“Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.” - Jesus - ( João, 17:18 )
Amados irmãos, bom dia!
"Se abraçaste, meu amigo, a tarefa espiritista cristã, em nome da fé
sublimada, sedento de vida superior, recorda que o Mestre te enviou o coração
renovado ao vasto campo do mundo para servi-lo. Não só ensinarás o bom caminho. Agirás de acordo com os princípios
elevados que apregoas. Ditarás diretrizes nobres para os outros, contudo, marcharás dentro delas, por tua vez.
Ora e vigia. Ama e espera. Serve e renuncia. Se não te dispões a aproveitar a lição do Mestre Divino, afeiçoando a
própria vida aos seus ensinamentos, a tua fé terá sido vã." -( Pão Nosso - Chico Xavier / Emmanuel )-
O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças
te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e
adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana
e dou os dízimos de tudo quanto possuo (Lc 18:11 a 12).
"A oração do fariseu tem expressões infelizes que refletem, sobretudo,
orgulho religioso, considerado como vaidade perniciosa, já que
pode conduzir à falsa crença de que, sendo religioso ou praticante de
uma religião, é uma criatura melhor, superior, iluminada ou escolhida
por Deus. A vaidade de alguns religiosos pode ser entendida como
uma exacerbação do amor-próprio, confiantes de que Deus se sente
honrado em tê-los como adeptos.
A posição de pé indica a forma de demonstrar respeito, comum
entre os religiosos da Antiguidade. Nos dias atuais, encontramos essa
prática nos templos religiosos quando se faz, por exemplo, a leitura de
um texto considerado sagrado para os cristãos e para os não cristãos.
Na verdade, sabemos que a posição do corpo não confere maior ou
menor respeito ao ato de orar, mas, sim, a postura íntima de quem ora.
O [...] objetivo da prece consiste em elevar a nossa alma a Deus; a
diversidade das fórmulas nenhuma diferença deve criar entre os
que nele creem, nem, ainda menos, entre os adeptos do Espiritismo,
porquanto Deus as aceita todas quando sinceras. [...] O espiritismo
reconhece boas as preces de todos os cultos, quando ditas de coração
e não de lábios somente. Nenhuma impõe, nem reprova nenhuma.
Deus, segundo ele, é sumamente grande para repelir a voz que lhe
suplica ou lhe entoa louvores, porque o faz de um modo e não de outro.
[...] A qualidade principal da prece é ser clara, simples e concisa,
sem fraseologia inútil, nem luxo de epítetos, que são meros adornos
de lentejoulas. Cada prece deve ter um alcance próprio, despertar
uma ideia, pôr em vibração uma fibra da alma. Numa palavra: deve
fazer refletir. Somente sob essa condição pode a prece alcançar o seu
objetivo; de outro modo não passa de ruído.
O fariseu não proferiu uma prece, propriamente dita, mas uma
vaidosa auto louvação, identificada nas seguintes frases do texto evangélico: “Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano”.
A propósito, esclarece Allan Kardec como devemos orar:
Jesus definiu claramente as qualidades da prece. Quando orardes, diz
Ele, não vos ponhais em evidência; antes, orai em secreto. Não afeteis
orar muito, pois não é pela multiplicidade das palavras que sereis
escutados, mas pela sinceridade delas. Antes de orardes, se tiverdes
qualquer coisa contra alguém, perdoai-lhe, visto que a prece não pode
ser agradável a Deus, se não parte de um coração purificado de todo
sentimento contrário à caridade. Orai, enfim, com humildade, como
o publicano, e não com orgulho, como o fariseu. Examinai os vossos
defeitos, não as vossas qualidades e, se vos comparardes aos outros,
procurai o que há em vós de mau.
O que vale, dentro das técnicas preconizadas, é o sentimento
vigorante. Ironizar, fazer comparações infelizes é fugir aos padrões
de que se deve revestir. Orando, devemos nos colocar em estado de
humildade e receptividade.
A personalidade orgulhosa e vaidosa do fariseu revela também
preconceito e discriminação quando se compara ao publicano. Trata-se
de um religioso distanciado do seu papel de orientador espiritual. Este
trecho nos faz lembrar o apóstolo Paulo que dizia: “Eu sou devedor
tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes”
(Romanos 1:14).
De todos os males o orgulho é o mais temível, pois deixa em sua
passagem o germe de quase todos os vícios. [...] Desde que penetra as
almas, como se fossem praças conquistadas, ele tudo se assenhoreia,
instala-se à vontade e fortifica-se até se tornar inexpugnável. Ai de
quem se deixou apanhar pelo orgulho! [...] Não poderá libertar-se
desse tirano senão a preço de terríveis lutas, depois de dolorosas provações
e de muitas existências obscuras, depois de bastantes insultos
e humilhações, porque nisso somente é que está o remédio eficaz para
os males que o orgulho engendra.
A postura do fariseu transmite significativa lição. Devemos ter
cuidado para não nos julgarmos melhores, apenas porque ocupamos
posição de destaque no meio social ou profissional que estamos inseridos.
O que diferencia uma pessoa da outra são as qualidades do
seu Espírito. Sim, porque aos olhos de Deus não basta que nos abstenhamos do mal
e nos mostremos rigorosos no cumprimento de determinadas regrazinhas
do bom comportamento social; acima disso, é-nos necessário
reconhecer que todos somos irmãos, não nos julgamos superiores a
nossos semelhantes, por mais culpados e miseráveis que pareçam,
nem tampouco desprezá-los, porque isso constitui, sempre, falta de
caridade.
A afirmativa do fariseu: não sou como os demais homens [...]
nem ainda como este publicano”, além de ser improcedente, indica o
desprezo que ele tinha pelos cobradores de impostos. Revela imaturidade
espiritual não aprovar alguém em razão da profissão, até porque,
no caso, existiram publicanos que se destacaram no bem, como foi o
caso do evangelista Mateus (Lc 5:27-29) ou de Zaqueu, o publicano
(Lc 19:1 a 10).
No seu monólogo com o Senhor, o fariseu se vê também como
pessoa justa quando afirma: “Jejuo duas vezes na semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo”. Percebe-se que o seu foco de interesse
não era difusão e vivência da palavra de Deus, mas as manifestações
de culto externo.
As práticas religiosas da lei moisaica determinavam o jejum e
o pagamento do dízimo como regras de condutas dos fiéis. O jejum,
definido como uma abstinência de alimentos por prescrição religiosa
ou por espírito de mortificação, ainda é utilizado nos tempos modernos.
As igrejas cristãs incorporaram essa prática ancestral em sua
ortodoxia como forma de exercitar a disciplina quanto a privação de
algo que produz prazer ou alegria, procurando domar os impulsos
fisiológicos relativos à alimentação e ao sexo. Figuradamente, o jejum
pode ser entendido como qualquer abstinência ou privação física,
moral ou intelectual estabelecida por livre iniciativa. Isto é, jejum de
maus pensamentos, de palavras e ações contrárias ao bem. É certo que
para realizarmos a nossa transformação moral é necessário definirmos
um “regime de jejum” contra as imperfeições que ainda possuímos.
Jesus, entretanto, não prescreveu jejum de alimentos aos seus
discípulos, como está claramente identificado nesta citação: “Por que
jejuamos nós, e os fariseus, muitas vezes, e os teus discípulos não
jejuam?” (Mt 9:14)." -( FEB - EADE )-
Estudo do Livro dos Espíritos
370. Da influência dos órgãos se pode inferir a existência
de uma relação entre o desenvolvimento dos do cérebro
e o das faculdades morais e intelectuais?
“Não confundais o efeito com a causa. O Espírito
dispõe sempre das faculdades que lhe são próprias. Ora,
não são os órgãos que dão as faculdades, e sim estas que
impulsionam o desenvolvimento dos órgãos.”
a) — Dever-se-á deduzir daí que a diversidade das
aptidões entre os homens deriva unicamente do estado do
Espírito?
“O termo — unicamente — não exprime com toda a
exatidão o que ocorre. O princípio dessa diversidade reside
nas qualidades do Espírito, que pode ser mais ou menos
adiantado. Cumpre, porém, se leve em conta a influência
da matéria, que mais ou menos lhe cerceia o exercício de
suas faculdades.”
Encarnando, traz o Espírito certas predisposições e, se se
admitir que a cada uma corresponda no cérebro um órgão, o desenvolvimento
desses órgãos será efeito e não causa. Se nos órgãos
estivesse o princípio das faculdades, o homem seria máquina
sem livre-arbítrio e sem a responsabilidade de seus atos.
Forçoso então fora admitir-se que os maiores gênios, os sábios,
os poetas, os artistas, só o são porque o acaso lhes deu órgãos
especiais, donde se seguiria que, sem esses órgãos, não teriam
sido gênios e que, assim, o maior dos imbecis houvera podido ser
um Newton, um Vergílio, ou um Rafael, desde que de certos órgãos
se achassem providos. Ainda mais absurda se mostra semelhante
hipótese, se a aplicarmos às qualidades morais.
Efetivamente,
segundo esse sistema, um Vicente de Paulo, se a Natureza
o dotara de tal ou tal órgão, teria podido ser um celerado e o
maior dos celerados não precisaria senão de um certo órgão para
ser um Vicente de Paulo. Admita-se, ao contrário, que os órgãos
especiais, dado existam, são consequentes, que se desenvolvem
por efeito do exercício da faculdade, como os músculos por efeito
do movimento, e a nenhuma conclusão irracional se chegará. Sirvamo-nos de uma comparação, trivial à força de ser verdadeira.
Por alguns sinais fisionômicos se reconhece que um homem
tem o vício da embriaguez. Serão esses sinais que fazem dele um
ébrio, ou será a ebriedade que nele imprime aqueles sinais? Pode
dizer-se que os órgãos recebem o cunho das faculdades.
Que a graça e a paz sejam conosco!
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