“Eis que eu vos digo: Levantai os vossos olhos e vede as
terras, que já estão brancas para a ceifa.” - Jesus - ( João, 4:35 )
Amados irmãos, bom dia!
"Há que levantar os olhos e devassar zonas mais altas. É preciso cogitar da
colheita de valores novos, atendendo ao nosso próprio celeiro. É imprescindível alçar a lâmpada sublime da fé, acima das sombras.
Irmão muito amado, que te conservas sob a divina árvore da vida, não te
fixes tão somente nos frutos da oportunidade perdida que deixaste apodrecer, ao
abandono... Não te encarceres no campo inferior, a contemplar tristezas, fracassos, desenganos!... Olha para o alto!... Repara as frondes imortais, balouçando-se ao
sopro da Providência Divina! Dá-te aos labores da ceifa e observa que, se as raízes
ainda se demoram presas ao solo, os ramos viridentes, cheios de frutos
substanciosos, avançam no Infinito, na direção dos Céus." -( Vinha de Luz - Chico Xavier / Emmanuel )-
E tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia; e, cuspindo-lhe
nos olhos e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe se via alguma coisa. E,
levantando ele os olhos, disse: Vejo os homens, pois os vejo como árvores
que andam. Depois, tornou a pôr-lhe as mãos nos olhos, e ele, olhando
firmemente, ficou restabelecido e já via ao longe e distintamente a todos.
E mandou-o para sua casa, dizendo: Não entres na aldeia (Mc 8:23-26).
"Podemos observar que Jesus, ao iniciar o paciente processo
de cura, manifestado na frase: “tomando o cego pela mão, levou-o
para fora da aldeia”, o faz com carinho (“tomando o cego pela mão”)
afastando-o do foco de dificuldades (“levou-o para fora da aldeia”).
O gesto de pegar o doente pela mão revela a base em que se
fundamenta o trabalho com o Cristo: atenção, simpatia, cuidado, ação
eficiente. Por este motivo, as mãos de Jesus são sempre operantes,
espalhando o amor de modo incansável.
O trabalho é sempre instrutor do aperfeiçoamento. [...] Em todos os
lugares do vale humano, há recursos de ação e aprimoramento para
quem deseja seguir adiante. Sirvamos em qualquer parte, de boa
vontade, como ao Senhor e não às criaturas, e o Senhor nos conduzirá
para os cimos da vida.
O versículo destaca, igualmente, a manifestação de misericórdia
pelo cego, sentimento que antecede o auxilio, propriamente dito.Sabemos que a cegueira tem suas raízes nas ações pretéritas, em geral,
desencadeada pela inércia, indiferença e desinteresse na prática do bem.
A grande maioria das doenças tem a sua causa profunda na estrutura
semimaterial do corpo perispiritual. Havendo o Espírito agido erradamente,
nesse ou naquele setor da experiência evolutiva, vinca o
corpo espiritual com desequilíbrios ou distonias, que o predispõem à
instalação de determinadas enfermidades, conforme o órgão atingido.
O processo de cura se estabelece quando o enfermo começa
a se desligar das causas geradoras da doença, sobretudo quando é
apoiado pela família e amigos. A estratégia terapêutica utilizada por
Jesus estabeleceu que, de imediato, era necessário afastar o cego dos
seus problemas, da influência negativa do ambiente psíquico em que se
encontrava mergulhado, por este motivo “levou-o para fora da aldeia”.
O processo de cura comporta, basicamente, três etapas: renovação mental do doente, aplicação de recursos terapêuticos para eliminar
a doença e o desenvolvimento de ações mantenedoras da saúde.
Jesus promove a renovação mental do cego quando, conduzindo-o
“para fora da aldeia”, desvincula-o dos elementos perturbadores que
lhe alimentava a enfermidade. Os recursos terapêuticos utilizados
pelo Mestre estão representados nos fluidos ou energias magnético-
-espirituais, presentes na sua saliva e nos seus fluidos magnéticos. As
ações promotoras da saúde estão indicadas no versículo 26, registrado
por Marcos: “E mandou-o para sua casa, dizendo: Não entres na aldeia”.
Significa dizer que a saúde estaria garantida se o atendido guardasse
a devida vigilância da sua casa mental (“mandou-o para a sua casa”),
mantendo-se harmonizado no bem e afastado do foco dos antigos
problemas (“não entres na aldeia”).
A cura da cegueira surge como mera possibilidade quando
o cego se apoia na benevolência de amigos, os quais, por sua vez, o
conduzem até Jesus. Somente com o Mestre a cura se concretiza. Este
processo: desejo de ser curado, apoio de benfeitores, encaminhamento
a Jesus, permite ao enfermo compreender que as ações individuais,
por menores que sejam, repercutem na própria existência, sendo pois
necessário desenvolver a capacidade de se fazer escolhas sensatas. Neste
sentido, sabemos que “ninguém pode servir a dois senhores, porque
ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o
outro. Não se pode servir a Deus e a Mamon” (Mt 6:24). Mamon representa
as paixões inferiores e as coisas materiais supérfluas que, pelo fascínio que exercem sobre as criaturas, podem arrastá-las a grandes
desarmonias espirituais e a quedas morais significativas.
Assim, a saída da aldeia, propiciada por Jesus, apresenta também
outro significado: coloca o doente no rumo do bem, a serviço
de Deus, dando condições ao seu Espírito de acessar outro campo de
vibrações, de valores substancialmente diferentes, favoráveis à neutralização
do mal.
Trazendo a lição para o campo das nossas cogitações íntimas,
percebemos que por muito tempo estivemos prisioneiros de hábitos
infelizes e de viciações, antes do entendimento espírita surgir em nossa
vida. Isto nos faz refletir o quanto é importante investir na aquisição
de valores morais, desenvolvendo virtudes e combatendo o mal. Este
processo de mudança pode ser favorecido pelas práticas espíritas,
simples, mas eficientes, tais como: reuniões evangélico-doutrinárias ou
de estudo; trabalho de assistência e promoção social, de atendimento
aos necessitados, encarnados ou desencarnados. São frentes de trabalho
que nos fazem manter a mente atenta em interesses edificantes, e
que nos desvinculam de antigas conexões geradoras de desconforto
espiritual. Agindo assim, estaremos promovendo a desativação de sofrimentos
e patologias equivocadamente nutridos pelo nosso Espírito.
O texto de Marcos mostra que Jesus utilizou dois recursos
terapêuticos na cura do cego: a saliva e a imposição de mãos. O registro
evangélico diz que “e, cuspindo-lhe nos olhos, e impondo-lhe as
mãos, perguntou-lhe se via alguma coisa.” O uso da saliva indica que
a enfermidade daquele companheiro exigia, por suas características,
uma providência de ordem bastante material. É importante ressalvar
que somente ao Cristo coube a utilização da saliva como elemento
curativo, em razão da sua elevada pureza e sublimado magnetismo.
Não se trata de prática que devemos imitar ou incentivar, uma vez que
a nossa saliva não possui a desejável pureza química e biológica, em
função de hábitos alimentares, deficiências fisiológicas, energéticas etc.
A saliva é um produto que contribui para a manutenção de certas
atividades no corpo físico. É um fluido aquoso e transparente secretado
pelas glândulas salivares, tendo a água como o seu maior componente
(99%) e uma pequena porcentagem de substâncias orgânicas e minerais
(substâncias inorgânicas). Alguns elementos biológicos existentes na
saliva, como anticorpos e enzimas, protegem o organismo de infecções e intoxicações. É uma substância encontrada na boca e em toda a extensão do aparelho digestivo e orofaríngeo, hidratando-o e tendo
como função adicional controlar o nível de água no organismo.
O passe, transmitido pela imposição de mãos, foi outro recurso
que o Mestre utilizou na cura do cego. Este, sim, é naturalmente utilizado
por nós. A imposição de mãos produz uma transmissão magnética dos nossos fluidos animalizados (fluido vital) que, associados às
energias dos benfeitores espirituais, canalizam elementos de cura ao
necessitado, envolvendo-o em vibrações de amor e bem-estar.
Após a transmissão magnético-fluídica, Jesus “perguntou-lhe
se via alguma coisa”. A pergunta é significativa: o cego é chamado a
reagir, a despertar, sair do estado psíquico em que se encontrava e
acordar para a vida, exercitando a visão espiritual que se lhe abria. A
magnificência da lição nos mostra como deve ser o processo de auxílio:
o enfermo não foi constrangido a ver segundo a ótica de Jesus — que,
por efeito contrário, manteria o doente no estado de cegueira, já que a
luz excessiva também cega —, mas de acordo com a condição evolutiva
do próprio Espírito beneficiado.
Percebemos, então, que em todo processo de auxílio é mais importante
que o necessitado não se firme apenas nos recursos de quem
o ampara, mas que desenvolva os próprios, ativando-os em benefício
da sua felicidade. É preciso não esquecer o respeito que devemos ter
pelo livre-arbítrio do beneficiado.
A pergunta do Cristo (vê “alguma coisa?”) demonstra que, sob o
influxo do amor, há liberdade integral para o necessitado usar do seu
livre-arbítrio, vendo o que deseja e discernir sobre o que lhe é lícito
ou conveniente.
Homens comuns, habitualmente, pousam os olhos em determinada
situação apenas para fixarem os ângulos mais apreciáveis aos interesses
inferiores que lhes dizem respeito. [...] Olhos otimistas saberão extrair
motivos sublimes de ensinamento, nas mais diversas situações do
caminho em que prosseguem. [...] O homem cristianizado e prudente
sabe contemplar os problemas de si mesmo, contudo, nunca enxerga
o mal onde o mal ainda não exista." -( FEB - EADE )-
Estudo do Livro dos Espíritos
380. Abstraindo do obstáculo que a imperfeição dos órgãos
opõe à sua livre manifestação, o Espírito, numa
criancinha, pensa como criança ou como adulto?
“Desde que se trate de uma criança, é claro que, não
estando ainda nela desenvolvidos, não podem os órgãos da
inteligência dar toda a intuição própria de um adulto ao
Espírito que a anima. Este, pois, tem, efetivamente, limitada
a inteligência, enquanto a idade lhe não amadurece a
razão. A perturbação que o ato da encarnação produz no
Espírito não cessa de súbito, por ocasião do nascimento.
Só gradualmente se dissipa, com o desenvolvimento dos
órgãos.”
Há um fato de observação, que apóia esta resposta. Os sonhos,
numa criança, não apresentam o caráter dos de um adulto.
Quase sempre pueril é o objeto dos sonhos infantis, o que
indica de que natureza são as preocupações do respectivo
Espírito.
Que a graça e a paz sejam conosco!
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