quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Levou-o para fora da aldeia


“Eis que eu vos digo: Levantai os vossos olhos e vede as  terras, que já estão brancas para a ceifa.”  - Jesus -  ( João, 4:35 )




Amados irmãos, bom dia!
"Há que levantar os olhos e devassar zonas mais altas. É preciso cogitar da colheita de valores novos, atendendo ao nosso próprio celeiro. É imprescindível alçar a lâmpada sublime da fé, acima das sombras. Irmão muito amado, que te conservas sob a divina árvore da vida, não te fixes tão ­somente nos frutos da oportunidade perdida que deixaste apodrecer, ao  abandono... Não te encarceres no campo inferior, a contemplar tristezas, fracassos, desenganos!... Olha para o alto!... Repara as frondes imortais, balouçando-­se ao  sopro da Providência Divina! Dá-­te aos labores da ceifa e observa que, se as raízes ainda se demoram presas ao solo, os ramos viridentes, cheios de frutos substanciosos, avançam no Infinito, na direção dos Céus." -( Vinha de Luz - Chico Xavier / Emmanuel )-






E tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia; e, cuspindo-lhe nos olhos e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe se via alguma coisa. E, levantando ele os olhos, disse: Vejo os homens, pois os vejo como árvores que andam. Depois, tornou a pôr-lhe as mãos nos olhos, e ele, olhando firmemente, ficou restabelecido e já via ao longe e distintamente a todos. E mandou-o para sua casa, dizendo: Não entres na aldeia (Mc 8:23-26). 

"Podemos observar que Jesus, ao iniciar o paciente processo de cura, manifestado na frase: “tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia”, o faz com carinho (“tomando o cego pela mão”) afastando-o do foco de dificuldades (“levou-o para fora da aldeia”). O gesto de pegar o doente pela mão revela a base em que se fundamenta o trabalho com o Cristo: atenção, simpatia, cuidado, ação eficiente. Por este motivo, as mãos de Jesus são sempre operantes, espalhando o amor de modo incansável. O trabalho é sempre instrutor do aperfeiçoamento. [...] Em todos os lugares do vale humano, há recursos de ação e aprimoramento para quem deseja seguir adiante. Sirvamos em qualquer parte, de boa vontade, como ao Senhor e não às criaturas, e o Senhor nos conduzirá para os cimos da vida.

O versículo destaca, igualmente, a manifestação de misericórdia pelo cego, sentimento que antecede o auxilio, propriamente dito.Sabemos que a cegueira tem suas raízes nas ações pretéritas, em geral, desencadeada pela inércia, indiferença e desinteresse na prática do bem. A grande maioria das doenças tem a sua causa profunda na estrutura semimaterial do corpo perispiritual. Havendo o Espírito agido erradamente, nesse ou naquele setor da experiência evolutiva, vinca o corpo espiritual com desequilíbrios ou distonias, que o predispõem à instalação de determinadas enfermidades, conforme o órgão atingido.

O processo de cura se estabelece quando o enfermo começa a se desligar das causas geradoras da doença, sobretudo quando é apoiado pela família e amigos. A estratégia terapêutica utilizada por Jesus estabeleceu que, de imediato, era necessário afastar o cego dos seus problemas, da influência negativa do ambiente psíquico em que se encontrava mergulhado, por este motivo “levou-o para fora da aldeia”. O processo de cura comporta, basicamente, três etapas: renovação mental do doente, aplicação de recursos terapêuticos para eliminar a doença e o desenvolvimento de ações mantenedoras da saúde. 

Jesus promove a renovação mental do cego quando, conduzindo-o “para fora da aldeia”, desvincula-o dos elementos perturbadores que lhe alimentava a enfermidade. Os recursos terapêuticos utilizados pelo Mestre estão representados nos fluidos ou energias magnético- -espirituais, presentes na sua saliva e nos seus fluidos magnéticos. As ações promotoras da saúde estão indicadas no versículo 26, registrado por Marcos: “E mandou-o para sua casa, dizendo: Não entres na aldeia”. Significa dizer que a saúde estaria garantida se o atendido guardasse a devida vigilância da sua casa mental (“mandou-o para a sua casa”), mantendo-se harmonizado no bem e afastado do foco dos antigos problemas (“não entres na aldeia”). 

A cura da cegueira surge como mera possibilidade quando o cego se apoia na benevolência de amigos, os quais, por sua vez, o conduzem até Jesus. Somente com o Mestre a cura se concretiza. Este processo: desejo de ser curado, apoio de benfeitores, encaminhamento a Jesus, permite ao enfermo compreender que as ações individuais, por menores que sejam, repercutem na própria existência, sendo pois necessário desenvolver a capacidade de se fazer escolhas sensatas. Neste sentido, sabemos que “ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não se pode servir a Deus e a Mamon” (Mt 6:24). Mamon representa as paixões inferiores e as coisas materiais supérfluas que, pelo  fascínio que exercem sobre as criaturas, podem arrastá-las a grandes desarmonias espirituais e a quedas morais significativas. Assim, a saída da aldeia, propiciada por Jesus, apresenta também outro significado: coloca o doente no rumo do bem, a serviço de Deus, dando condições ao seu Espírito de acessar outro campo de vibrações, de valores substancialmente diferentes, favoráveis à neutralização do mal. 

Trazendo a lição para o campo das nossas cogitações íntimas, percebemos que por muito tempo estivemos prisioneiros de hábitos infelizes e de viciações, antes do entendimento espírita surgir em nossa vida. Isto nos faz refletir o quanto é importante investir na aquisição de valores morais, desenvolvendo virtudes e combatendo o mal. Este processo de mudança pode ser favorecido pelas práticas espíritas, simples, mas eficientes, tais como: reuniões evangélico-doutrinárias ou de estudo; trabalho de assistência e promoção social, de atendimento aos necessitados, encarnados ou desencarnados. São frentes de trabalho que nos fazem manter a mente atenta em interesses edificantes, e que nos desvinculam de antigas conexões geradoras de desconforto espiritual. Agindo assim, estaremos promovendo a desativação de sofrimentos e patologias equivocadamente nutridos pelo nosso Espírito. 

O texto de Marcos mostra que Jesus utilizou dois recursos terapêuticos na cura do cego: a saliva e a imposição de mãos. O registro evangélico diz que “e, cuspindo-lhe nos olhos, e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe se via alguma coisa.” O uso da saliva indica que a enfermidade daquele companheiro exigia, por suas características, uma providência de ordem bastante material. É importante ressalvar que somente ao Cristo coube a utilização da saliva como elemento curativo, em razão da sua elevada pureza e sublimado magnetismo. Não se trata de prática que devemos imitar ou incentivar, uma vez que a nossa saliva não possui a desejável pureza química e biológica, em função de hábitos alimentares, deficiências fisiológicas, energéticas etc. A saliva é um produto que contribui para a manutenção de certas atividades no corpo físico. É um fluido aquoso e transparente secretado pelas glândulas salivares, tendo a água como o seu maior componente (99%) e uma pequena porcentagem de substâncias orgânicas e minerais (substâncias inorgânicas). Alguns elementos biológicos existentes na saliva, como anticorpos e enzimas, protegem o organismo de infecções e intoxicações. É uma substância encontrada na boca e em toda  a extensão do aparelho digestivo e orofaríngeo, hidratando-o e tendo como função adicional controlar o nível de água no organismo. 

O passe, transmitido pela imposição de mãos, foi outro recurso que o Mestre utilizou na cura do cego. Este, sim, é naturalmente utilizado por nós. A imposição de mãos produz uma transmissão magnética dos nossos fluidos animalizados (fluido vital) que, associados às energias dos benfeitores espirituais, canalizam elementos de cura ao necessitado, envolvendo-o em vibrações de amor e bem-estar. Após a transmissão magnético-fluídica, Jesus “perguntou-lhe se via alguma coisa”. A pergunta é significativa: o cego é chamado a reagir, a despertar, sair do estado psíquico em que se encontrava e acordar para a vida, exercitando a visão espiritual que se lhe abria. A magnificência da lição nos mostra como deve ser o processo de auxílio: o enfermo não foi constrangido a ver segundo a ótica de Jesus — que, por efeito contrário, manteria o doente no estado de cegueira, já que a luz excessiva também cega —, mas de acordo com a condição evolutiva do próprio Espírito beneficiado. Percebemos, então, que em todo processo de auxílio é mais importante que o necessitado não se firme apenas nos recursos de quem o ampara, mas que desenvolva os próprios, ativando-os em benefício da sua felicidade. É preciso não esquecer o respeito que devemos ter pelo livre-arbítrio do beneficiado. A pergunta do Cristo (vê “alguma coisa?”) demonstra que, sob o influxo do amor, há liberdade integral para o necessitado usar do seu livre-arbítrio, vendo o que deseja e discernir sobre o que lhe é lícito ou conveniente.

Homens comuns, habitualmente, pousam os olhos em determinada situação apenas para fixarem os ângulos mais apreciáveis aos interesses inferiores que lhes dizem respeito. [...] Olhos otimistas saberão extrair motivos sublimes de ensinamento, nas mais diversas situações do caminho em que prosseguem. [...] O homem cristianizado e prudente sabe contemplar os problemas de si mesmo, contudo, nunca enxerga o mal onde o mal ainda não exista." -( FEB - EADE )-





Estudo do Livro dos Espíritos







380. Abstraindo do obstáculo que a imperfeição dos órgãos opõe à sua livre manifestação, o Espírito, numa criancinha, pensa como criança ou como adulto? 

“Desde que se trate de uma criança, é claro que, não estando ainda nela desenvolvidos, não podem os órgãos da inteligência dar toda a intuição própria de um adulto ao Espírito que a anima. Este, pois, tem, efetivamente, limitada a inteligência, enquanto a idade lhe não amadurece a razão. A perturbação que o ato da encarnação produz no Espírito não cessa de súbito, por ocasião do nascimento. Só gradualmente se dissipa, com o desenvolvimento dos órgãos.” 

Há um fato de observação, que apóia esta resposta. Os sonhos, numa criança, não apresentam o caráter dos de um adulto. Quase sempre pueril é o objeto dos sonhos infantis, o que indica de que natureza são as preocupações do respectivo Espírito.




Que a graça e a paz sejam conosco!

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