causa. O Espírito dispõe sempre das faculdades que lhe são próprias. Ora, não são os órgãos que dão as faculdades, e sim estas que impulsionam o desenvolvimento dos órgãos.” 

a) — Dever-se-á deduzir daí que a diversidade das aptidões entre os homens deriva unicamente do estado do Espírito? 

“O termo — unicamente — não exprime com toda a exatidão o que ocorre. O princípio dessa diversidade reside nas qualidades do Espírito, que pode ser mais ou menos adiantado. Cumpre, porém, se leve em conta a influência da matéria, que mais ou menos lhe cerceia o exercício de suas faculdades.” 

Encarnando, traz o Espírito certas predisposições e, se se admitir que a cada uma corresponda no cérebro um órgão, o desenvolvimento desses órgãos será efeito e não causa. Se nos órgãos estivesse o princípio das faculdades, o homem seria máquina sem livre-arbítrio e sem a responsabilidade de seus atos. Forçoso então fora admitir-se que os maiores gênios, os sábios, os poetas, os artistas, só o são porque o acaso lhes deu órgãos especiais, donde se seguiria que, sem esses órgãos, não teriam sido gênios e que, assim, o maior dos imbecis houvera podido ser um Newton, um Vergílio, ou um Rafael, desde que de certos órgãos se achassem providos. Ainda mais absurda se mostra semelhante hipótese, se a aplicarmos às qualidades morais. 

Efetivamente, segundo esse sistema, um Vicente de Paulo, se a Natureza o dotara de tal ou tal órgão, teria podido ser um celerado e o maior dos celerados não precisaria senão de um certo órgão para ser um Vicente de Paulo. Admita-se, ao contrário, que os órgãos especiais, dado existam, são consequentes, que se desenvolvem por efeito do exercício da faculdade, como os músculos por efeito do movimento, e a nenhuma conclusão irracional se chegará.  Sirvamo-nos de uma comparação, trivial à força de ser verdadeira. Por alguns sinais fisionômicos se reconhece que um homem tem o vício da embriaguez. Serão esses sinais que fazem dele um ébrio, ou será a ebriedade que nele imprime aqueles sinais? Pode dizer-se que os órgãos recebem o cunho das faculdades.




Que a graça e a paz sejam conosco!

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