"Todos os caminhos do Senhor são graça e fidelidade, para aqueles que guardam a sua aliança e seus preceitos". -( Salmos, 24: 10 )-
Amados irmãos, bom dia!
Fomos criados e constantemente chamados a sermos “perfeitos,
assim como perfeito é nosso Pai celestial, mas, devido ao nosso estado
evolutivo ainda temos muito o que melhorar. Nosso egoísmo se enfraquecerá à proporção
que a vida moral for predominando sobre a vida material e assim refeitos,
poderemos atender a esse chamado que nos renovará e nos conduzirá à tão sonhada
perfeição para a qual fomos criados.
Os caracteres da perfeição moral
“Os caracteres da perfeição, apresentados por Jesus, no
Evangelho, desdobram-se em três pontos fundamentais: amar os vossos inimigos;
fazer o bem aos que vos odeiam, e orar pelos que vos perseguem e caluniam. E
isso porque – explica o Mestre Divino – se somente amarmos os que nos amam, que
recompensa teremos disso? Não fazem o mesmo os publicanos? Se somente saudarmos
os nossos irmãos, que fazemos com isso mais do que outros? Não fazem o mesmo os
pagãos? Concluindo o seu ensinamento, diz Jesus: Sede, pois, vós outros, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai
celestial.
Comentando esse ensino, assinala Kardec: Pois que Deus possui
a perfeição infinita em todas as coisas, esta proposição: Sede perfeitos, como
perfeito é o vosso Pai celestial, tomada ao pé da letra, pressuporia a
possibilidade de atingir-se a perfeição absoluta. Se à criatura fosse dado ser
tão perfeita quanto o Criador, tornar-se-ia ela igual a este, o que é
inadmissível. [...] Aquelas palavras, portanto, devem entender-se no sentido da
perfeição relativa, a de que a Humanidade é suscetível e que mais a aproxima da
Divindade. Em que consiste essa perfeição? Jesus o diz: Em amarmos os nossos
inimigos, em fazermos o bem aos que nos odeiam, em orarmos pelos que nos
perseguem. Mostra ele desse modo que a essência da perfeição é a caridade na
sua mais ampla acepção, porque implica a prática de todas as outras virtudes.
Com efeito, se se observam os resultados de todos os vícios e, mesmo, dos
simples defeitos, reconhecer-se-á nenhum haver que não altere mais ou menos o sentimento
da caridade, porque todos têm seu princípio no egoísmo e no orgulho, que lhes
são a negação; e isso porque tudo o que sobreexcita o sentimento da
personalidade destrói, ou, pelo menos, enfraquece os elementos da verdadeira
caridade, que são: a benevolência, a indulgência, a abnegação e o devotamento.
Não podendo o amor do próximo, levado até ao amor dos inimigos, aliar-se a
nenhum defeito contrário à caridade, aquele amor é sempre, portanto, indício de
maior ou menor superioridade moral, donde decorre que o grau da perfeição está
na razão direta da sua extensão.
Pode dizer-se, em decorrência disso, que a [...] virtude, no
mais alto grau, é o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o
homem de bem. Ser bom, caritativo, laborioso, sóbrio, modesto, são qualidades
do homem virtuoso. [...] Não é virtuoso aquele que faz ostentação da sua
virtude, pois que lhe falta a qualidade principal: a modéstia, e tem o vício
que mais se lhe opõe: o orgulho. A virtude, verdadeiramente digna desse nome,
não gosta de estadear-se. Advinham-na; ela, porém, se oculta na obscuridade e
foge à admiração das massas. Entretanto, de todas as virtudes qual a mais
meritória? Os Espíritos Superiores respondem: Toda virtude tem o seu mérito
próprio, porque todas indicam progresso na senda do bem. Há virtude sempre que
há resistência voluntária ao arrastamento dos maus pendores. A sublimidade da
virtude, porém, está no sacrifício do interesse pessoal, pelo bem do próximo,
sem pensamento oculto. A mais meritória é a que assenta na mais desinteressada
caridade. Frequentemente, as qualidades
morais são como, num objeto de cobre, a douradura que não resiste à pedra de
toque. Pode um homem possuir qualidades reais, que levem o mundo a considerá-lo
homem de bem. Mas, essas qualidades, conquanto assinalem um progresso, nem
sempre suportam certas provas e às vezes basta que se fira a corda do interesse
pessoal para que o fundo fique a descoberto. [...]O apego às coisas materiais
constitui sinal notório de inferioridade, porque, quanto mais se aferrar aos
bens deste mundo, tanto menos compreende o homem o seu destino. Pelo
desinteresse, ao contrário, demonstra que encara de um ponto mais elevado o
futuro. Dizem os Espíritos Superiores que, de todos os vícios, aquele que se
pode considerar radical é o egoísmo. [...] Daí deriva todo mal. Estudai todos
os vícios e vereis que no fundo de todos há egoísmo. Por mais que lhes deis
combate, não chegareis a extirpá-los, enquanto não atacardes o mal pela raiz,
enquanto não lhe houverdes destruído a causa. Note-se entretanto que,
fundando-se o egoísmo no interesse pessoal, só poderá ser extirpado do coração
à medida que o homem se instrui a respeito das coisas espirituais, o que fará
que dê menos valor aos bens materiais. Com efeito, ensinam os Orientadores
Espirituais que de [...] todas as imperfeições humanas, o egoísmo é a mais
difícil de desenraizar-se porque deriva da influência da matéria, influência de
que o homem, ainda muito próximo de sua origem, não pôde libertar-se e para
cujo entretenimento tudo concorre: suas leis, sua organização social, sua
educação. O egoísmo se enfraquecerá à proporção que a vida moral for
predominando sobre a vida material e, sobretudo, com a compreensão, que o
Espiritismo vos faculta, do vosso estado futuro, real e não desfigurado por
ficções alegóricas. Quando, bem compreendido, se houver identificado com os
costumes e as crenças, o Espiritismo transformará os hábitos, os usos, as
relações sociais. O egoísmo assenta na importância da personalidade. Ora, o Espiritismo,
bem compreendido, repito, mostra as coisas de tão alto que o sentimento da
personalidade desaparece, de certo modo, diante da imensidade. Destruindo essa
importância, ou, pelo menos, reduzindo-a às suas legítimas proporções, ele necessariamente
combate o egoísmo. O egoísmo é irmão do orgulho e procede das mesmas causas. É
uma das mais terríveis enfermidades da alma, é o maior obstáculo ao
melhoramento social. Por si só ele neutraliza e torna estéreis quase todos os
esforços que o homem faz para atingir o bem. Portanto, o [...] egoísmo, chaga
da Humanidade, tem que desaparecer da Terra, a cujo progresso moral obsta. Ao
Espiritismo está reservada a tarefa de fazê-la ascender na hierarquia dos
mundos. O egoísmo é, pois, o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes
devem apontar suas armas, dirigir suas forças, sua coragem. Digo: coragem,
porque dela muito mais necessita cada um para vencer-se a si mesmo, do que para
vencer os outros. Essa coragem, porém, vai sendo por nós adquirida à medida que
despertamos para o sentimento do dever, inserto na própria consciência. Todos
nós trazemos gravados no íntimo do ser [...] os rudimentos da lei moral. É
neste mundo mesmo que ela recebe um começo de sanção. Qualquer ato bom acarreta
para o seu autor uma satisfação íntima, uma espécie de ampliação da alma; as
más ações, pelo contrário, trazem, muitas vezes, amargores e desgostos em sua
passagem. Por sua vez, o [...] dever é o conjunto das prescrições da lei moral,
a regra pela qual o homem deve conduzir-se nas relações com seus semelhantes e
com o Universo inteiro. Figura nobre e santa, o dever paira acima da
Humanidade, inspira os grandes sacrifícios, os puros devotamentos, os grandes
entusiasmos. Risonho para uns, temível para outros, flexível sempre, ergue-se
perante nós, apontando a escadaria do progresso, cujos degraus se perdem em
alturas incomensuráveis.
Afirma o Espírito Lázaro, em comunicação inserida em O
Evangelho segundo o Espiritismo, que: O dever é a obrigação moral da criatura
para consigo mesma, primeiro, e, em seguida, para com os outros. O dever é a
lei da vida. Com ele deparamos nas mais ínfimas particularidades, como nos atos
mais elevados. Quero aqui falar apenas do dever moral e não do dever que as
profissões impõem. Na ordem dos sentimentos, o dever é muito difícil de
cumprir-se, por se achar em antagonismo com as atrações do interesse e do
coração. Não têm testemunhas as suas vitórias e não estão sujeitas à repressão
suas derrotas. O dever íntimo do homem fica entregue ao seu livre-arbítrio. O
aguilhão da consciência, guardião da probidade interior, o adverte e sustenta;
mas, muitas vezes, mostra-se impotente diante dos sofismas da paixão. Fielmente
observado, o dever do coração eleva o homem; como determiná-lo, porém, com
exatidão? Onde começa ele? Onde termina? O dever principia, para cada um de
vós, exatamente no ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranquilidade do
vosso próximo; acaba no limite que não desejais ninguém transponha com relação
a vós. Assim finaliza o referido Instrutor Espiritual: O dever cresce e irradia
sob mais elevada forma, em cada um dos estágios superiores da Humanidade.
Jamais cessa a obrigação moral da criatura para com Deus. Tem esta de refletir
as virtudes do Eterno, que não aceita esboços imperfeitos, porque quer que a
beleza da sua obra resplandeça a seus próprios olhos”. -( FEB )-
Nenhum comentário:
Postar um comentário