segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Lei de Justiça, Amor e Caridade - Justiça e direitos naturais


"Porque ele não rejeitou nem desprezou a miséria do infeliz; nem dele desviou a sua face; mas o ouviu, quando lhe suplicava". -( Salmos, 21: 25 )-



Amados irmãos, bom dia!
Hoje começamos nosso estudo sobre a lei de justiça, amor e caridade, destacando a sua supremacia sobre as outras leis naturais.
Que nossos corações estejam abertos ao entendimento, a fim de que sejamos melhores a cada dia como pessoas e como espíritos eternos que somos.






Justiça e direitos naturais


“Os direitos naturais são os instituídos pela lei divina ou natural. Sendo assim, [...] são os mesmos para todos os homens, desde os de condição mais humilde até os de posição mais elevada. Deus não fez uns de limo mais puro do que o de que se serviu para fazer os outros, e todos, aos seus olhos, são iguais. Esses direitos são eternos. Os que o homem estabeleceu perecem com as suas instituições.

Dentre os direitos naturais, destacam os Espíritos Superiores, entre outros, o de viver – o primeiro de todos –, e o de legítima propriedade – aquela que é adquirida sem prejuízo de ninguém.  Estando a lei de Deus escrita na consciência, possuímos todos os sentimentos dos direitos que esta lei nos dá, o que nos leva a preservá-los a todo custo. Por outro lado, não nos enganaremos a respeito da extensão dos nossos direitos, se considerarmos que eles devem ter os mesmos limites dos direitos que, com relação a nós mesmos, reconhecemos ao nosso semelhante, em circunstâncias idênticas e de forma recíproca.

Esse reconhecimento dos direitos naturais é a base do sentimento de justiça, o qual está de tal maneira na natureza que nos revoltamos [...] à simples ideia de uma injustiça. É fora de dúvida que o progresso moral desenvolve esse sentimento, mas não o dá. Deus o pôs no coração do homem. Daí vem que, frequentemente, em homens simples e incultos [...] constatam-se [...] noções mais exatas da justiça do que nos que possuem grande cabedal de saber.

Pode dizer-se que a [...] justiça consiste em cada um respeitar os direitos dos demais.

Tais direitos são determinados pela lei humana e pela lei natural. Tendo os homens formulado leis apropriadas a seus costumes e caracteres, elas estabeleceram direitos mutáveis com o progresso das luzes. [...] Nem sempre, pois, é acorde com a justiça o direito que os homens prescrevem. Demais, este direito regula apenas algumas relações sociais, quando é certo que, na vida particular, há uma imensidade de atos unicamente da alçada do tribunal da consciência. Direito e Justiça deveriam ser sinônimos perfeitos, ou seja, deveriam expressar a mesma virtude, pois, se aquele significa “o que é justo”, esta se traduz por “conformidade com o direito”. Lamentavelmente, porém, aqui na Terra, Direito e Justiça nem sempre se correspondem, porque, ignorando ou desprezando a Lei de Deus, outorgada para a felicidade universal, a justiça humana há feito leis prescrevendo como direitos umas tantas práticas que favorecem apenas os ricos e poderosos, em detrimento dos pobres e dos fracos, o que implica tremenda iniquidade, assim como há concedido a alguns certas prerrogativas que de forma nenhuma poderiam ser generalizadas, constituindo-se, por conseguinte, em privilégios, quando se sabe que todo privilégio é contrário ao direito comum.

O sentimento de justiça desenvolve-se [...], paulatinamente, no ente humano, começando este por aplicar a si, como justo, tudo quanto ache que lhe convenha, e acabando por exprimi-lo da maneira mais elevada e pura. Assim, o conceito da justiça varia nos indivíduos, segundo o desenvolvimento que neles alcançou esse sentimento. Varia, pois, num mesmo indivíduo, conforme ao seu progresso espiritual. Comparados dois períodos da existência de uma criatura, em cada um se deparará com um conceito diferente da justiça. O modo de exprimir-se esse sentimento também guarda relação com a compreensão das coisas, dos indivíduos e dos acontecimentos. Sobre um mesmo caso, o juízo individual pode apresentar diversidades, segundo o conhecimento que do caso tenha a criatura. Se o conhecimento não é completo e exato, à medida que ele se for aprofundando e ampliando, depois de emitido o primeiro juízo, também se irá modificando o conceito formado acerca do aludido caso. Não obstante terem todos a retidão por mira, numa coletividade de indivíduos [...] observamos, assim, que, [...] sobre casos, coisas e pessoas, são diferentes os juízos que se emitem. É que o sentimento de justiça não é do mesmo grau em todos. Crê o indivíduo obrar com justiça, até quando comete as maiores atrocidades. Vem depois a reflexão, melhor conhecimento do fato, e o que lhe pareceu justo se lhe torna abominável.

Von Liszt, eminente criminalista dos tempos modernos, observa que o Estado, em sua expressão de organismo superior, e excetuando-se, como é claro, os grupos criminosos que por vezes transitoriamente o arrastam a funestos abusos do poder, não prescinde da pena, a fim de sustentar a ordem jurídica. A necessidade da conservação do próprio Estado justifica a pena. Com essa conclusão, apagam-se, quase que totalmente, as antigas controvérsias entre as teorias de Direito Penal, de vez que, nesse ou naquele clima de arregimentação política, a tendência a punir é congenial ao homem comum, em face da necessidade de manter, tanto quanto possível, a intangibilidade da ordem no plano coletivo. Todavia, [...] o Espiritismo revela uma concepção de justiça ainda mais ampla. A criatura não se encontra simplesmente subordinada ao critério dos penólogos do mundo, categorizados à conta de cirurgiões eficientes no tratamento ou na extirpação da gangrena social. Quanto mais esclarecida a criatura, tanto mais responsável, entregue naturalmente aos arestos da própria consciência, na Terra ou fora dela, toda vez que se envolve nos espinheiros da culpa. Assim, os [...] princípios codificados por Allan Kardec abrem uma nova era para o espírito humano, compelindo-o à auscultação de si mesmo, no reajuste dos caminhos traçados por Jesus ao verdadeiro progresso da alma, e explicam que o Espiritismo, por isso mesmo, é o disciplinador de nossa liberdade, não apenas para que tenhamos na Terra uma vida social dignificante, mas também para que mantenhamos, no campo do espírito, uma vida individual harmoniosa, devidamente ajustada aos impositivos da Vida Universal Perfeita, consoante as normas de Eterna Justiça, elaboradas pelo supremo equilíbrio das Leis de Deus. Insistamos na noção de justiça, que é essencial; porque há precisão, necessidade imperiosa, para todos, de saber que a Justiça não é uma palavra vã, que há uma sanção para todos os deveres e compensações para todas as dores. Nenhum sistema pode satisfazer nossa razão, nossa consciência, se não realizar a noção de justiça em toda a sua plenitude. Esta noção está gravada em nós, é a Lei da alma e do Universo.

Com efeito, o fundamento da justiça, segundo a lei natural, está, como disse o Cristo, no querer [...] cada um para os outros o que quereria para si mesmo. No coração do homem imprimiu Deus a regra da verdadeira justiça, fazendo que cada um deseje ver respeitados os seus direitos. Na incerteza de como deva proceder com o seu semelhante, em dada circunstância, trate o homem de saber como quereria que com ele procedessem, em circunstância idêntica. Guia mais seguro do que a própria consciência não lhe podia Deus haver dado. Dessa forma, não [...] sendo natural que haja quem deseje o mal para si, desde que cada um tome por modelo o seu desejo pessoal, é evidente que nunca ninguém desejará para o seu semelhante senão o bem. Em todos os tempos e sob o império de todas as crenças, sempre o homem se esforçou para que prevalecesse o seu direito pessoal. A sublimidade da religião cristã está em que ela tomou o direito pessoal por base do direito do próximo. Assim, o homem, quando praticar a justiça em toda a plenitude, terá o caráter do [...] verdadeiro justo, a exemplo de Jesus, porquanto[...] praticará [...] também o amor do próximo e a caridade, sem os quais não há verdadeira justiça”.  -( FEB )-







Que a graça e a paz sejam conosco!

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