"Não vos enganeis; as más conversações corrompem os bons costumes." -( I Coríntios, 15: 23 )-
Amados irmãos, bom dia!
Só o coração sincero recebe o bom entendimento. Quando buscamos as orientações dos Espíritos devemos fazê-lo assim, pois, muitos são os chamados, mas, poucos os escolhidos.
“Quando começaram a produzir-se
os estranhos fenômenos do Espiritismo, ou, dizendo melhor, quando esses
fenômenos se renovaram nestes últimos tempos, o primeiro sentimento que
despertaram foi o da dúvida, quanto à realidade deles e, mais ainda, quanto à causa
que lhes dava origem. Uma vez certificados, por testemunhos irrecusáveis e
pelas experiências que todos hão podido fazer, sucedeu que cada um os
interpretou a seu modo, de acordo com suas idéias pessoais, suas crenças, ou
suas prevenções.
Contradições e mistificações
Os adversários do Espiritismo não
deixam de objetar que seus adeptos não se acham entre si de acordo; que nem
todos partilham das mesmas crenças; numa palavra: que se contradizem. Ponderam
eles: se o ensino vos é dado pelos Espíritos, como não se apresenta idêntico?
Só um estudo sério e aprofundado da ciência pode reduzir estes argumentos ao
seu justo valor. Apressemo-nos em dizer desde logo que essas contradições, de
que algumas pessoas fazem grande cabedal, são, em regra, mais aparentes que
reais; que elas quase sempre existem mais na superfície do que no fundo mesmo
das coisas e que, por consequência, carecem de importância. De duas fontes provêm:
dos homens e dos Espíritos.
Para se compreenderem a causa e o
valor das contradições de origem espírita, é preciso estar-se identificado com
a natureza do mundo invisível e tê-lo estudado por todas as suas faces. À
primeira vista, parecerá talvez estranho que os Espíritos não pensem todos da
mesma maneira, mas isso não pode surpreender a quem quer que se haja
compenetrado de que infinitos são os degraus que eles têm de percorrer antes de
chegarem ao alto da escada. [...] Podendo manifestar-se Espíritos de todas as
categorias, resulta que suas comunicações trazem o cunho da ignorância ou do saber
que lhes seja peculiar no momento, o da inferioridade, ou da superioridade
moral que alcançaram. A distinguir o verdadeiro do falso, o bom do mau, é a que
devem conduzir as instruções que temos dado. Cumpre não esqueçamos que, entre
os Espíritos, há, como entre os homens, falsos sábios e semi-sábios,
orgulhosos, presunçosos e sistemáticos. Como só aos Espíritos perfeitos é dado
conhecerem tudo, para os outros há, do mesmo modo que para nós, mistérios que
eles explicam à sua maneira, segundo suas idéias, e a cujo respeito podem
formar opiniões mais ou menos exatas, que se empenham, levados pelo
amor-próprio, por que prevaleçam e que gostam de reproduzir em suas
comunicações.
Diferindo estes [os Espíritos]
muito uns dos outros, do ponto de vista dos conhecimentos e da moralidade, é
evidente que uma questão pode ser por eles resolvida em sentidos opostos,
conforme a categoria que ocupam [...]. Este é um ponto capital, cuja explicação
alcançaremos pelo estudo. Por isso é que dizemos que estes estudos requerem
atenção demorada, observação profunda e, sobretudo, como aliás o exigem todas
as ciências humanas, continuidade e perseverança. [...] A contradição, demais,
nem sempre é tão real quanto possa parecer. Não vemos todos os dias homens que
professam a mesma ciência divergirem na definição que dão de uma coisa, quer
empreguem termos diferentes, quer a encarem de pontos de vista diversos, embora
seja sempre a mesma a idéia fundamental? Conte quem puder as definições que se
têm dado de gramática! Acrescentaremos que a forma da resposta depende muitas
vezes da forma da questão. Pueril, portanto, seria apontar contradição onde
frequentemente só há diferença de palavras. Os Espíritos superiores não se
preocupam absolutamente com a forma. Para eles, o fundo do pensamento é tudo.
Se o ser enganado é desagradável,
ainda mais o é ser mistificado. Esse, aliás, um dos inconvenientes de que mais
facilmente nos podemos preservar. De todas as instruções precedentes ressaltam
os meios de se frustrarem as tramas dos Espíritos enganadores. [...] Sobre o
assunto, foram estas as respostas que nos deram os Espíritos: As mistificações
constituem um dos escolhos mais desagradáveis do Espiritismo prático. Haverá
meio de nos preservarmos deles? Parece-me que podeis achar a resposta em tudo
quanto vos tem sido ensinado. Certamente que há para isso um meio simples: o de
não pedirdes ao Espiritismo senão o que ele vos possa dar. Seu fim é o melhoramento
moral da Humanidade; se vos não afastardes desse objetivo, jamais sereis
enganados, porquanto não há duas maneiras de se compreender a verdadeira moral,
a que todo homem de bom-senso pode admitir. Os Espíritos vos vêm instruir e
guiar no caminho do bem e não no das honras e das riquezas, nem vêm para
atender às vossas paixões mesquinhas. Se nunca lhes pedissem nada de fútil, ou
que esteja fora de suas atribuições, nenhum ascendente encontrariam jamais os
enganadores; donde deveis concluir que aquele que é mistificado só o é porque o
merece. O papel dos Espíritos não consiste em vos informar sobre as coisas
desse mundo, mas em vos guiar com segurança no que vos possa ser útil para o
outro mundo. Quando vos falam do que a esse concerne, é que o julgam
necessário, porém não porque o peçais. Se vedes nos Espíritos os substitutos
dos adivinhos e dos feiticeiros, então é certo que sereis enganados. Porém, há
pessoas que nada perguntam e que são indignamente enganadas por Espíritos que
vêm espontaneamente, sem serem chamados. Elas nada perguntam, mas se comprazem
em ouvir, o que dá no mesmo. Se acolhessem com reserva e desconfiança tudo o
que se afasta do objetivo essencial do Espiritismo, os Espíritos levianos não
as tomariam tão facilmente para joguete.
A astúcia dos
Espíritos mistificadores ultrapassa às vezes tudo o que se possa imaginar. A
arte, com que dispõem as suas baterias e combinam os meios de persuadir, seria
uma coisa curiosa, se eles nunca passassem dos simples gracejos; porém, as mistificações
podem ter consequências desagradáveis para os que não se achem em guarda. [...]
Entre os meios que esses Espíritos empregam, devem colocar-se na primeira linha,
como sendo os mais frequentes, os que têm por fim tentar a cobiça, como a
revelação de pretendidos tesouros ocultos, o anúncio de heranças, ou outras
fontes de riquezas. Devem, além disso, considerar-se suspeitas, logo à primeira
vista, as predições com época determinada, assim como todas as indicações
precisas, relativas a interesses materiais. Cumpre não se dêem os passos
prescritos ou aconselhados pelos Espíritos, quando o fim não seja eminentemente
racional; que ninguém nunca se deixe deslumbrar pelos nomes que os Espíritos
tomam para dar aparência de veracidade às suas palavras; desconfiar das teorias
e sistemas científicos ousados; enfim, de tudo o que se afaste do objetivo
moral das manifestações. Encheríamos um volume dos mais curiosos, se houvéramos
de referir todas as mistificações de que temos tido conhecimento.” -( FEB -
ESDE - Tomo único )-
Estudo do Livro dos Espíritos
22. Define-se geralmente a matéria como sendo — o que tem
extensão, o que é capaz de nos impressionar os sentidos,
o que é impenetrável. São exatas estas definições?
“Do vosso ponto de vista, elas o são, porque não falais
senão do que conheceis. Mas a matéria existe em estados
que ignorais. Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil, que nenhuma impressão vos cause aos sentidos. Contudo, é
sempre matéria. Para vós, porém, não o seria.”
a) — Que definição podeis dar da matéria?
“A matéria é o laço que prende o espírito; é o instrumento
de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo
tempo, exerce sua ação.”
Deste ponto de vista, pode dizer-se que a matéria é o agente, o
intermediário com o auxílio do qual e sobre o qual atua o espírito.
Que a graça e a paz sejam conosco!
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