"O Senhor há de dar fortaleza a seu povo! O Senhor abençoará o seu povo, dando-lhe a paz"! -( Salmos, 28: 11 )-
A perfeição moral - O homem de bem
Amados irmãos, bom dia!
Hoje chegamos ao ponto fundamental da nossa existência. Se
fomos criados “à imagem e semelhança de
Deus”, então esse é o fim que desejamos alcançar e que para isso não
devemos perder tempo algum.
Que o Senhor nos fortaleça e os bons Espíritos nos sustentem
para caminharmos assim.
De acordo com os ensinamentos da Doutrina Espírita, o [...]
Espírito prova a sua elevação, quando todos os atos de sua vida corporal
representam a prática da lei de Deus e quando antecipadamente compreende a vida
espiritual. Quando encarnado, o Espírito, nessas condições morais, constitui-se
no protótipo do homem de bem. Pode dizer-se que o [...] verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de
amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre
seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o
mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião
de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o
que desejara lhe fizessem. Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça
e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete
à vontade em todas as coisas. Têm fé no futuro, razão por que coloca os bens
espirituais acima dos bens temporais. Sabe que todas as vicissitudes da vida,
todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem
murmurar. Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem
pelo bem, sem esperar paga alguma, retribui o mal com bem, toma a defesa do
fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça. Encontra
satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer
ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos
aflitos. Seu primeiro impulso é pensar nos outros, antes de pensar em si, é
cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse.
O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes
de toda ação generosa.
O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos,
sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos
seus. Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos
que como ele não pensam. Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade,
tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que
fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não
recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira,
quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência
do Senhor. Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de
Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que
perdoado lhe será conforme houver perdoado. É indulgente para as fraquezas
alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta
sentença do Cristo: “Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem
pecado.”
Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda,
em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa
atenuar o mal. Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em
combatê-las. Todos os esforços emprega
para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que
na véspera. Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a
expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar
o que seja proveitoso aos outros. Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas
vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado.
Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um
depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe
pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões.
Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens,
trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa
da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu
orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna
em que se encontram. O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da
posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente.
Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos
seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os
seus. Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de
bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no
caminho se acha que a todas as demais conduz.
Sintetizando todas as qualidades do homem de bem,
encontramos, no Evangelho, a figura do bom samaritano, verdadeiro paradigma a
ser seguido por todos os que almejam alcançar a perfeição moral. Ao responder
ao doutor da lei que lhe pergunta quem é o seu próximo, ao qual deveria amar
como a si mesmo, narra o Mestre Divino: “Um
homem, que descia de Jerusalém para Jericó, caiu em poder de ladrões, que o
despojaram, cobriram de ferimentos e se foram, deixando-o semimorto. –
Aconteceu em seguida que um sacerdote, descendo pelo mesmo caminho, o viu e
passou adiante. – Um levita, que também veio àquele lugar, tendo-o observado,
passou igualmente adiante. – Mas, um samaritano que viajava, chegando ao lugar
onde jazia aquele homem e tendo-o visto, foi tocado de compaixão. –
Aproximou-se dele, deitou-lhe óleo e vinho nas feridas e as pensou; depois,
pondo-o no seu cavalo, levou-o a uma hospedaria e cuidou dele. – No dia
seguinte tirou dois denários e os deu ao hospedeiro, dizendo: Trata muito bem
deste homem e tudo o que despenderes a mais, eu te pagarei quando regressar.
Qual desses três te parece ter sido o próximo daquele que caíra em poder dos
ladrões? – O doutor respondeu: Aquele que usou de misericórdia para com ele. –
Então, vai, diz Jesus, e faze o mesmo”.1 (Lucas, 10:25-37)
Qual o ensinamento que o Mestre aí nos dá? O de que para
entrarmos na posse da vida eterna não basta memorizarmos textos da Sagrada
Escritura. O que é preciso, o que é essencial, para a consecução desse
objetivo, é pormos em prática, é vivermos a lei de amor e de fraternidade que
ele nos veio revelar e exemplificar.
Ensina Jesus que [...] ser próximo de alguém é assisti-lo em
suas aflições, é socorrê-lo em suas necessidades, sem indagar de sua crença ou
nacionalidade. Mostra ainda o Mestre que todos nós temos condições de
vivenciarmos o amor ao próximo, mesmo que não sejamos bem considerados pela
sociedade, uma vez que toma [...] um homem desprezível aos olhos dos judeus
ortodoxos, tido e havido por eles como herege – um samaritano – e, incrível!
aponta-o como modelo, como padrão, aos que desejem penetrar nos tabernáculos
eternos! É que aquele renegado sabia praticar boas obras, sabia amar os seus
semelhantes, e, para Jesus, o que importa, o que vale, o que pesa são [...] os
bons sentimentos, porque são eles que modelam idéias e dinamizam ações [...].
Com efeito, conforme assinala Kardec, toda [...] a moral de
Jesus se resume na caridade e na humildade, isto é, nas duas virtudes
contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Em todos os seus ensinos, ele aponta essas
duas virtudes como sendo as que conduzem à eterna felicidade: Bem-aventurados,
disse, os pobres de espírito, isto é, os humildes, porque deles é o reino dos
céus; bem-aventurados os que têm puro o coração; bem aventurados os que são
brandos e pacíficos; bem-aventurados os que são misericordiosos; amai o vosso
próximo como a vós mesmos; fazei aos outros o que quereríeis vos fizessem; amai
os vossos inimigos; perdoai as ofensas, se quiserdes ser perdoados; praticai o
bem sem ostentação; julgai-vos a vós mesmos, antes de julgardes os outros.
Humildade e caridade, eis o que não cessa de recomendar e o de que dá, ele
próprio, exemplo. Orgulho e egoísmo, eis o que não se cansa de combater. E não
se limita a recomendar a caridade; põe-na claramente e em termos explícitos,
como condição absoluta da felicidade futura.
O homem de bem, portanto, é todo aquele que vivencia o
sentimento de caridade em todos os atos da sua existência. Ainda, nesse
contexto, é oportuno ressaltar que as qualidades do homem de bem são as que
todo espírita sincero deve buscar para si mesmo. Isso porque o [...]
Espiritismo não institui nenhuma nova moral; apenas facilita aos homens a
inteligência e a prática da do Cristo, facultando fé inabalável e esclarecida
aos que duvidam ou vacilam. Por isso, afirma Kardec: Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos
esforços que emprega para domar suas inclinações más.
Finalmente, diremos, ainda com Kardec: Caridade e humildade,
tal a senda única da salvação. Egoísmo e orgulho, tal a da perdição. Todos
[...] os deveres do homem se resumem nesta máxima: Fora da caridade não há salvação.
Que a graça e a paz sejam conosco!
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