“Medita estas coisas; ocupa-te nelas para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos.” - Paulo - ( I Timóteo, 4:15 )
Amados irmãos, bom dia!
"A questão fundamental é de aproveitamento. É imperioso reconhecer que se o coração do
crente ambiciona a santificação de si mesmo, a caminho das zonas superiores da
vida, é indispensável se ocupe nas coisas sagradas do espírito, não por vaidade, mas
para que o seu justo aproveitamento seja manifesto a todos." -( Vinha de Luz - Chico Xavier / Emmanuel )-
Interpretação do texto evangélico:
Ora, levantando-se Jesus da sinagoga, entrou em casa de Simão; e a
sogra de Simão estava enferma com muita febre; e rogaram-lhe por ela
( Lc 4:38).
"Percebemos que a vinda de Jesus ao Orbe estabelece uma nova
ordem nos processos evolutivos da humanidade pois, alicerçado na lei
de amor, o Mestre nos clareia o entendimento e nos ensina a vivenciá-la em sua plenitude. Neste sentido, os breves registros de Lucas e de
Mateus nos anunciam preceitos básicos do Evangelho: a compaixão,
a solidariedade, a caridade.
Em ambos os textos identificamos o gesto
de atenção, ou o cuidado desenvolvidos por pessoas amigas, em geral,
permanecidas no anonimato, mas que agem como intercessoras dos
sofredores, junto a Jesus.
Relata-nos o Irmão X que à época de Jesus, quanto na atualidade,
as doenças sempre foram consideradas um gênero de provas de difícil
aceitação. O seguinte diálogo ocorrido entre Jesus e seus apóstolos é
elucidativo.
Em face da pausa natural que se fizera, espontânea, na exposição do
Mestre, Pedro interferiu, perguntando:
Senhor, as tuas afirmativas são sempre imagens da verdade. Compreendo
que o ensino da Boa-Nova estenderá a felicidade sobre a Terra... No
entanto, não concordas que as enfermidades são terríveis flagelos para
a criatura? E se curássemos todas as doenças? Se proporcionássemos
duradouro alívio a quantos padecem aflições do corpo? Não acreditas
que, assim, instalaríamos as bases mais seguras ao reino de Deus?
E Filipe ajuntou, algo tímido:
Grande realidade!... Não é fácil concentrar ideias no Alto, quando o
sofrimento físico nos incomoda. É quase impossível meditar problemas
da alma, se a carne permanece abatida por achaques... [...]
Jesus deixou que a serenidade reinasse de novo, e, louvando a piedade,
comunicou aos amigos que, no dia imediato, a título de experiência,
todos os enfermos seriam curados, antes da pregação. Com efeito,
no outro dia, desde manhãzinha, o Médico celeste, acolitado pelos
apóstolos, impôs suas milagrosas mãos sobre os doentes de todos os
matizes. No curso de algumas horas, foram libertados mais de cem
prisioneiros da sarna, do cancro, do reumatismo, da paralisia, da
cegueira, da obsessão... [...].
O Mestre, em breves instantes, falaria com respeito à beleza da Eternidade
e à glória do Infinito; demonstraria o amor e a sabedoria do Pai
[...]. Os alegres beneficiados, contudo, se afastaram, céleres, entre frases
apressadas de agradecimento e desculpa. [...] Com a cura do último
feridento, a vasta margem do lago contava apenas com a presença do Senhor e dos doze apóstolos. Desagradável silêncio baixou sobre
a reduzida assembleia. O pescador de Cafarnaum endereçou significativo
olhar de tristeza e desapontamento ao Mestre, mas o Cristo
falou, compassivo:
Pedro, estuda a experiência e guarda a lição. Aliviemos a dor, mas não
nos esqueçamos de que o sofrimento é criação do próprio homem,
ajudando-o a esclarecer-se para a vida mais alta. E sorrindo, expressivamente,
arrematou:
A carne enfermiça é remédio salvador para o espírito envenenado.
Sem o bendito aguilhão da enfermidade corporal é quase impossível
tanger o rebanho humano do lodaçal da terra para as culminâncias
do Paraíso.
Vê-se, pois, que os gestos de solidariedade, assim como o permanente
amparo de Jesus, não nos libera do trabalho de melhoria
espiritual que nos é próprio, encontrando na prática do bem a prevenção
de doenças.
Identificamos em vários grupos espíritas abnegados companheiros
que, em trabalho conjunto com benfeitores espirituais, se dedicam
ao alívio das enfermidades dos irmãos encarnados, seja pela aplicação
dos recursos magnéticos seja pelas das manipulações de fluidos salutares.
Este tipo de atividade, porém, não produz a cura verdadeira,
uma vez que nem mesmo Jesus “[...] prometeu curar, prometeu apenas
aliviar. Ora, aliviar não é curar; a cura completa depende do próprio
paciente, do seu progresso moral-espiritual [...]”.
É o próprio Senhor
que afirma: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos,
e eu vos aliviarei” (Mt 11:28).
A frase: “Ora, levantando-se Jesus da Sinagoga” indica que o
ato de “levantar-se” reflete uma disposição íntima para o trabalho, de
quem está disposto a servir.
A sinagoga representa, no Judaísmo, não só um local de observância
religiosa, mas também uma instituição comunal. Com ela,
a natureza do culto oficial apresenta características especiais, tendo
a prece, a leitura e o estudo da Torá substituído o sacrifício como
maneira de servir a Deus. Simboliza também o centro de cogitações
espirituais, lugar apropriado à abordagem dos assuntos que tangem
os terrenos da vida em termos de imortalidade, abrindo caminhos
para apropriação de conhecimentos ou para as realizações no bem. Significa dizer que todo trabalho de auxílio para ser bem-sucedido,
deve ter como referência padrões espirituais elevados.
“Entrou em casa de Simão” tem duas interpretações: a literal, no
sentido de local da habitação de Pedro e dos seus familiares; e a não
literal, que extrapola a letra, relacionada à casa mental do apóstolo,
isto é, ao campo das suas influências e vibrações espirituais. Neste
sentido, podemos afirmar que Jesus e os demais benfeitores utilizam
as boas disposições dos que com eles estão sintonizados para socorrer
os necessitados.
Este texto: “a sogra de Simão estava enferma com muita febre e
rogaram-lhe por ela” demonstra que a doença era de natureza orgânica
(“com muita febre”), talvez uma infecção passageira, mas que mereceu
a atenção de pessoas vigilantes, mantidas em anonimato no texto, mas
que souberam agir, rogando a intercessão do coração magnânimo de
Jesus. Esta é a atitude dos amigos leais que, em nome do Senhor, estão
sempre prestando serviço aos que sofrem.
As doenças fazem parte das provas e das vicissitudes da vida terrena;
são inerentes à grosseria da nossa natureza material e à inferioridade
do mundo que habitamos. As paixões e os excessos de toda ordem
semeiam em nós germens malsãos, às vezes hereditários. Nos mundos
mais adiantados, física ou moralmente, o organismo humano, mais
depurado e menos material, não está sujeito às mesmas enfermidades
e o corpo não é minado surdamente pelo corrosivo das paixões.
A expressão “rogaram-lhe” mostra o envolvimento de criaturas
humanas sensibilizadas com a necessidade de agir no bem, de auxiliar,
de efetivar no campo prático da existência, a lei da solidariedade e,
que, perante a própria incapacidade terapêutica, buscaram o auxílio
de quem, efetivamente, tinha poder de amparar.
A febre no adulto, citada no texto, é um distúrbio orgânico
caracterizado pela elevação da temperatura do corpo acima de 37ºC,
considerada, neste patamar, como padrão de normalidade. Ocorre,
em geral, como consequência da luta dos elementos de defesa do
organismo contra invasores microbianos ou contra as suas toxinas,
geradores de enfermidade ou do desequilíbrio orgânico. A palavra
febre, entretanto, pode simbolicamente significar elevação das emoções, exarcebações de paixões ou de conflitos íntimos, provocadores
de perturbações espirituais.
Realizando uma autorreflexão, a respeito do assunto, perguntamos:
poderíamos afirmar que, na nossa movimentação por algo fazer
de bom, intercedemos, de fato, pelas pessoas necessitadas? Estaríamos,
ao contrário, cegos ou indiferentes à dor do próximo? Ou será que já
podemos nos colocar na posição de Simão Pedro, guardadas as devidas
proporções, de ser um instrumento utilizado pelo Alto para socorrer
os que sofrem?" -( FEB - EADE )-
Estudo do Livro dos Espíritos
384. Por que é o choro a primeira manifestação da criança
ao nascer?
“Para estimular o interesse da genitora e provocar os
cuidados de que há mister. Não é evidente que se suas manifestações
fossem todas de alegria, quando ainda não sabe
falar, pouco se inquietariam os que o cercam com os cuidados
que lhe são indispensáveis? Admirai, pois, em tudo a
sabedoria da Providência.”
Que a graça e a paz sejam conosco!
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