"Porque isso fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo." -( Paulo aos Hebreus, 7: 27 )-
Amados irmãos, bom dia!
Não se pode dar o que não tem, portanto, devemos observar constantemente, o que contém o nosso coração. Assim como uma videira não pode dar mamão, também uma pessoa vazia não pode preencher o vazio de outro.
Que os bons Espíritos nos auxiliem a preenchermos nosso ser com os dons espirituais, a fim de que possamos ser essência de vida a serviço dos irmãos.
Influência moral do médium nas comunicações mediúnicas
“A influência moral do médium nas comunicações mediúnicas
baseia-se, de um modo geral, na simpatia que ele sente pelos Espíritos
comunicantes [...] porquanto, se estes não lhe são simpáticos, pode ele
alterar-lhes as respostas e assimilá-las às suas próprias idéias e a seus
pendores; não influencia, porém, os próprios Espíritos, autores das respostas;
constitui-se apenas em mau intérprete.
Sendo assim, os Espíritos naturalmente [...] procuram o
intérprete que mais simpatize com eles e que lhes exprima com mais exatidão os
pensamentos. Não havendo entre eles simpatia, o Espírito do médium é um
antagonista que oferece certa resistência e se torna um intérprete de má qualidade
e muitas vezes infiel. Portanto, embora a faculdade mediúnica se radique no
organismo e independa do moral, o mesmo [...] não se dá com o seu uso, que pode
ser bom, ou mau, conforme as qualidades do médium.
De fato, se [...] o médium, do ponto de vista da execução,
não passa de um instrumento, exerce, todavia, influência muito grande, sob o
aspecto moral. Pois que, para se comunicar, o Espírito desencarnado se
identifica com o Espírito do médium, esta identificação não se pode verificar,
senão havendo, entre um e outro, simpatia e, se assim é lícito dizer-se,
afinidade. A alma exerce sobre o Espírito livre uma espécie de atração, ou de
repulsão, conforme o grau da semelhança existente entre eles. Ora, os bons têm
afinidade com os bons e os maus com os maus, donde se segue que as qualidades
morais do médium exercem influência capital sobre a natureza dos Espíritos que
por ele se comunicam. Se o médium é vicioso, em torno dele se vêm agrupar os
Espíritos inferiores, sempre prontos a tomar o lugar aos bons Espíritos
evocados.
As qualidades que, de preferência, atraem os bons Espíritos
são: a bondade, a benevolência, a simplicidade do coração, o amor do próximo, o
desprendimento das coisas materiais.
Os defeitos que os afastam são: o orgulho, o egoísmo, a inveja,
o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões que escravizam o
homem à matéria. De todos esses defeitos, o que os Espíritos inferiores [...]
exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é a que a criatura menos
confessa a si mesma. O orgulho tem perdido muitos médiuns dotados das mais
belas faculdades e que, se não fora essa imperfeição, teriam podido tornar-se
instrumentos notáveis e muito úteis, ao passo que, presas de Espíritos
mentirosos, suas faculdades, depois de se haverem pervertido, aniquilaram-se e
mais de um se viu humilhado por amaríssimas decepções. Entretanto, o [...]
médium que compreende o seu dever, longe de se orgulhar de uma faculdade que
não lhe pertence, visto que lhe pode ser retirada, atribui a Deus as boas
coisas que obtém. Se as suas comunicações receberem elogios, não se envaidecerá
com isso, porque as sabe independentes do seu mérito pessoal; agradece a Deus o
haver consentido que por seu intermédio bons Espíritos se manifestassem. Se dão
lugar à crítica, não se ofende, porque não são obra do seu próprio Espírito. Ao
contrário, reconhece no seu íntimo que não foi um instrumento bom e que não
dispõe de todas as qualidades necessárias a obstar a imiscuência dos Espíritos
atrasados. Cuida, então, de adquirir essas qualidades e suplica, por meio da prece,
as forças que lhe faltam.
Sobre o assunto, o Espirito Erasto dá-nos a seguinte
instrução: Em tese geral, pode afirmar-se que os Espíritos atraem Espíritos que
lhes são similares e que raramente os Espíritos das plêiades elevadas se
comunicam por aparelhos maus condutores, quando têm à mão bons aparelhos
mediúnicos, bons médiuns, numa palavra. Os médiuns levianos e pouco sérios
atraem, pois, Espíritos da mesma natureza; por isso é que suas comunicações se
mostram cheias de banalidades, frivolidades, idéias truncadas e, não raro,
muito heterodoxas espiriticamente falando. Certamente podem eles dizer, e às
vezes dizem, coisas aproveitáveis; mas, nesse caso, principalmente, é que um
exame severo e escrupuloso se faz necessário, porquanto, de envolta com essas
coisas aproveitáveis, Espíritos hipócritas insinuam, com habilidade e
preconcebida perfídia, fatos de pura invencionice, asserções mentirosas, a fim
de iludir a boa-fé dos que lhes dispensam atenção. [...] Onde, porém, a
influência moral do médium se faz realmente sentir, é quando ele substitui,
pelas que lhe são pessoais, as idéias que os Espíritos se esforçam por lhe sugerir
e também quando tira da sua imaginação teorias fantásticas que, de boa-fé,
julga resultarem de uma comunicação intuitiva. É de apostar-se então mil contra
um que isso não passa de reflexo do próprio Espírito do médium. Dá-se mesmo o
fato curioso de mover-se a mão do médium, quase mecanicamente às vezes,
impelida por um Espírito secundário e zombeteiro. É essa a pedra de toque
contra a qual vêm quebrar-se as imaginações ardentes, por isso que, arrebatados
pelo ímpeto de suas próprias idéias, pelas lentejoulas de seus conhecimentos
literários, os médiuns desconhecem o ditado modesto de um Espírito criterioso
e, abandonando a presa pela sombra, o substituem por uma paráfrase empolada.
Contra este escolho terrível vêm igualmente chocar-se as personalidades
ambiciosas que, em falta das comunicações que os bons Espíritos lhes recusam,
apresentam suas próprias obras como sendo desses Espíritos.
Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos velhos provérbios.
Não admitais, portanto, senão o que seja, aos vossos olhos, de manifesta
evidência. Desde que uma opinião nova venha a ser expendida, por pouco que vos
pareça duvidosa, fazei-a passar pelo crisol da razão e da lógica e rejeitai
desassombradamente o que a razão e o bom-senso reprovarem.
Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única
falsidade, uma só teoria errônea.
Efetivamente, sobre essa teoria poderíeis edificar um sistema
completo, que desmoronaria ao primeiro sopro da verdade, como um monumento
edificado sobre areia movediça, ao passo que, se rejeitardes hoje algumas
verdades, porque não vos são demonstradas clara e logicamente, mais tarde um
fato brutal, ou uma demonstração irrefutável virá afirmar-vos a sua autenticidade.
A par do ensino geral sobre este assunto, é importante
ressaltar o trabalho específico de socorro aos Espíritos sofredores, no
exercício do qual médiuns prestimosos doam os seus recursos mediúnicos em
auxílio de Espíritos em nível evolutivo inferior ao seu. Não se trata aí do
intercâmbio com Espíritos simpáticos ao médium, mas de tarefa de sacrifício por
amor, supervisionada pelos Orientadores Espirituais.
O Espírito André Luiz fornece muitos exemplos sobre a
influência moral dos médiuns no exercício da mediunidade. Podem-se, no entanto,
destacar os casos das médiuns Eugênia e Celina, narrados no livro Nos Domínios
da Mediunidade.
Diz-nos o mencionado autor espiritual, reproduzindo palavras
do mentor Aulus, acerca de determinada tarefa de Eugênia: É o fenômeno da
psicofonia consciente ou trabalho dos médiuns falantes. Embora senhoreando as
forças de Eugênia, o hóspede enfermo do nosso plano permanece controlado por
ela, a quem se imana pela corrente nervosa, através da qual estará nossa irmã informada
de todas as palavras que ele mentalize e pretenda dizer. Efetivamente apossa-se
ele temporariamente do órgão vocal de nossa amiga, apropriando-se de seu mundo
sensório, conseguindo enxergar, ouvir e raciocinar com algum equilíbrio, por
intermédio das energias dela, mas Eugênia comanda, firme, as rédeas da própria
vontade, agindo qual se fosse enfermeira concordando com os caprichos de um
doente, no objetivo de auxiliá-lo. Esse capricho, porém, deve ser limitado,
porque, consciente de todas as intenções do companheiro infortunado a quem
empresta o seu carro físico, nossa amiga reserva-se o direito de corrigi-lo em
qualquer inconveniência. Pela corrente nervosa, conhecer-lhe-á as palavras na
formação, apreciando-as previamente, de vez que os impulsos mentais dele lhe
percutem sobre o pensamento como verdadeiras marteladas. Pode, assim,
frustrar-lhe qualquer abuso, fiscalizando-lhe os propósitos e expressões,
porque se trata de uma entidade que lhe é inferior, pela perturbação e pelo
sofrimento em que se encontra, e a cujo nível não deve arremessar-se, se quiser
ser-lhe útil.
O Espírito em turvação é um alienado mental, requisitando
auxílio. Nas sessões de caridade qual a que presenciamos, o primeiro socorrista
é o médium que o recebe, mas, se o socorrista cai no padrão vibratório do
necessitado que lhe roga serviço, há pouca esperança no amparo eficiente. O
médium, pois, quando integrado nas responsabilidades que esposa, tem o dever de
colaborar na preservação da ordem e da respeitabilidade na obra de assistência
aos desencarnados, permitindo-lhes a livre manifestação apenas até o ponto em
que essa manifestação não colida com a harmonia necessária ao conjunto e com a
dignidade imprescindível ao recinto.
A assistência mediúnica prestada por Celina, através do
fenômeno da psicofonia sonambúlica, é assim relatado por André Luíz: A nobre
senhora fitou o desesperado visitante [Espírito desencarnado] com manifesta
simpatia e abriu-lhe os braços, auxiliando-o a senhorear o veículo físico
[...]. Qual se fora atraído por vigoroso ímã, o sofredor arrojou-se sobre a
organização física da médium, colando-se a ela, instintivamente. Auxiliado pelo
guardião que o trazia, sentou-se com dificuldade, afigurando-se-me
intensivamente ligado ao cérebro mediúnico. Se Eugênia revelava-se benemérita
enfermeira, Dona Celina surgia aos nossos olhos por abnegada mãezinha, tal a
devoção afetiva para com o hóspede infortunado. Dela partiam fios brilhantes a
envolvê-lo inteiramente e o recém-chegado, em vista disso, não obstante senhor
de si, demonstrava-se criteriosamente controlado. Assemelhava-se a um peixe em
furiosa reação, entre os estreito limites de um recipiente que, em vão,
procurava dilacerar. Projetava de si estiletes de trava, que se fundiam na luz
com que Celina-alma o rodeava, dedicada. Tentava gritar impropérios, mas
debalde. A médium era um instrumento passivo no exterior, entretanto, nas
profundezas do ser, mostrava as qualidades morais positivas que lhe eram
conquista inalienável, impedindo aquele irmão de qualquer manifestação menos
digna.” -( FEB - ESDE - Tomo único )-
9. Em que é que, na causa primária, se revela uma inteligência
suprema e superior a todas as inteligências?
“Tendes um provérbio que diz: Pela obra se reconhece
o autor. Pois bem! Vede a obra e procurai o autor. O orgulho
é que gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada admite acima de si. Por isso é que ele se denomina a si
mesmo de espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus
pode abater!”
Do poder de uma inteligência se julga pelas suas obras. Não
podendo nenhum ser humano criar o que a Natureza produz, a
causa primária é, conseguintemente, uma inteligência superior à
Humanidade.
Quaisquer que sejam os prodígios que a inteligência humana
tenha operado, ela própria tem uma causa e, quanto maior for
o que opere, tanto maior há de ser a causa primária. Aquela inteligência
superior é que é a causa primária de todas as coisas, seja
qual for o nome que lhe dêem.
Que a graça e a paz sejam conosco!
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