domingo, 19 de fevereiro de 2017

E rogaram-lhe por ela


“Medita  estas  coisas;  ocupa-­te  nelas  para  que  o  teu  aproveitamento seja manifesto a todos.”  - Paulo - ( I Timóteo, 4:15 )  




Amados irmãos, bom dia!
"A questão fundamental é de aproveitamento. É imperioso reconhecer que se o coração do  crente ambiciona a santificação de si mesmo, a caminho das zonas superiores da vida, é indispensável se ocupe nas coisas sagradas do espírito, não por vaidade, mas para que o seu justo aproveitamento seja manifesto a todos." -( Vinha de Luz - Chico Xavier / Emmanuel )-








Interpretação do texto evangélico: 

Ora, levantando-se Jesus da sinagoga, entrou em casa de Simão; e a sogra de Simão estava enferma com muita febre; e rogaram-lhe por ela ( Lc 4:38). 

"Percebemos que a vinda de Jesus ao Orbe estabelece uma nova ordem nos processos evolutivos da humanidade pois, alicerçado na lei de amor, o Mestre nos clareia o entendimento e nos ensina a vivenciá-la em sua plenitude. Neste sentido, os breves registros de Lucas e de Mateus nos anunciam preceitos básicos do Evangelho: a compaixão, a solidariedade, a caridade. 

Em ambos os textos identificamos o gesto de atenção, ou o cuidado desenvolvidos por pessoas amigas, em geral, permanecidas no anonimato, mas que agem como intercessoras dos sofredores, junto a Jesus. 

Relata-nos o Irmão X que à época de Jesus, quanto na atualidade, as doenças sempre foram consideradas um gênero de provas de difícil aceitação. O seguinte diálogo ocorrido entre Jesus e seus apóstolos é elucidativo. Em face da pausa natural que se fizera, espontânea, na exposição do Mestre, Pedro interferiu, perguntando: Senhor, as tuas afirmativas são sempre imagens da verdade. Compreendo que o ensino da Boa-Nova estenderá a felicidade sobre a Terra... No entanto, não concordas que as enfermidades são terríveis flagelos para a criatura? E se curássemos todas as doenças? Se proporcionássemos duradouro alívio a quantos padecem aflições do corpo? Não acreditas que, assim, instalaríamos as bases mais seguras ao reino de Deus? E Filipe ajuntou, algo tímido: Grande realidade!... Não é fácil concentrar ideias no Alto, quando o sofrimento físico nos incomoda. É quase impossível meditar problemas da alma, se a carne permanece abatida por achaques... [...] Jesus deixou que a serenidade reinasse de novo, e, louvando a piedade, comunicou aos amigos que, no dia imediato, a título de experiência, todos os enfermos seriam curados, antes da pregação. Com efeito, no outro dia, desde manhãzinha, o Médico celeste, acolitado pelos apóstolos, impôs suas milagrosas mãos sobre os doentes de todos os matizes. No curso de algumas horas, foram libertados mais de cem prisioneiros da sarna, do cancro, do reumatismo, da paralisia, da cegueira, da obsessão... [...]. O Mestre, em breves instantes, falaria com respeito à beleza da Eternidade e à glória do Infinito; demonstraria o amor e a sabedoria do Pai [...]. Os alegres beneficiados, contudo, se afastaram, céleres, entre frases apressadas de agradecimento e desculpa. [...] Com a cura do último feridento, a vasta margem do lago contava apenas com a presença do Senhor e dos doze apóstolos. Desagradável silêncio baixou sobre a reduzida assembleia. O pescador de Cafarnaum endereçou significativo olhar de tristeza e desapontamento ao Mestre, mas o Cristo falou, compassivo: Pedro, estuda a experiência e guarda a lição. Aliviemos a dor, mas não nos esqueçamos de que o sofrimento é criação do próprio homem, ajudando-o a esclarecer-se para a vida mais alta. E sorrindo, expressivamente, arrematou: A carne enfermiça é remédio salvador para o espírito envenenado. Sem o bendito aguilhão da enfermidade corporal é quase impossível tanger o rebanho humano do lodaçal da terra para as culminâncias do Paraíso.

Vê-se, pois, que os gestos de solidariedade, assim como o permanente amparo de Jesus, não nos libera do trabalho de melhoria espiritual que nos é próprio, encontrando na prática do bem a prevenção de doenças. Identificamos em vários grupos espíritas abnegados companheiros que, em trabalho conjunto com benfeitores espirituais, se dedicam ao alívio das enfermidades dos irmãos encarnados, seja pela aplicação dos recursos magnéticos seja pelas das manipulações de fluidos salutares. Este tipo de atividade, porém, não produz a cura verdadeira, uma vez que nem mesmo Jesus “[...] prometeu curar, prometeu apenas aliviar. Ora, aliviar não é curar; a cura completa depende do próprio paciente, do seu progresso moral-espiritual [...]”.

É o próprio Senhor que afirma: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11:28). 

A frase: “Ora, levantando-se Jesus da Sinagoga” indica que o ato de “levantar-se” reflete uma disposição íntima para o trabalho, de quem está disposto a servir. A sinagoga representa, no Judaísmo, não só um local de observância religiosa, mas também uma instituição comunal. Com ela, a natureza do culto oficial apresenta características especiais, tendo a prece, a leitura e o estudo da Torá substituído o sacrifício como maneira de servir a Deus. Simboliza também o centro de cogitações espirituais, lugar apropriado à abordagem dos assuntos que tangem os terrenos da vida em termos de imortalidade, abrindo caminhos para apropriação de conhecimentos ou para as realizações no bem.  Significa dizer que todo trabalho de auxílio para ser bem-sucedido, deve ter como referência padrões espirituais elevados. “Entrou em casa de Simão” tem duas interpretações: a literal, no sentido de local da habitação de Pedro e dos seus familiares; e a não literal, que extrapola a letra, relacionada à casa mental do apóstolo, isto é, ao campo das suas influências e vibrações espirituais. Neste sentido, podemos afirmar que Jesus e os demais benfeitores utilizam as boas disposições dos que com eles estão sintonizados para socorrer os necessitados. 

Este texto: “a sogra de Simão estava enferma com muita febre e rogaram-lhe por ela” demonstra que a doença era de natureza orgânica (“com muita febre”), talvez uma infecção passageira, mas que mereceu a atenção de pessoas vigilantes, mantidas em anonimato no texto, mas que souberam agir, rogando a intercessão do coração magnânimo de Jesus. Esta é a atitude dos amigos leais que, em nome do Senhor, estão sempre prestando serviço aos que sofrem. As doenças fazem parte das provas e das vicissitudes da vida terrena; são inerentes à grosseria da nossa natureza material e à inferioridade do mundo que habitamos. As paixões e os excessos de toda ordem semeiam em nós germens malsãos, às vezes hereditários. Nos mundos mais adiantados, física ou moralmente, o organismo humano, mais depurado e menos material, não está sujeito às mesmas enfermidades e o corpo não é minado surdamente pelo corrosivo das paixões.

A expressão “rogaram-lhe” mostra o envolvimento de criaturas humanas sensibilizadas com a necessidade de agir no bem, de auxiliar, de efetivar no campo prático da existência, a lei da solidariedade e, que, perante a própria incapacidade terapêutica, buscaram o auxílio de quem, efetivamente, tinha poder de amparar. A febre no adulto, citada no texto, é um distúrbio orgânico caracterizado pela elevação da temperatura do corpo acima de 37ºC, considerada, neste patamar, como padrão de normalidade. Ocorre, em geral, como consequência da luta dos elementos de defesa do organismo contra invasores microbianos ou contra as suas toxinas, geradores de enfermidade ou do desequilíbrio orgânico. A palavra febre, entretanto, pode simbolicamente significar elevação das emoções, exarcebações de paixões ou de conflitos íntimos, provocadores de perturbações espirituais. 

Realizando uma autorreflexão, a respeito do assunto, perguntamos: poderíamos afirmar que, na nossa movimentação por algo fazer de bom, intercedemos, de fato, pelas pessoas necessitadas? Estaríamos, ao contrário, cegos ou indiferentes à dor do próximo? Ou será que já podemos nos colocar na posição de Simão Pedro, guardadas as devidas proporções, de ser um instrumento utilizado pelo Alto para socorrer os que sofrem?" -( FEB - EADE )-





Estudo do Livro dos Espíritos






384. Por que é o choro a primeira manifestação da criança ao nascer? 

“Para estimular o interesse da genitora e provocar os cuidados de que há mister. Não é evidente que se suas manifestações fossem todas de alegria, quando ainda não sabe falar, pouco se inquietariam os que o cercam com os cuidados que lhe são indispensáveis? Admirai, pois, em tudo a sabedoria da Providência.”




Que a graça e a paz sejam conosco!

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